Discurso durante a 149ª Sessão Especial, no Senado Federal

Sessão Especial do Senado Federal destinada a homenagear os 80 anos de criação do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República.

Autor
Cristovam Buarque (PPS - CIDADANIA/DF)
Nome completo: Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Sessão Especial do Senado Federal destinada a homenagear os 80 anos de criação do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República.
Publicação
Publicação no DSF de 07/12/2018 - Página 47
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • SESSÃO ESPECIAL, SENADO, OBJETIVO, HOMENAGEM, ANIVERSARIO, CRIAÇÃO, GABINETE DE SEGURANÇA INSTITUCIONAL, PRESIDENCIA DA REPUBLICA.

    O SR. CRISTOVAM BUARQUE (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PPS - DF. Para discursar.) – Sr. Presidente, autoridades da Mesa, Gen. Etchegoyen, senhoras e senhores, eu creio que no Brasil, não sei se por sermos uma Nação muito jovem, não é todo dia em que podemos comemorar uma instituição com 80 anos; não são muitas se formos olhar. Além disso, é uma instituição que tem demonstrado um compromisso tão fundamental com a Nação como um todo, e, sobretudo, há a coincidência de que, neste momento, nós temos na chefia uma pessoa, um patriota, um homem brilhante como Sérgio Etchegoyen.

    E digo isso não apenas pelo que leio, mas por uma visita que fiz a ele uma vez e por uma conversa longa que tivemos. Era um momento em que eu estava muito preocupado com a situação brasileira e comecei a procurar pessoas, inclusive o Presidente Collor. E fui conversar com ele e disse que queria conversar apenas para saber como estavam as coisas no Brasil dali para frente. E tivemos uma conversa que me deixou gratificado, especialmente porque, na conversa, surgiu o nome dessa outra figura formidável, que é o Gen. Eduardo Villas Bôas, que foi colega de infância, de toda a vida, creio que até dos próprios pais, que foram amigos também.

    E, neste momento em que a gente vai iniciar um novo Governo, eu quero dizer que fico preocupado com a saída desses dois nomes do cenário. Sinceramente, General, quando o senhor falou em despedida, eu senti um friozinho no coração, porque o senhor e o Villas Bôas passam ao Brasil uma tranquilidade para os próximos 80 anos. E creio que, nesta Casa aqui, cada vez que vamos fazer uma homenagem pelo tempo que passou, a gente deve se preocupar com o tempo que vem. E nós precisamos de algumas coisas, democracia, por exemplo. Vocês representam uma grande segurança para todos nós. Estabilidade, estabilidade das instituições, da moeda, que muitos até hoje desprezam como se fosse uma coisa menor. Estabilidade da moeda é fundamental para qualquer nação. Um país tem bandeira, tem hino e tem moeda, e nós nos acostumamos, no Brasil, a não respeitar a moeda como um símbolo fundamental. Daí sermos campeões mundiais na quantidade de moedas. Nenhum outro país teve tantas moedas ao longo do século XX.

    Além da estabilidade e da democracia, a segurança. Um país sem segurança não funciona. E vocês representam isso. E a segurança exige inteligência, inteligência da educação, dando inteligência a todos os 210 milhões, e inteligência no sentido que se usa de conhecer as coisas que estão acontecendo no mundo. Nós precisamos nos abrir para saber que o mundo está nos deixando para trás. Países que há 40 anos tinham a metade da renda per capita brasileira hoje têm o dobro, como a Coreia do Sul. A China, que tinha menos, 10%, hoje tem mais do que o dobro. É preciso inteligência para que saibamos o que está acontecendo no mundo e inteligência para sabermos o que está acontecendo no Brasil. E uma coisa que talvez seja preciso acrescentar à preocupação com segurança é o quadro social. Não é seguro um país que hoje, como a gente vê pelo noticiário, tem a quantidade de pobres, tem a quantidade de pessoas na miséria, mais grave do que a pobreza, que o Brasil tem. Esse é o vetor de insegurança, inclusive moral, pela vergonha que a gente termina sentindo.

    E aí, para não deixar de falar – senão, vocês vão achar que eu até já me despedi –, a importância da educação como vetor de unidade nacional, da educação como vetor do progresso, sobretudo em um tempo em que o verdadeiro capital é o conhecimento. A Itália – concluindo – não era um país há 160 anos. Isso se fez com as crianças na escola e os jovens nas Forças Armadas. A Itália nem idioma tinha; eram muitos idiomas. Foi preciso ensinar italiano aos italianos. Foi na escola que as crianças aprenderam e foi no Exército que os jovens de diferentes principados se fizeram italianos. O Brasil precisa de soldados e de professores, e eu fico contente que estejam homenageando uma instituição militar e, através dela, uma figura militar com a liderança que o senhor tem, General.

    Muito obrigado por ter cumprido esse papel. Eu espero que seu substituto, ou substitutos, no plural, porque talvez seja preciso de mais de um, seja capaz de continuar passando a tranquilidade, a segurança que o senhor nos passou.

    Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/12/2018 - Página 47