Discurso durante a 139ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Críticas à conduta de parlamentares que, supostamente, criam narrativas descontextualizadas sobre o atual cenário político do país.

Autor
José Medeiros (PODE - Podemos/MT)
Nome completo: José Antônio Medeiros
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATIVIDADE POLITICA:
  • Críticas à conduta de parlamentares que, supostamente, criam narrativas descontextualizadas sobre o atual cenário político do país.
Publicação
Publicação no DSF de 27/11/2018 - Página 22
Assunto
Outros > ATIVIDADE POLITICA
Indexação
  • CRITICA, ATUAÇÃO PARLAMENTAR, REFERENCIA, CRIAÇÃO, NOTICIA FALSA, ENFASE, RELAÇÃO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), MOTIVO, RESISTENCIA, ACEITAÇÃO, RESULTADO, ELEIÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT. Para discursar.) – Muito obrigado, Senadora Ana Amélia.

    Cumprimento todos os que acompanham a sessão pela TV Senado, cumprimento todos os que nos acompanham também pelas redes sociais.

    Aproveito para parabenizar o ILB, o Instituto Legislativo, aqui do Senado, que hoje, pela manhã, fez, eu diria, praticamente uma sessão ali, da qual a Senadora Ana Amélia fez parte. A Senadora Ana Amélia é Presidente da Comissão de Agricultura e amanhã apresenta o relatório. E nós falamos hoje ali um pouco sobre a agricultura brasileira. Eu queria parabenizar o Instituto Legislativo por trazer esse tema à tona.

    E por que estou falando disso aqui agora, Senadora Ana Amélia? Justamente porque, durante a semana passada, tive uma maratona de reuniões na Europa – em Paris, Bruxelas, na Alemanha –, todas elas com temas voltados para o Brasil – notadamente, para o Estado de Mato Grosso –, principalmente, em relação à agricultura, à exportação dos produtos brasileiros, em relação à sustentabilidade, ao meio ambiente.

    E fiquei muito impressionado com a imagem que os europeus têm desse setor no Brasil, como o setor é demonizado lá na Europa, e como eu pude ver também que a preocupação não é com o meio ambiente. A preocupação é de fundo comercial. Mas isso é normal. Ronald Reagan dizia: "Entre países não existem amizades; existem interesses comerciais". E obviamente que um gigante desse tamanho, com um clima como o do Brasil, com as estações de tempo bem definidas – você sabe quando vai chover, quando vai fazer frio, quando vai fazer sol –, com terras agricultáveis nessa extensão... Como é que se combate um gigante desses? Então, isso é normal; são do jogo comercial as barreiras de toda sorte.

    Agora, sabe o que não é normal, Senadora Ana Amélia? É pessoas que se dizem brasileiras, pessoas que sobem aqui, à tribuna, para bancar o pai dos pobres, os defensores dos fracos e oprimidos, os defensores do emprego, usarem a mídia, usarem os canais a que têm acesso para demonizar o Brasil no exterior. E eles pegam esse material, dado de bandeja por esses brasileiros, e usam contra nós – usam contra nós.

    Antigamente, os países investiam fortunas, Senadora Ana Amélia, tentando infiltrar espiões aqui dentro para descobrir alguma coisa. Não, hoje não precisa – não precisa.

    Eu estava na Europa, no Parlamento europeu, e vi uma carta enviada ao Parlamento europeu – essa carta está de posse do Itamaraty, e eu tenho a cópia. A carta diz que o Brasil está sob um golpe, que foi eleito um Presidente de forma fraudulenta e que a democracia acabou, que nós estamos sob uma ditadura, que todos os direitos estão em risco. Agora eu digo: nem o mais demente sujeito que mexe com política aqui no Brasil acredita numa coisa dessas. O que nós tivemos foi um Presidente eleito com 11 milhões de votos de diferença para o segundo colocado. O que nós tivemos foi um partido e um grupo político varrido da vida política do País pelos eleitores – e varrido com raiva. As pessoas votavam e saíam da urna comemorando. Aí fazem o quê? Começam, através dos seus parceiros, cujo modus operandi é o mesmo, em outros países, a mandar... Eu vi essa carta feita por uma bancada do atraso semelhante a que há aqui, Senadora Ana Amélia, que mandou para a Presidente da Comissão Europeia em Bruxelas, já demonizando a imagem do futuro Governo do Brasil, que nem começou ainda. Isso é um desserviço ao País.

    E aí me remeto, se não me engano, ao Mackey – acho que foi o Mackey que disputou com Clinton ou com Obama, não sei. Mas o que importa é o milagre, e não o nome dos santos. No momento em que foi dado o resultado, tentaram colocar o microfone na boca dele para ele falar mal, e ele falou: "A partir de agora, em que o povo norte-americano escolheu, ele passou a ser meu Presidente – passou a ser meu Presidente." Isso se chama espírito de democracia – isso se chama espírito de democracia.

