Discurso durante a 124ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Críticas à atuação do parlamento brasileiro.

Autor
Reditario Cassol (PP - Progressistas/RO)
Nome completo: Reditario Cassol
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATIVIDADE POLITICA:
  • Críticas à atuação do parlamento brasileiro.
Publicação
Publicação no DSF de 25/10/2018 - Página 24
Assunto
Outros > ATIVIDADE POLITICA
Indexação
  • CRITICA, ATUAÇÃO, CONGRESSO NACIONAL, MOTIVO, AUSENCIA, DEPUTADO FEDERAL, SENADOR, LOCAL, PARLAMENTO, CRIAÇÃO, SITUAÇÃO, FALTA, CONFIANÇA, POPULAÇÃO, ELOGIO, PERIODO, GOVERNO, MILITAR, COMENTARIO, APRESENTAÇÃO, PROJETO DE LEI DO SENADO (PLS), ASSUNTO, ALTERAÇÃO, CODIGO PENAL, TRAMITAÇÃO, SENADO.

    O SR. REDITARIO CASSOL (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RO. Pronuncia o seguinte discurso.) – Minha ilustre Presidente desta Casa, ilustre Senadora – agora assumiu o Senador que fez um belo discurso –, Srs. Senadores que estão não sei onde e Sras. Senadoras, meus jovens e minhas jovens funcionárias, é lamentável – com o longo trabalho que eu tenho dentro da política – a gente estar nesta oportunidade aqui, no Plenário do Senado, e não haver praticamente 3% ou 4% de Senadores e Senadoras.

    Meu ilustre Presidente, o Presidente desta Casa, na semana passada, convocou sessão na terça-feira e na quarta-feira desta semana. Eu ainda vim à Mesa e falei a S. Exa.: "Vai haver sessão mesmo?" "Vai, vai... Vamos ter que aproveitar para trabalhar". Já tinha reclamado uns dias antes até.

    Lamentável, nesses longos anos de cargos públicos, nunca me senti envergonhado – depois que eu voltei a assumir o Senado, está completando, se não me engano ou falta memória, amanhã quatro meses – de o povo falar desta Casa. Vejam bem, eu não ouvi falar do trabalhador da roça, de um vaqueiro, de um barbeiro, de um motorista ou de quem mexe com indústria, mas do Senado me senti muito envergonhado.

    Portanto, perdoem-me falar a verdade. Em lugares estranhos, só se ouvia falar: "Não tem um que presta." Eu ficava quietinho e escapava logo, antes que descobrissem. "Lá não tem um que presta. Lá é tudo isso, mais aquilo e mais aquilo". Lamentável um troço desses.

    Olhem, é triste! Por que cair numa situação dessas? Basta dizer que retornaram apenas oito Senadores, se não me engano, que foram reeleitos. Muitos, inocentemente, não conseguiram se reeleger, mesmo sem terem dívida nenhuma com a péssima administração desta Casa. Culpada é a própria Mesa, que tem que comandar o trabalho ao pé da lei.

    Eu mesmo também tenho um projeto aqui de alteração do Código Penal. É uma vergonha a situação em que estão os presídios hoje, lotados, estufados, por causa dos benefícios que os Parlamentares criaram para a malandragem. E para os trabalhadores, as vítimas, nada, coisa nenhuma. Meu projeto se encontra, há mais de sete anos, na Comissão de Justiça. A Mesa do Senado não poderia exigir que se analisassem esses projetos? E quantos e quantos projetos estão assim há longos anos? Tudo parado! Então, o Brasil parou realmente, de verdade. Não é só o Governo Federal; o Congresso Nacional também. Então, eu falo isso com toda a franqueza.

    E quero dizer também que eu fiz parte do governo militar. Vi tanto falarem mal dos militares, mas deveria ser o contrário. Naquela época, havia respeito, honestidade e trabalho.

    Portanto, eu implantei em várias cidades lá em Rondônia, cumprindo ordem do Governo Federal... E também comandei o maquinário do Incra, naquela época, por causa da colonização. Eu fazia parte disso, numa região grande de colonização.

