Pronunciamento de Jorge Kajuru em 15/02/2019
Discurso durante a 8ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal
Críticas ao STF pelos supostos privilégios existentes para manter a Corte.
Anúncio da obtenção de recursos financeiros para municípios goianos.
- Autor
- Jorge Kajuru (PSB - Partido Socialista Brasileiro/GO)
- Nome completo: Jorge Kajuru Reis da Costa Nasser
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
PODER JUDICIARIO:
- Críticas ao STF pelos supostos privilégios existentes para manter a Corte.
-
DESENVOLVIMENTO REGIONAL:
- Anúncio da obtenção de recursos financeiros para municípios goianos.
- Aparteantes
- Paulo Paim.
- Publicação
- Publicação no DSF de 16/02/2019 - Página 7
- Assuntos
- Outros > PODER JUDICIARIO
- Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL
- Indexação
-
- CRITICA, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF), EXISTENCIA, PRIVILEGIO, MANUTENÇÃO, ORGÃO PUBLICO.
- REGISTRO, OBTENÇÃO, RECURSOS FINANCEIROS, GOVERNO FEDERAL, BENEFICIO, MUNICIPIOS, ESTADO DE GOIAS (GO).
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO. Para discursar.) – Meu querido exemplo do Distrito Federal, Presidente desta sessão do Senado Federal, Izalci Lucas; meu querido povo brasileiro, brasileiros e brasileiras, meus únicos patrões; Sras. e Srs. Senadores, normalmente entendo razões de Senadores que viajam para seus Estados, para seus Municípios, mas não posso deixar de lamentar o Plenário vazio, sempre, com exceção de alguns, e dos alguns eu cito o maior exemplo, que é o gaúcho, o Senador Paulo Paim. Ele já estava aqui, como sempre chega, vai para o cafezinho, com a sua assessora, com a sua chefe de gabinete. Hoje eu tomei um cafezinho na sua mesa, com a sua assessora. E, detalhe, não paguei viu? Foi de graça? Ou o senhor que pagou?
O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Não, é o povo brasileiro, como V. Exa. disse, os nossos patrões. E eu concordo com esta citação: quem manda em nós é o povo. O povo que paga o salário e o povo que paga esse cafezinho que você falou aí.
E a chefe de gabinete, já que você citou, já virou sua...
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – Dá o nome dela.
O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Ivanete Ferronatto.
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – Nós somos empregados públicos. Só isso, empregados públicos. E por isso eu até, Presidente Izalci, às vezes, discordo do companheiro, de que eu gosto tanto, o Reguffe. É preciso entender que o empregado público tem que receber o seu salário se ele fizer jus ao seu mandato. Concorda?
Se ele trabalha aqui, está aqui todo dia, ele é um empregado público, ele tem direito ao seu salário. Ele tem direito aos seus benefícios, desde que não sejam absurdos.
Exemplo, um Senador que mora no Piauí, que mora em Sergipe, que mora no Amazonas, vai pagar a passagem aérea dele, para vir aqui e representar o povo brasileiro? Não. Então, exagera um pouco, na minha opinião, esse nosso colega.
Eu fui lá na sua assessoria, Paim, querido – permita-me chamá-lo assim –, para comunicar que aqueles da imprensa brasileira que estão me chamando de doido, de louco, aqui no Congresso Nacional, passem agora a dizer que há mais um louco, um doido, no Congresso Nacional. É um Deputado Federal chamado André Janones, de Minas Gerais. A pergunta que ele fez ontem, em audiência pública, ao Presidente da assassina empresa Vale, responsável pelo crime ambiental de Brumadinho, em Minas Gerais, foi monumental. Daqui a pouco, eu vou inclusive reproduzi-la aqui do modo que ele fez, com exageros, porém de um modo que muitos brasileiros e muitas brasileiras gostariam de questionar o dono, o bilionário dono da empresa Vale.
