Discurso durante a 120ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Críticas ao Partido dos Trabalhadores e registro de apoio à candidatura do Deputado Jair Bolsonaro a Presidente da República.

Autor
Ana Amélia (PP - Progressistas/RS)
Nome completo: Ana Amélia de Lemos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS:
  • Críticas ao Partido dos Trabalhadores e registro de apoio à candidatura do Deputado Jair Bolsonaro a Presidente da República.
Aparteantes
Raimundo Lira.
Publicação
Publicação no DSF de 12/10/2018 - Página 10
Assunto
Outros > ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS
Indexação
  • CRITICA, METODO, CAMPANHA, ELEIÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), CANDIDATO, FERNANDO HADDAD, MOTIVO, CONTRADIÇÃO, POSIÇÃO, POLITICA, DECLARAÇÃO, APOIO, VOTO, JAIR BOLSONARO, DISPUTA, CARGO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA.

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS. Pronuncia o seguinte discurso.) – Obrigada, Senador Hélio José.

    Caro Senador Raimundo Lira, caros telespectadores da TV Senado, ouvintes da Rádio Senado, depois de ouvir a manifestação agora do Senador Raimundo Lira, eu, lendo os jornais hoje, cheguei à conclusão de que o PT, o Partido dos Trabalhadores, hoje se transforma numa melancia: verde por fora e vermelho, muito vermelho, por dentro. É exatamente uma forma de mudar a fisionomia radical, que combateu até a véspera, para se converter agora num partido que não é "ser feliz de novo", "o povo feliz de novo", o mantra que foi de Dilma, de Lula e de Haddad, mas agora é "o Brasil para todos."

    Mas querem enganar quem com esse discurso, que já foi repetido lá em 2010, em 2014, para a reeleição, e agora se muda o slogan, muda-se a cor da bandeira. Até isso fizeram. Prestem atenção. Tiram a bandeira vermelha, Senador Raimundo Lira, e botam a bandeira verde e amarela. Quem acredita que, de uma hora para outra, por interesse eleitoral, para ganhar lá no Nordeste, onde, em cinco capitais, o Bolsonaro ganhou...

    E, aí, eu não estou aqui fazendo apologia de um candidato que eu decidi apoiar na terça-feira, porque, no meu Estado, mais de 60% do eleitorado gaúcho foi nessa direção.

    E o Rio Grande do Sul não aceita neutralidade. Eu compreendi bem o significado disso. Gaúcho quer que se tome lado. E eu tomei um lado.

    Eu tomei o lado da coerência que eu tenho na pregação desses valores, porque, vejam só, eles mudaram tanto que se transformaram nessa melancia, tentando vender a imagem de que são defensores dos interesses nacionais, do Brasil, do Brasil unido. Brasil unido?! Mas eles, o tempo todo, disseram "nós e eles" e agora falam em unir o Brasil, em trazer inclusive as forças do centrão, Senador! Olhem a incoerência!

    Aí é que está a visão clara da sociedade brasileira, do eleitorado, que deu as costas a essas mentiras ao longo dos 13 anos da administração. Vamos abrir os olhos! O cidadão já abriu os olhos, porque é uma permanente narrativa.

    Mais uma: durante todo o tempo, falaram em nós, no senhor, em mim, nos golpistas, naqueles que aprovaram aqui, com base no Texto Constitucional, o impeachment de Dilma, nos transformando em golpistas. E, até ontem, nós continuávamos sendo chamados de golpistas pelos petistas, mas eles se abraçaram com os golpistas lá em Alagoas. Eles se abraçaram a Renan Calheiros, como unha e carne, uma relação carnal com os golpistas, porque havia o interesse do apoio do Renan Calheiros ao candidato Fernando Haddad. É assim a incoerência daqueles que, um dia, dizem e fazem uma coisa e, no outro dia, negam e desfazem tudo o que fizeram na véspera.

    Com muita alegria, concedo o aparte ao Senador Raimundo Lira.

    O Sr. Raimundo Lira (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - PB) – Senadora Ana Amélia, hoje a imprensa divulgou que o candidato Bolsonaro incluiu no seu programa de governo o décimo terceiro para o Bolsa Família. Ele próprio anunciou isso pela imprensa. Isso aí é uma coisa importante, para evitar que, principalmente lá no Nordeste, as pessoas continuem mentindo e dizendo que o candidato Bolsonaro vai acabar com o décimo terceiro mês, que vai acabar com o Bolsa Família. Ele não vai acabar com o décimo terceiro mês, não vai acabar com as férias, o adicional de férias, e não vai acabar com o Bolsa Família. Ao contrário: ele vai dar o décimo terceiro mês para o Bolsa Família.

