Discurso durante a 121ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Reflexão sobre a mudança na identidade visual da campanha do candidato à Presidência da República Fernando Haddad.

Autor
Ana Amélia (PP - Progressistas/RS)
Nome completo: Ana Amélia de Lemos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS:
  • Reflexão sobre a mudança na identidade visual da campanha do candidato à Presidência da República Fernando Haddad.
Publicação
Publicação no DSF de 17/10/2018 - Página 24
Assunto
Outros > ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS
Indexação
  • COMENTARIO, ALTERAÇÃO, IMAGEM VISUAL, CAMPANHA ELEITORAL, FERNANDO HADDAD, DISPUTA, CARGO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ADOÇÃO, COR, BANDEIRA, BRASIL, CRITICA, ATUAÇÃO, MEMBROS, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), ENFASE, OLIVIO DUTRA, GOVERNADOR, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), PROPOSTA, FECHAMENTO, ESTABELECIMENTO DE ENSINO, HOMENAGEM, JOAQUIM JOSE DA SILVA XAVIER.

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS. Pronuncia o seguinte discurso.) – Caro Senador Cristovam Buarque, que preside esta sessão, representante do PPS, do Distrito Federal; caras colegas Senadoras; Senadores; nossos telespectadores da TV Senado; ouvintes da Rádio Senado; ontem, no noticiário da televisão, fiquei muito surpresa, quando vi o candidato Fernando Haddad, dando uma entrevista coletiva e tendo, como cenário e pano de fundo, o quê? A bandeira brasileira, a bandeira a que nós todos reverenciamos. A mesma bandeira, Senador Cristovam Buarque, que, em 2016, precisamente o candidato Fernando Haddad, então Prefeito de São Paulo, recomendou que a Fiesp não usasse, como símbolo nacional, estampada virtualmente na sede da Avenida Paulista. Por que a contradição? Porque, em 2016, esta Casa estava envolvida com o debate do impeachment, que ainda hoje é chamado de golpe pelos petistas. A bandeira brasileira era e sempre foi um símbolo, quando, em 2013, quando milhões e milhões de brasileiros aqui em Brasília e em todas as capitais, nas cidades médias e grandes, foram às ruas para dizer: "Basta de corrupção!" O que era o símbolo? Era a bandeira brasileira. As pessoas se enrolavam na nossa bandeira.

    E eu lembrei, jornalista que era, que, no ano de 2002, recém-eleito Presidente, antes de assumir, fazendo a propaganda daquilo que o americano chama de self-made man ou self-made leader, Lula era um homem que se fez um operário e que chegou à Presidência da República. Eu estava como repórter na Casa Branca. O Presidente de então era George W. Bush, Bush filho. Eu olhei e estavam sentados, nas cadeiras do Salão Oval, de um lado o Presidente americano e de outro lado o Presidente Lula. E o que tinha o Presidente Lula na lapela do seu paletó? Tinha a estrela vermelha. O Bush, a bandeira americana. Aquilo me chamou a atenção e eu até escrevi e fiz uma nota. Ali devia estar, porque, agora eleito, era o Presidente dos brasileiros, não era o Presidente de um partido político. E aquele foi um símbolo que prevaleceu durante os 13 anos da gestão desse partido.

    E agora aquela fulgurante estrela vermelha se ofusca nas urnas pela decisão soberana, independente, democrática do cidadão brasileiro. Você pode até não concordar, pode até achar que Bolsonaro não é uma brastemp, não é o melhor candidato. Mas a reação popular é uma resposta muito clara àquela tentativa totalitária de fazer o partido dono do País, dono das instituições.

    Basta ler aquela regra definida dogmaticamente pelo PT, assinada pelo seu Presidente, em 2016, em que o partido, reunido, em vez de fazer uma reflexão e uma autocrítica, a mesma que inteligentemente Cid Gomes, lá em Fortaleza, fez, na segunda-feira, chamando à razão... E ele fez com a autoridade de quem está apoiando Fernando Haddad, de quem está apoiando a candidatura do Partido dos Trabalhadores. Cid Gomes chamou à razão para dizer que faltou humildade, faltou autocrítica. Mas quantas e quantas vezes isso foi dito, cobrado do partido esse gesto.

