Discurso durante a 132ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Elogio à aprovação da reforma trabalhista, com ênfase à ausência de supressão de direitos dos trabalhadores.

Crítica aos regimes comunistas, por serem opressores e responsáveis pela morte de milhões de pessoas.

Análise do resultado da eleição presidencial de 2018, na qual Jair Bolsonaro foi eleito.

Registro da situação da infraestrutura do Estado de Mato Grosso (MT).

Autor
José Medeiros (PODE - Podemos/MT)
Nome completo: José Antônio Medeiros
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
TRABALHO:
  • Elogio à aprovação da reforma trabalhista, com ênfase à ausência de supressão de direitos dos trabalhadores.
ATIVIDADE POLITICA:
  • Crítica aos regimes comunistas, por serem opressores e responsáveis pela morte de milhões de pessoas.
ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS:
  • Análise do resultado da eleição presidencial de 2018, na qual Jair Bolsonaro foi eleito.
DESENVOLVIMENTO REGIONAL:
  • Registro da situação da infraestrutura do Estado de Mato Grosso (MT).
Publicação
Publicação no DSF de 13/11/2018 - Página 17
Assuntos
Outros > TRABALHO
Outros > ATIVIDADE POLITICA
Outros > ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS
Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL
Indexação
  • ELOGIO, APROVAÇÃO, ALTERAÇÃO, LEGISLAÇÃO TRABALHISTA, ENFASE, AUSENCIA, RETIRADA, DIREITOS, TRABALHADOR.
  • CRITICA, COMUNISMO, MOTIVO, AUTORITARISMO, MORTE, POPULAÇÃO.
  • ANALISE, RESULTADO, ELEIÇÕES, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, JAIR BOLSONARO, CANDIDATO ELEITO, PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • REGISTRO, SITUAÇÃO, INFRAESTRUTURA, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), CRITICA, AUSENCIA, CONCLUSÃO, OBRA PUBLICA, BUROCRACIA, AUTORIA, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT. Para discursar.) – Muito obrigado, Sra. Presidente, muito obrigado, Senador Pedro Chaves – espero –, futuro Ministro da Educação.

    Mas, Sra. Presidente, agradeço por V. Exa. ter-se estendido, deu tempo para que eu pudesse chegar, para fazer meu pronunciamento e pudesse divergir de V. Exa., aqui nesta segunda-feira.

    Nós temos, nos últimos anos, travado longos debates – e há que se registrar aqui –, e debates importantes, que culminaram tanto na mudança do Governo da Presidente Dilma, que foram os debates do impeachment, como também culminou na mudança total de rumo da política brasileira, e a Senadora, que me antecedeu, traçou um paralelo aqui... Na verdade, ela explanou as notícias que os jornais colocaram e fez alguns comentários sobre o que está se passando na política nacional.

    E, na verdade, eu digo o seguinte: a oposição, a meu ver, está com pressa demais e está comendo cru, porque é um governo que não começou ainda. Então, falar sobre o que poderá acontecer são ilações, são hipóteses... Há gente falando até sobre fake news.

    Então, neste momento, o que se espera e do que se precisa no País é muita calma, muita serenidade. Agora, há temas que nós vamos ter que enfrentar aqui, na tribuna; vamos ter que enfrentar debatendo; tratando não com verdade alternativa, não com uma narrativa que não se sustenta, mas sim com os fatos, e não com as versões.

    Veja bem: nós votamos, no ano passado, uma reforma trabalhista. Eu cheguei a dizer, em uma das reuniões lá no Planalto: "É preciso ir ao Plenário e explicar essa reforma trabalhista para a população brasileira, porque, todos os dias, o ataque da oposição sobe à tribuna e mente deslavadamente. E está criando uma narrativa de que estão sendo tirados direitos dos trabalhadores". E um inteligente e notável da República disse o seguinte: "Medeiros, você é inexperiente. Oposição grita, e situação vota". Eu falei: "E se perdermos as ruas?". E perdemos as ruas!

