Discurso durante a 128ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Defesa do projeto de lei de autoria de S. Exª que inclui hipótese de legítima defesa de agente de segurança pública.

Críticas aos últimos governantes do País, por perderam a capacidade de comunicação e identificação com o povo brasileiro.

Autor
José Medeiros (PODE - Podemos/MT)
Nome completo: José Antônio Medeiros
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SEGURANÇA PUBLICA:
  • Defesa do projeto de lei de autoria de S. Exª que inclui hipótese de legítima defesa de agente de segurança pública.
ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS:
  • Críticas aos últimos governantes do País, por perderam a capacidade de comunicação e identificação com o povo brasileiro.
Aparteantes
Cristovam Buarque.
Publicação
Publicação no DSF de 06/11/2018 - Página 14
Assuntos
Outros > SEGURANÇA PUBLICA
Outros > ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS
Indexação
  • DEFESA, PROJETO DE LEI DO SENADO (PLS), AUTORIA, ORADOR, ASSUNTO, REGULAMENTAÇÃO, CRIAÇÃO, IMUNIDADE, AGENTE, POLICIA, UTILIZAÇÃO, ARMA, COMBATE, ENFASE, NECESSIDADE, REALIZAÇÃO, TREINAMENTO, SELEÇÃO, AGENTE DE SEGURANÇA.
  • CRITICA, GOVERNANTE, PARTIDO POLITICO, GESTÃO, GOVERNO FEDERAL, MOTIVO, AUSENCIA, CONEXÃO, CAPACIDADE, IDENTIFICAÇÃO, POPULAÇÃO, PAIS, BRASIL.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT. Pronuncia o seguinte discurso.) – Bom, primeiro eu quero parabenizá-lo pelo pronunciamento que V. Exa. fez aqui agora.

    E, grosso modo, comparando, seria a mesma coisa que o conselho mandar fazer a extinção do Boulos, não é? Porque, veja bem: o Boulos pratica a invasão, quebra-quebra, tocou fogo na Esplanada, aqui, no passado, e isso é ilegal, mas ninguém defende a extinção dele. Ele pode continuar aí, só não pode quebrar as coisas. Já o conselho mandou acabar, extinguir toda a linhagem... Mas, enfim, eu creio que isso aí vai ser resolvido.

    Eu queria registrar a presença aqui do meu amigo, grande empresário Rezek, que está aqui nos visitando, está na tribuna de honra. É um grande empresário, gerador de emprego aqui no Brasil.

    Sr. Presidente, eu, no ano passado, coloquei...

    Não sei se foi registrada a presença do pessoal que está nos visitando nas galerias. De que órgão é?

    Quero agradecer a presença de todos que estão nos visitando.

    Mas, Sr. Presidente, no ano passado eu apresentei um projeto aqui, o PLS 352. E esse projeto foi amplamente criticado, duramente debatido. E, recentemente, voltou à tona a discussão, porque o que que acontece?

    Quando do início da intervenção no Rio de Janeiro, eu vi uma situação em que descia um comboio de bandidos extremamente armados, fortemente armados, com armas de guerra, Senador Sandoval – ponto 50, lança-foguetes, granadas... A arma mais leve que eu vi lá foi fuzil. E passaram por três viaturas. E os policiais ficaram petrificados. Eu vi que eles não se mexeram. E, mais ou menos, eles passaram tipo assim: "Fica quietinho aí." Aquilo ali eu vi como o fim, a falência total do Estado legal, do Estado de direito, e do domínio sobre qualquer coisa que se pudesse chamar legal naquele setor. E eu pensei: "Bem, então não precisamos mais gastar com essa estrutura de segurança", Senador Sandoval, porque ela é caríssima. "Basta, agora, nos quedarmos aos traficantes, pedirmos licença; e eles vão ser essa nossa proteção." Falei. Para todos que eu falei, não concordaram com isso. Falei: "Bom, se a gente não concorda com isso, então temos que nos insurgir contra isso." De que jeito se faz isso? Não é como Dona Maria do Rosário prega. Não é como o Sr. Jean Wyllys ou o Sr. Marcelo Freixo falam.

    Eu trabalhei 23 anos na polícia, Senador Sandoval. E existem situações e situações. Existem situações que você enfrenta com diálogo, existem situações que você enfrenta com negociação, e existe situação em que só há um jeito: é fogo contra fogo. A polícia não anda armada à toa. Quando se arma a polícia, há um fim. E não há uma coisa que aflige mais um policial do que ter que puxar uma arma, principalmente no Brasil, porque, quando ele puxa a arma, no cérebro dele já fica rodando a corregedoria, o chefe que quer arrebentar com ele, os 500 burocratas que vão fazer o processo, o promotor que não imagina a situação – o que que é um tiroteio – e, por fim, há a condenação.

