Discurso durante a 118ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Observações acerca dos resultados das eleições no Estado de Roraima.

Autor
Telmário Mota (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/RR)
Nome completo: Telmário Mota de Oliveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS:
  • Observações acerca dos resultados das eleições no Estado de Roraima.
Publicação
Publicação no DSF de 10/10/2018 - Página 23
Assunto
Outros > ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS
Indexação
  • AGRADECIMENTO, VOTAÇÃO, POPULAÇÃO, ESTADO DE RORAIMA (RR), ELEIÇÃO, ORADOR, CRITICA, SITUAÇÃO, POBREZA, COMUNIDADE INDIGENA, ENTE FEDERADO, ELOGIO, PERDA, GOVERNO ESTADUAL, GRUPO, VINCULAÇÃO, CORRUPÇÃO, REGISTRO, VITORIA, INDIO, MULHER, CARGO, DEPUTADO FEDERAL, CONGRATULAÇÕES, RECONDUÇÃO, PAULO PAIM, SENADO.

    O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Moderador/PTB - RR. Pronuncia o seguinte discurso.) – Obrigado, Sr. Presidente, Senador Lasier. Quero aqui cumprimentar todos os ouvintes da Rádio Senado e os telespectadores e telespectadoras da TV Senado.

    Sr. Presidente, depois de um licenciamento desta Casa, para concorrer ao Governo do meu Estado, retorno às minhas atividades nesta Casa. Eu quero começar agradecendo ao povo do meu Estado. Quero agradecer os votos que eu tive, principalmente na região norte do meu Estado, onde a compra de votos não superou a consciência.

    Senador Lasier e Senador Pedro Chaves, eu sou descendente de indígenas. A minha bisavó era índia pura. E os indígenas estão passando fome e vivendo abaixo do nível de extrema pobreza, totalmente abandonados. A saúde, que é federalizada, roubada sistematicamente. Mas, graças a Deus, o câncer caiu, está sendo extirpado. E as comunidades indígenas resistiram à avalanche da compra de votos. Os indígenas resistiram.

    E eu agradeço aqui, começando pelo Município de Uiramutã, que é um Município totalmente indígena, onde tive uma votação espetacular. Muito obrigado, Uiramutã. Muito obrigado, Município de Pacaraima, também um Município que é totalmente indígena. Município de Normandia, onde eu nasci. Obrigado, Municípios de Alto Alegre e de Amajari, onde nós tivemos uma votação maior.

    Nos Municípios do sul, nós tivemos uma votação muito franciscana, muito singela, muito simples, e é claro que nós vamos intensificar o nosso trabalho no sul do Estado, a título de provar que nós trabalhamos muito, que fizemos muito pelo Estado de Roraima, e que talvez as nossas informações, as nossas publicações não chegaram tão bem àquele povo, que é um povo também trabalhador, um povo ordeiro, um povo honesto, mas que, naturalmente, talvez não reconheceu.

    Mas sempre a resposta das urnas é um ponto de referência que nós vamos levar em consideração.

    Por outro lado, eu quero parabenizar... Eu sempre digo: quem subestima a inteligência da população acaba pagando um preço caro. Meu Estado, há 30 anos praticamente, era dominado por um clã da corrupção, a que eu, quando vim para esta Casa, me propus fazer frente. Esse clã derrotou a Senadora Marluce Pinto, uma mulher que tem uma folha de serviços prestados, de honestidade e de grandes obras no meu Estado, junto com o falecido Ottomar de Sousa Pinto, ex-Governador.

    Esse clã derrotou o Senador Mozarildo Cavalcanti, o homem que fez o decreto transformando o Território de Roraima em Estado, que levou as universidades federais, que levou os institutos, que ajudou na energia de Guri, que vem da Venezuela. Hoje, as universidades federais têm vários blocos que foram frutos das suas emendas. Trata-se de homem ilibado, acima de qualquer suspeita, que também foi derrotado por esse clã da corrupção.

    A mesma coisa ocorreu com o Senado Augusto Botelho, um homem que, pela primeira vez, botou um hospital num dos bairros mais periféricos, que fortaleceu a estrada que liga Manaus, Amazonas, pois estava destruída, que levou gado para as comunidades indígenas. Foi um homem que lutou, num primeiro momento, para trazer a internet da Venezuela para o Estado de Roraima, que serviu também ao Estado do Amazonas, da Senadora Vanessa. E esse homem também foi derrotado por esse clã da corrupção.