    Reconheço e conheço muitos petistas que tinham a mesma visão de que, se tivesse havido esse ato de contrição com o País, a situação do partido hoje poderia ser diferente. Não necessariamente seria, mas poderia ser diferente, porque a autocrítica é o reconhecimento dos erros cometidos. Mas nunca fizeram isso.

    E hoje, quando Fernando Haddad – eu diria, com muito constrangimento – faz alguma referência, é muito discreta a referência sobre os desastres que foram a gestão de Dilma Rousseff. E ele faz isso contidamente, até porque agora a regra é outra: tira a bandeira vermelha e bota a bandeira do Brasil, tira o "nós e eles" e bota "estamos juntos". "Agora estamos juntos, agora é uma nova eleição, agora todos unidos pelo Brasil."

    Quem vai acreditar nessa sinceridade? Quem vai acreditar nisso depois de ter feito o que fizeram? Quiseram impor a vontade não do Estado, porque o Estado é um ente, mas de um partido sobre as instituições que têm que ter visão e atuação republicana, como Polícia Federal, Ministério Público, Forças Armadas, Senador Cristovam Buarque, com programa de promoção não de acordo com o mérito disciplinar da hierarquia militar, do Código Militar, mas da vontade daqueles que deveriam ser promovidos que tivessem ideologia nacionalista seguindo o rito partidário, seguindo a ideologia do partido. Não conseguiram fazer isso.

    Queriam mais: a dominação e o controle dos meios de comunicação social. Esse é um valor que eu, como jornalista que fui durante várias décadas, tenho como um dos mais importantes, tanto como o ar que nós respiramos, a liberdade da crítica, de falar mesmo que você não concorde. E é exatamente neste momento que eu vejo isso.

    Sabe o que Olívio Dutra vez no Rio Grande do Sul quando assumiu, Senador? Uma das instituições mais respeitadas do Rio Grande, a Escola Tiradentes, uma escola do gênero escola militar, comandada pela Brigada Militar do Rio Grande do Sul que tem quase 200 anos, uma instituição muito respeitada pela seriedade, pelo rigor... E, nessa escola Tiradentes, os alunos têm as melhores notas no Enem, as melhores notas do Ideb, as melhores notas estão ali pela disciplina, pela ordem, pelo comprometimento dos professores, porque ali a obrigação é aprender, ensinar e saírem bons alunos prontos para a universidade. Ele quis fechar, porque disse que não podia ter escola com essa formação. Não queria, não só essa, possivelmente também as outras, porque houve tentativa de também fechar também os colégios militares.

    Sabe o que aconteceu, Senador, no Rio Grande do Sul? O Rio Grande do Sul inteiro se virou contra a iniciativa e impediu que aquela escola modelar, exemplar, premiadíssima fosse fechada pela vontade do partido que assumiu o poder. Foi a mobilização da sociedade, como agora, no Brasil, nessa eleição no primeiro turno e será no segundo da mesma forma, será a resposta adequada porque é a resposta da urna, é a resposta soberana, é a resposta da liberdade. E agora, sim, nós temos que a bandeira do Brasil seja e continuará sendo a nossa referência, o nosso principal valor.

    Então, eu queria dizer, Senador, que a cada hora que você vê se reafirmarem aquelas pretensões... E, quando eu ouvi o discurso do Senador eleito Cid Gomes, Governador do Ceará, que tem autoridade moral, é aliado e tem toda autoridade para fazer crítica... Como ele foi recebido com uma crítica construtiva dele, que, naquele momento, foi feita, porque quem critica construtivamente está querendo ajudar...

    Ele foi hostilizado. Hostilizado.

    E, aí, respondiam a ele, gritavam o nome do grande líder do Partido, e a resposta dele: "Está preso."