    Hoje um policial, quando entra... Eu, quando vejo aqueles meninos, Senador Cristovam, que entram no concurso, que estão todos felizes porque vão trabalhar, fico pensando: são presos em potencial; vão, com certeza, ao final, da carreira, se forem bons policiais, responder a um monte de processo. Se forem maus policiais, não. Quando falarem "Há um tiroteio aqui", eles vão para o lado de lá; "Há um assalto aqui", eles vão para lá. Ou, então, já vão chegar com a sirene em alto tom para fazer correr ou fazer se amotinar e depois largar de mão. É esse tipo de coisa. Mas o certo é que o País foi para um caminho tão esquisito, que passamos a ter um lado, e esse lado não foi o da polícia.

    Passou-se a ver a polícia como a exceção e não como a regra. E essa exceção é a do mau policial, a do sujeito que bateu em fulano, do sujeito que torturou... E, com isso, todo mundo passou a glamorizar o bandido. Os jornais glamorizam. Dá para saber. Vamos fazer um exercício. Você, que está me assistindo agora, tente lembrar o nome de um policial aqui do Brasil agora. Você não se lembra. Sabe por quê? Porque não sai na mídia. Agora lembre três bandidos famosos aí. Com certeza, você, de cara, vai saber. Nem, Rogério 157, Fernandinho Beira-Mar e tantos outros; PCC, Marcola e tudo o mais. Por quê? Porque são glamorizados. E, ao serem glamorizados, o restante é tido como vítima da sociedade. Vítima da sociedade.

    Recentemente, eu vi no Twitter um Senador daqui dizer o seguinte, que um bando de miolo mole compara aquele sujeito que vende a pequena quantidade de droga no bairro ao traficante. Não há diferença, Senador Sandoval; não há diferença. No momento em que você começa a relativizar os pequenos delitos, você tolera os grandes. Aí, onde passa um boi, passa uma boiada.

    Voltando ao assunto primeiro que eu dizia: aí, quando há uma ponto 50, um lança-granadas, um lança-foguetes, como a polícia age com um negócio desse? Vai chegar com um buquê de flores, com um ramalhete? Ou vai fazer como aquele chinês que encarou os tanques de peito aberto e morreu logo depois? Não há saída!

    Ainda no ano passado, eu coloquei um projeto aqui, o PLS 352, que regulamentava e criava imunidade para os policiais que, treinados, usassem, eu diria, do poder de fogo seletivo. E reclama-se muito da bala perdida. E eu defendia que não houvesse mais bala perdida; que cada uma pudesse ter um endereço, com cidade, bairro, rua, CEP e CPF. O policial seria treinado com uma luneta bem calibrada.

    Então, se o sujeito está com uma ponto 50, o que se faz? Você tira ele de combate. Precisa matar? Não necessariamente. Por favor, não dê um tiro na coluna, porque senão nós vamos ter que ficar sustentando-o ainda. Mas o tire de combate. Você precisa tirá-lo de combate, porque ele, com uma ponto 50, consegue derrubar um prédio, consegue acabar com um tanque de guerra. E nós estamos falando de guerra, de situação de exceção!

    A Polícia vai andar com fuzis atirando nas pessoas? Não, mas nós precisamos estar preparados. As polícias de todo o mundo têm, os Estados Unidos têm a Swat. Eles andam matando indiscriminadamente as pessoas? Não, mas, em determinados momentos, é necessário.

    "Não!" Em nome de uma paz, que não existe aqui, porque aqui morrem quase 70 mil pessoas por ano, vamos desarmar a população toda. Então, desarma-se a população e os bandidos andam de ponto 50.

    Então, eu peço encarecidamente que esse projeto possa ser, pelo menos, debatido. Está lá na Comissão de Constituição e Justiça: PLS 352.

    Recentemente, quando o Governador eleito do Rio de Janeiro resolveu tratar sobre ele, houve uma discussão muito grande. Eu espero que a gente possa discuti-lo aqui, para que não seja no "achômetro", para que a gente possa enfrentar essa discussão de forma técnica, da forma como ela precisa ser enfrentada, porque, enquanto a gente não enfrenta, eles, lá nos morros do Rio, nos grandes centros, discutem como abater um policial; eles discutem como abater as pessoas. E nós ficamos nessa hipocrisia de não querer enfrentar certos assuntos. É melhor enfrentarmos do que vermos, todos os anos, só no Rio de Janeiro, quase 150 policiais mortos.

    E mais, não é possível que, num bairro pequeno, eles usem armas moderníssimas e, aí, resolvam dar tiros... Eu, inclusive, acho que, daqui a alguns dias, nós vamos ter que fazer um acordo com essas milícias se não houver como combatê-las. Vamos fazer uma doação de fogos de artifício para que elas não façam comemorações com aqueles tiros para cima, porque aquela munição volta e pega na barriga das grávidas, mata crianças...

