Discurso durante a 143ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Críticas aos entraves jurídicos e administrativos que dificultam o fortalecimento do agronegócio brasileiro; e outros assuntos.

Autor
José Medeiros (PODE - Podemos/MT)
Nome completo: José Antônio Medeiros
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Outros:
  • Críticas aos entraves jurídicos e administrativos que dificultam o fortalecimento do agronegócio brasileiro; e outros assuntos.
Publicação
Publicação no DSF de 30/11/2018 - Página 31
Assunto
Outros
Indexação
  • COMENTARIO, EXCESSO, PROTEÇÃO, MEIO AMBIENTE, LOCAL, BRASIL, CRITICA, IMPRENSA, REFERENCIA, PUBLICAÇÃO, NOTICIA FALSA, ASSUNTO, DESMATAMENTO, REPUDIO, ATUAÇÃO, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), MOTIVO, APLICAÇÃO, SANÇÃO, PRODUTOR RURAL.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT. Para discursar.) – Senador Guaracy, muito obrigado pelo brilhante. É bondade sua!

    Quero cumprimentar a todos que nos assistem pela TV Senado, que, diga-se de passagem, Senador Guaracy, eu diria que é um canhão de comunicação por este Brasil afora. A Amazônia, o Mato Grosso, enfim, o interior do Brasil acompanha a política através da TV Senado. E muitos aqui, talvez, não tenham a dimensão do que é essa Agência de Comunicação, o tanto que as pessoas acompanham o Brasil através das câmeras da TV Senado. Queria, com isso, homenagear todos os profissionais que fazem esse trabalho aqui.

    Parabenizo também V. Exa., que está aqui tão bem representando o seu Estado, o Tocantins, e presidindo esta sessão, nesta manhã de quinta-feira.

    Senador Guaracy, tem-se falado muito na questão ambiental. Agora há pouco, o Senador Randolfe falou sobre a questão da COP 25, que seria realizada aqui no Brasil. O nosso futuro Governo se pronunciou e meio que deu um freio de arrumação na questão.

    Antes de condenar ou apoiar a atitude do Governo, eu digo que, do jeito que vinha, não estava bem. E não estava bem por quê? Porque isso faz com que eu me remeta aos textos sagrados.

    Jesus dizia: "Hipócritas e fariseus! Vós que atais os ombros dos homens com pesados fardos, mas não quereis tocar nem com os dedos..."

    Na questão do meio ambiente tem sido mais ou menos assim. No Brasil tem sido cada vez mais colocados fardos nessa Nação. Cada vez mais exigências e o Brasil cumprindo todas – cumprindo todas.

    E vem um Código Florestal pesado, Senador Guaracy, e o Brasil fazendo... Os nossos produtores cumprindo tudo. E aí, não era o bastante. O Ibama, que antes era um órgão mais plural, tornou-se um órgão policial. O Ibama, hoje, é uma polícia ambiental.

    Mas uma polícia ambiental, Senador Guaracy, que recebe de fora para poder fazer o seu serviço, e não recebe pouco não, recebe em dólares da Noruega, de fundo de tudo quanto é lugar internacional. E por que recebe? Que tanto amor é esse pelo meio ambiente? Como é que de uma hora para outra passaram a ter amor pelo meio ambiente?

    Eu falei, agora há pouco, se você viajar de avião por cima da Europa, você não vai ver nem pé de grama. As margens dos rios não têm nem lodo. Aí você viaja por cima do Brasil: rio de 20m, nós temos uma margem, uma mata ciliar; rio de 100m, nós temos uma mata de tantos metros; rio de 600m, nós temos 500m de mata ciliar. E por aí vai.

    Nós temos um negócio que só o Brasil tem, a chamada reserva legal. Nos outros países, se você tem uma terra, você faz o que quiser com ela, com a sua terra. O senhor pode criar de bode a jacaré lá. O senhor pode matar, desmatar, fazer o que quiser. No Brasil, não! No Brasil, nós temos a reserva legal, nós temos as APPs, nós protegemos encostas, nós cuidamos do meio ambiente aqui no Brasil.

    Temos erros? Temos! E são extremamente penalizados. O nosso código é tão difícil! O nosso Código Ambiental é tão draconiano que ele é mais pesado do que o Código Penal.

    O Senador Magno Malta, que é bem espirituoso, diz: Se um cachorro te morder, mate o dono – mate o dono –, mas não trisque no cachorro, senão você está enrolado. Porque se você matar o dono, em três anos você está solto. E olhe lá se você vai ficar três anos..." Só para fazer um paralelo de o quanto a questão ambiental é levada a sério no Brasil.