    E eu tive que enfrentar esse clã da corrupção, que domina os meios de comunicação: rádio, televisão e tal. Foram quatro anos tentando me desmontar. Como ele não pode me chamar de ladrão, porque eu não sou; como ele não pode me chamar de preguiçoso, porque eu não sou – tenho até o nome de "a máquina do trabalho"; como ele não pode me chamar de burro, porque um cara que nasceu numa comunidade indígena, sem nenhum grupo político, e chega a Senador da República, ele começou a dizer que eu não fiz nada, que eu não fiz nada, e mostrando o trabalho, e, com isso, 45% por cento da população concebeu essa informação. É aquela história: "Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura." Não fura, Senador Lasier, pela força, mas pela insistência. Hitler fazia muito isso com os adversários dele. Ele dizia: vamos imputar aos meus adversários uma determinada responsabilidade de uma causa. E eles insistiam naquilo. Quando a população começava a repetir, é porque estava na concepção mediana das pessoas. E eu enfrentei isso no meu Estado.

    Mas também fiz a contrapartida.

    Eu tenho uma pampa, uma pampinha, um carro de som, e é nela em que eu faço o som. Aí, fui de Município a Município, fui de bairro em bairro e de rua em rua. A pé, porque agora não se pode mais usar... Tem que ser através de caminhada. Mas fiz todo esse percurso – são 15 Municípios – e conscientizei a população de que Roraima não podia viver mais com o político mais corrupto deste País, que não só prejudicava o Estado de Roraima como prejudicava, sobretudo, a Nação brasileira. E, graças a Deus, o dinheiro da corrupção não dobrou o sentimento e a honestidade do meu povo.

    Roraima, parabéns! Parabéns!

    Olha, eu estou feliz, muito feliz, por Roraima ter acordado para a corrupção e ter tirado o maior câncer do País e do Estado de Roraima nessas eleições.

    Já vai tarde! O Moro te espera! Em fevereiro, vai para lá, que o Moro está te esperando.

    Eu quero aqui também aproveitar para dizer que estou feliz, que estou de peito lavado; cumpri mais uma missão: tirei o Parque do Lavrado, que impedia a titulação das terras no nosso Estado; ajudei a tirar a febre aftosa, que estava havia 50 anos impedindo a exportação do nosso gado; ajudei a tirar a mosca da carambola, que estava havia oito anos impedindo a exportação das nossas frutas; e, agora, eu tirei o câncer que impedia o crescimento do meu Estado e prejudicava o Brasil – e que mandava muito neste Senado.

    Mas agora eu quero mais do que isso. Quero dizer que também fizemos história: pela primeira vez, na história do Brasil, uma indígena, pura indígena, foi eleita Deputada Federal. Protegi, eu me sacrifiquei. Muitas propostas de coligação com Deputados, com mandato, com recurso, e eu me recusei, para manter a chance, essa luz acesa de essa indígena ser Deputada Federal. Brizola elegeu Juruna, e eu elegi a Dra. Joênia.

    É hoje Deputada Federal. Fizemos essa história.

    Estou feliz que a gente está trazendo mais uma mulher, agora indígena, para defender a causa indígena com muito amor, com muita responsabilidade. Uma pessoa que vai nos ajudar muito na defesa das causas indígenas. Eu estou muito feliz e quero dizer mais: o meu Estado escolheu dois candidatos para o segundo turno. Um é o Anchieta Júnior, que já apoiei. Ele foi um desastre para o meu Estado, com denúncia de corrupção, endividamento. Olha, foi a maior lástima. O outro é um banqueiro, é um rapaz que é uma incógnita. Eu torço para que dê certo, mas eu não vou apoiar nenhum dos dois. Eu vou ficar esperando o povo decidir quem dos dois será o eleito e terá o meu apoio como Senador, de forma institucional, mas para a base não vou. Não vou, porque nunca mais vou...

    Eu olhei os planos de governo dos dois, e eles não existem. Existem planos pessoais, e não estou vendo para resgatar... O Estado de Roraima hoje, Senador Lasier, é o Estado que tem o maior estoque de riqueza natural por pessoa do mundo. Nós temos água em abundância para produzir, para ter energia limpa, hidráulica. Nós temos hoje 12 horas de sol para ter energia solar, energia limpa, energia renovável, para ajudar na produção, na entressafra do Brasil, e está aí o Estado sofrendo.

    Nós temos uma das terras mais produtivas do Brasil, temos 2,5 milhões de hectares à disposição da produção, temos minério de todos os tipos, que podem ser explorados de forma sustentável para alavancar não só a economia do Estado de Roraima, mas do Brasil, e tudo isso não está sendo valorizado, porque a corrupção predomina sobre os interesses coletivos. Então, eu quero aqui dizer que o Estado de Roraima sofre hoje, para se ter uma ideia...