    Mas, para Marcelo Freixo e para o time deles lá, está tudo bem. A Polícia não pode fazer nada. Se a Polícia falar alguma coisa, está errada. Para onde vamos caminhar desse jeito? Que debate mais cínico é esse? Que debate mais hipócrita é esse? Vamos fazer um debate sério.

    Esse rapaz está vindo aqui para a Câmara e eu, que tenho curiosidade, quero até ter a oportunidade de debater esses assuntos com ele. Refiro-me ao Sr. Marcelo Freixo, Sr. Presidente. Isso porque, tal qual V. Exa. tratou daquele tema agora há pouco, a segurança tem sido tratada de forma leviana. O sujeito discute segurança, Senador Cristovam, tomando Pera Manca no Leblon, em Ipanema. Ele não sabe a agonia que é ser um policial militar – a única barreira entre a sociedade e o crime; que anda numa viatura que parece um papel celofane, aquela viatura não aguenta um tiro de 22, as viaturas brasileiras não são blindadas. Aqueles caras ganham mal.

    "A Polícia brasileira é corrupta." Não, não é corrupta. Eu trabalhei na Polícia, 90% da Polícia é de gente boa, de gente que se esmera. Há os 10% de corruptos, aqui tem, nesta Casa tem, dentro do clero tem, em todos os lugares tem gente corrupta, é do ser humano. Mas não, jogam pedra na Geni – a Geni brasileira é a Polícia.

    Então, eu tenho sempre tratado deste debate aqui e me preocupado muito, porque ele não é um debate que é feito de forma a levar a população, a levar a todos, Senador Sandoval, as variáveis. É um debate de extremos – é um debate de extremos: ou um de lado, ou de outro. Nós precisamos fazer umas discussões com mais dados; falarmos, por exemplo, dos equipamentos que os policiais brasileiros usam, dos coletes vencidos, das armas que travam.

    E aí muita gente que está nos assistindo, muitos desses não imaginam o que é o policial estar no meio de um tiroteio e a arma dar uma pane, e aí ele reclamar que a arma deu uma pane, mas é comprada sempre da mesma empresa.

    Por anos, por décadas, vão morrendo policiais e fica por isso mesmo. O que precisamos é – como se diz: cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém – trazer o debate para o centro, sem os extremos. Porque é isso ou aquilo. Parece até aquela lição do livro da 5ª série: ou é isso, ou aquilo; se não for, não serve.

    Então, nós precisamos ter, sim, um corpo de pessoal treinado. "Ah, mas se tiver sniper, Deus me livre." Não, nós estamos numa guerra, nós precisamos ter esse corpo treinado. Precisamos ter uma Polícia treinada e precisamos, sim, cuidar da primeira infância. Agora, não pode ser esse discurso demagogo de Erika Kokay – falo aqui para ela porque já falei lá no Congresso –; não pode ser o discurso de Dona Jandira, que é só de um lado. Eu quero saber o que vira uma sociedade sem Polícia. Essas pessoas precisam ter o mínimo de retaguarda.

    Dito isso, Senador Telmário Mota, queria lhe dizer que a sua indignação não é só contra aquele órgão, não, a sua indignação passa por esse viés. É um viés que tem tomado conta do País e que passa – por isso, eu falei agora da segurança pública – sobre esse órgão, passa sobre a questão ambiental, passa sobre amarrar a Nação, de tal forma, Senador Sandoval, que, se você resolver produzir aqui, você é taxado de bandido; se você resolver fazer qualquer coisa que desenvolva este País, você é rotulado.

    A educação neste País... Eu estou aqui diante do Senador Cristovam, que sempre bate na mesma tecla, a respeito da educação. Mas eu vi o Enem ontem. O meu filho foi fazer o Enem ontem. Eu vi a prova do Enem. Para se sair bem naquela prova, Senador Sandoval, o menino teria que ser um bom frequentador de sauna ou de uma boate gay, para que ele pudesse saber o linguajar que eles exigiam ali.

    E aqui eu repito: nenhum preconceito. Tenho amigos homossexuais. As pessoas têm o direito a ter a sua opção, cada um vive do jeito que quer. Mas que história é essa de você querer inculcar nas pessoas certo viés? Deixe a sociedade livre! Já que está tão na moda Roger Waters, eu me lembro da música: "Deixem as crianças em paz! Deixem as crianças em paz!" Que dia vamos voltar só a ensinar português, matemática e ter a boa e velha discussão sem querer inculcar, sem...

    Aí quando se fala em escola sem partido, já acham que é para retirar a discussão filosófica ou sociológica de dentro da sala de aula. Não, querem tirar o partido mesmo! Querem tirar o partido mesmo! Eu me lembro de um professor meu que era extremamente polêmico, rançoso, criticava tudo. Mas, quando o assunto era partidário, ele falava: "Cara, eu não mexo com política partidária. Isso aí vocês vão depois fazer lá."