    Todas essas reuniões que existem, seja na Europa, seja onde for no mundo, quem que é a “Geni” do meio ambiente? O Brasil. Mato Grosso, Pará, Amazonas, nossa, como desmatam! Desmatam, Senador Guaracy – desmatam. Sabe por quê? Só desmata quem tem para desmatar.

    Se nós temos uma lei que diz que se o Guaracy tem uma fazenda, ele pode desmatar 20% dela, ora, ele pode desmatar 20% dela. Então, ao final do mês, vamos ter 20% desmatados, o que significa que nós vamos ter 80% preservados, o que significa que, depois de todo o desmatamento feito na Amazônia, nós vamos ter 80% da Amazônia preservada.

    Não, esses gaiatos querem fazer matéria bonitinha para lacrar. E aí eu incluo os gaiatos que são doutrinados aqui nas universidades brasileiras, que adoram escrever, fazer o panfleto do jornal deles: "Amazônia foi desmatada tanto!". E aquela matéria deles já cai na agência internacional e vira uma praga na Europa inteira, no mundo inteiro, e aí quem quer fazer barreira comercial vai adorar. Vai fazer sabe o quê, Senador Guaracy? "Não vamos comprar o produto do Brasil. Sabe por quê? Porque é um produto que não é sustentável!".

    O SR. PRESIDENTE (Guaracy Silveira. DC - TO) – Senador, permita-me um aparte.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Por favor.

    O SR. PRESIDENTE (Guaracy Silveira. DC - TO) – O seu pronunciamento é de uma profundidade, de sensibilidade de quem conhece a Amazônia, de quem conhece o agricultor e de quem conhece o produtor rural, porque, vejamos bem, nós temos um terrorismo internacional ambientalista, que joga para cima do Brasil toda a carga em cima do nosso produtor, que é um homem simples, mas que produz riqueza. Joga para cima dele toda a dificuldade possível. Se nós pegarmos o que se exige do produtor rural é uma monstruosidade!

    Na Amazônia se pode desmatar 20%, mas tem que conservar tudo. Agora, vejamos bem, Senador, o mundo lá fica... O cara tomando uísque em Londres, em Nova York, ou na Vieira Souto, no Rio de Janeiro, na Avenida Paulista, querendo fazer ecologia para nós da Amazônia, ambientalismo para nós da Amazônia. Não podemos fazer mineração, não podemos fazer agricultura.

    Agora, não podemos fazer agricultura? Quem vai tratar do mundo?

    Senador, nada é mais estratégico do que o alimento, não é bomba atômica, não é tecnologia, não são as grandes armas, não são os novos combustíveis. A coisa mais estratégica é ter alimentos. Então, se o Brasil deixar, não atrapalhar os produtores rurais, esta nossa Nação será a maior potência do mundo, mas que nos deixem trabalhar, que não atrapalhem quem trabalha.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Muito obrigado, Senador Guaracy. Muito enriquece a minha fala o seu pronunciamento.

    E, mais, Senador Guaracy, o que me entristece é que o sujeito quer discutir meio ambiente a partir do Leblon, como V. Exa. disse. Eu estou tomando vinho Pera Manca, comendo uma costelinha de porco, o que foi produzido lá. E eu acho que aquele vinho caiu de Marte ou de algum outro lugar e que o porco não precisou vir da parte rural.

    E, para a discussão não ficar muito rasa, vamos avançar...

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Se nós somos o País, Senador Guaracy, que mais protege o meio ambiente, que mais cuida das suas encostas, que mais cuida dos rios, por que esse complexo de vira-lata da nossa própria mídia?

    Eu tenho conversado com a Frente Parlamentar da Agricultura, tenho conversado com agricultores do meu Estado e tenho dito o seguinte: "Vamos precisar mostrar o Brasil, e não é para fora; vamos precisar mostrar o Brasil para os brasileiros". Vamos pegar esses alunos dos cursos de Jornalismo, os sakamotos da vida – e eu não acredito que esse rapaz seja tão contra o Brasil, que ele tenha tanta má-fé, só pode ser desconhecimento –, vamos pegar essas pessoas e levar às margens dos rios, vamos levar...

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – ... às fazendas do Mato Grosso, vamos levar e mostrar a sustentabilidade que é o Brasil.