    A narrativa que ficou foi essa que a Senadora, que me antecedeu, passou, de que os trabalhadores perderam direitos. E, quando você vai verificar, o que eles diziam? Que o trabalhador só iria ter meia hora de almoço. Isso se concretizou? Não. Que o trabalhador não iria ter mais 30 dias de férias. Isso se concretizou? Não. Que o trabalhador não iria ter mais décimo terceiro. Isso se concretizou? Não. Que o trabalhador não iria ter mais direito a Fundo de Garantia. Isso se concretizou? Não. Então, nada dessas mentiras se concretizaram, mas você pode perguntar para qualquer trabalhador, que ele estava assustadíssimo, falando: "Tiraram direitos dos trabalhadores".

    O que se buscava e o que se busca é justamente nós tornarmos o ambiente de trabalho um ambiente harmonioso, porque se foram criando no Brasil filigranas e um sistema draconiano, que foi colocando a CLT quase como um código penal. As pessoas que empregavam começaram a ter medo dos empregados, das pessoas que contratavam. Morriam de medo, no final do ano, por exemplo, de ter que fazer uma contratação temporária, porque falavam: "E agora? Quando terminar, eu vou ser processado". Então, o que se buscava e o que se busca é que o ambiente de trabalho possa ser o mais harmonioso possível.

    E mais, nós tínhamos sobre as costas a pressão de 14 milhões de desempregados. Sabe o que é isso? São 14 milhões de pessoas sem direito nenhum. Eu sempre digo: o direito mais sagrado do trabalhador é o emprego. E eu digo isso porque venho de uma família que saiu do Nordeste, nós fomos morar na roça, e depois sempre trabalhamos como empregados. O maior desespero de um trabalhador é quando ele perde o emprego, chega a casa e não tem perspectiva do que dizer para sua família. Isso, sim, é a perda total dos direitos. E, neste momento, no Brasil há milhões de pessoas sem esse direito.

    Mas vamos lá. O que se pretende, e é o projeto que o próximo Presidente tem anunciado, é facilitar, é tornar amigável o ambiente de trabalho, para que as pessoas contratem. Isso é tão alvissareiro, e essa notícia é tão interessante, que diversas empresas, inclusive estrangeiras, já estão querendo vir para cá, para o Brasil. Diversas empresas brasileiras que foram para o Paraguai já estão querendo voltar.

    Ainda na campanha – e nós não anunciamos isso para não dizer que estávamos querendo influenciar o processo eleitoral –, eu e o Senador Magno Malta levamos à casa do então candidato Jair Bolsonaro vários empresários. E, no próximo mês, eles vão fazer uma reunião lá no Palácio Tangará, em São Paulo, com diversas associações, diversas federações. E, a partir de janeiro, cada CNPJ dessas federações pretende gerar um emprego cada um. No Brasil, há em torno de 25 milhões de CNPJs. Se 10 milhões, se 5 milhões, se 1 milhão de empresários aderirem a essa campanha, quantas pessoas não ganharão emprego? Sabe por quê? Simplesmente porque veem no horizonte a possibilidade de não serem tratados como bandidos, quando oferecem um emprego, porque, nessa história de dizerem que estão protegendo o trabalhador, começaram a tirar o emprego do trabalhador.

    A Justiça do Trabalho passou a ser vista com medo, e não como um local de mediação mais. As pessoas tinham medo e começaram a ir para o Paraguai, começaram a investir nos Estados Unidos, começaram a investir na Índia, e nós ficamos sem os empregos. Quando você vê países como China, Índia, Estados Unidos e tantos outros, eles não estão muito preocupados com outras coisas; eles estão preocupados em gerar emprego, porque geração de emprego é geração de riqueza. A partir do momento em que as pessoas têm emprego, elas têm dinheiro, elas compram e a economia gira. Falam tanto em economia girar, mas fazem tudo para a economia travar.

    Não adianta esse Estado que nós nos acostumamos a ser tão paternalista. Parece que todo mundo espera que o Estado vá nos dar alguma coisa. Esse Estado não nos dá nada, esse Estado só nos tira, esse Estado passou a ser uma coisa em si mesmo. Ele só tira, não tem como dar emprego para ninguém. Só há um ente que pode dar emprego: o patrão. Não vamos demonizar essas pessoas, tratá-las como se fossem algo pernicioso à sociedade.

    E o que eles fazem? Eles vão embora, e aí ficam milhões de desempregados. E isso é bom sabe por quê? Porque partidos como esses que perderam o poder ganham discurso, porque você tem uma massa de desempregados, uma massa de miseráveis que vai poder fazer como hordas, como exército, para poder se capitalizar eleitoralmente.