    Mas nós estamos agora no momento em que começamos uma nova discussão. E aí eu volto ao meu Estado, porque dizem que um homem só enxerga o universo a partir do lugar onde mora, e não poderia ser diferente comigo.

    Então, Senador Telmário, já me encaminhando para o final, o Estado de Mato Grosso talvez tenha sido um dos principais Estados da Federação penalizado por esse viés. Já há estrada lá há doze anos esperando uma licença, e não sai. Sabem por quê? Porque algum técnico aqui pôs na cabeça que não pode abrir aquela estrada, porque senão vai acabar com o meio ambiente. Pois bem, a estrada existe há 50 anos. Se tivesse que acabar com o meio ambiente, já tinha acabado. Aí nossos produtos se tornam menos competitivos, as pessoas morrem... Mas não, ele continua satisfeito aqui, com a sua consciência, que aprendeu com algum militante ativista na escola... E o Estado continua lá.

    Nós temos áreas em Mato Grosso, Senador Telmário Mota, que...

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – ... pasmem, todo mundo fala que Mato Grosso está desmatando, está não sei o quê. Nós temos áreas lá que dá para dobrar a produção sem derrubar um pé de mato – dá para dobrar a produção sem derrubar um pé de mato.

    Agora mesmo saiu um estudo que nós usamos 7% do nosso território em agricultura. Lá em Mato Grosso, 63% do território está preservado, mas 7% só é usado em agricultura. Mas o Estado, Senador Telmário, sofre a cada dia com o Ibama, com boa parte da Funai, com os travamentos aqui em Brasília.

    Aí as pessoas perguntam: "Nossa, como tiveram a coragem de votar nessa direita branca, nesse reacionário, nesse nazista, nesse fascista desse Bolsonaro?"

    Só mais um minuto, Senador Telmário, e já termino.

    Então, o que acontece? Não foi em Bolsonaro que eles votaram. Não foi em Bolsonaro que os mato-grossenses votaram. Eles "desvotaram" nesses especialistas em segurança do Leblon. Eles "desvotaram" nesses ativistas do Ibama que travam o nosso País. Eles "desvotaram" nessa burocracia aqui de Brasília que arrebenta este País. Eles "desvotaram", Senador Telmário, nesses pacifistas lá do conselho que o senhor acabou de dizer aqui. Eles "desvotaram" nessa gente que acha que é dona do País, dessa gente que acha que deve dizer de que jeito o cidadão deve acordar e viver. Eles "desvotaram" nessas pessoas que acham que devem dizer que tipo de religião você deve ter ou não deve ter, que tipo de opção sexual você deve ter ou qual você não deve ter. Essas pessoas começaram a amarrar o Brasil. Com o conceito de liberdade, começaram a manietar. Com a história de Estado laico, começaram a querer proibir as religiões. Essa é a grande verdade. Com a história de liberdade, começaram a nos prender. E, de repente, o povo brasileiro foi às ruas, em 2013, e começou a passar um recado. E tal qual a banda do Titanic, Senador Telmário, continuou tocando. Mais um recadinho aqui, e ninguém entendeu nada.

    Aí esses dias me perguntaram: "Mas, Medeiros, você teve a coragem de votar em Bolsonaro?" Eu não. Foi o povo brasileiro. E eu falei: "Se vocês não tivessem cometido pecado, por que será que Deus colocou Bolsonaro no caminho de vocês?" Há muito tempo está ali o Senador Cristovam servindo de atalaia, subindo nesta tribuna e dizendo: "O tecido social deste País está sofrendo uma espécie de esgarçamento." E a banda continuava tocando aqui.

    Há muito tempo parte da academia, parte da classe política se adonou do pensamento nacional, cheio de preconceitos: "Nós somos o dono da verdade e damos as teses aqui, e vocês..." Ganharam o poder, Senador Telmário Mota, chegaram, passaram quase 20 anos no poder. Eu não estou falando do PT. Eu não estou falando do PT, porque, se a gente pegar o PT, o Lula foi só um casulo onde se embrionou essa turma. Usaram um sujeito que tinha contato direto com as massas, e: "Vamos ganhar o poder". Tudo bem. Ganharam o poder. "Agora nós somos donos e vamos mostrar para essa turma como se anda. Vamos dirigir o navio". Mas abusaram, abusaram da nossa paciência. E, daí há pouco, a população se cansou. Eles acharam: "São R$0,20".

    E a definição mais clara que eu vi desse movimento todo foi do comediante Rafinha Bastos, que comparou aquele movimento de 2013, o que aconteceu depois e agora essa eleição do Bolsonaro, com a esposinha. Disse que a esposinha, recatada, que sempre aguentava, casou com um ogro, e o sujeito chegava a casa e jogava os sapatos: "Faça massagem nos meus pés, e traz a toalha, e traz não sei o quê". E foram passando os anos de casamento. E ela foi se cansando. Ela foi se cansando daquilo. E certo dia, ele falou: “Me traz o xampu.” Ela jogou o xampu, quebrou o box, arrebentou tudo, catou a mala e foi embora. Ele falou: “Nossa! Só por causa de um xampu?” Não era o xampu. Era o todo, eram todos os abusos anteriores.