    Essa raça, assim que terminou a eleição... Primeiro, forçaram o candidato a não reconhecer o candidato eleito. Segundo, subiram a esta tribuna, dizendo que vão, todos os dias, fazer o enfrentamento, fazer a resistência – a resistência. Eu ouvi falar tanto em resistência que cheguei a pensar que eles tinham queimado o chuveiro, Senadora Ana Amélia, porque só falam em resistência.

    E me remeto novamente ao discurso da Senadora Ana Amélia, quando ela falou das narrativas.

    Como o País tem sofrido com as narrativas! Como o País tem sofrido com essas falácias! E aqui, para quem não está acostumado com esse vocabulário moderno, porque, a cada momento, na política, surge uma palavra moderna – "narrativa" surgiu ultimamente –, eu vou falar no bom e velho português: "narrativa" é mentira, é uma história contada fora da realidade. A Senadora Ana Amélia falou aqui sobre essas narrativas que estão contando.

    Hoje eu vi uma matéria sobre a Shindo Renmei. O que foi a Shindo Renmei? Foi uma organização de cidadãos japoneses que não aceitavam que o império japonês tivesse perdido a guerra, e eles ficaram por anos acreditando piamente que o Japão tinha ganhado a guerra, mas os japoneses da comunidade que estava aqui no Brasil falavam: "Isso não é verdade". Perdemos. Infelizmente, perdemos. Eles eram mortos pelo chamado grupo dos tokkotais. Sobre isso aí, há um livro. Quem tiver interesse, é só ler o livro Corações Sujos.

    Mas hoje eu estava lendo me lembrei de novo desse livro, e a Senadora Ana Amélia estava falando aqui sobre a narrativa que estão tentando construir. Qual a narrativa que estão tentando construir agora? É a de que a eleição foi fraudada, é de que, se não tivessem prendido alguém inocente, o cenário político seria outro. Estão querendo construir uma narrativa. Estão subindo aqui à tribuna e já avisando o que vão fazer, com mentiras. Eu queria que a Senadora estivesse aqui, porque eu não vou falar narrativa. Ela veio aqui e mentiu. Ela disse: "Primeiro, vim aqui dizer, insinuar, que o atual Presidente bateu na esposa". Mentira! Mentira! A própria ex-esposa do Presidente eleito desmentiu a matéria do panfletário do PT, a Folha de S.Paulo, que tinha dito que ele tinha agredido a mulher. Ela falou: "Era um bom pai, e ele não me agrediu". Pronto, assunto encerrado. Ela desmentiu.

    Agora, a pessoa vem aqui enxovalhar a pessoa, a pessoa. Isso não é política, Senadora Ana Amélia. Isso é fascismo. Isso é fascismo, porque, quando eu quero enfrentar os seus argumentos, destruir os seus argumentos, isso é da democracia. Eu sou contra os seus argumentos. Agora, quando eu tento destruí-la como pessoa, quando eu tento destruir o dono dos argumentos, isso é, nítida e literalmente, a política fascista: destrua o dono dos argumentos, e os argumentos caem por terra.

    Como a população brasileira pegou uma guinada por aqui, e não foi Bolsonaro que puxou, foi a população brasileira que puxou: "Venha, Bolsonaro, venha". E aqui havia um time. Poderia ter sido Ana Amélia, poderia ter sido Magno Malta, como foi Bolsonaro. Era um time com quem a população brasileira se identificava. Quis Deus que fosse Bolsonaro, mas o povo já tinha decidido: chega de mentira!

    Está aqui Xuxu dal Molin, que é do meu Estado, que também era desse time. A população brasileira já tinha decidido: eu não quero mais essa Shindo Rinmei do PT, eu não quero mais essa narrativa mentirosa, eu não quero mais viver enganado.

    A Senadora Ana Amélia falou uma coisa interessante aqui, sobre a imunização cognitiva. Esses dias, escutei uma palavra interessante: dissonância cognitiva. Eles querem fazer essa imunização para chegar à dissonância cognitiva, que é o quê? Que as pessoas fiquem desligadas da realidade e que fiquem numa realidade alternativa, numa realidade paralela, grudadas na mentira. E que mentira é essa? Que Deus fez o céu e a terra, e o resto foi o PT – Dilma e Lula.

    Eu era criança, Senadora Ana Amélia, eu me lembro já de sorteios de casas pelo BNH. Na minha cidade, por exemplo, eu me lembro do conjunto São José I e São José II. Eu era vendedor de picolé. Aliás, gostava de vender picolé no sorteio de casa, porque dava muita gente. E demorava, demoravam os políticos falando, e o povo comprando picolé. Mas o que acontece? Já naquela época, havia o BNH. O que é o BNH? Hoje, chamam de quê? Minha Casa, Minha Vida. O crédito educativo, Xuxu, o que era? O Fies de hoje.

    Todos esses programas que hoje têm um outro nome já existiam. Aí eles sobem aqui à tribuna e dizem que foram eles que fizeram. Isso, sim, é narrativa, isso é fazer a imunização cognitiva que a Senadora Ana Amélia disse aqui. Isso é deixar as pessoas alienadas pensarem: "Nossa, que verdade! Realmente, fizeram por nós. Como fizeram por nós?".