    Isso, do ponto de vista pragmático, político, é inteligente, mas é muito... Chega a ser diabólico, é muito malvado, é uma malvadeza sem tamanho. Então, daqui para frente, eu espero que o próximo Governo... E aqui vou falar direto para você, Onyx. Eu espero que as trincheiras do próximo Governo não sejam no Planalto, que elas sejam nesta tribuna e na tribuna da Câmara, porque este Governo que agora se encerra fez um trabalho extraordinário na economia e perdeu nestas duas Casas. A voz que grassou aqui foi a voz da mentira, a voz do terror, a voz com o objetivo de criar medo, de criar vilões para a população ficar amedrontada e dividida.

    Então, espero que o próximo Governo possa conversar com o Parlamento, possa dar subsídio para que as ações de governo possam ser bem colocadas, bem esclarecidas para a população, porque eu não tenho dúvida: o time que eu vi que está vindo é um time forte na arte da fake news, é um time forte na arte de criar verdades alternativas.

    Agora há pouco, eu ouvi a Senadora que me antecedeu dizendo o seguinte sobre o comunismo... Eu achei interessante; o que ela falou não é mentira: a utopia, a ideia do comunismo é uma coisa extraordinária. Talvez vá existir no céu, mas aqui na terra está provado que ela não funciona, porque já houve várias tentativas e por onde passou não funcionou, simplesmente isso. Onde passou foi miséria, caos, desordem, violência. E sabe contra quem? Contra aqueles que eles mais dizem defender.

    Se você pegar a história da Rússia – e depois a da União Soviética –, verá que milhões de pessoas morreram. Onde passou foi opressão. O exemplo mais claro foi a Alemanha, que se dividiu ao meio, de um lado era o capitalismo e do outro, o comunismo. De um lado era esse sistema que eles dizem ser opressor, que explora as pessoas. Mas, por incrível que pareça, todo mundo que estava do lado comunista queria pular para o lado capitalista.

    É a mesma coisa que se faz aqui. O Brasil é o país que defende os direitos dos trabalhadores, mas, se os Estados Unidos abrirem aquele muro e disserem: "Está aberta a temporada de trabalho para trabalhadores brasileiros, só que aqui não há carteira assinada, aqui não existem esses direitos todos que estão aí na CLT de vocês". Estou para dizer que vai faltar passagem nos aviões para tanta gente que vai querer ir para lá. Então, no frigir dos ovos, o que a gente precisa ser é prático. O que as pessoas querem é comida na mesa. O que as pessoas querem é trabalho, é emprego.

    "Ah! Vai haver precarização!" Se o País estiver gerando riqueza e crescendo, o próprio trabalhador vai dizer: "Você está me pagando uma miséria. Eu vou trabalhar para aquele outro lá".

    Quando a construção civil estava no pico, aqui no Brasil, não havia pedreiro, nem servente, ganhando pouco não. Não havia ninguém que conseguisse explorar um servente ou um pedreiro. Sabe por quê? Porque não se achava pedreiro, simplesmente porque o mercado regulava. Não adianta o Estado querer meter a mão assim no processo. O Estado não consegue gerar nada, a não ser uma boa carga tributária.

    Agora, tratando dos temas anunciados ultimamente, o pessoal tem tentado principalmente achar um calcanhar de Aquiles no futuro Governo. E aqui não existe procuração, apoiei este Governo, apoiei esta candidatura. No segundo turno, rodei o Nordeste com o Senador Magno Malta, mas, no dia 28, encerrou-se o nosso compromisso. Nem eles têm compromisso conosco nem nós temos o compromisso aqui de apoiá-lo depois.

    Só fazendo um retrato: por que será que o povo brasileiro escolheu mudar totalmente o disco? Por que será que deixou de apoiar esse projeto tão maravilhoso que defendia as minorias, que defendia os trabalhadores? Por quê? Eles tinham a mídia, os artistas. Eles tinham tudo. E a grande pergunta que tem de ser respondida é esta: por quê? Porque ele não se sustentava na verdade. Era um projeto de muita mídia, de muita conversa, mas não se lastreava na verdade.