    O que aconteceu agora foi isso com o povo brasileiro. Agora, “mas o Bolsonaro não presta, não sei o quê, ele não...” “Não quero saber, não quero saber. Eu quero saber que cansei de vocês.” “Ah, mas eu fiz isso, eu fiz aquilo...” “Eu não quero saber. Eu cansei."

    Agora, o que me amedronta é que, mesmo depois disso, boa parte dessas pessoas não entenderam que o problema não é Bolsonaro, o problema não é esse ou aquele. O problema é que perderam a conexão com as pessoas. Perderam a capacidade de se comunicar e perderam a capacidade de identificar o que é que o brasileiro está pensando e o que espera de uma classe política. Não conseguiram entender ainda.

    O que as pessoas fizeram é como se falassem assim: “Olha, eu não quero nem saber. Eu vou pular no escuro, porque qualquer coisa é melhor do que o que vocês estão me apresentando. Eu não quero saber mais. Vocês sempre falam as mesmas coisas. Vocês, todos os anos em que há uma Legislatura, vocês se reúnem e dizem: o pacto federativo vai mudar. Reúnem os Governadores e os Prefeitos ali naquele Salão Negro e dizem: agora vai mudar." E os Municípios continuam na penúria, e a coisa continua do mesmo jeito. E o sujeito continua na fila do pronto-socorro. Nada funciona. E vem o programa eleitoral, e tudo do mesmo jeito.

    Aí eles chutam o balde. Aí falam: “Nossa! Mas por causa de R$0,20?” Que R$0,20, criança? Você não entendeu. Você não entendeu nada. Aí falam assim: “Ah, agora vamos fazer resistência.” O que é que foi? Queimou o chuveiro? Está precisando de resistência? Que resistência? Resistência a Bolsonaro? Não, você não entendeu. Qualquer resistência agora é resistência contra o povo.

    E pode ter certeza de que as pessoas tiraram os grilhões. As pessoas estão agora no seguinte: "Põe Bolsonaro; não deu certo, tiro, troco". As pessoas perderam o cabresto. Eu passei, Senador Cristovam, pelo Nordeste e vou dizer uma coisa: a última fronteira é o Nordeste, e eles estão perdendo os cabrestos. Esse negócio que eles chamam de fake news, de não sei o quê, esse negócio aqui libertou as pessoas. As pessoas conversam.

    E há gente aí... O Sr. Jean Wyllis mesmo, disse que morre de ódio dessas tias que conversam no WhatsApp. Nada, é que as tias agora estão se inteirando. As tias estão começando a ver o discurso de Cristovam, de Sandoval, de Telmário e falando: “Olha o que é que ele falou aqui. Eu estou começando a me inteirar. Então, o que tinham dito não é verdade, não; é mentira.” Aí eles dizem: “Olha o fake news do WhatsApp.” Que fake news do WhatsApp? As pessoas estão se informando. Então, mentir já está ficando mais difícil. Sabe por quê? Porque as pessoas começam a comparar.

    Então, o povo brasileiro, nessa eleição, independentemente de quem votou em quem, a eleição foi uma vitória do povo brasileiro. Sabe por quê? Porque se vai dar certo ou não, não sabe, mas ele jogou para cima. “Quem manda no meu nariz sou eu.” 

    Com a palavra o Senador Cristovam.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PPS - DF) – Senador Medeiros, quando o senhor quiser, não precisa interromper o seu discurso.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Não, eu já estou terminando, e com muita honra...

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PPS - DF) – Eu estava escutando o seu discurso. Confesso que, na primeira parte, fiquei aqui discordando muito dessa maneira de ver como é que vamos enfrentar a violência. Mas, nessa última parte, devo dizer que concordo com muitas coisas que o senhor está dizendo.

    Eu temo que as forças... Devo dizer, logo de saída, que eu não votei no Bolsonaro, diferentemente do senhor, mas começo a me preocupar com...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PPS - DF) – ... a maneira, Senador Telmário, como leio que as oposições começam a se organizar contra o Presidente que vem aí. Eu temo que eles – ou nós, coloquemos assim – venham a fazer ao nosso Governo, antes de fazer oposição a nós próprios, para reconhecermos onde erramos. Digo nós – não ao PT, de que não faço parte há quase 15 anos – os democratas progressistas.