    Mas boa parte dos brasileiros acabou descobrindo isso. Mentirosos! Asquerosos, politicamente falando! Sabem por que "asquerosos, politicamente falando"? Porque vêm o tempo inteiro... E Jesus tinha nojo desse tipo de gente. Ele dizia: "Hipócritas e fariseus, que me louvam com os lábios, mas o seu coração está longe de mim".

    Eles fazem isso aqui, Senador Elmano, com os pobres, com as minorias, com as mulheres, com os negros, com os gays, com os pobres, com os servidores públicos, todos os dias. São os defensores dessas pessoas. Chegam aqui e se apresentam como os defensores: "Vinde a mim. Tudo isso te darei se prostrado me adorares". Vocês sabem muito bem quem disse isso a Jesus, não é?

    Pois bem. Vamos lá para os servidores públicos, Senador Elmano! Vamos ver o que essa galera fez com os servidores públicos! Vamos pegar os Correios, Senadora Ana Amélia! O pessoal do Postalis, além de não ter direito à sua aposentadoria agora, está tendo que tirar do bolso para pagar. E vão ficar mais tempo trabalhando. Sabem por quê? Porque esse cavalheiro que se propôs a defender os seus bens de terceiros os tomou para si. E agora eles vão ter que trabalhar mais. Então, mentira número um: não estavam defendendo os servidores do Postalis.

    Mentira número dois: não estavam defendendo os da Previ. Não estavam defendendo os da Petros. Estavam passando a mão. Eu não gosto nem de falar desse negócio. Eu não faço do meu mandato aqui um biombo de combate à corrupção porque já existe a polícia, e não é meu papel fazer isso. Mas meu papel é desmistificar, porque, já que a Senadora subiu aqui e disse que todo dia vai vir falar dos programas e das bondades que fizeram, eu vou ter que vir aqui e fazer o contraponto de dizer que não foi bem assim. Porque esses servidores estão lá... Eu sou servidor público. Eu sei a história dos consignados. Aliás, alguns centavos meus rodaram, porque eu tomava consignado. Aliás, servidor público só vive no consignado. A gente chega no final do mês, Senadora Ana Amélia e Senador Elmano, e o consignado já pegou quase tudo. Mas o que acontece? Até isso esses caras ferravam. Passavam e pegavam uma beiradinha do consignado do servidor público. Mas subiam aqui e diziam que eram defensores dos servidores públicos. E por quanto tempo nós acreditamos? Por muito tempo. Muito tempo. Eu tenho esta cara de inocente, Senadora Ana Amélia, mas por muito tempo eu bati lata para essa gente.

    Então, foram os fundos de pensão... Aí, vamos lá! As mulheres. Hoje, chegou aqui batendo lata dizendo que "somos os defensores das mulheres".

    O que Bolsonaro disse é verdade: 655% foi o índice a mais. "Ah, não; é porque agora nós começamos a medir". Mentira! Há 30 anos, um senhor chamado Michel Temer – sim, Michel Temer! – fez um ofício para um Governador chamado Franco Montoro e propôs a criação da Delegacia da Mulher, a primeira no Brasil. E, a partir dali, há 30 anos, começou-se a medição de números e índices da violência contra a mulher – 30 anos atrás! Não por acaso, hoje, está ali na Presidência da República.

    Quando ele subiu ao Governo, já começaram eles a virem aqui e dizer: "Nossa, um Governo misógino! Um Governo que é contra a mulher! Não há nenhuma mulher!", falando do cara que havia implantado o programa de combate à violência contra a mulher.

    Então, não é por nada, não, Senador Elmano; é por essa narrativa descolada da realidade que esse povo caiu. Eles caíram por si sós! E, aí, eu me remeto às palavras do saudoso pai do Senador Cássio Cunha Lima, que dizia que a ditadura não cairia porque não era uma estrutura; era uma mancha a ser limpa.

    Esse pessoal realmente não caiu; e eles não caíram porque não eram uma estrutura, mas uma mancha que está sendo limpa da história da política brasileira. E por quê? Porque mentem o tempo inteiro. São sustentados na mentira. E os livros sagrados, seja hindu, seja muçulmano, seja de que religião for, sempre dizem: casa construída na areia não subsiste. É assim que esse pessoal se montou no poder, um poder que não se sustentou, porque, aos poucos, as pessoas foram tendo raiva.

    É, mais ou menos, o seguinte: aquele sujeito galante, D. Juan, bonito, cheiroso, da conversa boa, bacana, que deixa a menina apaixonada, noiva, casa, mas era só lero-lero. Um dia, ela diz: "Chega, compadre! O senhor só tem conversa. Chega! Tchau! Não te quero mais aqui!". Foi mais ou menos isso o que aconteceu: por fora, era uma bela viola; por dentro, pão bolorento. Um bando de sepulcros caiados.