    Vejam bem que em tudo havia só honestidade. O nosso Governo, do finado Jorge Teixeira de Oliveira acompanhava. Tudo era trabalho. Não se via desviar R$10. É lamentável o Brasil hoje como está. Quando o militar entregou, o Governador que assumiu primeiro, o finado Angeli, veio a Brasília para tomar posse. Enquanto nós esperávamos a chegada dele ao Palácio Getúlio Vargas, numa sacada, estava a praça cheia com povo fazendo manifestação, falando muita besteira.

    Estavam nessa sacada somente três casais: Reditario Cassol, quem lhes está falando neste momento, desta tribuna do Senado, como Senador, que assumiu numa folga do Senador, o filho, Ivo Cassol. Estávamos, repito, eu e a mulher, mais um companheiro que foi Chefe da Casa Civil, o Dr. Antonio Piquet e a esposa, e o finado Governador Jorge Teixeira de Oliveira e a esposa dele.

    Ele me dizia: "Cassol, eu não mereço isso aí", pois o povo o chamava de ladrão e pedia que descesse a escadaria, pois havia roubado o que chegava. "Cassol, tu me conheceu, trabalhou comigo. Eu não devo isso aí". E chorava que nem uma criança.

    Vejam bem, vejam bem: o homem morreu pobre. Até o velório o Estado que fez, o Governo, o finado Angeli, foi e pagou tudo. Pobre... Pensem bem como é que está hoje! Onde é que está esse povo que era mandado por políticos que querem ser grandes na história? Ouviu-se muito falar desta tribuna a respeito dos candidatos. Onde é que estão os raios dos políticos que fizeram isso aí?! Onde?! São de vários partidos, sobre os quais não se precisa nem falar. Onde é que está a moral? Vejam os acontecimentos neste Brasil, as roubalheiras. É ladrão em cima de ladrão. Vejam como até ministro roubou. Vejam como é que é Presidente da República preso. Vejam a situação!

    É lamentável ainda ver certos candidatos que não mereceriam a crítica estarem, principalmente, na televisão sempre fazendo coisas erradas.

    E aqui não é lugar para vir discutir política, ilustre Presidente. Aqui é lugar de trabalho, cumprir com o nosso dever como Parlamentares. Eu lamento quantos Senadores não voltarão a esta Casa, porque não se reelegeram, por culpa da malandragem que está dentro da política, porque o povo incluiu como se fossem todos os Senadores. Isso que é uma tristeza, porque é a minoria... É quem está com a chave na mão que tem que botar a Casa em ordem.

    Portanto, eu quase fui vítima quando Federal, porque eu não assinei a CPI do Presidente da República, Collor de Mello, vejam bem, porque eu tinha motivo. Aí me criticaram que eu estava apoiando ladrão. Vejam bem: eu tenho o direito da defesa. Eu disse: não é que eu estou apoiando ladrão, não. É porque nós não temos moral de fiscalizar as casas dos outros. Primeiro, temos que fiscalizar a nossa casa. Enquadraram-me como falta de decoro parlamentar, o próprio Presidente e o Líder do PMDB.

    Vejam bem como me enquadraram para eu ser cassado. A sorte é o Relator que me defendeu. Digo: nós temos que moralizar, primeiro, a nossa casa para fiscalizar a casa dos outros. Dois meses depois, se não me falta a memória, seis foram cassados: primeiro, o Presidente da Câmara, Sr. Ibsen Pinheiro; segundo, Genebaldo Correia, Líder do PMDB. E vejam bem, assim se foi. Só de Rondônia, foram cassados três. Graças a Deus eu me livrei por ter falado a verdade.

    Portanto, nós temos que botar as coisas em ordem. Nós temos que cumprir com o dever. Nós temos que moralizar esta situação tanto do Congresso como da Câmara Federal, porque está na hora e o povo precisa. Vamos nos unir. Vamos parar de botar defeito nesse candidato ou naquele candidato. Deixa o povo brasileiro escolher aquilo que está dentro da consciência dele. E vamos nos unir. Vamos nos dar as mãos. Vamos botar as Casas em ordem, porque está na hora, a começar pelo Congresso, o Senado, e ir à Presidência da República também.