Mas inicio, Presidente Izalci Lucas, Senador Paulo Paim, senhoras e senhores, com algo que, em minhas 30 redes sociais na internet mundial, pelos 9,123 milhões de seguidores, em sua maioria, os seguidores pediram que eu transmitisse aqui, na íntegra: é um relatório oficial, documental, ou seja, absolutamente incontestável, não há como me processar. Eu peço até que o Presidente Izalci e que o Senador Paulo Paim julguem-me se eu aqui cometer algum erro para motivo de processo. E o relatório não é meu. No final, eu direi de quem é, eu darei crédito.
Brasil, preste atenção naquilo que falei ontem e com o qual o Senador Paulo Paim concordou plenamente, além de outros Senadores que vieram dizer e me telefonaram – foram 36 Senadores que falaram comigo ontem: "Kajuru, o seu pronunciamento foi absolutamente histórico. Parabéns". Falei: "Amanhã, então, vou fazê-lo na íntegra".
Com todo o respeito as S. Exas. que nem sequer seguram os seus guarda-chuvas, como o glorioso Ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, eu respeitosamente, repito, como um Senador, Parlamentar e empregado público que deseja enfrentar aqui a máquina pública, a máquina pública que gasta R$1,5 trilhão neste País – R$1,5 trilhão... Esta é a minha maior bandeira, é acabar com essa farra e respeitar o País. Aquele que, na verdade, é a única V. Exa. é aquele que ganha R$998 por mês e vive feliz, almoça domingo feliz com a família com uma macarronada. Esse é, na verdade, V. Exa.
Eu gostaria de adaptar e dizer assim – aspas: "Nascer, viver e, no Supremo Tribunal Federal, morrer é um privilégio que nem todos podem ter", fecho aspas, e haja privilégios na Suprema Corte, o Supremo Tribunal Federal. Não podemos esquecer que, de acordo com a Constituição brasileira, art. 102, o Supremo Tribunal Federal é o guardião da Constituição. Agora, não faltam recursos para manter aquela Corte. Só em 2016, de acordo com relatório lido por mim, da Sra. Cármen Lúcia, que presidia àquela Corte, eles, 11 Ministros do Supremo Tribunal Federal, gastaram um pouco mais de meio bilhão de reais! E isso é só para um tribunal.
É interessante lembrar um pouco os funcionários. São 1.216 funcionários ativos, 306 estagiários, 959 terceirizados. O total varia muitas vezes de um mês para outro, mas nunca inferior a 2.450 funcionários para 11 Ministros do Supremo Tribunal Federal. Isso dá uma média, Senador gaúcho Paulo Paim, Senador do Distrito Federal, Presidente desta sessão, Izalci Lucas, brasileiros e brasileiras, nossos únicos patrões, por Ministro, são 11, de 222 funcionários por Ministro em um só tribunal, no STF.
Quando eu fui analisar a folha de pagamento dos funcionários terceirizados, encontrei alguns dados que vale a pena destacar. Lá estão: 25 bombeiros civis, 85 secretárias, 293 vigilantes, 194 recepcionistas, 19 jornalistas – por que não? –, 29 funcionários cuidando da encadernação, 116 serventes de limpeza. A noite quente exige que a gente trate muito bem os convidados, não? Mas 24 copeiros, Presidente, e 27 garçons, Senador Paulo Paim?
Afinal, os dentes são de uma importância e têm que ser tratados, evidentemente. O Supremo Tribunal Federal, guardião da Constituição não se esquece disso e tem oito auxiliares de saúde bucal.
A gente não deve se esquecer da infância, claro, temos mais que cuidar das crianças. O Supremo Tribunal Federal tem, na folha de pagamento, 12 auxiliares de desenvolvimento infantil.
Também tem, na sua folha de pagamento, 58 motoristas, sete jardineiros, seis marceneiros e dez carregadores de bens. Eu perguntaria respeitosamente: que bens? Repito, que bens? Mas estão lá.
Tem cinco publicitários – é a Constituição, é a Suprema Corte brasileira guardiã da Constituição, art. 102, que tem cinco publicitários. E eu fico pensando: o que fazem esses cinco publicitários no Supremo Tribunal Federal?