    Quer ver um exemplo concreto? Vamos falar aqui do PAC. Sabe o que era o PAC? Todo mundo falava, parecia que ele era alguma coisa concreta: PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Lá no Mato Grosso, disseram: "Agora, isso aqui vai ser uma terra que vai manar leite e mel, com rodovias duplicadas, pontes e tudo o mais, porque o PAC chegou". Ele foi, nada mais, nada menos, do que a reunião de obras, das obras do Governo Federal, chamada de Programa de Aceleração do Crescimento.

    Quando o Governo Dilma terminou, havia – e ainda há – milhares e milhares de obras por este País inteiro; Mato Grosso tem ainda uma cicatriz de um VLT interminável lá no meio de Cuiabá; a BR-163 está lá, sem duplicação. Mas os discursos eram muito lindos, e as pessoas foram enganadas durante quatro anos; depois, por mais quatro; depois, mais quatro; e, de repente, eles acordaram e disseram: "O quê? Isso é só conversa!".

    Resolveram dar uma guinada totalmente. Aí chamaram isso de onda conservadora. Não é isso não, é o fim da paciência mesmo. As pessoas perderam a paciência com os marcelos freixos da vida, com os discursos bonitos das jandiras, das erikas e por aí vai. Perderam a paciência!

    Agora, antes de o Governo começar, está havendo, lógico, uma estratégia de demonização. Eu só estou dizendo o seguinte: keep calm. Calma, nem começou ainda! As pessoas querem mudanças, mas querem um discurso lastreado na prática. Tudo o que o Bolsonaro está falando ele falou na campanha. As pessoas escolheram esse projeto. E que projeto é esse?

    As pessoas não querem mais suas propriedades sendo relativizadas. As pessoas não querem mais a tirania do Boulos de relativizar a propriedade, porque simplesmente ele acha que a propriedade privada tem de ter o fim que ele acha que deve ter. As pessoas no campo estão amedrontadas e não querem mais ter seus gados roubados, suas fazendas invadidas. As pessoas querem ter paz. As pessoas querem se proteger. As pessoas querem um tipo de direitos humanos que não tenha lado, que tenha lado dos humanos. Aqui no Brasil, foi-se caminhando para um lado, foi-se relativizando de um tanto que a polícia passou a ser vista como bandido e os bandidos como coitados.

    Há poucos dias, um Senador por quem tenho grande amizade disse que o chamado "mula" ou "vapor" não pode ser equiparado ao traficante. É um erro? É um erro. Nós não podemos relativizar e tirar a importância de crimes, seja pequeno, seja grande. Vejam que Nova York era pior do que qualquer cidade brasileira em termos de crime. E como eles conseguiram combater? Foi: "Não toleramos pequenos..." Começaram coibindo até as pichações das linhas de metrô.

    "Ah, Bolsonaro vai implantar a ditadura." Não, não vai implantar a ditadura, não. Foi eleito com 55% dos votos. A população brasileira não aguenta mais essa ditadura do bom-mocismo. Mas é um bom-mocismo só para uma claque.

    "Ah, vamos ajudar a cultura." Querem ver uma coisa interessante? "Vamos ajudar a cultura." Cria-se a Lei Rouanet. Sabem quem consegue acesso à Lei Rouanet? A panelinha que tem acesso àquela banca. É essa banca que vai ser desmontada. Sabem por quê? Pode levar 500 projetos seus lá. Se você não for da patota, seu projeto não é aprovado. Agora, peguem os projetos de Paula Lavigne. Vejam quantos projetos a Paula aprovou lá. Peguem os projetos da Camila. Vejam quantas propagandas da Caixa a Camila fez. E por aí vai.

    Esse capitalismo que nós tivemos até agora era o capitalismo de compadres. Era um negócio dos amigos. O que se está querendo agora...

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Vou pedir mais tempo, porque há Senador querendo chegar, Senadora Vanessa.

    O que se está querendo agora é justamente o desmonte disso. E não é Bolsonaro. Não é. É um povo...

(Interrupção do som.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – ... é aquele povo chato que a Marilena Chaui chama de "classe média atrasada", de "povo atrasado", de quem ela tem nojo.

    Mas essa classe média anda cansada. Essa classe média anda cansada de carregar tudo nas costas, porque o andar de cima, no Brasil, praticamente não paga imposto e o andar de baixo não tem como pagar.