    "Nossa, Medeiros, que palavras fortes!". Não têm que ser fortes, não; são fortes porque são a realidade. É o que foi! Porque posam de anjos aqui o tempo inteiro. Posam de anjos!

    Mas a minha maior indignação é a seguinte: se a preocupação fosse com o Brasil, se a preocupação fosse salvar a Nação, eu diria: "Tudo bem. Faz sentido! Ainda vá lá, de repente, aceitarmos a narrativa de que os fins justificam os meios", embora eu ache abominável de toda sorte. Mas não é, não, é pelo País; é por um projeto de poder...

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – V. Exa. me concede apenas mais uns 30 minutos, Senador Elmano?

    É por um projeto de poder umbilical. E não era só nacional, não! Eles queriam aqui, queriam na Argentina, na Bolívia, no Equador, na Venezuela, quiçá, na América Latina toda e, se deixassem, no mundo inteiro. O tipo de gente que parecia aquele desenho do Pinky e o Cérebro: "O que vamos fazer hoje? O de sempre. Qual o nosso projeto de hoje? Um projeto para dominar o mundo". E começaram nessa odisseia de corações e mentes. Começamos naquele roteiro de Hollywood do oprimido contra o opressor – e qualquer um que discordasse deles era opressor –, e foram, mas nem um pouquinho preocupados com Brasil. E nem um pouquinho preocupados por quê? Porque...

    Eu estou aqui diante do Deputado Xuxu Dal Molin – ele é lá de Sorriso. Ele, assim como os Parlamentares de Mato Grosso, nós vivemos numa luta crucial pela BR-163, Senador Elmano. A BR-163 é uma das que mais mata no Brasil e é a principal artéria que liga o Sul ao Norte do Brasil. Pois bem, a BR-163 está lá, são R$3 bilhões só que se precisa para fazer a duplicação. Há dias que passam 40 mil carretas carregadas ali. E aí o tráfico leve misturado com o tráfico pesado é a receita da morte, em pista simples. E o que acontece? Apesar dos gritos do Xuxu, das pessoas que perdem ente querido, de a gente brigar aqui, de ir ao BNDES, nada condói essas pessoas, não liberam um centavo para lá.

    Mas foi dinheiro que construiu... E eu fui lá ver, construíram um metrô em Caracas, construíram um porto em Mariel, em Cuba, construíram um aeroporto em Moçambique, construíram gasodutos, construíram um monte de coisas em Angola, construíram obras de toda a sorte por aí. E, Senador Elmano, eu lhe digo: esses países não dão 1% de retorno do que Mato Grosso dá para este País. Porque boa parte da balança comercial brasileira é sustentada pela agricultura, e boa parte da agricultura brasileira está no Estado de Mato Grosso. Sabe quantos por cento das rodovias federais são pavimentadas lá? Vinte por cento das rodovias federais.

    E aí vem aqui fazer discurso bonito de que os 13 anos do Governo do PT foram uma maravilha, foram um paraíso, foram não sei o que e que são as pessoas que falam mal. Não, quem fala mal são os fatos, são as realidades.

    A saúde, pelo amor de Deus, em que pese a necessidade da saúde, mas o sujeito que operacionalizou esse programa Mais Médicos devia ser mandado por uma Corte internacional e ser condenado por crimes contra a humanidade. Eu quantas vezes falei aqui, nesta tribuna: isso é trabalho escravo! Como é que eu pego um sujeito em Cuba, trago para cá, é proibido de trazer a família, ele chega aqui e só pode trabalhar naquele negócio que ele foi contratado. Ele pode trabalhar de médico aqui no pronto-socorro, mas ele não pode atender o vizinho que teve um ataque cardíaco aqui do lado, porque é proibido. Ele não pode... Aí o salário dele não é pago para ele, é pago para uma instituição que come mais da metade. E essas pessoas achavam isso explicável? E mais: agora descobriram, Senador Elmano, que deram um bypass no Senado e na Câmara. Deram um bypass, enganaram através de uma pedalada – mais uma –, enganaram o Senado, porque sabiam que ia dar discussão aqui.

    Começaram essa semana passada uma narrativa: "Não vai haver médicos!". Continuam dizendo que não vai haver médicos. Mas está assim de médicos brasileiros formados na Bolívia, no Paraguai, em tudo que é lugar que querem trabalhar. Mas esses médicos cubanos... Xuxu, eu duvido... Se o Presidente Temer baixar um decreto ali agora autorizando eles trabalharem aqui, fica boa parte deles.

    É só autorizá-los a trabalharem: "Olha, vocês vão estar no Mais Médicos, mas podem abrir sua clínica aqui também."

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Ficam quase todos! Ficam quase todos!

    Mas mesmo assim, não foi Temer que mandou os médicos cubanos embora. Não mandou nenhum embora. Há alguma coisa muito errada, e o Senado tem que ir a fundo. Por que será que foi só dizer que Bolsonaro vai assumir, e já o Governo cubano diz: "Não, estou tirando, estou tirando, porque ele disse que os médicos não sei o quê..." Conversa fiada. Ninguém tira um programa desses, e ainda mais uma bufunfa daquela, a troco de nada, não. Tem angu nesse caroço!