    Temos que moralizar, porque estamos sentindo saudade do velho tempo, quando não havia roubo. Não se ouvia falar de nada dentro dos órgãos públicos. Hoje é uma vergonha. Uma vergonha péssima.

    Então, vamos nos dar as mãos, vamos nos unir e pedir a Deus que abençoe todo mundo, para nós podermos levantar este Brasil, com moral, com honestidade, e acabar com esses ladrões.

    Quem ganhar a Presidência da República, se quer botar o chicote, eu sou franco em dizer: eu sou um que me prontifico, e de graça. Não preciso ganhar nada. E meter o chicote mesmo, como antigamente funcionava o chicote. Viam-se até os presídios vazios. Não existiam, eram só cadeias. Eu comandei também isso aí numa pequena cidade. Quando o preso era mandado embora, se despedia, e nunca mais se o via. E se botava a trabalhar. Agora esta Casa criou o benefício para essa malandragem.

    O Código Penal favorece mais a eles do que ao próprio Senador. O Código Penal tem que ser alterado. E o processo está aqui parado. Parece-me que há um na Câmara também.

    Vejam bem, então, vamos botar esta Casa em ordem. Quem não tem fé, não tem dom para administrar aquilo que assume, que entregue para outro. E não fazer o que estão fazendo.

    Portanto, eu, como tenho longos anos de vida pública, eu tenho conhecimento das realidades. E agora vamos deixar que o povo escolha o Presidente do Brasil e vamos nos unir. Vamos nos abraçar para realmente botar as Casas em ordem, para que o Brasil venha a se levantar, e não numa situação desta. Um absurdo que nós temos aí.

    Quero falar a V. Exa., Sr. Presidente, desse auxílio político que criaram também. É muito errado. Os hospitais sem medicamentos, os hospitais públicos, e um candidato fica gastando um absurdo. Isso está errado.

    Portanto, está vencendo o meu espaço de fazer uso da palavra, e eu quero também...

(Soa a campainha.)

    O SR. REDITARIO CASSOL (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RO) – ... agradecer...

    Já vou entregar.

    Quero agradecer ao ilustre Senador Ivo Filho, por ter me dado o espaço novamente, de eu assumir, quatro meses e pouco, que estão vencendo amanhã, se não me engano. Que Deus abençoe. E ele não quis sair candidato ao Senado.

    Então, veja bem, com oito anos, acha que é suficiente e, para estar aqui, sem ver discussões dos projetos que são para ser discutidos sobre aquilo que temos por obrigação, do nosso trabalho, e não ficar discutindo assunto político. Esta Casa não é para isso não. Fazendo um bom trabalho, o fato é que se leva a política para a frente.

(Interrupção do som.)

    O SR. REDITARIO CASSOL (PP - RO) – Quero deixar aqui aos ilustres colegas o meu abraço e a minha consideração. Que Deus abençoe esta Casa, para primeiro se organizar, por ordem nos trabalhos e ajudar, aproximar-se da Presidência da República e do Ministério. (Fora do microfone.)

(Soa a campainha.)

    O SR. REDITARIO CASSOL (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RO) – ... com tudo aquilo que é possível para fazer aquilo que o brasileiro precisa.

    Então, eu quero deixar aqui aos funcionários também, a todos os trabalhadores o meu abraço e a minha consideração. Agradeço a Deus, porque sempre tivemos sorte e força.

    Quero levar ao conhecimento também de que tenho uma filha que se elegeu Deputada Federal. Portanto, sempre há alguém da família. Uma vez, tive cinco da família: um que era prefeito; outro era Deputado; para o Governo, foram duas vezes também lá em Rondônia.

    Então, fica aqui o meu abraço.

(Interrupção do som.)

    O SR. REDITARIO CASSOL (PP - RO) – Até uma outra oportunidade. Se Deus nos permitir. Fiquem com Deus, que é o melhor companheiro, nosso amigo, ilustre Presidente.

    Um abraço.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/10/2018 - Página 24