Pela Liderança durante a 22ª Sessão Especial, no Senado Federal

Sessão Especial destinada a comemorar os 98 anos do jornal Folha de São Paulo e a homenagear, in memoriam, o Diretor de Redação Otávio Frias.

Autor
Alvaro Dias (PODE - Podemos/PR)
Nome completo: Alvaro Fernandes Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Sessão Especial destinada a comemorar os 98 anos do jornal Folha de São Paulo e a homenagear, in memoriam, o Diretor de Redação Otávio Frias.
Publicação
Publicação no DSF de 15/03/2019 - Página 17
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • SESSÃO ESPECIAL, DESTINAÇÃO, COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, HOMENAGEM POSTUMA, JORNALISTA, OTAVIO FRIAS, DIRETOR, REDAÇÃO, PERIODICO.

    O SR. ALVARO DIAS (Bloco Parlamentar PSDB/PODE/PSL/PODE - PR. Pela Liderança.) – Presidente Kátia Abreu, inicialmente, os meus cumprimentos pela oportuna iniciativa, inteligente e necessária iniciativa de V. Exa., que aplaudo neste momento.

    Saúdo as demais autoridades já nominadas.

    Pretendo ser bastante sucinto para reduzir o cansaço que, certamente, toda sessão de homenagens proporciona àqueles que aqui comparecem. Mas, sem dúvida, este tem que ser um momento solene e, muitas vezes, repetitivo.

    Há frases que vêm de longe, mas devem ser repetidas para alimentar as nossas convicções democráticas de hoje, especialmente neste momento dramático, histórico e de transição para o nosso futuro, momento da maior importância, que nos convoca à responsabilidade certamente. Por isso, frases que vêm de longe são oportunas nos dias de hoje.

    Thomas Jefferson: "Melhor uma imprensa livre sem governo do que um governo sem imprensa livre".

    E relembro o conceito de Alex Campos: "Quando se trata de corrupção e impunidade, até um jornalista tem que ter lado. Nenhum de nós pode se dar ao luxo de ser covarde ou demagogo, se escondendo atrás dos compromissos de isenção, imparcialidade e neutralidade". "A imprensa tem, sim, o poder de iluminar histórias obscuras, reacender memórias apagadas e restabelecer verdades distorcidas".

    Mais do que nunca, neste momento, a imprensa tem que ser o retrato dessa realidade descrita por aqueles que vivenciaram a construção da democracia em várias nações do mundo. A difusão da informação é a verdadeira guardiã da liberdade.

    A ex-Presidente da nossa Suprema Corte, Cármen Lúcia, não nos deixa esquecer que o analfabetismo político se vence com informação. Por isso, a liberdade de imprensa há de ser festejada sempre em todo o mundo.

    No marco da celebração desses 98 anos do jornal Folha de S.Paulo, devemos reverenciar a figura emblemática do seu Diretor de Redação, Otavio Frias Filho, falecido no ano passado, responsável pela modernização do jornalismo brasileiro nos idos dos anos 80.

    Ao longo dos 34 anos em que comandou o jornal, ele transformou a Folha no maior e mais influente periódico do País, líder em audiência e circulação, um veículo crítico, independente, pluralista, necessário – eu diria imprescindível.

    Acompanhei, durante muitos anos, nesta Casa do Congresso Nacional, a presença do jornalismo investigativo em momentos fundamentais para a limpeza exigida pela sociedade brasileira, especialmente quando da efetivação de Comissões Parlamentares de Inquérito da maior importância, como a dos Correios, a do Mensalão e tantas outras. O jornalismo investigativo, presente sobretudo na Folha de S.Paulo, foi essencial para alimentar as convicções daqueles que entenderam ser necessário aprofundar investigações, revelar fatos. As CPIs não poderiam se constituir instrumentos para esconder e, sim, para revelar as verdades muitas vezes afogadas por aqueles que, exercendo atividade pública preponderante no País, preferiam a escuridão do que a clareza dos fatos.

    Frias afirmava com precisão e realismo que o jornalismo, apesar de suas severas limitações, é uma forma legítima de conhecimento sobre o nível mais imediato da realidade. Para firmar sua autonomia, precisa cultivar valores, métodos e regras próprias.

    À frente do grande projeto editorial da Folha, cujo mote era que o caos da informação exige jornalismo seletivo, qualificado e didático, Otavio Frias foi um jornalista competente, engenhoso e transformador, que honrou a democracia e a liberdade de imprensa. Os nossos cumprimentos também à jornalista Maria Cristina Frias, Diretora de Redação da Folha, louvando o seu desejo de que a Folha continue um jornal inquieto e em renovação constante.

    Para concluir, creio que a melhor forma de conclusão é lembrar Ruy Barbosa que, certamente, com a sua presença aqui, nos convoca também à responsabilidade diante dos fatos vividos hoje neste País:

A imprensa é a vista da nação. Por ela é que a nação acompanha o que lhe passa ao perto e ao longe, enxerga o que lhe malfazem, devassa o que lhe ocultam e tramam, colhe o que lhe sonegam, ou roubam, percebe onde lhe alvejam, ou nodoam, mede o que lhe cerceiam, ou destroem, vela pelo que lhe interessa e se acautela do que a ameaça. [...]

Um país de imprensa degenerada ou degenerescente é, portanto, um país cego e um país miasmado, um país de ideias falsas e sentimentos pervertidos, um país que, explorado na sua consciência, não poderá lutar com os vícios, que lhe exploram as instituições.

    Que Ruy Barbosa inspire-nos no dia de hoje.

    Muito obrigado, Sra. Presidente. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/03/2019 - Página 17