    "Ah, não, mas existe degradação ao meio ambiente". Existe, existe! Existe bandido em tudo que é lugar! Existe bandido na Igreja Católica, na Igreja Evangélica. Existe bandido nos morros do Rio. Isso significa que no Rio de Janeiro só existe bandido? Não. Existe bandido no jornalismo...

    Agora, aí, quando se fala em agricultura, demonizam, rotulam. Se você falar em agronegócio no Brasil, Senador Guaracy, a palavra está... Antes, era ruralista. Ruralista ficou tão demonizado que trocaram e começaram a falar agronegócio. Agronegócio também já está demonizado.

    Eu não planto um pé de feijão, porque não tenho terra, mas eu sou filho de roceiro, Senador Guaracy. Sou filho de um cidadão analfabeto que nasceu em Caicó, no Rio Grande do Norte, e foi para o Mato Grosso plantar roça – derrubava no machado, plantava roça...

    Eu vejo o seguinte: só há uma saída para o Brasil, neste momento. Amanhã ou depois, quem sabe, nós teremos um horizonte em que teremos produzido bom conhecimento, tecnologia e tal, mas, neste momento, a nossa vocação e o que nós sabemos fazer é produzir alimentos – e alimentos com qualidade. Nem industrializar nós temos feito ainda. Por exemplo: nós fazemos aí uma tonelada de algodão, lá em Mato Grosso, o que é mole de fazer lá, mas, para industrializar isso lá, não temos como. Nós não industrializamos. Nós não industrializamos nossa soja. E o nosso chocolate, Senador Guaracy? A gente faz aqui no Brasil, e quem ganha dinheiro é a Suíça, quem ganha dinheiro são os belgas.

    Voltando à questão ambiental, Senador Guaracy, esse debate precisa ser levado com a seriedade necessária, e sem ingenuidade. Nós Parlamentares não podemos, aqui, jogar na onda, jogar para a galera, jogar para a torcida. Nós precisamos aqui... Este Parlamento tem 81 Senadores, são 81 representantes dos Estados brasileiros, dos interesses nacionais. Eu digo o seguinte: se for ingênuo, se a atuação parlamentar for ingênua, o mundo nos engolirá muito fácil. É fácil barrar um gigante ingênuo, um sujeito bananão.

    Nós temos riquezas, somos um País forte, um País rico, mas o que que acontece? Vem um gaiato lá de não sei onde escrever uma tese e diz: "Olha, tem que fazer reserva não sei o quê...". Tudo bem. Aí, onde existe reserva mineral, Senador Guaracy, vêm os gaiatos e põem na cabeça dos nossos ambientalistas de boa-fé: "Vamos fazer reserva indígena em cima de onde há minério. Então, ali não pode tirar minério!"

    Aí tudo bem, colocam os índios lá em cima. Opa! Bom, então, os índios vão poder explorar, para poderem viver bem. "Não! O índio não pode triscar nesse minério aí". Bom, então, o índio vai poder fazer um manejo florestal aqui, para ele ter saúde, para ele progredir na vida; o índio vai poder vender as árvores que morrerem. "Não! O índio não pode mexer nessa árvore". Então, o índio vai poder fazer uma usina hidrelétrica no rio que passar na reserva dele. "Não! Não pode mexer". O índio vai poder plantar. "Não! O índio não pode plantar". Então, o índio é o quê? É um bicho? O índio é o quê? É um guarda ambiental sem remuneração, Senador Guaracy? É isso que esses caras querem? Então, é o seguinte: vamos deixar aquele território intacto, vamos colocar o índio lá que nem bicho para passar fome, vamos deixá-lo lá e vamos ficar de consciência limpa de que o mundo está cuidando daquele pedaço de terra lá no Brasil. E nós continuamos aqui com a nossa consciência limpa.

    Da nossa parte, nós não precisamos nos preocupar com o desmatamento, porque jamais vai haver índice de desmatamento na Europa, nos Estados Unidos ou em algum lugar, já que não há o que desmatar, já se desmatou. Aí fica aqui a gente bancando o inocente útil fazendo discurso ambiental.

    Desculpe-me, minha querida Marina. Democraticamente, eu lhe digo que você foi um inocente útil e um desserviço para o Brasil – um desserviço para o Brasil. Como você foi um inocente útil? Você quase acabou com o nosso Estado de Mato Grosso, mas Deus é justo em não ter lhe colocado na Presidência da República, porque, senão, eu não sei o que seria da economia deste País, ninguém iria poder produzir.