    Então, se eu fosse o Presidente Temer, diria o seguinte: "Olha, vocês já prestaram um bom serviço. Está autorizado todo mundo a trabalhar. Quem quiser ficar, fica. Não precisa fazer Revalida nenhum. Isso é controle de mercado, sim. Se estavam trabalhando até agora, por que é que não podem continuar trabalhando? Continuem trabalhando, esqueçam essa história de Revalida, e vamos para a frente." Eu duvido se boa parte não fica aqui. E mais: "Pode trazer as famílias para cá também." Se entram milhares de venezuelanos toda hora aqui, na divisa com Roraima, Senador Elmano, por que é que não podem os médicos cubanos estarem aqui?

    Então nós precisamos tratar desses temas nesse nível, e não dizer: "Olha, o Bolsonaro se elegeu e disse que os médicos cubanos não podem ficar aqui." Mentira! Mentira! Os médicos cubanos são muito bem-vindos. Não como escravos; são muito bem-vindos para ganhar os mesmos salários que os médicos brasileiros. Não para um médico cubano trabalhar aqui na cadeira de um lado, atendendo, ganhando R$1.000, e um médico brasileiro ganhar 20, 30 do mesmo lado aqui. Que mundo é esse que essas pessoas querem? "Ah, mas lá eles são doutrinados a trabalhar para o bem do próximo." Conversa fiada, não é? Conversa fiada! Ninguém trabalha para o bem do próximo em detrimento de si próprio. Se o Brasil está pagando tabela cheia de 10 mil, 15 mil por cada médico, que esse dinheiro vá para os médicos.

    Então esse debate nós vamos fazer, e não pense Dona Gleisi Hoffmann... A senhora saiu, então vou falar o nome da senhora aqui, porque se estivesse aqui, eu estaria falando para a senhora. A senhora falou que vai falar aqui, na tribuna do Senado, e na Câmara. Então é o seguinte: não pense que vai ser tarefa fácil essas mentiras daqui para a frente. A senhora vai dizer essas coisas, mas nós vamos fazer o contraponto e vamos dizer, para cada mentira que o PT disser, nós vamos continuar dizendo dez verdades. Vocês não vão enganar mais o povo brasileiro. Vai ter que ser um debate agora tête-à-tête, um debate de ponto e contraponto, porque até agora, infelizmente esta crítica eu tenho que fazer ao PSDB: o tempo que o PSDB passou na oposição, deixaram vocês deitarem e rolarem. Vocês mentiram o que quiseram. Vocês foram situação e oposição ao mesmo tempo. Vocês passaram o tempo inteiro no Governo roubando, pilhando e dizendo que a culpa era de FHC. Não que ele seja inocente, não estou aqui para defendê-lo. Agora, eles fizeram a teoria do Homer Simpson o tempo inteiro: a culpa é minha, eu coloco em quem eu quiser.

    Agora não, nós vamos fazer, sim, o enfrentamento. Nós vamos fazer o enfrentamento para que o povo brasileiro saiba dos dois lados, porque dizem que existem os fatos e as versões. Nós vamos sempre apresentar os fatos.

    E o fato neste momento são o seguinte: o Brasil elegeu um Presidente desconectado com tudo, que estava ligado ao Partido dos Trabalhadores, ao PSOL, ao PCdoB e et caterva. Por quê? Porque não aguentava mais tanta mentira. É isso.

    E aí fechando, Senado Elmano, eu estava na Europa... V. Exª foi da Embrapa, que é de uma das instituições que mais contribuíram para o desenvolvimento da agricultura neste País. Veja bem, a nossa agricultura está sendo demonizada por esses chamados brasileiros que dizem que estão a defendendo. Esses caras que aparelharam o Ibama, esse Ibama que demora de oito a 12 anos para dar uma licença para fazer uma estrada – como é o caso da 242, lá no Mato Grosso –, esse Ibama, que recebe milhões de dólares de fundos internacionais para trabalhar contra o Brasil. Vem dessa gente, chamada politicamente correta. Não trabalham para o Brasil. E por que eu digo que não?

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Porque usam das ilhas de jornais, usam de todos os organismos para demonizar, para enxovalhar a imagem deste País lá fora.

    Então, qual é a imagem que as pessoas têm? É a de que aqui a todo momento estão as pessoas querendo derrubar para plantar soja. Senador Elmano, nos próximos anos 20 anos o Mato Grosso pode dobrar a produção de soja sem derrubar a produção de soja sem derrubar um pé de árvore!

    Não tem nada a ver plantação de soja com desmatamento da Amazônia. O senhor está pensando que eles estão preocupados com desmatamento da Amazônia? Não, eles não estão preocupados com desmatamento da Amazônia. Sabe por quê? Eles estão preocupados em Mato Grosso ali com a questão... Onde tem manejo. Olhe que não tem coisa para preservar mais a floresta do que manejo, porque você só retira a arvore que está madura. E o cara mais interessado em proteger a floresta é o cara que vive da madeira, porque se a floresta acabar, acabou, ele não tem mais.

