Pela Liderança durante a 158ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação com possível demissão de trabalhadores no Complexo Portuário e Industrial de Suape.

Autor
Humberto Costa (PT - Partido dos Trabalhadores/PE)
Nome completo: Humberto Sérgio Costa Lima
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
TRABALHO:
  • Preocupação com possível demissão de trabalhadores no Complexo Portuário e Industrial de Suape.
Publicação
Publicação no DSF de 19/12/2018 - Página 22
Assunto
Outros > TRABALHO
Indexação
  • APREENSÃO, POSSIBILIDADE, DEMISSÃO, GRUPO, TRABALHADOR, PORTO DE SUAPE.

    O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PE. Pela Liderança.) – Sr. Presidente, Sras. Senadoras, Srs. Senadores, os que nos acompanham pela TV Senado, pela Rádio Senado, pelas redes sociais.

    Sr. Presidente, o Brasil está diante de uma realidade que nós já antecipávamos, antes mesmo da consumação do golpe de 2016 contra a Presidenta Dilma.

    Era evidente que a agenda proposta pela chamada Ponte para o Futuro, documento do PMDB pautado numa proposição tipicamente neoliberal, levaria ao desmonte dos programas sociais, ao aumento da pobreza, à perda de direitos e à venda acelerada do patrimônio nacional. Em dois anos e meio, não aconteceu outra coisa que não fosse isso.

    Programas como o Bolsa Família, o Minha Casa, Minha Vida, o Ciência sem Fronteiras, o Pronatec e o Mais Médicos estão ou completamente desmontados, ou reduzidos de forma significativa.

    O aumento da pobreza é evidente, crescendo em mais de 2 milhões só no último período, já atingindo 55 milhões de brasileiros.

    O desemprego ultrapassa a faixa de 13 milhões de pessoas, desemprego esse que só fez se agravar com a aprovação da reforma trabalhista, aliada ao crescimento do subemprego, da precarização do trabalho no País. E, para completar o cenário de uma economia estagnada, em que não há crescimento praticamente de nenhum setor, empresas importantes e com papel estratégico para o Brasil, como a Petrobras, vão sendo progressivamente desmontadas.

    Nesse sentido, eu quero aqui tratar especificamente da situação do Estado de Pernambuco.

    O Governador Paulo Câmara tem feito um grande trabalho para vencer esse cenário não só de crise, mas também o cenário de retaliação pelo qual Pernambuco está passando, desde o início da gestão Michel Temer.

    O Estado que foi considerado, recentemente, o quarto mais eficiente do Brasil – o único no Norte, Nordeste e Centro-Oeste, na relação divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo –, onde o Ideb tem mostrado que a educação tem avançado, apesar de toda a crise nas contas das unidades federadas, Pernambuco está ainda com as suas finanças em dia e honrando os seus compromissos.

    No último trimestre, o PIB do Estado cresceu 2,5%, mostrando uma forte resiliência a essa péssima maré econômica que engole o Brasil.

    Mas, a despeito dos dados positivos, algo de muito ruim, Sr. Presidente, está acontecendo no coração de um núcleo estratégico de Pernambuco, que terá reflexos profundamente nefastos, muito em breve, sobre a economia do Estado.

    O Complexo Portuário e Industrial de Suape, um dos mais importantes do Brasil, que abriga cerca de 20 mil trabalhadores, deve demitir, somente neste mês de dezembro, mais de 800 pessoas ligadas às atividades econômicas naquela área. É um reflexo direto do desmantelamento pelo qual passa a indústria naval do País, em que estaleiros como os instalados em Pernambuco, o Atlântico Sul e o Vard Promar, estão desligando mais de 600 empregados, porque não contam mais, especialmente, com as encomendas da Petrobras nem com o crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, para buscarem a sua reestruturação e assumirem novos contratos internacionais.

    Em outra ponta, esse sucateamento da Petrobras também esfacela a Refinaria Abreu e Lima, que vem perdendo a sua importância estratégica, e a tem levado, diuturnamente, a romper contratos fundamentais, como o que mantinha com a empresa Qualiman, para a construção de Unidade de Abatimento de Emissões Atmosféricas, o que, em consequência, ameaça diretamente outros 1.200 postos de trabalho hoje existentes na contratada.

    É um quadro de desolação, tendo em conta que, somente este ano, foram mais de mil desligamentos em Suape. Um estaleiro como o Atlântico Sul, que já teve 11 mil trabalhadores, hoje não tem mais do que 2 mil, com uma meta de chegar a 1,3 mil no ano que vem – cair para 1,3 mil.

    O que se vê é um severo desmonte de um polo de empregos que chegou a reunir mais de 60 mil trabalhadores diretos e, agora, está criminosamente abandonado por essa política nefasta implantada pelo Governo Michel Temer, especialmente no que diz respeito ao encolhimento da Petrobras.

    Não por outra razão, Pernambuco está amargando a quarta maior taxa de desemprego do País, com quase 17% da população economicamente ativa sem trabalho. E, às vésperas do Natal, essas ações desastrosas e tacanhas de Temer ameaçam a estabilidade de outros milhares de famílias.

    A situação, especialmente no Cabo de Santo Agostinho e em Ipojuca, é desesperadora. Aumentam a violência, a prostituição, a pobreza, porque todo o comércio e toda a economia desses dois Municípios da Região Metropolitana vivem, basicamente, em função das mais de cem empresas instaladas em Suape. Isso tem levado a que toda uma rede que se beneficiava indiretamente dessa expansão, como pequenos bares, restaurantes e supermercados, feche e gere mais desempregados e mais falta de perspectiva para a população local.

    Chegamos, em Pernambuco, Sr. Presidente, a ter cinco ministros do nosso Estado nesse Governo Temer e nem um deles foi capaz de mover um dedo sequer para evitar essa destruição em larga escala pela qual tem passado o Complexo Industrial Portuário de Suape. Temos, hoje, mais de 703 mil desocupados em Pernambuco e sabemos que esse quadro é muito maior, muito pior se contarmos o número daqueles que estão em subocupações.

    É absolutamente incompreensível, Sr. Presidente, para um cidadão comum que viu a expansão de Suape e a geração de empregos na época do Governo Lula entender como se pôde chegar a tamanho nível de destruição e decadência de um setor tão estratégico e de tantos postos de trabalho.

    Vou concluir, Sr. Presidente.

    Se o País não recuperar imediatamente todo aquele investimento feito, não priorizar Suape, haverá, em breve, o sucateamento de uma verdadeira locomotiva da economia pernambucana e do País. Mas, a julgar pela agenda canhestra do Governo eleito, que tem a pretensão de aprofundar os desmontes de Temer, eu penso que teremos um futuro, infelizmente, muito sombrio para Suape e para Pernambuco como um todo.

    Vamos continuar lutando aqui para impedir esses retrocessos, seguir colocando o nosso mandato em favor da construção de um projeto alternativo que garanta ao povo do nosso Estado a oportunidade de voltar a desfrutar do período de pleno emprego que lhe foi assegurado durante os anos dos nossos governos.

    Nossa economia, que chegou a crescer mais do que a do próprio Brasil, não pode parar pela incompetência, pela má gestão e pela indiferença do Governo Federal.

    Muito obrigado pela tolerância, Sr. Presidente. Muito obrigado, Sras. Senadoras e Srs. Senadores.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/12/2018 - Página 22