(Soa a campainha.)

    O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Moderador/PTB - RR) – Dê-me um pouquinho mais de um minuto. O Estado de Roraima hoje, apesar dessa riqueza natural, é o Estado mais pobre do Brasil. Olha o que a corrupção faz com um Estado: com todos esses valores naturais que Roraima tem, essa riqueza natural, é o Estado mais pobre do Brasil, é o Estado mais violento proporcionalmente – era um Estado em que se dormia de portas e janelas abertas –, é o Estado que tem o maior índice de desemprego proporcionalmente e é o Estado que tem hoje a maior quantidade de famílias vivendo abaixo do nível de extrema pobreza, que são aquelas pessoas que vivem com menos de R$70 por mês.

    Imagine, Senador Pedro Chaves, uma pessoa, uma família viver com menos de R$70; é passar fome, é passar necessidade. Então, o meu Estado de Roraima é isso hoje. E olha, apesar dessas riquezas naturais, nós temos um potencial de mercado fantástico. Se somarmos o PIB da Venezuela ao PIB da Guiana Inglesa e ao PIB de Manaus, o PIB de Roraima é maior que o PIB de São Paulo, em que temos 46 milhões de pessoas, enquanto Roraima tem apenas 500 mil pessoas – agora talvez 600 mil, com a migração venezuelana –, mas é um Estado que foi mantido no chinelo da corrupção, a título de ter as pessoas encabrestadas, não é?

    Sabe aquela história de Hitler com a galinha? Eu quero contar essa história aqui. Hitler perguntava aos assessores dele: "Como é que está a minha imagem perante a população?" "Olha, a sua imagem está ruim, está desgastada. O povo está revoltado".

    "Pois bem, vou ensiná-lo como se trata o povo". Olha o que Hitler fazia: "Dê três dias de fome para uma galinha". E aí a pessoa dava, os assessores davam três dias de fome. Ele botava numa sala e arrancava todas as penas: pena do rabo, da asa, da perna, da coxa.

(Soa a campainha.)

    O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Moderador/PTB - RR) – Só me dê mais um pouquinho.

    A galinha gritando, e aquele monstro ali, tirando todas as penas daquela galinha. No final, ele a jogava no chão, porque não tinha nem asa. Ela caia, se escondia num canto, ficava escondida, com medo dele, assustada com aquele monstro. E aí ele pedia uma mão de trigo e começava a jogar o primeiro caroço, o segundo caroço. Ela, com fome, comeu o primeiro caroço, comeu o segundo caroço. Aí ele começava a andar na sala, sala redonda, e a galinha atrás dele, comendo aqueles caroços exatamente daquele monstro que tinha tirado todas as penas dela.

    É assim que os políticos canalhas, corruptos, vagabundos, fazem com o povo brasileiro: roubam e tiram a primeira pena, tiram a saúde; tiram a segunda pena, tiram a educação. Vem a primeira pena, tiram a estrada; vem a segunda pena, tiram emprego; vem a terceira pena, tiram a segurança; tiram tudo da população pobre brasileira. Aí nas eleições, começam a jogar o milho: R$100, R$200, R$300. De repente está lá a população atrás daquele bandido que passou quatro anos tirando tudo.

    Então, isso eu falava de rua em rua...

(Soa a campainha.)

    O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Moderador/PTB - RR) – ... no meu Município, no meu Estado, e de bairro em bairro. E graças a Deus, o meu povo entendeu e tirou exatamente o maior ladrão de Roraima e o maior ladrão do País.

    Eu queria agradecer esta oportunidade. Mas, antes disso, queria aqui pedir uma salva de palmas para o povo gaúcho, por ter reconduzido esse homem que tem a cara da defesa dos direitos do trabalhador; esse homem incansável; esse gaúcho. Muitas vezes tentei chegar primeiro que ele, mas ele já estava aqui sentado, lutando. Nas segundas-feiras, quando quase não tem ninguém, ele já está nas audiências públicas, ouvindo o clamor e a necessidade do povo.

    Quem olha pelo trabalhador, quem trabalha com honestidade, merece a recondução.

    Estou falando de V. Exa., Senador Paulo Paim, do meu respeito e da minha admiração. Retorne à Casa que não pode perder V. Exa. Os gaúchos, com muita inteligência, reconduziram o homem de que o Brasil precisa.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/10/2018 - Página 23