Discurso durante a 119ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas ao Partido dos Trabalhadores.

Autor
Ana Amélia (PP - Progressistas/RS)
Nome completo: Ana Amélia de Lemos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATIVIDADE POLITICA:
  • Críticas ao Partido dos Trabalhadores.
Publicação
Publicação no DSF de 11/10/2018 - Página 24
Assunto
Outros > ATIVIDADE POLITICA
Indexação
  • CRITICA, GESTÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), PERIODO, GOVERNO FEDERAL, BRASIL.

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS. Pronuncia o seguinte discurso.) – Caro Presidente desta sessão, Senador Antonio Carlos Valadares, agora conhecido como "o homem do chapéu Panamá", por certo, mas esse tem ares de um chapéu genuinamente brasileiro, então valoriza a a produção nacional.

    O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Valadares. Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PSB - SE) – Este é brasileiro.

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – É brasileiro. Nós temos que valorizar as coisas nossas.

    Eu estou convencida, neste momento, meu Presidente, caros Senadores e Senadoras, nossos telespectadores da TV Senado, ouvintes da Rádio Senado, de que nós não vamos mudar aquilo que é o genuíno DNA de um partido político. Foi o que nós vimos na campanha à reeleição de 2014, quando a ex-Presidente, então candidata à reeleição, Dilma Rousseff, disse: "Faremos o diabo para ganhar a eleição". Fizeram e ganharam. E, agora, em 2018, o PT está exatamente igual, não mudou nada: vai fazer tudo, inclusive o diabo, para ganhar esse segundo turno.

    Não mudou nada, até porque o candidato escolhido e ungido por Lula, que está preso na penitenciária em Curitiba, até os últimos debates no primeiro turno, apareceu muitas vezes em muitas entrevistas com uma camiseta vermelha – "Lula livre" –, tirou a camiseta e vestiu um arrumadinho terno e gravata, para se colocar como um candidato a Presidência da República, não mais um militante político que ia ouvir todos os conselhos, todas as orientações lá em Curitiba.

    Como agora o discurso é outro, valho-me de uma preciosa referência ao grande Chanceler de Ferro da Alemanha, no século XIX, Otto von Bismarck, que foi mencionado pelo meu amigo que eu respeito muito, Antônio Delfim Netto, num artigo escrito para a Folha de S.Paulo, no dia 26 do mês de setembro. Ele abre a frase desse artigo dizendo e lembrando o grande nobre chanceler e diplomata alemão do século XIX, Otto von Bismarck, e disse o seguinte: "O grande Bismarck, com a sua sabedoria animal, afirmou que nunca se mente tanto como depois de uma caçada, depois de uma guerra ou antes de uma eleição". Essa frase memorável sintetiza o que está acontecendo agora com o Partido dos Trabalhadores. O candidato que foi escolhido por Lula usa as mesmas teses, muda todo o figurino externo e interno – externo é a roupa, externo é o seu jeitinho de lobo vestido de cordeiro – e faz um discurso de jovem moderno buscando a conciliação nacional. Mas com aquela mesma genética que há 13 anos sempre se considerou um partido melhor que todos os outros – nós e eles. A genética continua a mesma e a vontade de vencer a qualquer preço, mesmo fazendo o diabo, é também a mesma.

    Eles esconderam o Lula, ninguém mais vai lá ver o Lula. Por quê? Porque o Lula disse que não é para ir lá. O Lula está mandando em tudo. Vai ser ele, se chegar à Presidência, que vai comandar o País. Já estavam até circulando que se Dilma ganhasse, seria Presidente do Senado. Ela não chegou nem em terceiro, foi quarto lugar em Minas Gerais. Não foi só o impeachment aqui que ela se submeteu ao julgamento – o impeachment foi aqui dentro da Constituição, da regra constitucional, nós estávamos aqui combatendo pelo crime cometido –, foi também pelos erros políticos cometidos: crime de responsabilidade. Agora, o julgamento foi do povo de Minas Gerais. E esse é o julgamento maior que temos, que é o julgamento das urnas, é o julgamento da liberdade e é o julgamento da verdade.

    Olha, dizem – é o que a gente lê - que foi a mais cara campanha eleitoral do Partido dos Trabalhadores e de todas elas, talvez, fugindo da regra até do financiamento público de campanha, porque dinheiro o partido teve e sempre terá para financiar as suas campanhas. E agora estão escondendo o Dirceu, que andou declarando que se assumir o poder, vão entrar valendo, vão assumir com mão de ferro. Vêm com a faca nos dentes.

    O próprio candidato disse, numa entrevista, que uma das primeiras iniciativas seria levar o Lula para sua posse, no Palácio do Planalto. Ele não pode fazer isso sem autorização do Poder Judiciário. E, se ele se arvora desse direito, se está suprimindo o sistema constitucional brasileiro, está desafiando a Justiça.

    Mas agora não. Não vai mais a Curitiba. Já está se mostrando outro candidato, buscando as igrejas, buscando os evangélicos, buscando os padres, as lideranças religiosas, buscando o diálogo, que nunca tiveram, e não reconhecendo os graves erros que cometeram de 13 milhões de desempregados, arrasando a economia brasileira.