    Antes de se fazer oposição ao Bolsonaro – e eu acho que há muita coisa a se fazer oposição, sim, a ele, sobretudo com relação aos riscos que estamos correndo quanto ao que ele vem dizendo sobre política externa, absolutamente decisões ameaçadoras para o futuro do Brasil, submissão vergonhosa a determinações do Sr. Trump –, antes dessa oposição ao novo Governo, precisamos fazer uma oposição a nós mesmos, para sabermos onde erramos. Aí, nesse ponto, queria dizer que estou de acordo com o senhor.

    Nós perdemos a capacidade de refletir, de pensar. Nossos filósofos são uns subalternos ao que pensam os líderes políticos. Todo mundo reclama que o Brasil está cheio de maus políticos. Senador Telmário, pior do que isso é que estamos carentes de bons filósofos. Não falo de filósofos do ponto de vista profissional, mas do ponto de vista de fazer uma reflexão, entender as coisas, como o senhor falou há pouco. Nossos filósofos ficaram subordinados ao credo do partido a que pertencem. Imagine Celso Furtado prisioneiro de um partido! Naquela época, ele pensava o Brasil e votava no partido, mas não era subordinado. Pode olhar os filósofos que entraram para o PT, como se subordinaram às determinações do PT e perderam a autocrítica, a capacidade de pensar, refletir e, portanto, alertar para os erros. O culto à personalidade, aos dirigentes dos partidos, dominou os que se consideram filósofos, intelectuais, pensadores. Ao invés de usarem a cabeça para pensar, usaram a cabeça para balançar, dizendo "sim, sim, sim", ou "não, não, não", conforme quem falasse. Para mim, esta é uma das grandes tragédias do presente: a subordinação dos intelectuais, dos pensadores, às determinações dos partidos aos quais eles pertencem.

    Além disso, não faz sentido ser apenas oposição sem pensar no que queremos colocar no lugar do que vem aí. Que tipo de Brasil a gente quer para o futuro? É aí que deve nascer uma nova oposição, em função do que a gente defende para o futuro, porque o que a gente defendia até aqui, o povo passou por cima. Senador Medeiros, o senhor tem razão: passou por cima, não aguentou. O senhor usou até esta ideia: não aguento mais. O povo não aguentou e passou por cima.

    Não adianta fazer oposição ao novo olhando para o velho. A gente tem de fazer oposição ao novo, de que discordamos – e eu discordo, provavelmente, muito do que vem aí de novo –, formulando outro novo; e não querendo voltar ao velho, que o povo repudiou.

    Qual é o Estado que a gente quer? É um Estado para dar privilégio para quem está dentro dele ou é um Estado para servir ao público? E, na hora de servir ao público, é melhor se estiver debaixo do Estado ou numa cooperação público-privada, em que Estado e privado servem ao público?

    Qual é o propósito das políticas públicas: servirem às corporações ou servirem ao público?

    Nós vamos dividir o Brasil ainda nas republiquetas que hoje dominam aquilo que seria a grande República ou vamos de fato construir uma República completa, em que os grupos corporativos têm de se subordinar aos interesses maiores do conjunto?

    Onde é que nós vamos trabalhar para saber se a economia tem de ser politizada ou é um espaço da técnica, como eu defendo há muitos anos?

    Nós cometemos dois erros, Senador Medeiros, nós que eu digo nós que vivemos...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PPS - DF) – ... nesse projeto democrático transformador. Um: politizar a técnica da economia. O outro: politizar os valores morais também.

    É um equívoco.

    A política tem de respeitar a ética de cada um, de cada grupo, como a religião também. E deve tratar a economia dentro dos seus limites técnicos. Não dá mais para politizar mais a economia como antes da globalização, antes da robótica, antes dos limites do meio ambiente. Hoje a economia é amarradinha. Qualquer coisinha que você quiser fazer com intenções ideológicas ou políticas não dá certo. Mesma coisa os valores éticos. Nós interferimos muito para orientar os valores éticos da sociedade politicamente. Está aí a ideia do politicamente correto. O correto é um espaço da ética.

    E a gente tem de respeitar as diferenças de como as pessoas pensam em relação à ética, em relação aos valores morais.

    Nós vamos querer continuar interferindo politicamente para fazer a economia como imaginamos que se pode fazer, sem respeitar os limites técnicos? Ou vamos querer dizer: não, a economia é um espaço da técnica, não da política, salvo quem paga imposto, se é mais pobre ou mais rico. Aí é distribuição. Aí é política.

    E nos valores morais? A gente vai continuar querendo interferir ou vai querer respeitar como um processo de cada indivíduo ou quase, desde que haja tolerância com os outros? Se eu estou defendendo que cada um tenha a sua ética, é preciso exigir que respeitem a ética dos outros.

    Pois bem. Eu temo que a gente esteja entrando num tempo em que o futuro seja baseado na nostalgia...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PPS - DF) – ... e que, em vez de avançar para superar os problemas, que eu pessoalmente antevejo que virão – espero estar enganado –, em vez de pensar em como avançar para superar os problemas, a gente queira regredir aos problemas de antes, que o povo já repudiou.