    Como ele vai fazer isso? Ele vai exatamente fazer uma auditoria no Bolsa Família. Há pessoas, como Vereadores e tal, comerciantes – como temos visto pela imprensa nacional, já vimos isso inclusive no Fantástico –, pessoas que têm imóveis para alugar, pessoas que têm carro importado recebendo Bolsa Família. Às vezes, há dois, três com Bolsa Família na mesma família. Então, essa fraude vai ser expurgada e, a partir daí, isso ajudará a pagar o décimo terceiro do Bolsa Família. Isso é uma coisa importante que deveria ser dita, evitando que alguém fique usando...

    Inclusive, o próprio Vice-Presidente também participou dessa reunião em que foi definido claramente, com clareza absoluta, que o Bolsa Família terá o seu décimo terceiro mês.

    Outra coisa também: o Presidente, se eleito, pretende isentar totalmente do Imposto de Renda até R$5 mil, o que corresponde a cinco salários mínimos. Essa tese também foi adotada pelo candidato da oposição, pelo candidato Haddad. E, para as outras parcelas de assalariados, ele quer reduzir para 20% – vai até 27,5%, e ele quer reduzir para 20%. Já o programa de Haddad adotou também essa tese de isentar até cinco salários mínimos, mas tirando essa diferença na classe média que paga 27,5%, colocando, então, para 35% naturalmente. Então, sai de um e vai para outro. O Haddad está exatamente com a tese de colocar esse diferencial no Imposto de Renda da classe média, que já é extremamente sacrificada em nosso País.

    Eram essas as considerações que eu queria fazer a V. Exa.

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Eu agradeço muito essa colaboração e gostaria que esse aparte fosse inserido também nos Anais.

    Eu quero agradecer também a visita de tantos jovens que vieram aqui acompanhar, nesta quinta-feira. Obrigada às meninas e aos meninos que estão aqui. É muito importante acompanhar o trabalho do Senado, dos Senadores, das suas manifestações.

    Eu quero aproveitar a deixa do aparte do Senador Raimundo Lira sobre a questão do Bolsa Família. Vejam só. Eu aí gosto de relembrar exatamente que, em um bom programa social como o Bolsa Família – claro, vamos reconhecer quem o fez –, se você não faz uma fiscalização e um controle, você acaba prejudicando os mais pobres. Você poderia, com o dinheiro aplicado erradamente naquele que não deve e não poderia estar recebendo dinheiro... Isso é para a área de pobreza, mas uma figura, um Vereador ou um líder político municipal ou regional está recebendo um dinheiro que é das pessoas para aumentar sua renda. O Bolsa Família foi para dar uma condição melhor de vida para as pessoas que não têm trabalho, que não têm emprego, que estão abandonadas à sua própria sorte. É claro que até nisso eles voltam a ser... Copiando: Bolsonaro tinha dito isso e também agora o PT está fazendo...

    Agora, veja só, Senador, sobre essa questão do controle, como ela é importante. Quando nós estávamos com alto índice de empregabilidade, era baixo o desemprego no Brasil – baixo relativamente comparado a hoje, ao que nós temos –, o que acontecia? O que era investido no Bolsa Família totalizava R$24 bilhões; e, quando nós estávamos com um emprego muito melhor, um nível muito melhor, gastavam-se com o seguro-desemprego R$48 bilhões. Veja só: o dobro o com seguro-desemprego numa hora em que os níveis do emprego eram melhores do que, evidentemente, estão hoje por conta da recessão e por conta dos desgovernos e do descalabro que foi o Governo Dilma. E o que era isso? Falta de uma fiscalização. Quando ela ganhou, a primeira coisa que ela fez foi reduzir o seguro-desemprego, botar um crivo no seguro-desemprego...

    O SR. PRESIDENTE (Hélio José. Bloco Maioria/PROS - DF) – Por favor, Senadora Ana Amélia, desculpe, é só para falar sobre os meninos.