    O senhor está pensando que eles têm interesse em incentivar o setor madeireiro? Não, Senador, não têm. Não há quem consiga licença para isso, porque o que eles querem é barulho, querem é mídia.

    Então, se é um órgão sério, vamos fazer o seguinte: Senador Elmano, tudo bem. O senhor vai cuidar dessa parte da floresta. As árvores que estiverem maduras o senhor pode retirar, porque árvores são como gente, árvores morrem – árvores morrem – e essas você pode usar. A diferença é que com gente não tem o que fazer depois, mas árvores quando morrem você pode usar.

    Nós estamos com trilhões em valores que dizem que não podemos usar. Isso está a serviço de quem, Senador Elmano? É do interesse de quem. Nós temos bilhões em riquezas naquela floresta, no Mato Grosso e não podemos mexer com nada.

    Então, eu digo: Esse órgão está a favor do Brasil? Ou será que nós não temos competência, Senador Elmano, nós que formos capazes, por meio da Embrapa, de fazer a soja produzir no Cerrado, um lugar onde só dava tatupeba e mandioca.

    Hoje ali nasce tudo. Será que nós não tínhamos competência de fazer manejo, de ganharmos dinheiro com essa floresta, de fazermos, sim, extrativismo mineral sem destruir a floresta? Não, vamos proibir tudo. Vamos acabar com o carrapato matando logo a vaca. E todo o brasileiro que se mete a produzir alguma coisa vira bandido.

    Em determinado momento, a política do Brasil era integrar para não entregar, Senador Elmano. V. Exa. tem mais experiência e mais vivência do que eu e sabe que isso é verdade. E brasileiros e brasileiras saíram do eixo Rio-São Paulo, do Nordeste e foram para Mato Grosso, foram para Rondônia, foram para o Acre fazer este País se desenvolver. E lá se estabeleceram. Hoje boa parte dessas pessoas está com processo nas costas porque dizem que estava degradando o meio ambiente. Que conversa é essa, meu irmão? Que história é essa? Eu, como País, te mando para cá e, depois, te trato como bandido?

    Semana atrasada, o Ibama, numa operação, Senador Elmano, queimou diversas retroescavadeiras – tipo essas da Hyundai, Caterpillar, New Holland, máquinas de em média R$1 milhão cada uma – de garimpeiros que estavam lá. E garimpeiro no Brasil hoje... Gente, eu estou falando garimpeiro, e você, lá no seu cérebro, provavelmente está falando "bandido", "degradador do meio ambiente". Sabe por quê? Porque foi isso que passaram a nos fazer crer.

    No entanto, quando você ouve falar da Vale, da mineradora não sei o quê, não. Isso aí tudo bem. É mais ou menos assim: o cara que mata um é um assassino. Maduro pode matar milhões que está tudo bem, milhares.

    O exemplo não foi bom. Vou melhorá-lo.

    É o seguinte: no Brasil, se você foi mandado lá para Rondônia, para Mato Grosso, para o Amazonas, naquela época do "integrar para não entregar", e você montou uma lavra de mineração no seu sítio, você vinha garimpando naquela época. E garimpeiro não quer que a floresta seja desmatada. Ele não tem interesse nenhum. Ele faz ali sua lavra. Daí a cinco anos aquele pedaço ali que ele garimpou já virou floresta de novo. E por aí vai.

    Mas tudo bem. Vem a nova legislação ambiental e diz: "Olha, é preciso se regularizar". E correto; o mundo vai evoluindo. E essas pessoas tentaram se regularizar. E tentam ainda, Senador Elmano. E sabe quando elas vão conseguir? Nunca, porque é tanta burocracia, DNPM, não sei o quê, não sei o quê, não sei o quê. Não conseguem! Não conseguem!

    E, aí, eles chegam lá quase como anjos enviados do céu, para salvar a humanidade. Chegam com espingardas 12, cartucho 3T, 9T, furam buracos nessas máquinas, enfiam um negócio com combustível e tocam fogo, sem processo nenhum. Chegam e tocam fogo. Parece que é mentira o que eu estou dizendo. Mas entrem no Google e vocês vão ver a foto das máquinas. Chegam e tocam fogo. Argumentam que é muito difícil tirar essas máquinas de lá, que custaria muito. Sabe quanto custa cada operação dessa? Às vezes, milhões: vai helicóptero, vai não sei o quê, é diária, é um monte de coisa. Senador Elmano, vamos dizer que o sujeito está cometendo crime mesmo. Eu chego para o Xuxu Dal Molin, que está de Prefeito lá em Cuiabá ou lá em Sorriso, que seja, e falo: "Prefeito, existe uma máquina, uma máquina New Holland novinha. Ela está lá em Fernando de Noronha. Você consegue mandar buscar essa máquina em três dias?". Eu duvido qual o Prefeito que não fale assim: "Eu mando buscar agora", porque o Prefeito precisa da máquina. "E você vai ficar de fiel depositário dela". Ele manda buscar na hora – eu vejo Prefeitos aqui implorando por um maquinário. Não, não! Eles chegam lá e tocam fogo, tocam fogo em riqueza nacional.