    Às vezes, as pessoas dizem o seguinte, Senador Guaracy: "O Medeiros é contra o Ibama". Não, eu sou totalmente a favor de um órgão ambiental, mas de um órgão ambiental decente, não de um órgão ambiental com uma procuradoria como a que tem hoje. Num país sério, estavam todos presos. Essa Presidente do Ibama estaria presa. Sabe por quê? Porque joga contra os interesses nacionais, joga contra o Brasil.

    O que o Ibama teria que fazer? Hoje o Ibama teria que passar a mão na cabeça de criminoso? Não, mas, Senador Guaracy, se passar um pente-fino... É uma pena que o Moro não tenha posto a lupa no Ibama, mas, se houver uma operação no Ibama, eu vou falar para o senhor, vai faltar cadeia. Ali há uma história de um satélite, Senador Guaracy, que bate a foto da sua terra, e o sujeito já embarga a sua terra a partir dali. Senador Guaracy, existe cada história desse satélite! O que acontece? As trades só compram hoje de área que não estiver embargada, justamente por essa questão ambiental, porque o consumidor europeu só compra de... Essa história toda ambiental. E aqui há uma história de embargar sua área, e aí você está enrolado, mas isso aí, uma hora, uma fiscalização ainda vai colocar... Isso é assunto menor.

    Vamos tratar da estrutura do Ibama. O Ibama, Senador, poderia fazer um bem imenso para o Brasil, para o Tocantins, seu Estado, para o Mato Grosso. Sabe como? Quando a gente fosse, por exemplo, fazer a travessia da Ilha do Bananal, era só não emperrar. Aquela travessia já é feita, as pessoas já caminham ali, a estrada já existe. A gente poderia fazer um trabalho bonito ali. "Não, se for fazer ali, vai demorar 30 anos. Eles não vão permitir".

    O que acontece? Nossos produtos estão sendo barrados constantemente na Rússia, na França, na Europa, em tudo quanto é lugar... A França está dentro da Europa, gente. (Risos.)

    O que acontece? Eles querem criar selos, Senador Guaracy, de certificação. Quer agência mais qualificada para dar um selo de certificação aos nossos produtos, Senador Guaracy, do que o Ibama? Por que não ser um órgão propositivo? Por que não criarmos uma agência de certificação? Não! Essa laia só sabe chegar e procurar pelo em ovo!

    Eu vi, nesta semana, a foto de uma operação, que está em todos os jornais. É uma pena que o jornalismo brasileiro, Senador Guaracy, tenha se tornado.... Olha, é difícil encontrar jornalistas – parece que só estão contratando estagiário –, porque não pode... É muita preguiça de ir a fundo na história. Você não encontra mais um jornalismo... É um copiar-colar dos infernos! O sujeito não vai atrás da matéria para ver... Então, eu vi a matéria lá, mas, pela foto, eu já comecei a desconfiar da história. Operação do Ibama: 40 milhões em multa, 8 mil hectares embargados. Está-se dizendo o seguinte – e eu pensando: "Tomara que eu esteja errado, tomara que eu esteja errado", mas aí é culpa de quem fez a matéria – na matéria, que tem uma foto: foi feita uma operação, e, ao chegar, o produtor apresentou um laudo de supressão de limpeza de pastagem, mas, quando a fiscalização chegou, notou que havia pequizeiros derrubados. Quanto eu li a matéria, eu já imaginei um cerrado fechado que haviam devastado e eles haviam apresentado um laudo de limpeza de pastagem, mas, não! Quando eu vi a foto, realmente era um pasto em que havia um pequizeiro e está lá um fiscal medindo o pequizeiro. Eu falei: "Não, o mundo está acabando mesmo. Era limpeza de pastagem mesmo". Espero que aquela foto esteja errada, que tenham colocado uma foto errada e que o Ibama realmente tenha feito a operação certa, mas, na matéria, está lá um pequizeiro solteiro no meio de um pasto. Senador Guaracy, se um fazendeiro não puder derrubar um pequizeiro... Sabe por quê? Um pequizeiro sozinho não se reproduz mais, ele precisa de outras árvores para se reproduzir. Então, mais dia, menos dia, ele ia morrer. Agora, vão lá e inviabilizam toda a sua produção, com 40 milhões de multa.

    Há poucos dias, chegaram aos índios parecis, e os índios estão produzindo. Com autorização, formaram um TAC com o Ministério Público, Judiciário, Funai, tudo certinho. Chega o Ibama lá e multa os índios em R$130 milhões – R$130 milhões! Como é que essas criaturas vão viver daqui para frente? Os parecis ainda podem sobreviver, porque há um pedágio – na época, foi o Governador Blairo Maggi que fez – e eles sobrevivem ali, mas os nambiquaras, lá em cima, estão passando fome, porque embargaram... Eles plantaram mil hectares – eles têm milhões de hectares de terra e plantaram mil hectares.