"Mas é uma Corte, Kajuru, muito séria". Ela tem vários programas, como, por exemplo, o Programa Viva Bem, que patrocinou cursos para os funcionários – não vou ser irônico – de ioga, massagem laboral e oficina de respiração.
Só com assistência médica e odontológica, você sabe, brasileiro, quanto gasta o Supremo Tribunal Federal? R$15,78 milhões. Se eu estiver mentindo, ponha-me na cadeia. Eles têm, no Supremo Tribunal Federal, os 11 Ministros, auxílio-moradia. Lá, sabe quanto eles gastaram no ano passado em auxílio-moradia? Se eu estiver mentindo, ponham-me na cadeia, R$1,5 milhão com auxílio-moradia.
Não vou listar todos os dados para não cansá-los.
Com a educação pré-escolar, sabe quanto gastou? Com educação pré-escolar – se eu estiver mentindo, ponham-me na cadeia – gastou o Supremo Tribunal Federal R$2,162 milhões.
Mas não se esqueceu da alimentação. Sabe quanto, brasileiro, brasileira, o Supremo Tribunal Federal gastou com alimentação? Eu gostaria de saber, Presidente Izalci Lucas, o que eles comem, Senador Paulo Paim, gaúcho, que gosta de churrasco. O que comem os 11 Ministros? Pois eles gastaram, no ano passado, R$12 milhões em alimentação. Puxa!
Ter até algum tipo de tratamento, talvez, 12 milhões; mas os 11 ministros do Supremo Tribunal Federal têm – estão preparados, auxiliares da Mesa Diretora, para ouvir? Estão? – o auxílio-funeral. O auxílio-funeral! Desculpem, quando será usado esse auxílio-funeral do Supremo Tribunal Federal?
Eles têm o auxílio-natalidade. E sabe quanto eles gastaram no ano passado? Duzentos e quatro mil reais. Isso tudo é do relatório oficial, documental que eu tenho. E, se eu estiver errado, me ponham na cadeia.
Sabe quantos veículos tem o Supremo Tribunal Federal? Oitenta e sete, dos quais, três caminhões. Caminhões no Supremo Tribunal Federal! Para quê? Pergunto este humilde, simples ser humano. Três caminhões.
Eu não vou listar tudo. Eu poderia colocar as ações de informática. Sabe quanto eles gastaram de informática? Dez milhões e meio no ano. Aí eu poderia listar todos os dados, realmente impressionantes.
Eu gostei muito da Face ONG. Eles fizeram uma exposição chamada O Catador, que é para discutir o impacto do lixo produzido pelo Supremo Tribunal Federal.
Em suma, esse é o Brasil que eu quero desnudar aqui no Congresso Nacional. É minha obrigação como seu empregado público. Mas um dia todos os brasileiros serão iguais às S. Exas. do Supremo Tribunal Federal, terão privilégios iguaizinhos a esses 11 ministros. Será que esse dia vai chegar? Será?
Sr. Presidente desta sessão de sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019, aqui no Senado Federal; respeitoso e amigo Senador gaúcho Paulo Paim, meu ídolo, aí dizem: "Mas, Kajuru, ele é do PT". E daí? Meu ídolo pode ser de onde ele quiser, ora. Só quero saber da honra dele. Alguém, até hoje no Brasil, achou algum rabo preso de Paulo Paim? Algum ato corrupto dele? Não, portanto é meu ídolo. Não tenho nenhum problema em dizer que ele é meu ídolo.
E concluo dizendo para aqueles que dizem: "Ah, o Kajuru sobe à tribuna só para bater, só para denunciar, só para trazer isso aqui", que não é meu, senhoras e senhores brasileiros... Isto é um trabalho feito, um relatório absolutamente inquestionável, insofismável, levantado pelo histórico e historiador jornalista Marco Antonio Villa, da rede Jovem Pan de rádio.