(Soa a campainha.)

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – A resposta dele: "Está preso."

    É esse clima de intolerância que, dentro do próprio Partido, viceja, prospera e funciona.

    Então, é por isso que esse resultado dessa eleição... Não se surpreendam por causa dessa reação que nós temos hoje, uma situação complicada, de um candidato que quer mostrar um novo modelo, uma nova ideologia, uma nova forma de governar. É o lobo vestido de cordeiro. É, como eu disse aqui outro dia, brincando, o "candidato-melancia": verde por fora e vermelho por dentro.

    É essa a forma como os brasileiros entendem, quando a gente faz e transforma num símbolo aquilo que a gente quer dizer, para fundamentar, para argumentar e para justificar o que está acontecendo em nosso País.

    Então, eu tenho a convicção de que nós, agora, pelo voto direto, pela decisão soberana do povo, devemos, todos, Senador Cristovam... V. Exa. e eu, que compartilhamos muito de um ideário democrático, de um ideário plural, de convivência respeitosa... Muitas vezes, V. Exa. e eu divergimos aqui, em muitos momentos, mas nunca, nunca nos faltou capacidade e esforço para o diálogo e para o entendimento, para chegar a um consenso, porque a sua preocupação, como a minha, é uma só: o nosso País. O nosso País.

    V. Exa. foi reitor, é um professor emérito, aposentado hoje, gozando dessa aposentadoria meritória... V. Exa. fez disto aqui uma tribuna para ajudar o País. O mesmo fiz eu, e o mesmo farei. Como disse um conterrâneo seu, um grande líder, Eduardo Campos, não vamos desistir do Brasil. Eu acho essa frase notável, porque teve sinceridade. Não vamos desistir do Brasil. E esse é o meu compromisso, esse é o seu compromisso. E nós vamos ter que continuar dialogando, porque também a população disse ao sistema político-partidário em vigor: "Basta", "envelheceu", "está carcomido". É preciso, todo ele, se reinventar. Reinventar-se como a tecnologia se reinventa. Cada dia você tem uma novidade na tecnologia.

    Veja, na medicina, Senadora Ione, sobre a qual a senhora vai falar agora, a revolução que está acontecendo. Votamos aqui... Felizmente o Senado votou um projeto de minha autoria sobre pesquisa clínica, para agilizar o processo de registro de pesquisa clínica, muito bem costurado com o apoio de vários Senadores aqui, inclusive da oposição. É assim que a gente faz, é assim que a gente constrói, para o bem da sociedade, para o bem do cidadão. Mas a gente nunca pode impor a nossa vontade. E a minoria tem o dever de respeitar a decisão da maioria. Democracia é dessa forma que eu entendo.

    E quero fazer um convite a V. Exa...

    Primeiro, quero pedir a transcrição, nos Anais do Senado, de um editorial do jornal O Estado de S. Paulo do dia de hoje, intitulado "A prepotência petista". Ele, por si, já descreve um pouco esse cenário todo que foi referido e mencionado. Quero, então, pedir essa transcrição e dizer a V. Exa. que vamos continuar na trincheira, combatendo o bom combate e discutindo muito essa alternativa de futuro para os partidos políticos brasileiros. Não é o problema só do número dos partidos, mas é o compromisso dos partidos políticos com a construção de um País verdadeiramente desenvolvido, de inclusão, de justiça social.

    Não podemos mais aceitar os números que agora há pouco nos trouxe a Senadora Rose de Freitas, em relação aos índices de pobreza, aos índices de analfabetismo de jovens.

    Eu vou voltar ao tema dos jovens aqui em Brasília, Senador, porque tive o privilégio de conversar com o Bispo de Brasília, o Bispo Marcony, e fiquei impressionada com o trabalho que ele fez na Ceilândia, sobre uma questão gravíssima e que simboliza muito a gravidade do que estamos vivendo: o suicídio de jovens naquela cidade-satélite de Brasília. Eu quero voltar a esse tema, porque ele é extremamente grave, mas ele é também fruto dos desmandos que a política brasileira vem apresentando e aos quais a sociedade vem dizendo "Não! Basta! Basta de corrupção, basta de irregularidades, basta de crimes!"