    Eu sou assim, Senador: se o índio quiser viver nu, se ele quiser viver numa rede, lá no meio da floresta, e não quer mexer com nada, beleza, deixe o índio, mas, se ele quiser produzir, se ele quiser viver como o restante dos brasileiros, por que não permitir, Senador Guaracy? Os índios norte-americanos: em Las Vegas, aqueles cassinos pagam para eles, aquilo ali tudo é deles. Aí os nossos não; os nossos, de acordo com o Ibama, têm que ficar lá.

    E mais. Esses dias, houve uma que foi demais. Houve um índio que foi preso lá por uma fiscalização do Ibama, Senador Guaracy, porque estava caçando na reserva indígena. Ele estava caçando na reserva indígena e foi preso! O cacique me contou aqui no meu gabinete. Eu falei: "Não, mas aí é chover para cima!" Um índio foi preso, porque estava caçando! Então, para que diabo é esse mato? O índio foi preso, porque estava caçando! "Ah, não era porque estava caçando, era porque ele estava com espingarda". Meu Deus do céu, que diferença faz se ele vai matar o bicho com uma flecha ou com uma espingarda?! Então, há umas coisas aqui no Brasil que precisam mudar.

    É por isso que, quando eles ficam aqui chorando, eu tenho dito para eles: "Se vocês não tivessem cometido pecado, por que será que Deus colocou Bolsonaro no caminho de vocês?" Usaram e abusaram do brasileiro, usaram e abusaram desta Nação, Senador Guaracy. E aí, de repente, chega uma hora em que um Presidente chega e fala: "Ah, vai ter conferência climática? Não quero saber de conferência climática". Pode até, amanhã ou depois, ele falar: "Não, vamos discutir, mas vamos discutir nesses termos". O fato aqui não é se vai haver a conferência climática ou se não vai haver, é o que se discute nessa coisa, porque o País que protege encosta, o País que protege as matas ciliares... É o único País do mundo neste momento que está preocupado realmente com o meio ambiente e é o mais enxovalhado; é a geni, é o judas toda vez em que se reúnem. Se se reúnem na Alemanha, é para meter o pau no Brasil! Em tudo que é lugar!

    E mais, e mais: há gente bem-intencionada nisso, mas são todos usados como instrumento para fazer barreira comercial contra o Brasil, para não comprar nossa carne, para não comprar nosso óleo de dendê, para não comprar nossa soja. Por quê? Porque é difícil enfrentar este gigante, Senador Guaracy. Porque nós desenvolvemos tecnologia pela qual, no Cerrado, que só dava mandioca e peba, conseguimos dar os maiores índices de produtividade do mundo. Como é que você enfrenta um País deste?

    O SR. PRESIDENTE (Guaracy Silveira. DC - TO. Fora do microfone.) – ... sacos de soja por hectare.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Por hectare. Como é que você enfrenta um gigante deste?

    E mais: Deus ainda fez um negócio aqui – eu não sei porque Ele fez, mas Ele fez conosco –: há aqui as estações bem definidas. Aqui quando é sol, é sol, quando é chuva, é chuva, e você sabe quando as coisas vão mudar. Então, o cara planta aqui já sabendo que, em tal dia, vai chover. Então, o agricultor brasileiro já está fazendo até quatro safras por ano e já está conseguindo fazer pecuária no meio da lavoura. Ao terminar uma safra, Senador Guaracy, ele joga o gado no meio da palhada do milho, o gado fica comendo aquelas espigas que estão ali, amassa a palha; aquilo ali vira adubo; ele tira o gado, ali já começa o plantio da soja e por aí vai.

    O SR. PRESIDENTE (Guaracy Silveira. DC - TO. Fora do microfone.) – Lavoura contínua.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Exatamente, lavoura contínua.

    Este é o Brasil. Aí, em vez de a gente pegar isso e incentivar o produtor... O Guaracy é um produtor; eu vou lá e, em vez de eu o premiar, não, eu o demonizo. As nossas crianças são acostumadas a ver na escola o produtor aqui no Brasil como um bandido. Aqui nesta Casa, boa parte dos Senadores acha que o nosso produtor é um escravagista.

    Agora, é por isso que eu digo: as pessoas que chegarem aqui têm que ser convidadas a irem às fazendas...