    Essa última parte do seu discurso foi que me chamou a atenção e me deu vontade de me manifestar para dizer que, de fato, o povo deu um recado. E o primeiro passo para quem quiser melhorar o Brasil é pensar onde nós erramos, os que perderam, e não pensar como é que a gente dá uma rasteira nos que ganharam.

    Com isto eu estou de acordo: a gente precisa pensar com cuidado. Temos que enfrentar os erros que virão aí, mas mais importante do que enfrentar os erros que virão aí, é reconhecermos os erros que nós cometemos no passado e qual é a nova formulação que a gente tem que trazer para que o povo entenda que nós temos razões de estarmos em sintonia com o que o Brasil precisa. Se não fizermos isso, nós não vamos merecer nem ser oposição. Nós nem vamos merecer nem justificar ficar falando contra, se não tivermos de que falar a favor, ideias alternativas.

    Eu espero – não vou estar mais aqui, Senador Romário – que aqui dentro haja lucidez para pensar algo novo e não apenas ser contra o que vem aí. Eu espero que surjam ideias novas e não apenas reação às ideias que estão chegando agora.

    Lamento não poder colaborar aqui, mas sempre há espaços, trincheiras, onde nós podemos colaborar para formular as ideias. E eu vou continuar... Cheguei aqui pelas circunstâncias, carregado de sonhos. Vou levar os sonhos e tentar administrar as circunstâncias que vêm por aí, de tal maneira que, nos anos que ainda tenho, eu possa dar uma contribuição.

    Era isso, Senador Medeiros, que eu queria dizer, provocado pela sua parte final do discurso. Na primeira eu confesso que prefiro não entrar, porque, como o senhor é da área técnica...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PPS - DF) – ... da luta contra a violência, talvez tenha mais informações do que eu.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Muito obrigado...

    O SR. PRESIDENTE (Telmário Mota. Bloco Moderador/PTB - RR) – Senador Medeiros, antes de V. Exa. retomar a palavra, eu quero aqui registrar, na galeria, a presença dos alunos e alunas da Faculdade Meridional, de ensino superior, de Passo Fundo.

    É escola de Direito? (Pausa.)

    Sejam bem-vindos à Casa do povo.

    Senador Medeiros, antes de V. Exa. sair da Tribuna, eu quero também me posicionar sobre o discurso de V. Exa.

    Quando V. Exa. fala de segurança, naturalmente, como bem disse o Senador Cristovam, é uma área que V. Exa. domina, porque V. Exa. vem de um quadro, de uma academia de respeitabilidade na Nação, que é a PRF. Eu pelo menos tenho muito carinho por ela e acho que a população brasileira também tem. V. Exa., quando aborda esse assunto, tem o domínio dele, e tem o olhar, naturalmente, daquele que protege a população. Então, eu respeito muito e nem discuto esse mérito. Eu até considero...

    Mas quando V. Exa. falou na segunda parte, V. Exa. foi extremamente cirúrgico e me fez lembrar, Senador Sandoval e Senador Cristovam, uma fala do Bush; do Bush, não, do Presidente dos Estados Unidos Ronald Reagan. Ele dizia o seguinte: "Quando o povo perceber que nós, o povo, é que damos o comando, a história muda", ou seja, o Estado é o carro, o povo é o motorista. Quem impõe a velocidade e o destino é o povo, e agora o povo resolveu dirigir.

    V. Exa. tem toda a razão. Não é olhar ali a figura do Presidente Bolsonaro, com todo o respeito às suas colocações, mas em algumas horas ele fazia umas coisas que não dava nem para entender. Mas o importante é que ele foi a válvula de escape.

    O povo escolheu, trilhou aquele caminho. Olhou, sob todos os ângulos, os bons nomes – bons nomes. Alvaro Dias é um bom nome; o ex-Governador de São Paulo é um bom nome; Ciro Gomes é um cara preparado. Mas disseram: "Não, vim aqui, quero aqui. Bolsonaro, você é que vai ajudar a gente a levar esse carro". V. Exa. tem toda a razão nesse raciocínio.

    Então, ali o colocaram para exatamente dizer aquilo que o Senador Cristovam disse muitas vezes nesta Casa: esta Casa perdeu o elo de comunicação com o povo; esta Casa não fala mais o que o povo quer. E V. Exa. aqui faz essa análise com muita precisão de um bom cirurgião político. V. Exa. tem toda a razão!

    Eu costumo dizer o seguinte: devemos descer do palanque e devemos abraçar o Brasil. Eu acho que aquilo que for bom para o Brasil é bom para esta Casa; é bom, Senador Sandoval, para o nosso povo. O Brasil precisa, neste momento, unificar, caminhar, virar essa página e buscar o tempo perdido, em todos os sentidos. Nossa indústria, sucateada; nosso povo, desempregado; nossos serviços públicos, sem qualidade.