    Agora, temos que trabalhar, arregaçar as mangas, e não vamos desistir do Brasil.

    Obrigada, Senador.

    O SR. PRESIDENTE (Cristovam Buarque. Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PPS - DF) – Senadora, nós agradecemos o seu discurso, mas eu peço que fique um pouco mais aí, para ouvir um aparte meu e, se possível, responder, se quiser.

    Mesmo daqui de cima eu quero fazer um aparte.

(Soa a campainha.)

    O SR. PRESIDENTE (Cristovam Buarque. Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PPS - DF) – Primeiro, para dizer, como a senhora mesma já falou, que nós não desistimos. O povo mandou que nós nos recolhêssemos, mas o recolhimento permite trincheira de luta também. Há outras trincheiras. Não podemos desistir do Brasil.

    Segundo, quero fazer aqui uma lembrança, na linha do que a senhora começou, mas não o fez – e a senhora foi participante: quando a senhora se lembrou do broche do Presidente americano, com a bandeira dos Estados Unidos, e o broche do Presidente Lula, com a bandeira do PT. Eu me lembro daquilo. E, de fato, me incomodou muito aquilo. E o seu artigo ajudou a despertar. Mas, além da bandeira atrás do candidato Haddad, há uma coisa atrás do outro candidato, o Bolsonaro, que me faz lembrar algo que, talvez, a senhora tenha esquecido, quando, no dia 13 de agosto de 2015, nós fomos juntos falar com a Presidente Dilma e levamos uma carta para ela. Nessa carta está escrito, no começo: "Presidente, diante do Brasil há três cenários muito ruins: o seu impeachment, que não vai ser bom [faltava um ano para o impeachment, sobre o qual estava se começando a falar, e nós alertamos que não era bom]; a cassação da chapa pelo TSE [que estava em andamento] não é bom; e o seu governo continuar também não é bom".

    E nós demos uma sugestão a ela: ela continuaria Presidente, mas com outro governo, com um governo recomposto, de unidade nacional. E ali nós dissemos a ela – eu vou ler se está escrito na carta, mas é capaz –, sugerimos, que ela viesse aqui ao Congresso, pedisse uma sessão plenária do Congresso, para ela falar; que ela fizesse um mea-culpa, sobretudo que não se pode gastar mais do que se arrecada. Isso leva a um desastre visível ou ao desastre da inflação, que é uma forma camuflada de desastre.

    Terceiro, que ela dissesse: "A partir de agora, eu não sou mais do PT; meu partido é o Brasil". Ela poderia ter sido quem se apropriava dessa ideia de que Presidente não tem partido político. O partido do Presidente é o País. Tem seu grupo mais próximo, tem seus correligionários, mas partido de um Presidente é a Nação inteira. Não aproveitou, e o candidato está usando isso. E está sensibilizando muito com essa ideia de que o meu partido é o Brasil. A Presidente Dilma poderia ter feito isso, e nós teríamos evitado o impeachment e muitas coisas que vieram depois.

    Então, eu queria lembrar isso, porque a senhora participou daquela reunião. E eu tenho guardada a carta que nós assinamos. Vou recuperar e trazer uma cópia para a senhora.

    E quero lembrar também as vezes que nós, juntos, aqui, tivemos posições em comum, com uma coisa que eu insisto que é fundamental: não se faz justiça social em cima de economia ineficiente. Uma condição necessária, não suficiente, para fazer a justiça social é uma economia eficiente.

    A Venezuela é exemplo. Fizeram passos importantes na justiça social. Não chega um imigrante da Venezuela analfabeto, porque eles deram um salto na erradicação; mas chegam com fome, porque desprezaram a base da economia.