    Sabem quem arrasta este País nas costas? É esse povo nojento que você odeia, Marilena Chaui. É esse povo que não aguenta mais. É o funcionalismo público, é o profissional liberal, é esse povo que já tira na fonte ali. E esse povo cansou, cansou do quinto. Nós não temos nenhum Tiradentes para morrer esquartejado contra essa grande carga tributária, mas chegou o momento em que ele falou: "Chega! Chega! Nós agora queremos alguma coisa de real".

    Aí, de repente, começam a criticar: "Poxa, mas o Bolsonaro deu uma entrevista. Que vergonha para o Brasil!" Bolsonaro deu uma entrevista para o mundo inteiro e colocou um tamborete em cima de uma mesa e em cima do tamborete uma prancha de surfe. "Que coisa mais precária, que exemplo mais feio!".

    Ah, mas era bonito o fusca do Mujica. O Mujica num quintal era bonito. A simplicidade do Mujica era bonita; a do Bolsonaro é feia. A maconha do Mujica era uma coisa linda. Bolsonaro ir tomar água de coco na praia: que coisa feia! Agora, é muito feio ele dar entrevista com os microfones em cima de uma prancha de surfe. Mas não é feio estar um ex-Presidente preso? Eles estavam fazendo propaganda e pedindo para esse sujeito ser Presidente da República. Isso não é feio? Então, são pontos de vista. Eu não estou combatendo, não. Estou simplesmente expondo o meu e dizendo que a população brasileira cansou disso.

    E dito isso, há mais: há um novo Brasil que boa parte dessa turma não conhece. Falo aqui do Estado de Mato Grosso. O Estado de Mato Grosso produz hoje boa parte do que é exportado, mas a competitividade é baixa. Nós temos apenas 20% das estradas federais asfaltadas. Nós temos só um pedaço de ferrovia, uma ferrovia do pé quebrado. E o que acontece? Por que eu estou falando isso aqui? Porque essas pessoas passaram praticamente 20 anos no poder e não pensaram no desenvolvimento do País. Começaram a colocar autarquias, como o Ibama, para impedir o desenvolvimento deste País. Nós temos estradas no Mato Grosso, como a 242, em que esse viés ideológico do Ibama não permite que a estrada seja construída. A 242 está lá há 8 anos, e provavelmente vai para 12 anos se o próximo Presidente não intervier, porque não se consegue licenças. A 158, a 080, a travessia da Ilha do Bananal, a BR-174, a BR-319, que não está no Mato Grosso, mas está lá para Rondônia... O Brasil está todo travado. E onde se descobre uma fonte de riqueza, vai lá o ICMBio, o Ibama – todo mundo – e parte da Funai aparelhada: "Vamos criar uma reserva". Isso interessa a quem, meu Deus, a quem?

    Agora há pouco houve um debate na GloboNews. Agradeço até ao Ibama por ter dado uma oportunidade para que eu mandasse uma nota. Agradeço à GloboNews também por ter colocado a nota, embora tenha colocado o Ibama para falar lá e não tenha me dado oportunidade de fazer o contraponto. Mas é justo, porque eu falei aqui na tribuna e eles também não tiveram oportunidade do contraponto. Mas volto a dizer: há cerca de 40, 50 anos, o Governo brasileiro, Senadora Vanessa, mandava as pessoas para o Amazonas – integrar para não entregar. E essas pessoas iam para o Amazonas, para o Pará, para Rondônia, para Mato Grosso: nordestinos, mineiros, gaúchos, paranaenses. Aliás, se não me engano, V. Exa. é do Paraná. Não é do Paraná não, né? Enfim, muitos sulistas foram para o Amazonas, para o Mato Grosso e foram integrar este Brasil. Mas boa parte desses brasileiros...

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Boa parte desses brasileiros hoje são tratados como bandidos. Parte deles foi mexer com pecuária, parte deles foi mexer com lavoura, parte deles foi mexer com garimpo, parte deles foi mexer com madeira. Bom, a partir de um certo momento começou – justa – a preocupação com a proteção ambiental. Qual era a medida correta a ser feita? "Vamos regulamentar o trabalho dessas pessoas, vamos regularizar". Mas não foi isso que aconteceu – não foi isso que aconteceu.