    E quando V. Exa. fala desses ativistas, desse viés que, hoje, lamentavelmente... Eu costumo dizer que o Ibama é o freio de mão do desenvolvimento brasileiro. Eu digo isso, porque sou de um Estado pequeno, mas que tem uma condução política ambientalista fortíssima. E V. Exa. é de um Estado que, embora prospere, produza, está com muitas dificuldades.

    V. Exa. conta a história da estrada e agora me faz lembrar... Senador Sandoval, hoje não há muitos oradores – o próximo é o Senador Sandoval, que não está muito... Eu queria aqui contar um fato interessante. O filho de um cidadão foi pescar no Estado de Roraima – isso é verídico. Nessa pescaria, a canoa virou, emborcou, e ele perdeu a vida, sumiu. Deram notícia de que tinham visto, numa ilha de preservação próxima de onde aconteceu o acidente, uma pessoa muito parecida. O pai e a família foram a essa ilha, uma ilha onde há muitos animais selvagens, como onça, essas coisas e tal. Ele levou uma espingarda registrada no nome dele como proteção de vida para aquele local, um local totalmente isolado, a Ilha de Maracá, e lá os fiscais do Ibama o encontraram com essa espingarda. Vocês acreditam no que aconteceu? Está condenado e preso, um cara que está sofrendo mal de Parkinson. Perdeu o filho e foi atrás do filho. Por estar com essa espingarda registrada lá, numa área ambiental em que não se podia portar arma, está preso. Olha que absurdo! Olha que absurdo! Eu não consigo entender: um pedido de um promotor, uma condenação de um juiz e uma ação dos órgãos ambientais. O Brasil tem que mudar!

    É a mesma coisa que eu acabei de discursar – o Senador Cristovam não está aqui. Eu quero aqui repetir, porque agora já recebi várias comunicações dos que estão atentos. Eu queria aqui conversar, se V. Exa. me permitir, dentro do seu tempo, com o pessoal da vaquejada, do rodeio, da criação de aves combatentes. O Conselho de Medicina Veterinária nacional acabou de baixar uma resolução estabelecendo que criar ou manter animal que possa realmente vir a disputar entre si será considerado maus-tratos.

    Portanto, a meu ver...

(Soa a campainha.)

    O SR. PRESIDENTE (Telmário Mota. Bloco Moderador/PTB - RR) – Queria colocar mais três minutos.

    A meu ver é uma decisão preconceituosa, autoritária, discriminatória e, sobretudo, com extinção das espécies.

    O povo brasileiro tem que reagir. São essas decisões do Conselho de Medicina Veterinária que fazem com que o povo brasileiro tenha essas decisões nas urnas.

    Muito obrigado.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Eu agradeço, Senador Telmário Mota.

    Já encerro dizendo que todo esse arcabouço e essa discussão que a gente fez aqui... Eu não tenho nada particular contra órgãos, contra Ibama, sou simplesmente a favor do Estado de Mato Grosso. E quando, para uma estrada em que estão, há 50 anos, transitando pessoas, simplesmente não sai a licença porque o órgão acha que aquilo vai degradar o meio ambiente, eu não consigo achar espaço na lógica para pensar isso, porque, se alguma degradação tivesse que haver, já estaria havendo. Eu não consigo ver você ficar atravancando o Estado.

    É uma discussão que a gente vai ter. E eu espero sinceramente que o próximo governo possa ter um olhar mais desenvolvimentista e menos de entrave ao País, porque realmente hoje o Presidente da República não manda nessas instituições. Ibama, Funai, esses órgãos todos são uma república independente. República independente do Ibama: D. Suely é a Presidente do Brasil no Ibama, ela manda. Se o senhor tiver uma máquina, e ela chegar e achar que tem que tocar fogo, toca fogo. "Medeiros, você está mentindo". Não, toca fogo. Sem lei aqui? Sem lei, é uma portaria do Ibama. E por aí vai.

    Eu não vou me delongar. Agradeço a tolerância, Senador Telmário, agradeço o aparte, Senador Cristovam. V. Exa. engrandece muito esta Casa. Eu não vou falar mais, porque senão V. Exa. vai achar que é rasgação de seda, mas grandes homens passaram por esta Casa. Está aqui a estátua de um deles: Rui Barbosa. E cito outros, como Pedro Simon e, para não me delongar, V. Exa.

    Então, a gente não julga o eleitor, mas é uma perda para o Senado Federal não ter o contraponto, não ter a reflexão e não ter o debate de Cristovam Buarque aqui no Senado Federal. Perde o Senado, perde o Brasil, perde a política, mas, como V. Exa. disse, não sairá da política, continuará. E aí, para todos aqueles que gostam de Cristovam, recomendo os livros dele. Ele tem vários livros. Hoje temos aí, para quem tiver saudade, o YouTube e as reflexões dele aqui.

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/11/2018 - Página 14