Eu dou crédito. Nada do que falei aqui é meu. Tudo foi ele quem buscou, foi ele quem trouxe, mas o Congresso Nacional tinha que reproduzi-lo na íntegra, como eu fiz. Quero cumprimentar este brasileiro jornalista, que é exemplo para uma imprensa que hoje não tem mais João Saldanha, não tem mais Paulo Francis, não tem mais tanta gente que dignificava a nossa classe de jornalistas.
Então, para aqueles que acham que eu só subo aqui para fazer isso, eu vou concluir mostrando o Ofício nº 006/2019, que enviei ao Sr. Marcos Henrique Derzi Wasilewski. Ele é superintendente da Superintendência de Desenvolvimento de Desenvolvimento do Centro-Oeste, ou seja, o meu Estado de Goiás. Eu o cumprimentei e apresentei a ele para a abertura do sistema de cadastramento de propostas de proponentes específicos, Siconv, para os Municípios de Goiás...
O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Senador Jorge Kajuru, no tempo que entender adequado...
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – É rapidíssimo.
O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – ... eu farei um pequeno aparte.
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – Com prazer. Eu sempre faço questão de ter o seu aparte em todos os meus pronunciamentos. Eu não abro mão.
Aliás, o dia em que eu não tiver, eu vou sair daqui muito triste. Confesso, com sinceridade, em nome de mamãe Zezé, merendeira de grupo escolar, que me criou com um salário mínimo e nunca nada me faltou. Minha lancheira era igual a de um filho rico em Cajuru, interior de São Paulo.
Então, eu quero dizer ao Estado de Goiás que eu sou o primeiro Senador goiano, em 14 dias de mandato, a conseguir 29 recursos financeiros federais e internacionais para 29 Municípios do Estado de Goiás.
Águas Lindas, cujo Prefeito me odeia, mas eu não entro nessa mesquinharia da política, porque o que vale para mim é a população da cidade, lá, patrulha mecanizada, R$300 mil enviei. Chegará assim que a prefeitura for ágil e se cadastrar. O dinheiro já está à disposição.
Anápolis, Prefeito Roberto Naves, que nem me apoiou na eleição também, recebeu patrulha mecanizada. Isso é o que o Prefeito pediu. Eu perguntei e ele respondeu: R$ 300 mil.
Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha, que também não me apoiou. Apoiou outro Senador. Pediu uma patrulha mecanizada, R$ 300 mil.
Goiânia, Prefeito Iris Rezende, que eu odeio por motivos de corrupção e por falta de caráter. Ele não tem palavra! Ele prometeu criar o centro diabético de Goiás, em Goiânia, em público, diante de 35 Vereadores em transmissão ao vivo, na sua primeira prestação de contas. Não cumpriu com a sua palavra, portanto não tem o meu respeito, mas eu não entro na mesquinharia. Goiânia receberá, para a construção de uma feira, R$1 milhão. Itumbiara, Prefeito Zé Antônio. Também não me apoiou, mas receberá R$300 mil para o que pediu: Patrulha Mecanizada.
Rio Verde, o Prefeito é meu irmão, Dr. Paulo do Vale, médico, sério, pediu e recebeu. Já está à sua disposição, basta fazer o cadastramento imediato: Patrulha Mecanizada, R$300 mil.
Valparaíso de Goiás, Prefeito que também não me apoiou, pelo contrário, trabalhou contra, Pábio Mossoró. Não estou nem aí. Ele pediu: Patrulha Mecanizada, R$300 mil.
E agora concluo para o esperado aparte do Senador Paulo Paim e de quem desejar.
Em mandato voluntário com o Deputado Federal corretíssimo, brilhante, Elias Vaz; com o Deputado Estadual, do mesmo modo corretíssimo, Alysson Lima; nós três temos escritório em Goiânia compartilhado para reduzir os gastos. Nós dividimos as despesas. Um escritório para três representantes de Goiás: um Senador, um Deputado Federal e um Deputado Estadual.
Não sei se com os 32 anos de Casa, aqui, o Senador Paulo Paim tem conhecimento do que vou acrescentar para concluir, porque estou sendo longo, mas a Casa está vazia e o Presidente sempre educadíssimo me dá esse espaço, Izalci Lucas.