    Esses meninos, Senadora Ana Amélia, de que a senhora falou aqui, são estudantes de vários Estados e da Associação Vaga Lume, de São Paulo. Muito obrigado a eles pela visita. Eles são de vários Estados brasileiros.

    Deus abençoe vocês. Que conheçam bem Brasília. E um bom retorno. Obrigado.

    Desculpe, Senadora.

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Eu adorei São Paulo, Senador Hélio José. É um Estado maravilhoso. Andei pelo interior. Eu adorei São Paulo. Então, parabéns aos paulistas, professores e alunos. São Paulo é um Estado que é quase um país, é um país – 43 milhões.

    Eu estava dizendo, Senador Raimundo Lira, exatamente esta colocação da necessidade dessa fiscalização, que é fundamental.

    Eu queria também aqui lembrar que, nesse processo de mudança radical em que estão os petistas para convencer o eleitorado, agora o PT é verde e amarelo, não é mais vermelho – agora é o PT melancia, verde por fora e vermelho por dentro. É exatamente disso que eles querem convencer a população brasileira. Então, eles se valeram disso, trocaram a bandeira vermelha do 13 pela bandeira brasileira da ordem e progresso. Vejam a contradição. É tudo o que eles não querem. Eles querem muito mais: substituir aquele "O povo feliz de novo" por um slogan "Brasil unido de novo". Não dá para acreditar nessa cantilena, nessa ladainha!

    Juntaram-se aos golpistas para ganhar eleição, especialmente no Nordeste. Fizeram de tudo! Dilma dizia: "Vamos fazer o diabo para ganhar a eleição". E fizeram o diabo. Gastaram os tubos. E, agora, os próprios eleitores, lá em Minas Gerais, deram o troco.

    Haddad dizia até ontem: Haddad é Lula – estava em tudo em que era lugar, foto do Lula, Haddad é Lula. Lula fora agora; Haddad é Haddad, Haddad é PT, junto com sua aliança. Esconderam o Palocci. Este, pelo amor de Deus, é o fantasma para eles, porque o que está vindo aí... Parece que já tem gente pegando o passaporte para ir embora, para sair do Brasil. E o José Dirceu? Cala o José Dirceu. É impressionante a mudança que fizeram.

    Será que essas mudanças são reais? Ou é, como nós sabemos, apenas um discurso? Engane-se quem quiser, mas quem conhece a prática que fazia esse partido, cujos líderes maiores ensinam que é preciso para chegar ao poder fazer qualquer coisa a qualquer preço para conquistar o poder...

    E esse discurso da defesa da democracia, como falou agora há pouco no pronunciamento o Senador Raimundo Lira, é o discurso que sustenta o livro Como as democracias morrem, de dois professores dos Estados Unidos, que escreveram uma obra, que está sendo uma das obras mais vendidas no mundo – Como as democracias morrem. É exatamente porque os líderes vêm, na campanha, dizendo que defendem a democracia, os valores democráticos, do PSOL ao PT, do PCdoB ao PT. Não acreditem!

    E eles virão com a faca nos dentes. Eles são contra a Lava Jato, eles atacam o Juiz Sergio Moro a torto e a direito, de todos os lados, atacam a Polícia Federal, atacam todos. Querem até mudar aquilo que eles mesmos criaram: Lei da Ficha Limpa, a colaboração ou delação premiada, institutos que vieram para fortalecer o poder das instituições num Estado democrático de direito, em que a defesa é assegurada a quem é denunciado na sua extensão completa, como preveem as verdadeiras democracias. E, felizmente, as nossas instituições estão fortalecidas.

    Não será através do desejo de voltar a censurar a imprensa, a controlar os meios de comunicação... É isto que vão fazer se chegarem ao poder: controlar os meios de comunicação, censurar a imprensa, tentar controlar, como eles gostam de fazer em regimes como os da Venezuela, como muito bem lembrada pelo Senador Raimundo Lira...

    O que deu a Venezuela? Hoje, nós podemos testemunhar isso com a vinda de venezuelanos de todos os níveis para o Brasil. Até juízes, magistrados, estão vindo em busca de uma oportunidade em qualquer lugar. Abandonaram tudo, porque são perseguidos pelo regime de Maduro.