    Por que aqui tivemos de votar a PEC do teto? Tivemos gosto de votar a PEC do teto? Não. Foi para botar um freio na gastança que Dilma fez de maneira absolutamente irresponsável, levando este País a um caos econômico, financeiro e social também. Quem se dizia representante dos trabalhadores não poderia ter deixado como herança esse passivo social do desemprego, gerado por uma administração absolutamente irresponsável, perdulária, botando dinheiro onde não devia, simplesmente porque nenhum dos projetos tinha planejamento.

    E, aqui, agora, eles não podem esconder a verdade, porque quem mais conhece o Partido dos Trabalhadores é um dos seus fundadores, um dos braços direitos de Lula e de Dilma, ninguém mais, ninguém menos do que Antonio Palocci, que entregou ao Poder Judiciário, às autoridades, dizendo... Está escrito na coluna da Mônica Bergamo de hoje:

Antonio Palocci disse às autoridades de Brasília que a descoberta do pré-sal foi encarada como um bilhete premiado para o Governo Lula. "O delírio do pré-sal [escreveu ela] passou a permear as ações do governo, as ações do Congresso Nacional, as ações de governadores e prefeitos pelos royalties em cima de um dinheiro que estava a 7.000 metros de profundidade", disse ele, segundo relatório da Polícia Federal.

Os documentos estão na apelação do ex-Ministro, envolvendo crimes de corrupção e lavagem de dinheiro e envolvendo sondas da Petrobras [o chamado petrolão], e perderam o sigilo nesta quarta.

    O ex-Ministro Palocci, que conhece profundamente as entranhas do Partido dos Trabalhadores, que quer voltar ao poder, fazendo o diabo para ganhar as eleições, como disse Dilma...

    Os contratos gerariam R$25 bilhões, que poderiam ser foco para propinas para o partido. Segundo ele, o montante representaria o financiamento de quatro ou cinco campanhas para Presidente.

    Mais ainda: o Antagonista, um site muito seguido, pelo grau de boas informações que tem, publica hoje aquilo que a defesa de Palocci encaminhou ao Ministério Público exatamente...

(Soa a campainha.)

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – ... para fundamentar o benefício da colaboração ou delação premiada do ponto de vista do seu instituto. Para ter esses benefícios, ele tem de ter as provas materiais, não só as provas testemunhais ou verbais.

    Essa série de documentos, com uma, duas, três páginas, quatro páginas, todas elas publicadas hoje pelo Antagonista, mostra tudo o que Palocci tem na mão como prova material para mostrar ao Ministério Público e ao Poder Judiciário tudo o que foi feito nesse sistema do petrolão, que resultou na Lava Jato.

    Mas o que eu mais temo, Presidente, o que eu mais temo, por ter aqui acompanhado todo o desenvolvimento daquilo... O Brasil e o mundo enxergaram o nosso País de maneiras diferentes. Nós somos vistos, no mundo lá fora, como o País da corrupção. A ficção, as novelas, os filmes americanos...

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – ... uma ficção de uma novela em que o personagem, quando ia fugir, ia para onde? Para o Rio de Janeiro. Nós éramos o paraíso da corrupção. A Lava Jato veio aos poucos mudar este conceito.

    Da forma como este partido quer chegar ao poder, tirando o Lula da cadeia à força, o Ministério Público vai sofrer as consequências, porque todos estão dizendo que esse julgamento – e Palocci está trazendo as provas – é um golpe contra Lula. Quando eles vão se dar conta da realidade? Quando eles vão encarar a verdade dos fatos, do que aconteceu com o mensalão, com o petrolão? No mensalão, o Lula tinha o efeito "Tefal": nada pegava. Ele era um líder carismático e fazia muitas políticas sociais.

(Soa a campainha.)

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – E aí o que acontecia? Nada pegava, nada; nem aquilo que Duda Mendonça, o publicitário da campanha, disse do dinheiro que mandou para o exterior, caixa dois, nada pegava.

    Agora, continuam mantendo o mesmo mantra, a mesma narrativa, dizendo a mesma coisa, a mesma mentira: Lula não é culpado! Lula é vítima! Ele é vítima de um golpe! Qual golpe, se Palocci está mostrando agora as entranhas de uma dura verdade? Será que, em algum momento, o PT vai reconhecer os erros que praticou? Mas se ele não o fez até agora, não o fará agora, em período eleitoral, quando precisa convencer o eleitorado brasileiro que mudou. Mas o PT continua o mesmo: é um lobo em pele de cordeiro.

    Essa vai ser a disputa nesse segundo turno. Vamos ver como o eleitorado vai...

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Como é que o eleitor vai interpretar essa mudança tão radical de comportamento do candidato, de uma hora para outra, simplesmente para conquistar a confiança do eleitorado brasileiro? Mas o eleitorado brasileiro, no dia 7 de outubro, mostrou claramente que está disposto a mudar o País, a reafirmar o combate à corrupção, reafirmar a valorização da Lava Jato e das suas instituições.

    Felizmente isso é uma disputa. Que essa disputa seja o reflexo da verdade do povo brasileiro. Mas não vamos mais aguentar mentiras, calados.

    Muito obrigada, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/10/2018 - Página 24