Discurso durante a 128ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Comentários sobre as mudanças decorrentes do resultado na eleições de 2018.

Exposição das ações realizadas pelo projeto Dimensão 22, da Força Aérea Brasileira (FAB).

Autor
Airton Sandoval (MDB - Movimento Democrático Brasileiro/SP)
Nome completo: Airton Sandoval Santana
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS:
  • Comentários sobre as mudanças decorrentes do resultado na eleições de 2018.
DEFESA NACIONAL E FORÇAS ARMADAS:
  • Exposição das ações realizadas pelo projeto Dimensão 22, da Força Aérea Brasileira (FAB).
Publicação
Publicação no DSF de 06/11/2018 - Página 24
Assuntos
Outros > ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS
Outros > DEFESA NACIONAL E FORÇAS ARMADAS
Indexação
  • COMENTARIO, RESULTADO, ELEIÇÃO, EXPECTATIVA, MELHORIA, PAIS.
  • REGISTRO, ATUAÇÃO, FORÇA AEREA BRASILEIRA (FAB), PROJETO, VIGILANCIA, ESPAÇO AEREO.

    O SR. AIRTON SANDOVAL (Bloco Maioria/MDB - SP. Pronuncia o seguinte discurso.) – Presidente Telmário, agora sendo substituído pelo Senador Cristovam Buarque, eu ouvi com atenção esse grande debate, proveitoso debate, que aconteceu aqui nos últimos instantes, a respeito dessa preocupação muito grande que nós estamos tendo com o futuro do nosso País.

    A verdade é que nós estamos encerrando um ciclo e começando um novo ciclo. Onde ocorreram os erros... É importante a gente observar os erros para não os cometer mais no futuro. E, em razão desse debate, eu me lembrei de uma frase muito importante do nosso estimado e saudoso Deputado Ulysses Guimarães, que afirmava que, quando o homem público se afasta do povo, ele perde a noção da realidade. O que aconteceu no Brasil, Presidente, foi realmente isto: os homens públicos perderam a noção da realidade, afastaram-se do povo e não acompanharam aquele sentimento de mudança, aquele sentimento de descrença, que tomava conta do País, contra a classe política. E não só contra os políticos, contra tudo de ruim que acontecia neste País.

    E o momento da mudança tinha que acontecer. Não foi a primeira vez que isso aconteceu no nosso País. Nós tivemos isso em épocas anteriores, a partir de 1974, por exemplo. E aconteceu: elegemos um Presidente que não tinha uma tradição na vida política assim muito clara, muito aberta, muito transparente, mas era quem o povo acreditava que poderia trazer as mudanças de que o País precisa – acabar com a corrupção, acabar com todos esses atos terríveis que aconteceram nos últimos anos no nosso País e que infelicitavam o povo brasileiro e a Nação brasileira.

    Então, eu quero cumprimentá-los pelo debate ocorrido, Senador Cristovam, Senador Telmário, Senador Medeiros, pela importância que estão dando a esse momento que nós estamos vivendo no nosso País e pela preocupação que temos que ter com o futuro da nossa Nação.

    E eu tenho certeza, Senador: eu acredito no povo brasileiro, eu acredito que este País pode voltar a ser..., voltar a caminhar no caminho do progresso, no caminho da Justiça social. Acredito no bem do povo e da Nação brasileira e acredito que o Presidente eleito vai cumprir a sua tarefa. A minha grande preocupação, Senador, está exatamente aqui, no Poder Legislativo. Espero que o Poder Legislativo recentemente eleito, na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, também entenda os anseios do povo brasileiro e dê a sua contribuição para se promover as mudanças de que a Nação precisa e que o povo espera ansiosamente.

    Mas o assunto que eu trazia aqui, Senador, é também de grande importância.

    Inicio, Sr. Presidente, colegas Senadores e Senadoras, todos que nos acompanham pelos canais de comunicação do Senado Federal.

    Dia 3 de outubro, completou um ano o projeto Dimensão 22, da Força Aérea Brasileira, cujo conceito sintetiza a missão da fase de manter a soberania do espaço aéreo nacional, com ações de controle, defesa, integração, em 22 milhões de quilômetros quadrados, área maior que o dobro do continente europeu. Desses 22, 10 milhões de quilômetros quadrados avançam sobre o Oceano Atlântico.

    A FAB é responsável pelo tráfego aéreo, obedecendo a acordos internacionais, e cumpre missões de busca e salvamento para localizar e salvar pessoas em perigo na terra ou no mar.

    A nossa Aeronáutica tem centros integrados de defesa aérea e controle do espaço aéreo, diversas torres de controle de aeródromo, vários destacamentos de controle do espaço aéreo e profissionais atuando 24 horas por dia, 365 dias por ano, com unidades operacionais em regiões estratégicas, com aviões de caça, transporte, patrulha marítima, reconhecimento aéreo e alerta aéreo antecipado, além das ações terrestres de contraterrorismo, garantia da lei e da ordem e defesa antiaérea.

    Entre as diversas missões da FAB, ainda estão o transporte de órgãos, evacuação aeromédica, transporte aerologístico, transporte de urnas eleitorais, construção e recuperação de aeroportos, e ações cívico-sociais nas áreas de saúde, educação, esporte, cultura e lazer, entre outras, que levam direitos fundamentais à população carente em regiões de difícil acesso.