Eu fui, e disse ele que nunca Senador vai lá. Ele disse que o único que o chamou aqui no gabinete no ano passado foi Fernando Collor, mas que lá ninguém vai falar com ele. Eu fui na semana passada e transmiti ao vivo nas minhas 30 redes sociais. Eu fui à Embaixada do Reino Unido. E ela me ofereceu para participar do projeto Programa Rural Sustentável, sendo eu o único Parlamentar envolvido. Agradecido, presenteado com o que a Embaixada do Reino Unido me ofereceu para 22 Municípios de Goiás, que têm até o dia 15 de março para receberem verbas internacionais do Reino Unido na ordem de R$40 milhões...
(Soa a campainha.)
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – Concluo.
... na ordem de R$40 milhões para o programa que incentiva a adoção de tecnologias de baixo carbono em propriedades rurais de 70 Municípios brasileiros, dos quais 22 serão de Goiás, visando melhorar as práticas de uso da terra e de manejo florestal localizados nos biomas Amazônia e Mata Atlântica.
Existem apenas 22 Municípios inscritos de Goiás. As propostas devem ser submetidas à avaliação imediata no portal: www.ruralsustentavel.org, até o dia 15 de março agora, Srs. Prefeitos de 22 Municípios de Goiás. A parceria com o agente de assistência técnica, além de auxiliar o produtor, acompanhará a implantação de tecnologia.
Portanto, em 14 dias de mandato, R$42 milhões de recursos. Nada mais do que a minha obrigação para o Estado de Goiás. Mas, confesso, creio que ser em tempo recorde, esses recursos, nada mais do que a minha obrigação, que não entram no valor a que nós todos aqui temos direito, a R$10 milhões de emendas neste ano de 2019. Esses recursos são à parte, que, graças a Deus, consegui conquistar na Sudeco e na Embaixada do Reino Unido.
Senador Paulo Paim, sempre conclui o meu pronunciamento e o acrescenta de forma absolutamente exímia. Por favor.
O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Senador Jorge Kajuru, primeiro a minha solidariedade. Eu vou usar uma frase que você falou muito aqui no Plenário com a gente e que agora alguém tenta desqualificar o seu mandato, eu digo, até com esse tipo de ofensa. Não é por aí. Eu sou testemunha. V. Exa. é um dos Senadores mais assíduos da Casa, é um dos primeiros a chegar, um dos últimos a sair. V. Exa...
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – O senhor disse ontem que eu sou a maior surpresa do Senado. Eu falei para a minha mulher, ela chorou no telefone. Senador Paulo Paim falou que eu sou a maior surpresa do Senado. Ela começou a chorar.
O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Eu considero uma surpresa, de fato. Realmente, V. Exa. participa de todos os debates, propõe. Porque o nosso papel é esse, é saber criticar, saber dialogar e, ao mesmo tempo, formular. V. Exa. tem feito isso aqui. Não sei onde é que está a crítica.
Então, V. Exa. é franco, sério, tem um diálogo aberto com todos os Senadores, seja de esquerda... Hoje em dia, esse negócio de esquerda e direita, nem gosto de rotular isso. Mas, enfim, com todos os segmentos, V. Exa. estabelece aqui uma boa conversa.
V. Exa. ontem me disse aqui que tinha, me permita que eu diga?
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – Claro.
O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Um almoço também com o Ministro da Justiça, né?
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – Sergio Moro. Meu ídolo.
O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Sergio Moro. E ia lá falar sobre as propostas que ele tem apresentado. Eu até disse para V. Exa., numa oportunidade, como a Comissão de Direitos Humanos, seria importante até nós dialogarmos sobre essas propostas. Batemos um papo tranquilo aqui. Então, V. Exa. tem sido aqui para nós muito mais do que eles dizem, um mediador, um conciliador. Esta Casa precisa disso. Esta Casa precisa de pessoas que estabeleçam, fortaleçam o diálogo, até para avançarmos nas propostas.
