Pronunciamento de Fátima Bezerra em 10/12/2018
Discurso durante a 151ª Sessão Especial, no Senado Federal
Sessão especial destinada a entregar a Comenda de Incentivo à Cultura Luís da Câmara Cascudo.
- Autor
- Fátima Bezerra (PT - Partido dos Trabalhadores/RN)
- Nome completo: Maria de Fátima Bezerra
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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HOMENAGEM:
- Sessão especial destinada a entregar a Comenda de Incentivo à Cultura Luís da Câmara Cascudo.
- Publicação
- Publicação no DSF de 11/12/2018 - Página 9
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM
- Indexação
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- SESSÃO ESPECIAL, SENADO, OBJETIVO, ENTREGA, COMENDA, INCENTIVO, CULTURA.
A SRA. FÁTIMA BEZERRA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RN. Para discursar.) – Sr. Presidente, (Fora do microfone.) Sras. e Srs. Parlamentares, meus estimados agraciados e agraciadas, demais convidados, meus senhores e minhas senhoras, os que nos assistem pela TV Senado, os que nos acompanham pela Rádio Senado e pelas redes sociais, primeiro, quero dizer da minha emoção e alegria porque aqui fala não apenas a Senadora, representante do povo potiguar, mas aqui fala a professora.
Mais uma vez, agradeço ao povo potiguar por tantas oportunidades que me deu, inclusive esta, de ver hoje um projeto de resolução de minha autoria, que institui a Comenda de Incentivo à Cultura Luís da Câmara Cascudo, ter a sua primeira edição aqui no Senado Federal.
Confesso, Daliana, que o seu avô foi um homem que encantou não só sua província, não só Natal, não só o Rio Grande do Norte, o Nordeste: seu avô encantou o mundo inteiro e continua encantando.
O fato é que, quando cheguei aqui no Senado Federal, descobri que o Senado Federal acertadamente tem iniciativas extremamente meritórias de homenagear aqueles e aquelas que contribuem e contribuíram para o desenvolvimento do nosso País, seja na área social, seja na área cultural, seja nas mais diferentes áreas. Por exemplo, o Congresso Nacional tem uma medalha, para incentivar e homenagear aqueles que lutam em defesa da educação, que leva o nome nada mais nada menos do que Darcy Ribeiro. O Senado, por exemplo, tem uma comenda, para incentivar e reconhecer a luta das mulheres, que leva o nome de Bertha Lutz. O Senado Federal, Paim, tem também uma comenda de valorização, de incentivo, para promover a luta tão importante em defesa dos direitos humanos, que merecidamente leva o nome de Dom Hélder Câmara. E eu descubro que não havia nenhuma iniciativa no campo da cultura; aí eu digo: "Não! Vamos apresentar uma sugestão para que o Senado também institua esta Comenda". E não tive nenhuma dúvida, Daliana: quando tive essa ideia, a primeira coisa que veio à minha cabeça era exatamente a figura de Luís da Câmara Cascudo.
Então, esta é a primeira edição da Comenda de Incentivo à Cultura Luís da Câmara Cascudo, destinada a agraciar personalidades, instituições ou grupos que desempenharam ou desempenham papel relevante no fortalecimento da cultura, do folclore e dos saberes tradicionais no Brasil. Esta é uma forma de prestigiar a imensa obra do escritor, jornalista, historiador e folclorista Câmara Cascudo – fiquei emocionada –, que é considerado um dos maiores estudiosos do mundo no que diz respeito ao estudo da cultura popular e ao estudo do folclore.
Não poderia deixar de registrar o imenso orgulho que tenho, na condição de representante do povo potiguar, de ter sido a autora do projeto de resolução que instituiu essa Comenda no âmbito do Senado Federal, essa Comenda que de maneira muito simbólica tem o nome de Luís da Câmara Cascudo.
Luís da Câmara Cascudo dedicou-se ao estudo da história, da cultura e do folclore brasileiros e publicou diversas e importantes obras, entre elas: Antologia do Folclore Brasileiro (1943); Geografia dos Mitos Brasileiros (1947); História do Rio Grande do Norte (1955); Jangadas: Uma Pesquisa Etnográfica (1957); Rede de Dormir (1959); Nomes da Terra, (1968); A Vaquejada Nordestina e Suas Origens (1974); e Antologia da Alimentação no Brasil (1977). Sua obra completa engloba mais de 150 volumes.
