Discurso durante a 116ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Relato da trajetória de S. Exª e de como pretende atuar no Senado Federal.

Autor
José Amauri (PODE - Podemos/PI)
Nome completo: Jose Amauri P. de Araújo
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATIVIDADE POLITICA:
  • Relato da trajetória de S. Exª e de como pretende atuar no Senado Federal.
Publicação
Publicação no DSF de 06/09/2018 - Página 110
Assunto
Outros > ATIVIDADE POLITICA
Indexação
  • REGISTRO, ATUAÇÃO PARLAMENTAR, ORADOR, COMENTARIO, PRETENSÃO, ATUAÇÃO, MANDATO, SENADOR, SENADO.

    O SR. JOSÉ AMAURI (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, senhoras e senhores presentes, povo do Piauí e de todo o Brasil, como já é sabido por muitos de vocês, tomei posse no Plenário desta Casa no último mês de julho, assumindo o mandato do Senador Elmano Férrer, de quem sou primeiro suplente.

    Com sentimento de dever a este posto que agora ocupo, sinto-me na necessidade moral de me apresentar formalmente, falar de onde vim, o que faço, o que acredito e o que pretendo nesta posição que muito me honra.

    Faço isso para que vocês me conheçam um pouco melhor e, principalmente, em sinal de respeito e de responsabilidade com a gente que nos elegeu e a todos os que, indistintamente, contam com a atuação ativa de um Senador da República.

    Sou José Amauri Pereira de Araújo, tenho 57 anos, sou casado com Nelci, pai de Pedro, pai de minhas duas amadas enteadas e tenho a felicidade de ser avô de dois netos.

    Se procurarem informações no site do próprio Senado Federal, vão saber que sou empresário, industrial e faço parte do Conselho de Representantes da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Mas isso é fácil saber. Eu quero falar para vocês de antes, do caminho que percorri para chegar até aqui.

    Nasci em Taquaritinga do Norte, em 1960, cidade do Agreste pernambucano. Taquaritinga fica a 164 quilômetros de Recife e hoje tem uma população de cerca de 27 mil habitantes. Nasci filho de Dona Inácia, professora e comerciante, e de seu Marto, comerciante, semianalfabeto, incansável vendedor de tecidos pelo interior de Pernambuco e da Paraíba. Ele herdou do pai, meu avô, feirante de tecidos, a vocação para o comércio e a teimosia nordestina de não desistir. Inácia e Marto tiveram quatro filhos, dos quais sou o primeiro. Muito cedo, eu e meus irmãos passamos a ajudar a família nos afazeres de trabalho, como é comum no Nordeste.

    Também acontece com tantos nordestinos o destino de ter que migrar de sua terra em busca de melhores condições. Isso ocorreu comigo. Aos 19 anos, vim para Brasília pela primeira vez, como a gente diz: "Vim para tentar a vida." Não conhecia quase nada nem ninguém. Estudei e trabalhei arduamente numa Brasília que se abria ao mundo, que recebia brasileiros de todo lugar, que prometia empregar nordestinos. Trabalhei primeiro numa empresa de construção civil. Fui ganhando experiência e maturidade. Mais tarde, já trabalhava numa empresa de exportação de tecidos, ocupando tarefas e cargos que me foram confiados.

    Logo que as coisas melhoraram, trouxe meus pais, Inácia e Marto, para perto de mim. Fomos morar no Núcleo Bandeirante na metade dos anos 80. Eu queria dar a eles a oportunidade de uma vida mais confortável. Acho que consegui, pois até hoje eles moram aqui na Capital federal.

    Em Brasília, conheci Nelci, uma gaúcha forte, advogada, de quem fui colega de trabalho. Aqui nos casamos e tivemos o Pedro.

    Na metade dos anos 90 resolvemos trilhar um caminho inverso. Fui com a família de volta ao Nordeste, para a cidade de Teresina, lugar que amo muito. Fui levando na bagagem minha experiência, força de trabalho e o plano de investir na atividade industrial na capital do Piauí, que estava aberta a tantas oportunidades.

    Presidi uma indústria têxtil. Mesmo que inconscientemente, eu recuperava assim uma atividade que estava inscrita no DNA da minha família, herança de meu avô e pai, como contei: feirantes de tecidos.

    No Piauí, conheci muita gente e fiz diversas amizades. Entre essas amizades, eu gostaria de destacar a do Sr. João Claudino Fernandes, referência nacional para quem acredita no trabalho. Fugindo da seca, ele tinha saído do interior da Paraíba para o Piauí, onde, com muita dedicação, ousadia e uma vontade incansável, encontrou as condições para montar e gerir o que é hoje um dos maiores grupos empresariais do Nordeste, orgulho para a Região e para o Brasil. Seu João se tornou a minha inspiração.

    Prossegui na atividade industrial. Passei a dar consultoria para outras indústrias e também a trabalhar com a indústria agrícola e pecuária.

    Em 2010, pela primeira vez me envolvi no mundo político, chegando a segundo suplente do Senador Ciro Nogueira, mas não assumi nenhum mandato. Em 2014, tornei-me primeiro suplente do Senador Elmano Férrer.

    Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, são todas essas experiências que me trazem hoje a esta Casa, fazendo-me voltar a Brasília, quase 25 anos depois, como Senador da República.

    Com minha experiência na iniciativa privada, aproximei-me do mundo público porque acredito na política como possibilidade de trabalhar pelo bem comum e pelo desenvolvimento, em especial do Estado do Piauí. Quero usar meus conhecimentos, meu empenho e crença no trabalho, minha motivação, de modo a construir uma política de que o Brasil precisa e que merece: séria, determinada, arrojada, esperançosa de dias melhores.

    Aqui estou hoje, cheio de gratidão aos piauienses. Na mesma medida, também ciente da responsabilidade tamanha que essa posição implica.

    O Piauí é o Estado das potencialidades. Nossa capital é a única do Nordeste longe do mar. Em compensação, a única do Nordeste no coração do sertão. Temos um litoral pequeno, mas dos mais belos. Temos a riqueza de parques e sítios arqueológicos. Eu aqui cito a Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato, patrimônio mundial da Unesco, mas também temos muitos outros, alguns ainda quase desconhecidos ou a serem descobertos.

    Temos sol o ano inteiro e a possibilidade de energia renovável de primeira qualidade, pela abundância e por ser uma energia limpa, livre de poluição. Temos um Cerrado que pode ser a última fronteira agrícola do Brasil. Temos a maior reserva de água subterrânea do Nordeste e a terceira maior do País, um mar de água doce confinada abaixo da superfície – água, a riqueza em que o mundo está de olho!

    Temos minerais raros, como a opala. A qualidade da opala de Pedro II só se compara à da Austrália, fazendo com que o Brasil dispute esse mercado mundial. Temos também a possibilidade de um turismo rústico e sertanejo, diferente de tudo e ainda pouco explorado. Temos fauna, flora, rios. Isso tudo deve ser acompanhado de uma política de fiscalização responsável, que nos permita usufruir dessas riquezas, em benefício da população, sem trazer prejuízos ambientais. Temos ainda artesanato, temos grandes artistas, professores, estudantes. Temos gente trabalhadora nessa terra!

    Temos dificuldades também, sabemos. O Piauí tem uma gente que sofre, luta e merece ser acolhida. Sobretudo, temos, no Piauí, gente de grande valor, gente forte e que acredita.

    Quando cheguei ao Piauí, aprendi essa beleza no jeito de falar, de se portar diante da vida, nunca é falta de gentileza. Ao contrário, os piauienses estão entre as pessoas mais atenciosas e hospitaleiras do mundo. Esse jeito é uma valentia, uma valentia própria de quem quer chegar longe. No Piauí, valentia adquire o pleno sentido de coragem. Trata-se de força de vontade, entusiasmo, juventude. Nossa capital, Teresina, tem apenas 166 anos. O Piauí é uma joia ainda em pedra a ser lapidada.

    Se comecei essa fala contando da minha história é porque quero dizer ao povo de todo o Brasil: eu vim de baixo e não me envergonho disso. Ao contrário, eu me orgulho muito. Com muito trabalho e perseverança cheguei aonde estou. Cheguei agora até esta Casa, na condição de representante do povo do Piauí.

    A estas pessoas eu digo, pela minha própria experiência: acreditem, perseverem, trabalhem, mantenham a esperança. Assim como eu, vocês podem chegar aonde batalharem para chegar. E saibam: tem gente aqui, como eu, olhando para vocês, por vocês, sabendo de vocês, querendo que o Brasil faça mais por vocês.

     Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, para concluir, eu gostaria de assinalar que temos plena consciência do momento difícil que o Brasil atravessa. Mas também acreditamos que é nos momentos de dificuldades que demonstramos nosso valor, nossa fibra, nossa valentia, nossa coragem, como eu aprendi no Piauí. Então, ao assumir o mandato de Senador da República justo neste momento, aumenta a minha responsabilidade. É exatamente o momento em que menos podemos nos furtar a contribuir. Eu fui suplente, agora sou Senador. Sei que este cargo não é nosso, não é de nenhum de nós. É de vocês, gente do Brasil, é do Piauí. Eu estou aqui para confirmar: podem contar comigo.

    Muito obrigado, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores.

    O SR. PRESIDENTE (Givago Tenório. Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - AL) – Senador José Amauri, meus parabéns, seja bem-vindo à Casa.

    Tenho certeza, com a sua história de vida e de contribuição para o Piauí e para uma coisa tão nobre, de que é o trabalho produtivo, a geração de emprego. Tenho certeza de que, na sua etapa aqui nesta Casa, vai contribuir muito não só para o Piauí, como para o nosso querido Nordeste e para o nosso Brasil.

    O SR. JOSÉ AMAURI (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - PI) – Com certeza, Sr. Presidente. Eu fico agradecido pelas suas palavras e quero dizer a todos os jovens e a todas as pessoas do Brasil e do Estado do Piauí: acreditem, acreditem, acreditem no trabalho, no esforço, no estudo e na capacidade, porque tudo é possível quando a gente acredita. Eu estou aqui fruto de acreditar, fruto do trabalho. Então, digo para todos: acreditem, porque é acreditando que se chega lá.

    Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/09/2018 - Página 110