    Nesse ponto, eu não vou esquecer como nós, juntos, lutamos aqui e pagamos preço alto, porque, muitas vezes, as pessoas não entendem que a eficiência econômica exige alguns sacrifícios no presente, como, por exemplo, não gastar mais do que arrecada; como, por exemplo, ter responsabilidade fiscal; como, por exemplo, perder eleição. Mas não transigir com a ideia populista, demagógica, de que se pode gastar mais do que se tem.

    Então, esse companheirismo que nós tivemos na luta pela eficiência econômica, para mim, muitos não percebem, é um passo fundamental na busca da justiça social, que, para mim, virá da economia de qualidade igual para todos. Mas a educação de qualidade igual para todos só virá se for com eficiência econômica, se for com estabilidade monetária, senão ela virá e evaporará, como evaporou na Venezuela, que conseguiu dar um salto imenso na educação, na alfabetização, e perdeu uma geração inteira. Vai voltar ao que era antes.

    Então, eu quero dizer que estamos saindo juntos, daqui, por razões diferentes. A senhora perde uma eleição para a Presidência...

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Vice-Presidência.

    O SR. PRESIDENTE (Cristovam Buarque. Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PPS - DF) – ... eu perco uma eleição de reeleição. Estamos saindo, mas eu acho que vamos levar lembranças de quem tinha sonhos e lutou pelos sonhos, e com coerência; e sem fazer transigências eleitoreiras.

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Senador Cristovam, V. Exa. e eu chegamos aqui e vamos sair daqui como ficha-limpa. Chegamos aqui e vamos sair daqui com a vida limpa. E sempre combatendo o bom combate, e sempre agindo com independência, não tendo participado de qualquer tipo de conluio que viesse a nos desonrar.

    Segundo, Senador, quanto à carta que nós entregamos, existe uma grande diferença entre líderes políticos e estadistas líderes. Antoine de Saint-Exupéry, num livro que está sempre bem vendido – comemorou agora aniversário de edição –, diz o seguinte: "Deve se exigir de cada um o que cada um pode dar." Só um estadista teria lido a carta, teria se curvado a ela e teria feito aquilo que nós modestamente recomendamos, sem qualquer interesse de participar de um novo e reformado governo para salvá-la e salvar o mandato. Não era nosso interesse. Nosso interesse era salvar o Brasil.

    Digo isso, porque uma crise dessas... Um impeachment é sempre um momento crítico. Todos perdem, Senador. Todos perdem. Todos perdem, porque se agravam os problemas de confiança, de credibilidade, de governabilidade.

    Então, Senador, fizemos o que deveríamos ter feito. Fizeram ouvidos moucos. Não leram. Escutaram, mas não ouviram; não prestaram atenção, imaginando que nós não sabíamos muito, que nós estávamos apenas colaborando, com a melhor das intenções. Mas isso não foi avaliado, e a arrogância e a prepotência falaram mais alto e, por isso, deu no que deu. E a herança que nós tivemos foi um rastro de maus momentos: mensalão, petrolão, 13 milhões de desempregados.

    Esse foi o rastro que deixou, que poderia ter sido reconstruído em 2015. Mas um estadista teria ouvido, teria lido. Um líder que pensa na demagogia, que pensa apenas no interesse do seu partido e no desejo do poder, porque, em 2014, "faremos o diabo para ganhar a eleição."

    Essa é a diferença, Senador, mas nós dois cumprimos o nosso dever e fizemos o bom combate. Por isso, vamos sair daqui, felizmente, de cabeça erguida, com a sensação do dever cumprido.

    Fico muito honrada com o seu aparte e gostaria que ele fosse transcrito junto, como parte integrante do que falei neste momento.

    Muito obrigada.

DOCUMENTO ENCAMINHADO PELA SRª SENADORA ANA AMÉLIA.

(Inserido nos termos do art. 210 do Regimento Interno.)

    Matéria referida:

     – Editorial do jornal O Estado de S. Paulo, de 16/10/2018, intitulado "A prepotência petista".


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/10/2018 - Página 24