    Aí eu volto: o que isso tem a ver com o que você estava falando do PT, Medeiros? É porque foi esse aparelhamento todo a serviço de organismos internacionais que foram para dentro do Ibama, foram para dentro do ICMBio, foram para dentro de todos os órgãos deste País e atravancaram o desenvolvimento, frearam, frearam tudo. Aí, é bonito, vão discursar lá em Berlim e não sei onde: "Olha a sustentabilidade!". E esse troço – vamos fazer justiça a Fernando Henrique também – começou bem antes, com Fernando Henrique. E aí começamos: vamos jogar para a galera; bonito!

    Bonito é você se desenvolver com sustentabilidade, isso sim. Mas sustentabilidade não é atravancar, não é proibir as pessoas de...

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – ... comer. Ah, está cheio de capivaras aqui e há um monte de gente morrendo de fome, mas não pode matar nenhuma capivarinha, porque aquilo ali é sagrado. "Morram de fome aí". Isso é um absurdo!

    Agora estão todos alvoraçados. Cheguei ao Parlamento europeu e vieram me perguntar: "É verdade que o Bolsonaro vai acabar com o meio ambiente?". A gente tem que responder educadamente porque sabe que essas pessoas foram enganadas por esses inconvenientes – para ser educado – que mandam essas notícias para lá. Infelizmente, os nossos cursos de jornalismo estão infestados, Senador Elmano, estão infestados desse viés.

    E quando a gente fala aqui em escola sem partido, a gente não está querendo que tirem o espírito crítico, não, Xuxu. Eu fui professor por sete anos. Não foi muito tempo. O professor vai poder discutir sim, vai poder falar sobre escravidão. Mas tudo tem limite. Não se pode enfiar a ideologia de um partido dentro de uma sala de aula. Olhe o prejuízo que está nos dando!

    Então, eu cheguei lá e me perguntaram: "Ah, o Bolsonaro vai acabar com o meio ambiente?" Eu falei: "Gente, isso é mais espuma do que chope. Isso é conversa fiada". O Brasil vai, sim, continuar lutando pelas suas belezas cênicas; o Pantanal vai continuar existindo; a Amazônia vai continuar existindo. Agora, vai ser tudo de acordo com a soberania nacional. Não vai ser uma ONG, a Opa, a Opan ou não sei quem lá – que a gente não sabe nem de onde é e com quais interesses – que vai ficar mandando aqui. Não vai ser o reinado da Dona Suely ali no Ibama que vai ficar mandando nos interesses nacionais. É a estrada 242 que não sai, é a 174 que não sai, é a 080, é a 158. A travessia da Ilha do Bananal não sai por quê? Porque eles não querem que saiam. "O Piauí não vai desenvolver porque comigo, aqui neste órgão, não sai". "Ah, mas o Senador Elmano está lutando pelo Piauí e está pedindo". "Problema dele. Este órgão aqui é que manda".

    Chega desses feudos! Estão todos alvoraçados: "Ah, Bolsonaro está dizendo que vai fazer o que falou que ia fazer na campanha!". Que bacana! Tem que fazer mesmo. Ele foi eleito para isso. Está sendo acusado de fazer o que disse que iria fazer na campanha. E o que é que ele disse que iria fazer na campanha? Que quem vai ser o Presidente da República é ele. E quem vai mandar no Brasil não vai ser o Presidente do Ibama, não vai ser o presidente da agência tal... Aliás, boa parte dessas agências vai para o brejo. Agências que não protegem... Você pega, por exemplo, essa Anac: protege os passageiros? Não protege os passageiros, Senador Elmano. Aí, você pega todas as outras, quase, e elas estão...

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – ... ao lado dos brasileiros? Estão nada! Estão nada! Então, para que servem?

    Nós temos 418 empresas estatais. Nós precisamos disso, Senador Elmano? Nós precisamos de um Estado empresário? Para quê? Nós não precisamos.

    Nós precisamos de segurança, saúde... Nós precisamos de que mais? Educação... Precisamos de estradas, mas essas também podem ser feitas por iniciativa... Podem privatizar. Mas nós precisamos de poucas coisas do Estado na nossa vida. Aliás, quanto menos Estado na nossa vida, melhor. Então, segurança, educação e saúde.

    Agora, gastaram na educação como nunca! Nunca a nossa educação foi tão ruim. Péssima! Péssima!