O nosso querido Presidente Izalci estava na tribuna, eu também fazia um aparte para ele e dizia que concordava com o que ele estava colocando. Nós temos que caminhar juntos no ponderamento, no equilíbrio e construir propostas para o bem do País, deixando de lado a briga partidária. Vamos fazer esse debate lá nas eleições. Cada um especifica o seu ponto de vista. Perdeu, perdeu; ganhou, ganhou. E quem ganhou assume, seja Prefeito, seja Vereador, Deputado Estadual, Federal, Governador, Presidente da República, e passa a ser o mandatário maior da Nação. Eu só vejo democracia assim. Eu não vejo democracia quando só ganha o meu candidato. Mas que democracia é essa?
Então, V. Exa. tem tido uma postura muito equilibrada, é só esse o meu aparte. Agora, de fato, me surpreendeu...
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – Os números aqui?
O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – ... os números que V. Exa. deu, daquilo que já conquistou para o seu Estado em quinze dias. Nunca vi.
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – V. Exa. fala dos recursos?
O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Dos recursos que V. Exa. conseguiu para o seu Estado.
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – Foram R$42 milhões em catorze dias de mandato.
O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Eu nunca vi. Eu confesso...
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – Na história do Senado, nunca viu?
O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Nunca vi no Congresso, eu acho. Em quinze dias eu nunca vi.
(Soa a campainha.)
O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Eu concluo só com isso. No meu Estado há 497 Municípios...
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – No meu, 246. Goiás.
O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Como é que eu adoto a minha verba, aquela orçamentária, a que temos direito? Eu divido para os 497 Municípios. Não quero saber qual é a sigla partidária do Prefeito: se é do PP, se é do DEM, se é do PSL, não importa. Eu divido, tenho um sistema de computador, eu atendo a todos.
Na minha campanha, eu cheguei a dizer: "Se tiver um Prefeito no Estado que não recebeu duas emendas minhas, pode ligar para cá que eu estarei faltando com a verdade". Ninguém ligou. Cada mandato eu mando, no mínimo, porque é um rodízio, são quase 500... Os últimos são os primeiros e os primeiros são os últimos. Eu falei isso porque era lógico o que você falou aí: não importa se o prefeito te apoiou ou não, você é Senador do Estado e de todos os goianos.
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – E da população de cada cidade.
O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Claro! Como eu sou Senador de todos os gaúchos e assim é a nossa postura.
Por isso, quero mais uma vez cumprimentar V. Exa., que, pelo seu pronunciamento, a forma como distribuiu os recursos que V. Exa. conseguiu pelo seu prestígio, não para V. Exa., que fique bem claro – o pessoal que está ouvindo confunde –, mas para o seu Estado. Eu adoto o mesmo sistema, atendemos a 497.
Eu tenho aquela emenda – vou aproveitar o gancho aqui – que é individual. Cada um de nós, três Senadores, tem uma emenda individual que passa pela bancada. Eu mando toda para a educação, sejam R$10 milhões, R$15 milhões, e os governos, em grande parte, têm liberado, independente de eu ser um Parlamentar de oposição. Há vezes que vão R$10 milhões, que vão R$5 milhões, que vão R$8 milhões, mas sempre vão. Eu não quero saber quem é, não quero saber quem é o Governador, é para o Governador eleito e vão para a UERGS (Universidade Estadual do Rio Grande do Sul). É nessa linha.
Então, se eles querem dizer da forma que alguns disseram, eu adoto a mesma linha. Não quero apanhar junto.
Valeu, Presidente.
Obrigado, Kajuru.
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – É por isso, Brasil, que eu, Presidente Izalci Lucas, eu chamo esse brasileiro de meu ídolo, e a minha mulher ontem ficou emocionada quando eu falei para ela que ele disse que eu sou a maior surpresa do Senado. Nada.