    Eu tenho conversado com pessoas no Pará e com pessoas em Mato Grosso. Eles fazem o pedido, por exemplo, de lavra garimpeira. Senadora Vanessa, passam anos e não liberam as licenças para as pessoas trabalharem. Passam anos e anos. E, nesse tempo, as pessoas vão trabalhando, porque têm que sustentar a família. Estão lá há 20, 30 anos. E, aí, chega Força Nacional, às vezes com Polícia Federal, às vezes com Ibama, com ICMBio, dão entrevista – como foi dada agora há pouco na GloboNews – e tratam essas pessoas todas como bandidos. Quando eles foram para lá integrar o Brasil não eram bandidos. Não! Eram chamados até de colonizadores, eram até tratados como heróis, enfrentavam a malária, enfrentavam tudo. Hoje são todos bandidos.

    Agora há pouco eu fiquei pasmo de ver o representante do Ibama dizendo o seguinte: "Não são pessoas pequenas, como diz o Senador Medeiros; são pessoas que compram máquinas de R$1 milhão". Bom, mas aí é uma questão de grandeza. Se a gente for comparar a Terra em relação ao tamanho do Brasil, a Terra é muito grande. Se a gente for comparar o Brasil em relação ao Estado de Sergipe, o Brasil é muito grande. E por aí vai. São questões de grandeza. Agora, se for comparar a Terra em relação ao Sol, a Terra é pequenininha.

    O que eu estou querendo dizer com isso? Eu estou querendo dizer com isso que o sujeito que trabalha com garimpo não vai ficar na bateia o tempo inteiro. Quando eu digo os grandes – e aqui vamos explicar a questão dos grandes –, são aqueles que tiram 1 tonelada de ouro por mês. Esses são os grandes! Estou falando de grandes mineradoras. Estou falando de Vale, estou falando das empresas multinacionais que estão aqui que têm suas ferrovias próprias. Comparando esse tipo de gente com alguém que tem uma PC, uma pá carregadeira, esse da PC é pequeno.

    Agora, você quer que o sujeito vá lá para meio do nada com uma bateia? E vai sobreviver como? O que eu estou dizendo é o seguinte: o que custa pegar esse pessoal? O cara é dono da terra, vamos dizer: "Aqui a legislação diz isso. Vamos regularizar, regulamentar, dar a licença". Mas eu converso com essas pessoas e elas dizem: "É impossível, Senador, não se consegue; com a corrupção e a burocracia é impossível conseguir licença de lavra". Então, o que eles fazem? Chegam lá e dizem que a lei ampara queimar equipamentos. Chegam lá, Senadora Vanessa... A gente sempre diverge aqui, mas eu duvido que V. Exa. concorde com isto: eles chegam às fazendas e, se houver um trator, se houver uma colheitadeira ou o que houver lá, tocam fogo. Não é assim! Eu trabalhei 23 anos na polícia, e quando você pegava uma carreta carregada de cocaína, você não chegava tocando fogo. Você faz o quê? Você prende o sujeito; leva aquela carreta para a Justiça, lá para o pátio; a droga é apreendida – a droga não é queimada instantaneamente: ela vai como prova e depois, num segundo momento, é incinerada –; e depois aquele bem, aquela riqueza nacional é leiloada ou enviada para alguma prefeitura, para o Estado ou para alguma coisa assim. "Ah, eu não consigo retirar a máquina, eu não consigo retirar de lá do garimpo". Eu duvido que qualquer prefeitura que... Hoje, os Prefeitos vêm aqui pedindo tratorzinho Tobatta. Eu duvido...

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Conceda-me mais um tempinho, Senadora Vanessa.

    Eu duvido que um Prefeito para o qual um sujeito chega lá e fala: "Olha, há um máquina ali que nós vamos apreender e nós vamos colocar a prefeitura como fiel depositária. Você quer a máquina? Mas tem que tirar em 24 horas"... Eu acho que o prefeito a tira em 10 horas.

    Mas não. Sabem por que fazem isso? Porque é bacana. A operação é geralmente regada a muitas diárias, helicóptero, com uma parafernália gigante, e isso dá poder. Para isso vem dinheiro de fora. Sabe por quê? Porque não é tanto o interesse nacional, não: é o interesse de proteção das grandes mineradoras. Há pouco tempo houve uma questão... Vocês ouviram falar, por exemplo, nas páginas do Ibama, do ICMBio, desses órgãos todos, sobre aquele problema ambiental que houve no Pará com uma mineradora da Noruega, com uma empresa da Noruega? Mal saiu linha de rodapé. Pegaram três passa-fomes agora no Pará: isso está em todos os jornais.