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – ... e verem, Senador Guaracy, como são as cozinhas das nossas fazendas no Brasil. São mais chiques que as de muitos hotéis de luxo. Como é o alojamento das pessoas nas fazendas do Brasil? Mais chiques do que muitas casas. Como são as casas das famílias que moram nas fazendas?

    Nós não podemos pegar o Brasil pela exceção. Onde houver gente fazendo trabalho escravo, pau nele, prendam esse sujeito, levem aos ferros. Agora, não vamos tratar esse por aqueles. Aí todo o nosso produto fica contaminado.

    Nós pegamos aqui um exemplo, Senador Guaracy: a Operação Carne Fraca. E aqui este recado vai para a Polícia Federal. É muito competente a Polícia Federal brasileira, mas aqui vai: nós precisamos de vivência; nós precisamos que seja... Como é aquele versículo, Senador Guaracy? Seja prudente como... Mas sagaz como a serpente...

    O SR. PRESIDENTE (Guaracy Silveira. DC - TO. Fora do microfone.) – Simples como a pomba e sagaz como a serpente.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Seja simples como a pomba, mas sagaz como a serpente. A Polícia Federal tem feito um trabalho extraordinário pelo Brasil, mas não pode cometer erros como aquele da Carne Fraca. Aquilo foi um prato cheio para os nossos detratores mundo afora. Nós temos que fazer o quê? Se há os joesleys da vida, se há vagabundos aqui nas nossas plantas frigoríficas, vamos lá no quietinho, vamos pegar esses vagabundos. Cadeia neles! Agora, não vamos passar a imagem para o mundo de que nosso produto todo é porcaria. Não vale, não compensa a entrevista. Simples como a pomba, mas temos que ser prudentes.

    Mais uma coisa – e já me encaminho para o final, Senador Guaracy. Nós estamos agora caminhando para um novo Governo. Nós estamos com um pessoal que desapeou do Governo. Foram praticamente 20 anos de essa ideologia aí no Brasil, que é a ideologia do "jogar para a galera", do politicamente correto e de tudo vai. Tudo é para agradar os 100%... Ronald Reagan dizia... Não, Ronald Reagan, não, Clinton... Clinton, não, Kennedy... Hoje eu estou confuso. Dizia: "Eu não sei o segredo do sucesso, mas o do fracasso é querer agradar todo mundo". E o que se tem feito no Brasil ultimamente é isto: têm se tentado agradar todo mundo e têm acabado com o País. Essa é a grande verdade.

    O que é que acontece? Essas pessoas perderam o poder – perderam. E engraçado é o seguinte: dizem que poder não se dá, poder se toma, mas ninguém tomou o poder deles, não, Senador Guaracy; eles perderam por si sós. Eles perderam, porque zombaram dos brasileiros, zombaram da fé dos brasileiros.

    E, quando eu digo zombar da fé, só vou abrir um parêntese. Há poucos dias, um sujeito achou bonito subir em um palco e dizer: "Jesus é a bicha do céu, Jesus é o travesti do céu". Eu o desafiei a falar isso de Maomé. Não fala, não fala! É muito corajoso para falar da fé dos cristãos. E ele foi ovacionado; anteontem, ele estava em um programa sendo ovacionado, virou uma personalidade...

    Essa turma, esse bolinho zombou da nossa fé, porque o Brasil é um país cristão. Evangélicos e católicos...

    O SR. PRESIDENTE (Guaracy Silveira. DC - TO. Fora do microfone.) – São 92%.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – São 92%.

    Fizeram as marchas por aí onde pegavam os símbolos católicos e os vilipendiavam nas ruas.

    Eu, por exemplo, sou presbiteriano, os evangélicos tem por norma... Eles não veneram a Virgem Maria. Agora tem que ver o seguinte: os evangélicos dizem, e todos acreditam...

    O SR. PRESIDENTE (Guaracy Silveira. DC - TO. Fora do microfone.) – Mas honram.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Eles honram, porque a Virgem Maria foi a mãe de Jesus, e eles creem em Jesus, e nós respeitamos.

    Agora, essas pessoas pegaram a imagem da Virgem Maria, que para os católicos é um símbolo sagrado... Esses crápulas foram para as ruas vilipendiar o símbolo maior do catolicismo, que é a Virgem Maria. O que ganham com isso?

    Isso está tudo em um bolo: essa questão ambiental, essa questão cultural. Foi por isso que esse povo derreteu e saiu do poder.