A matéria-prima de seu trabalho era o povo brasileiro. Ele estudava o homem a partir de suas histórias, das diferentes origens, dos romances, das poesias e, principalmente, do folclore.
Para os estudiosos de Câmara Cascudo, o seu grande e singular mérito foi o de fazer um vasto trabalho de documentação de microrrealidades ao longo de décadas de ação. Um trabalho que resultou em vasta contribuição para a reflexão de muitos pensadores brasileiros.
Câmara Cascudo nasceu em Natal, Rio Grande do Norte, no dia 30 de dezembro 1898, e faleceu também em Natal, no dia 30 de julho de 1986. Sua obra, no entanto, permanece viva. A Comenda de Incentivo à Cultura Luís da Câmara Cascudo representa uma homenagem póstuma a esse grande brasileiro.
O Conselho da Comenda de Incentivo à Cultura Luís da Câmara Cascudo, composto por um representante de cada partido político com assento no Senado Federal, nesta primeira edição deliberou por conferir a Comenda a Antônio Francisco, meu querido poeta sonhador potiguar; a Nelson da Rabeca, ex-cortador de cana, músico e compositor do Estado de Alagoas, que daqui a pouco vai encantar a todos nós com a sua rabeca; ao querido amigo Nilson Rodrigues da Fonseca, empresário, produtor cultural nas áreas de cinema, teatro e televisão e ex-diretor da Ancine; a Pedro – olha o Pedro aqui –, ator com síndrome de Down que vem superando preconceitos e expondo, Pedro, seu talento na televisão, no teatro – é muito legal ter você aqui –; e à Câmara Brasileira do Livro, meu querido Torelli, que merecidamente recebe essa Comenda – é uma a alegria de ter tido a oportunidade de fazer a sugestão, pelo reconhecimento que eu tenho do papel extremamente relevante, e digo isso porque fomos parceiros durante bom período; eu inclusive, como coordeno aqui a Frente Parlamentar Mista em Defesa do Livro, da Leitura e da Biblioteca, quero dizer, então, da enorme alegria de ver a Câmara Brasileira do Livro presente já nessa primeira edição recebendo a Comenda Câmara Cascudo, pelo papel muito relevante que vocês têm desempenhado na promoção do livro e da leitura no nosso País –; e ao Museu da Gente Sergipana, Senadora Maria do Carmo, esse protagonismo, porque inclusive é o primeiro museu interativo, enfim, do Nordeste.
Mas o Conselho deliberou por homenagear também, in memoriam, grandes figuras. Mais uma vez – permita-me – o chão um potiguar aqui presente, porque, in memoriam, nós vamos homenagear hoje Deífilo Gurgel, um dos ícones, um discípulo de Cascudo e, portanto, um grande folclorista do Rio Grande do Norte. Aqui também outra homenagem merecida, in memoriam, por sugestão do Senador Lasier, a João Carlos D' Ávila Paixão Cortes, radialista e pesquisador da cultura gaúcha; e a Romualdo Rosário da Costa – sugestão da Senadora Lídice –, mais conhecido como Mestre Moa do Katendê, capoeirista baiano, que foi vítima destes tempos de intolerância política que nós estamos vivendo.
Por isso que é tão importante falar do Cascudo, não é Daliana? Porque é falar de livros, é falar de cultura. Mas, por fim, a pessoa, a filha de Câmara... Mais uma vez eu vou ter que fazer um registro aqui, porque aí, realmente aqui foi um equívoco, enfim, da assessoria, porque, evidentemente, Daliana, ali no Rio Grande do Norte há muitos anos todos sabem o apreço que tenho por você e por toda a família e sei que você não poderia ser filha de Cascudo, não é? Você é neta, embora uma filha também...
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. FÁTIMA BEZERRA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RN) – Duas vezes, exatamente. Perfeito!
Mas, na pessoa da neta de Câmara Cascudo, Daliana Cascudo, aqui presente, gostaria e muito de agradecer aos integrantes do Conselho da Comenda de Incentivo à Cultura Luís da Câmara Cascudo e de homenagear todos aqueles que hoje recebem a Comenda, convidando agora o poeta popular cordelista Antônio Francisco, o nosso querido sonhador, para aqui trazer a sua poesia.
Muito obrigada.