    Existe alguma coisa muito errada. Eu espero que o próximo Governo possa... Nós não queremos que acabe, não; nós queremos meio ambiente preservado; agora, nós precisamos ter o interesse nacional preservado. Eu vejo sempre as pessoas falarem aqui em entreguismo, mas entreguismo é o que acontece ou que tem acontecido no Brasil. Quem manda hoje no Brasil na questão ambiental não é o Presidente da República: é o Ibama. Aliás, não é o Ibama, é a Opan. É a Opan que está por trás da Funai, por trás de tudo. E por trás dessa Opan... O que é a Opan? Eu aconselho a você que está aí procurar no Google o que é Opan: é só mais uma das ONGs que dominam tudo isso aí. E dá-lhe dinheiro!

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Vá ver quanto dinheiro saiu do BNDES para essas organizações. Não é pouco dinheiro, não. Eu estou falando de coisa de 50 milhões: é 20 milhões, é 30 milhões, é dinheiro! "Ah, mas eles conseguiram captar lá fora". Está bom, mas, se captou, por que não veio para o Governo? Por que não veio para a Administração direta? Existe rolo nisso aí! E eu espero, ansiosamente – vou usar aquele chavão bíblico: assim como o guarda, espero o raiar da manhã –, que essas caixas todas sejam abertas. Como eu gostaria de ver, não era tanto... Como eu gostaria de ver o Magno Malta no Ministério do Meio Ambiente. Como eu gostaria de ver alguém com esse perfil, para que a gente pudesse colocar este País para se desenvolver. Como nós...

(Interrupção do som.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Já encerro, Sra. Presidente.

    Como nós precisamos fazer este País andar! Porque, no fundo disso tudo, nós temos um monstrengo chamado Estado, que ficou nele para ele mesmo. Essas pessoas estudam nessas universidades aqui, não conhecem um pé de mato e só vão lá para aprender, só vão lá para arrebentar com os menos favorecidos.

    Quem é grande se resolve, gente! Vocês estão pensando que as trades, que os bilionários passam apertados com isso? Não; não passam não! A Frente Parlamentar da Agricultura se vira aqui; ela tem poder: acabou de nomear a Ministra. Então, vocês pensam que eles sofrem um bocado? Eles enfrentam e conseguem sair lá na frente. Agora, o restante não consegue passar não.

    O sujeito, aqui de Brasília, via satélite, monitora uma fazenda de mil hectares e a embarga. O cara que tem mil hectares não tem ninguém por ele não. Acontece que ele está vendendo a soja dele para uma trade. No momento em que ele é embargado pelo Ibama, ele perde o contrato, e acabou a vida dele. E, aí, depois, vão descobrir que não era bem isso, ou ainda, muitas vezes, ele recebe lá a visita de alguém vendendo facilidades. É preciso que se acabe com isso!

    "Ah, o Medeiros é contra o Ibama!" Eu não sou contra o Ibama; eu sou contra o fato de o órgão não ter comando, não ter um comando central a partir da Presidência da República. O Presidente, hoje, não consegue mexer naquilo, e não é por falta de vontade não, mas porque está cheio de portarias como essa que autoriza queimar as máquinas.

    É por essas e outras que as pessoas votaram em Bolsonaro.

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – E, agora, encerrando mesmo, eu me lembro de Gengis Khan. Há muita gente gritando: "Meu Deus, o que aconteceu? O que foi que aconteceu? Por quê?"

    Hoje mesmo, eu vi o Twitter de um Senador aqui e tive vontade de rir, mas eu me lembrei de Gengis Khan. Dizem que Gengis Khan, um conquistador sanguinário da Ásia, cada vez que chegava em frente a uma vítima que dizia: "Pelo amor de Deus, não me mate! Eu sou inocente!", ele dizia: "Agora me ocorreu uma dúvida: se você é inocente, se você não cometeu pecado algum, por que será que Deus me colocou no seu caminho?"

    Eu pergunto: se vocês fizeram tudo certinho, se vocês agiram corretamente, se vocês não mentiram, por que será que o eleitor colocou Jair Bolsonaro no caminho de vocês? Essa é a grande pergunta.