    Menino não precisa mais estudar, Senador Elmano. Sabe por quê? Ele vai passar de qualquer jeito. Ele vai chegar ao segundo grau lendo ou não lendo, sabendo tabuada ou não sabendo tabuada. Aliás, eu sou Relator de um projeto aqui do Senador Wilder que acaba com essa escola "ciclada". "Ah, que retrocesso", dizem uns. "A escola 'ciclada' é a coisa mais maravilhosa que existe." Sim, o projeto é lindo, mas, se não funciona, de que adianta? Porque a única coisa que se aproveitou da escola "ciclada" foi a parte que não reprova. O projeto todo dizia o seguinte: se o aluno Elmano não está entendendo a matéria, então vai ter um monitor. O monitor, Deputado Xuxu, vai chegar para o aluno Elmano para ele acompanhar o restante da turma, para, ao chegar ao final do ano, todo mundo estar sabendo a matéria. Conversa fiada! Mal existe professor. Mal têm formação os professores. Aí, chega ao final do ano, o aluno não sabe nada, passa para outra série. "Opa, os papéis estão todos bonitinhos. Indicadores, maravilhosos!". Manda o dinheiro para o Município, e está todo mundo feliz. E, aí, a mão de obra sai uma porcaria, os meninos vão para o mercado e não sabem nada... Quando precisa fazer um projeto...

    Agora mesmo, em Mato Grosso, aquelas usinas de etanol de milho: boa parte da mão de obra especializada vem de onde? De fora. Nós não temos mão de obra qualificada.

    Quando os nossos alunos da escola pública – que já foi escola boa – vão competir por aí, não conseguem competir com a escola privada. Por quê?

    E, aí, todos os anos, nos índices internacionais de medição, nós estamos lá atrás. Então, não houve educação. Gastamos com educação, e não temos uma educação que presta.

    Gastamos como nunca na saúde, Senador Elmano: você não consegue cirurgia eletiva. Está tudo aí. Tudo arrebentado. Está na mão das máfias. Tudo lascado.

    Segurança.

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Como se gasta com segurança, Senador Elmano! Eu trabalhei 23 anos na segurança pública. Olha, é um desperdício de dinheiro... E o quanto de dinheiro que se joga nesse ralo?!

    E aqui eu já falo do futuro Ministro da Justiça... Eu queria parabenizar o Presidente por voltar a unir o Ministério da Justiça, para voltar a ser um ministério forte. Agora, vou falar uma coisa, Senador Elmano: espero que seja quebrado o modelo; pedi até uma audiência ao futuro Ministro. E, Moro, não é para pedir cargo, não. Não peço cargo, não. Não quero cargo não. É para discutir segurança pública neste País, porque eu sou de um Estado em que cansei de ver cargas de fuzis, de cocaína. Elas entram, pois é um corredor, e aquilo lá está ao deus-dará. Roubam caminhonetes dos produtores, trazem cocaína e já desovam nas cidades. E aí eu fico impressionado: meu Deus, por que nós mantemos uma força-tarefa gastando milhões no Rio de Janeiro se eu posso, com metade desse dinheiro, fechar as fronteiras e pegar isso no atacado? Do que adianta eu ir fazer no varejo, Senador Elmano?

    Eu já falei isso com todos os ministros que passaram. Houve um que ficou até com raiva de mim e eu dele também. Saindo de lá eu vi que ele não gostou do que eu falei e eu também nunca mais voltei lá. Ele até perdeu o ministério, o ministério partiu em dois, mas eu vi que ele queria o Ministério só para status mesmo.

    Mas eu tenho dito: na segurança, também estamos enxugando gelo, porque nós resolvemos e, em vez de pegarmos uma tonelada de cocaína, não, vamos pegar essa tonelada em petequinha, em petequinha lá, nos bairros. Aí é muito mais dinheiro. Aí fica muito mais difícil.

    Então, nós estamos sem projeto de educação, nós estamos sem projeto de segurança pública neste País e nós estamos sem projeto de saúde. Está tudo ao deus-dará, mas não é ao deus-dará do Ministério do Meio Ambiente, não, porque é um sujeito muito competente – acho que o senhor o conhece –, é ao deus-dará mesmo, à solta, arrebentado.

    Então, Senador Elmano, já encerrando e agradecendo a sua paciência e a tolerância com o tempo, eu digo que o Brasil neste momento tem um povo chorando muito – e o choro é livre, faz parte de quem perde eleição. Mas, já que vieram aqui cantar bravata hoje de que vão para a tribuna, vão fazer isso, vão fazer aquilo, vão bagunçar, eu quero dizer que a vida vai ser dura porque nós vamos para o enfrentamento.

    Eu não tenho nada, Bolsonaro não me chamou para nada, não fui me oferecer para nada, mas eu fui eleito para defender este País e eu vou para esse enfrentamento. Eu vou para esse enfrentamento...

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – ... para defender o Estado de Mato Grosso, para defender este Brasil. Eu sei o que é ruim para o Brasil e para Mato Grosso: esse discurso da mentirada. Então, podem ter certeza de que vocês vão ter tempo ruim o tempo todo porque nós vamos para cima.

    Muito obrigado, Senador.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/11/2018 - Página 22