    Por que eu estou fazendo esse link todo, Senador Guaracy? Porque eu estava na Europa agora e vi uma carta direcionada ao Presidente da Comissão Europeia, do Parlamento Europeu, enviada por vários Parlamentares desse grupinho da bancada do atraso, similar ao que existe no Brasil, dizendo que era para encerrar qualquer negociação com o Mercosul, porque o Brasil não era mais um País democrático, porque o Brasil é um País que não respeita o meio ambiente e por aí vai, uma série de coisas. Engraçado... Diziam também que, naquele momento, o Presidente Lula estava preso, que ele havia sido retirado do processo democrático de forma antidemocrática e que o processo eleitoral no Brasil foi fraudado. Veja bem: não foi pouca gente, não; foram Deputados do Parlamento Europeu que estavam fazendo isso.

    Eu pergunto, Senador Guaracy: o senhor já ouviu esse discurso em algum lugar? Essa história de que Lula foi injustiçado... O senhor já ouviu? A nossa luta daqui por diante será a seguinte... Essa galerinha que diz que gosta do Brasil não gosta não, Senador; trabalha contra o País o tempo inteiro...

    O SR. PRESIDENTE (Guaracy Silveira. DC - TO. Fora do microfone.) – Contra a Nação brasileira.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Contra a Nação brasileira. Eles estão agora dizendo...

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Eles estão agora dizendo que vão fazer um negócio para rodar o mundo para esclarecer o que está acontecendo no Brasil. Pelo contrário, não é para esclarecer, não.

    Assim que terminou o impeachment aqui, eu ouvi aqui uma patotinha dizendo que iria para Portugal falar no Eurolat, no Parlamento português, onde haveria uma reunião dos Parlamentares latino-americanos e europeus, quando eles iriam explicar o golpe que estava acontecendo no Brasil.

    Eu pedi permissão, aqui, na época, ao Senado e fui representando o Senado brasileiro. Eles não sabiam que eu estava lá. Eu fiquei lá atrás, mas eu já estava inscrito para falar. Começaram a cantilena. Quando mentiram bastante, eu pedi a palavra e falei que houve um processo interno dentro do Brasil, um processo que começou na Câmara, que obedeceu ao rito da lei, ao rito feito pela Corte Suprema e que estava terminando no Senado. Eu disse que era um processo interno do Brasil de acordo com as leis brasileiras e que, então, onde estava a falta de democracia nisso?

    A cantilena dessa turma de Venezuela, Bolívia et caterva era que o Brasil estava num momento de exceção. Eu gostei da fala de um Parlamentar argentino: "Se há um processo interno, se as duas Câmaras julgaram, se está tudo dentro da Constituição brasileira, por que nós estamos tratando deste assunto aqui?" Mas as pessoas não se contentam, querem bater lata lá fora.

    O que eu digo é o seguinte: os brasileiros precisam ficar atentos. E por que estou dizendo isso aqui? Porque nós precisamos, como Parlamentares, a cada dia, vir desmistificar isso aqui, porque, senão, daqui a pouco, o próprio Brasil vai pensar que isso é verdade, da mesma forma que acha que todo mato-grossense é desmatador, é escravagista, é bandido, que todo tocantinense, Senador Guaracy, é desmatador, é depredador do meio ambiente, pois isso aos poucos foi deixando. Então, enquanto eu estiver aqui representando o Estado de Mato Grosso, enquanto eu estiver representando o Brasil, eu virei aqui fazer esse contraponto. Nós somos a favor do meio ambiente, somos a favor da proteção ao meio ambiente, somos a favor da preservação dos peixes, da fauna, da flora. Agora, somos contra a hipocrisia, somos contra a mentira, somos contra o desconhecimento.

    E convidamos as universidades para jornalistas, os cursos de jornalismo a visitarem, a fazerem a inscrição até na Aprosoja, em Mato Grosso. Podem fazer! Eu não tenho dúvida de que a Aprosoja vai ter o prazer de custear a ida de seus alunos para visitar as fazendas para mostrarem – pode ser a que vocês escolherem, não será a escolhida por eles, não, mas a que vocês escolherem –, no Mato Grosso, no Tocantins, no Amazonas, como é produzido o algodão, como é produzida a soja, como é produzido o arroz, como é a produção brasileira, para vocês verificarem se é sustentável ou não. E eu não tenho dúvida de que, a partir daí, os artigos começarão a retratar a realidade. E também vocês vão poder fazer um comparativo entre a produção sustentável e a que não é sustentável.