    O conceito Dimensão 22 foi criado em 2013, como um referencial para o binômio "controle e defesa", apoiado pelo slogan "Quem controla e defende protege". E as asas da Força Aérea Brasileira atuam mesmo como asas que protegem.

    O Brasil é o quinto maior país do Planeta. Seus 8,5 milhões de quilômetros quadrados representam a metade da América do Sul. São mais de 23 mil quilômetros de fronteiras terrestres e marítimas. E a atuação da nossa Aeronáutica vai muito além dos ares. Já atingiu o espaço com o lançamento do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações, ampliou o setor aeroespacial com o Projeto Estratégico de Satélites Espaciais, fazendo a transição de uma Força Aérea para uma Força Aeroespacial, passando, em 2016, por uma das maiores reestruturações organizacionais da sua história, com uma nova concepção estratégica: a Força Aérea 100, que trouxe também a inserção da integração do Território brasileiro em seu escopo.

    Diante desse contexto, em 2017 houve a necessidade de relançar o conceito do programa Dimensão 22, para divulgar internamente e à sociedade brasileira, o cenário positivo da instituição e aliar ao controle e defesa, a integração e as ações de transporte aerologístico, transporte de órgãos e tecidos, ações cívico-sociais, ações humanitárias, transporte de urnas eleitorais e construção de pistas.

    Estive na Amazônia vendo de perto o trabalho árduo que as Forças Armadas lá desenvolvem. Reduzir o isolamento da Região Amazônica e das dispersas comunidades nela agregadas é um desafio.

    Nossos militares abnegados enfrentam longas distâncias entre as localidades; intempéries restringem a navegação fluvial e inviabilizam a construção de rodovias, e aí entram as ações desenvolvidas com o suporte das linhas regulares do Correio Aéreo Nacional.

    Mas foi a necessidade de estruturar efetivamente a integração com a Amazônia que apontou para a também necessidade da implantação de uma malha viária na região. E é exatamente dessa necessidade que nasceu, na década de 1950, a Comissão de Aeroportos da Região Amazônica, a Comara.

    Existiam só 17 aeródromos na Amazônia, dos quais apenas dois, Manaus e Belém, eram asfaltados. Hoje, após 62 anos, temos a construção e recuperação de mais de 170 pistas, mais de 70 reformas de instalações aeroportuárias e vias públicas, além do apoio prestado aos órgãos federais.

    A Comara já realizou obras em pistas de pouso de 140 localidades diferentes, com cerca de 300 equipamentos de grande porte – viaturas, caçambas, betoneiras, tratores, rolos compactadores, grupos geradores, usinas de concreto etc. E mais: a FAB disponibiliza centenas de profissionais, entre engenheiros civis e elétricos, arquitetos, agrimensores, topógrafos, mecânicos e soldadores, além de projetistas altamente qualificados com mestrado e pós-graduação em segurança do trabalho, todos dedicados a um trabalho difícil em condições adversas, com uma logística complexa entre períodos de cheia e de seca, de alagamentos e erosões.

    Recentemente, o avião KC-390, projeto pioneiro, de construção genuinamente brasileira, fez seu voo inaugural. Essa aeronave vai efetivamente consolidar o significado da palavra integração, ao levar cidadania à Amazônia, transportando militares e outros profissionais, insumos e produtos, para suprir necessidades básicas dos nossos irmãos daquela região.

    Temos muito do que nos orgulhar por nossas Forças Armadas, por nossa Aeronáutica na Amazônia, mas, infelizmente, um alerta já se acendeu: o da falta de novos investimentos.

    Os valores aplicados pelo Governo Federal na infraestrutura aeronáutica já chegaram a mais de 300 milhões na década passada. Hoje estancaram em R$7,6 milhões.

    A permanecer o baixo aporte de recursos, haverá um colapso sem precedentes! E isso não pode, de forma alguma, acontecer.

    O abastecimento de alimentos e remédios, campanhas de vacinação, atendimentos médicos e serviços odontológicos nos povoados não podem parar, incluindo as aldeias indígenas.

    Nossos pelotões de fronteira precisam se manter com saúde e segurança e não podem deixar de receber mantimentos, combustível, munições, medicamentos, entre outros suprimentos.

    As ações humanitárias e as operações de combate ao tráfico e ao contrabando de drogas não podem ser interrompidas.

    O Brasil acaba de eleger um novo governante. A partir de 2019, teremos na Presidência e na Vice-Presidência da República homens diretamente ligados às Forças Armadas. Mas, vejam, não é por essa afinidade do governo central com o setor militar que clamamos aqui por privilegiar esse ou aquele setor. A Força Aérea não quer privilégios, mas fazemos aqui um alerta para uma situação premente e que está logo aí à frente.

    Não podemos permitir a extinção da Comissão de Aeroportos da Região Amazônica. A desatenção em relação à Amazônia pode trazer drásticas consequências no campo social, militar e político. O Brasil precisa da atuação constante e eficiente da Comara!

    A FAB representa as asas que nos protegem e precisa manter em alto e bom som o grito de guerra: "Controlar! Defender! Integrar! Força Aérea do Brasil!"

    Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/11/2018 - Página 24