    Nós não podemos aceitar que o Brasil se transforme numa Venezuela. Não podemos aceitar! Não vamos desistir do Brasil! E o Brasil não é a Venezuela. Os brasileiros, no dia 7 de outubro, deram um recado muito claro: "Agora, nós mandamos. Não é o PT que vai fazer a nossa cabeça nem mandar nas nossas vontades. Nós queremos a mudança!". E os eleitores têm de fazer... Eu disputei e respeito a vontade soberana do eleitor. E respeito, porque democrata é assim: se perde, tem que reconhecer a vitória de quem fez mais votos. Nós não soubemos mostrar ao eleitorado tudo o que nós poderíamos fazer, mas o eleitorado também queria mudar. Não sei se é uma mudança mesmo, mas é a troca das pessoas que estão exercendo o poder. E esse recado precisa ser aprendido por todos nós, mas nós não vamos desistir do Brasil e não vamos aceitar.

    Eu queria dizer também de tudo que foi feito, do descalabro, dos estragos que foram feitos na economia, com 13 milhões de desempregados, que eles não reconhecem. Eles acham que isso veio de causas externas, que isso veio de uma recessão. Isso veio, sim, do desgoverno, de um governo irresponsável que nada planejou, que achou que o pré-sal salvaria o Brasil, uma riqueza que está a 7 mil metros no fundo do mar.

    Fizeram a Copa do Mundo como se nós estivéssemos nadando em dinheiro. Estão aí os estádios abandonados. O de Brasília é uma vergonha, é um elefante branco, e os hospitais de Brasília precisando de vagas para as pessoas que a eles recorrem, mas não há vagas, não há cirurgias, não há atendimento. O dinheiro está todo enterrado naquele estádio. É assim que ele foi administrado. Um estádio que foi orçado... E esse é público, é dinheiro do povo de Brasília! E quem administrava Brasília nessa decisão? Exatamente Agnelo, o Governador. Esse estádio foi orçado em R$750 milhões, mas acabou custando mais de R$1 bilhão, e a saúde em frangalhos. E os demais estádios? O que é o Parque Olímpico do Rio de Janeiro? Dá uma tristeza ver aqueles estádios abandonados. Não podíamos ter feito a Copa do Mundo de 2014. Estádios no Mato Grosso, em Cuiabá, com obras de mobilidade urbana... O legado da Copa é uma herança trágica que os brasileiros estão pagando hoje pela irresponsabilidade de quem fez e assumiu o que não poderia ter assumido. Jamais poderíamos ter aceitado esse compromisso que impôs ao Brasil não apenas uma extraordinária derrota para a Alemanha, mas mais grave, muito mais grave... Esporte é assim: perde-se ou ganha. O pior foi ter enterrado o dinheiro dos brasileiros nessas obras da Copa do Mundo e da Olimpíada em 2016, e mais: ter enterrado umas das maiores empresas brasileiras, um orgulho brasileiro internacional, a Petrobras, no chamado petrolão. A Lava Jato está aí para contar essa história. E o Antonio Palocci vai contar detalhes do que aconteceu naquilo que nós chamamos de DNA.

    Senador Paim, eu sei que V. Exa. não está ilhado nesses negócios, porque sempre foi um Parlamentar responsável, mas todos que estão terão que pagar, porque a minha régua moral é a mesma – foi para o Demóstenes, foi para a Dilma, foi para o Delcídio, foi para o Aécio, que eu apoiei. Não dá para ser diferente. A régua moral é a mesma. Nós temos que ter a coragem de reconhecer os erros que os nossos aliados fazem, porque se nós atacamos os nossos adversários, nós temos que fazer isso.

(Soa a campainha.)

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Eu, ao terminar, quero dizer que havia um grande líder... Antes, no Brasil, a política e os líderes faziam políticas, no embate eram adversários, mas nas relações se respeitavam. Hoje, nós mudamos. Hoje não há respeito, hoje há agressão. E nós precisamos voltar ao leito de quando a democracia era praticada desse jeito em que os adversários tinham respeito um pelo outro. Então, com Getúlio Vargas, Jânio Quadros, havia respeito. Havia uma adversidade no âmbito político, mas era um nível e um clima de respeito. Hoje, nós não temos mais isso.

    E é exatamente esse caminho, do respeito na política, na verdadeira democracia, não aquela democracia de fachada, na verdadeira democracia que nós temos que buscar para pacificar este Brasil tão generoso e tão grande. Se Deus é brasileiro, nós vamos conseguir fazer isso.

    Muito obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/10/2018 - Página 10