    O SR. PRESIDENTE (Guaracy Silveira. DC - TO) – Senador Medeiros, V. Exa. me fez lembrar de um ditado do chefe da comunicação nazista, Goebbels, que dizia: repita uma mentira mil vezes que ela se tornará verdade inquestionável.

    O seu pronunciamento é o de quem ama o Brasil e de quem conhece o Brasil. Eu lhe concedi muitos minutos a mais, mas devia conceder-lhe o dia inteiro, porque o seu pronunciamento realmente enriquece. E muitos precisam saber. Temos de ter cuidado. Vamos respeitar os ambientalistas, mas combater o terrorismo ambiental, porque condenam principalmente a nós os amazônidas, que nascemos na riqueza e vamos ser sepultados na riqueza, mas que temos que viver na pobreza. A sua voz é pertinente.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Muito obrigado.

    O SR. PRESIDENTE (Guaracy Silveira. DC - TO) – E, como V. Exa. é presbiteriano, eu não podia deixar de inserir no seu pronunciamento que ontem nós celebramos 461 anos da primeira realização de um culto evangélico no Brasil feito por presbiterianos, os huguenotes, que vieram da França para cá. Ontem fizemos 461 anos do primeiro culto evangélico no Brasil.

    A primeira ceia foi realizado em 21/03/1557, quando também foi organizada a primeira igreja evangélica no Brasil. A expedição enviada por Calvino, fundador do presbiterianismo, foi toda assassinada 11 meses depois, em 09/02/1558, numa trama dos jesuítas, mas o sangue derramado desses missionários foi semente lançada em terras brasileiras que, ao longo do tempo, transformou o Brasil numa das maiores nações evangélicas do mundo.

    Somos hoje 30% e estamos muito mais perto de todos os cristãos brasileiros defendendo a Pátria, a família e as verdades.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Muito obrigado, Senador Guaracy, por fazer essa lembrança.

    E aqui já estendo também as minhas homenagens a todo o público presbiteriano, a todos os evangélicos, a todos os cristãos do Brasil, a todos os católicos, porque hoje, Senador Guaracy, essas pessoas que tanto atentaram contra a nossa fé conseguiram uma coisa que não existia no Brasil: conseguiram unir católicos e evangélicos, conseguiram unir novamente os cristãos...

    O SR. PRESIDENTE (Guaracy Silveira. DC - TO. Fora do microfone.) – Em defesa da família.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – ... em defesa da família, em defesa da Pátria, em defesa do Brasil.

    Eu o agradeço muito por essa tolerância.

    Eu quero dizer que temos que continuar como atalaias, avisando o nosso povo contra as armadilhas que vêm daqui para frente. Eu não tenho dúvida de este Presidente que vai entrar vai precisar de muita oração dos católicos, dos evangélicos, porque a luta será incessante.

    Aqui faço as palavras do grande Senador Magno Malta que sempre diz... Vejo ultimamente as pessoas falando: "Ah, ele está rompido com Bolsonaro. Ah, o Bolsonaro não gosta dele".

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – "Ah, ele está pedindo cargo". Mentira. O Senador Magno Malta não pediu cargo, não. O Senador Magno Malta falou: "Encerro participação na campanha dia 28. Meu compromisso é eleger Bolsonaro". E assim o fez. Ele está no seu sítio, recluso, mas, lógico, como foi combativo, como combateu toda essa catrevagem, agora ficam chutando a imagem, tentando destruir a imagem pública do Senador Magno Malta. Ele é um grande brasileiro e ele dizia: "Esse povo só conseguiu nos unir".

    Eu não tenho dúvida de que nós temos uma grande tarefa daqui para frente, Senador Guaracy, que é fazer o contraponto, para que os brasileiros possam tirar as suas próprias conclusões, porque até agora só houve um discurso, só um lado, só o Goebbels, de um lado...

    E, por falar em Goebbels, houve uma vez um Senador dessa turma que subiu a esta tribuna – eu não poderia deixar de contar esta – e disse o seguinte: "Churchill, o Presidente da Inglaterra, tinha um secretário que disse uma vez que uma mentira contada mil vezes vira verdade". E um outro Senador, muito espirituoso, falou assim: "Senador, desça daí antes que eu faça um aparte". (Risos.)

    Primeiro, Churchill nunca foi Presidente, ele era Primeiro-Ministro; e esse Secretário, na verdade, era de Hitler, era o Goebbels.

    Muito obrigado, Senador Guaracy. Quero parabenizá-lo mais uma vez pela bela condução dos trabalhos.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/11/2018 - Página 31