Surpresa, já há muito tempo idolatrado no Distrito Federal, é um homem público como o Presidente Izalci Lucas aqui, no Distrito Federal. Onde eu vou em Brasília esse homem é elogiado: em restaurante, em bar, onde eu vou. Estou falando isso olhando para o senhor aqui de forma sincera. Isso é muito bom, a gente andar de cabeça erguida, entrar num restaurante e ser cumprimentado, às vezes ser aplaudido num voo, num estádio de futebol, porque hoje em dia Ministro do Supremo Tribunal Federal – e eu apresentei aqui esse relatório –, políticos, muitos não podem nem sair de casa.
Mas só concluindo, Presidente.
Saiba, Senador Paulo Paim, saiba Senador e Presidente Izalci Lucas, eu, Kajuru, em Goiás, não tive apoio de nenhum dos 246 Prefeitos. Eles trabalharam contra mim e a favor de Marconi Perillo, que agora teve em bloqueio de bens pelo Ministério Público Federal simplesmente o valor de R$3,9 bilhões. A Heloisa Helena um dia disse aqui na tribuna... Ela é minha assessora voluntária na área da saúde e não quer nem falar de política mais. A Senadora Heloisa Helena falou assim aqui, na tribuna: "O político que chega aqui e recebe esse salário que a gente recebe, se ele sair daqui rico, é porque ele é ladrão". Imagina um patrimônio de R$3,9 bilhões bloqueados nessa semana pelo Ministério Público Federal?! Então, esses...
O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Permita-me só que eu lhe diga que a Heloisa Helena é sua assessora mesmo porque essa frase ela usava na tribuna, essa última que você usou agora.
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – A Heloisa, não é? Eu falei aqui: ela usava na tribuna.
Então, os 246 Prefeitos do Estado de Goiás não votaram em mim e trabalharam contra mim, mas ferrenhamente, e eu não estou nem aí, o que me importa é a população, e eu vou atender, como estou atendendo esses 42 Municípios. Não estou nem aí. O que me importa é a população. E eu vou atender, como estou atendendo, esses 42 Municípios.
E, para fechar – não sei se serve de exemplo para V. Exas. –, o que eu quero do Ministro Sergio Moro, que é meu ídolo também, é simples: o que eu quero, antes de chegar o recurso a cada cidade, é que ele, como Ministro, por fineza, puxe a "capivara" do prefeito, da ONG que eu vou atender e para a qual eu vou fazer doação de 50% do meu salário. Eu vou pedir a ele, porque há muita ONG picareta – vamos usar o termo mais grosso – ou corrupta, como há muito prefeito corrupto, picareta. Então, eu vou puxar a "capivara" e vou vigiar, fiscalizar...
(Soa a campainha.)
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – ... se o recurso que eu conquistar aqui vai realmente, na sua totalidade, chegar à cidade ou alguém vai pegar uma beiradinha, ou alguém vai pegar uma propinazinha. Então, o que eu quero do Ministro Sergio Moro, que é meu ídolo, é só isso. Primeiro, eu apresento a ele para quem eu mando o recurso, e ele, por fineza, me diz qual é a "capivara" dessa ONG, dessa instituição, dessa cidade, através do seu prefeito.
Agradecidíssimo pelo tempo, Presidente Izalci Lucas.
Brasil, bom fim de semana, com Deus, com saúde!
O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar PSDB/PODE/PSL/PSDB - DF) – Parabenizo V. Exa. pelo pronunciamento e aproveito também a oportunidade para relembrar aqui – não é, Senador Paulo Paim? – que as emendas, até pouco tempo, não eram impositivas. Nós tínhamos, sim, uma discriminação muito grande com relação à oposição e situação, e tanto o Paulo Paim como V. Exa. demonstram que o interesse da população está acima do interesse partidário. As emendas impositivas individuais e de bancada já melhoraram muito, quase que impondo essa situação, mas essa forma de distribuição de V. Exas. realmente é um exemplo para todos os Senadores, todos os Parlamentares aqui do Congresso.
Parabéns a V. Exas!
Convido o nosso Senador Paulo Paim a fazer também uso da palavra.