    Muito obrigado.

    A SRA. PRESIDENTE (Vanessa Grazziotin. Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PCdoB - AM) – A Mesa cumprimenta V. Exa., Senador Medeiros, que faz aqui um contraponto ao pronunciamento que eu fiz.

    Penso que V. Exa. deve ter entendido que, quando me solicitou um aparte, como o Senador que me antecedia tinha um compromisso, eu não pude garantir o aparte a V. Exa.

    Mas, Senador, só a título de registro, vamos lembrar aqui que a gente, de fato, vive uma crise econômica. Entretanto, essa crise econômica não atinge a todos de forma igualitária. Os bancos, todos os bancos – privados e públicos, portanto, o sistema financeiro –, de 2014 até agora, Senador Medeiros, não tiveram um centavo de prejuízo. Pelo contrário; todos eles acumularam, inclusive o Bando do Brasil, lucros e lucros crescentes, enquanto o trabalhador sequer direito a aumento salarial tem. Então, esse negócio de que ou é o emprego, ou é o direito não é verdade. Por que cortar sempre do trabalhador? Por que, Senador, cortar sempre do trabalhador? Tem que cortar de quem pode. E quem pode pagar não é o trabalhador que ganha um salário mínimo, que ganha R$4 mil ou R$3 mil, não. É o banqueiro, aquele que eu digo: esse, sim, vê o seu lucro aumentado a cada ano que passa.

    Nós mesmos aqui no Congresso, Senador Medeiros, vivemos um momento, assim, de muitas diferenças. Por exemplo, o trabalhador sofreu com a reforma da previdência; agora, os Ministros do Supremo – e disso vai vir o efeito em cadeia, espero que os Parlamentares não –, esses, sim, tiveram direito ao aumento. Então, acho que é para esse tipo de coisa que nós temos que chamar a atenção da sociedade.

    E, por fim, Senador Medeiros, o comunismo ainda é uma questão da teoria; nunca foi aplicado em nenhum lugar do mundo. Eu pergunto a V. Exa.: a China é dirigida pelo Partido Comunista da China; a China é comunista? A China não é comunista. Nenhum país nunca foi e não sei se tão cedo será, tamanha, Senador, é a evolução que a sociedade viverá, ou seja, as pessoas viverão em torno do comum e não em torno do capital.

    A sociedade em que nós vivemos hoje é uma sociedade capitalista. Na sociedade capitalista, o que importa não são as pessoas; o que importa é o capital. E eu nunca concordei com isso. Por isso, filiei-me desde menina ao Partido Comunista e faço parte dele até hoje, sabendo que isso pode ser visto por muitos como uma utopia, mas sou daquelas que acreditam na luta e que devagarinho, devagarinho, uma, outra, outra, outra geração, a gente vai construindo sociedades melhores, sociedades mais avançadas. Hoje, nós não vivemos mais no escravagismo, hoje o homem não pode ter o outro homem como propriedade sua, mas nós vivemos ainda um nível de exploração humana que é inaceitável, as diferenças salariais são muito grandes, muito evidentes no Brasil. E é isso tudo que nós devemos combater.

    Senador.

(Interrupção do som.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT. Fora do microfone.) – Muito obrigado, Senadora.

(Soa a campainha.)

    A SRA. PRESIDENTE (Vanessa Grazziotin. Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PCdoB - AM) – Estamos os dois aqui, como eu não dei o aparte, vamos travar o debate agora.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Muito obrigado, Senadora Vanessa.

    Nesse ponto, nós concordamos totalmente, porque o que eu disse foi justamente isso: ele não funcionou por onde passou. E a senhora disse: "Olha, ele nunca aconteceu". Realmente, não aconteceu. Mas a minha divergência é a seguinte: onde ele tenta ser implementado, realmente, quem paga não são os banqueiros, quem paga não são as grandes mineradoras; quem paga é esse povo, esse chão de fábrica, quem paga são pobres. Quando foram instalar, falaram: "Olha, vai ser a ditadura do proletariado", mas se tornou a ditadura sobre o proletariado. Então, eu me recuso a tomar um remédio cujos os efeitos colaterais matam antes de dar o resultado prometido.

    Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/11/2018 - Página 17