Comunicação inadiável durante a 21ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Pesar pelo massacre ocorrido em escola na cidade de Suzano (SP) e preocupação com o reflexo dessas tragédias na sociedade.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Comunicação inadiável
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Pesar pelo massacre ocorrido em escola na cidade de Suzano (SP) e preocupação com o reflexo dessas tragédias na sociedade.
Publicação
Publicação no DSF de 14/03/2019 - Página 16
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, CRIANÇA, MORTE, ESTABELECIMENTO DE ENSINO, MUNICIPIO, SUZANO (SP), APREENSÃO, OCORRENCIA, FATO, SOCIEDADE.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS. Para comunicação inadiável.) – Eu gostei do Jorge. Ficou parecido com o Kajuru ali já... (Risos.)

    Sabe o carinho que tenho por V. Exa.

    Sr. Presidente, o que aconteceu hoje em São Paulo não pode passar despercebido, e é esse o meu pronunciamento nesta tarde.

    O que está acontecendo com nosso País? Hoje, pela manhã, coisa que a gente via nos Estados Unidos e em outros países, dez, dez pessoas, entre alunos e funcionários de uma escola de Suzano, São Paulo, foram assassinadas. E houve 23 feridos.

    Segundo os dados que recebi, dois adolescentes invadiram a escola, para cometer o crime, e se mataram na sequência. Eles vestiam máscaras de caveiras e luvas. Usavam armamento militar. Tinham arco e flecha e coquetel molotov.

    Relatos afirmam que foi uma cena de guerra: caos, pânico, gritaria, corpos caindo pelo chão, desespero, crianças e adolescentes correndo.

    Meus pêsames às famílias e amigos. Minha solidariedade aos feridos. Vamos chorar e rezar.

    Sr. Presidente, o que está acontecendo com o nosso País, com o nosso querido Brasil?

    Todos os dias – todos os dias! – somos impactados com um filme de horror.

    O que aconteceu em Minas Gerais, para simplificar, o que está acontecendo em São Paulo, o que está acontecendo no Rio, o que está acontecendo no meu Rio Grande, em matéria de violência, o que está acontecendo no Ceará, na Bahia... Enfim, é em todo o País. Assassinatos, estupros de crianças, casos de feminicídio, idosos agredidos, mortes por questões banais, pessoas brigando – no próprio trânsito, parando e um atirando no outro –, desentendimentos entre vizinhos, pessoas se matando dentro das casas!

    Antes, o crime acontecia contra o indivíduo. Hoje, o crime acontece no coletivo, no coletivo! No coletivo!

    Lá, em Minas, 400, 300... Aqui, no Flamengo, 10, 14. São Paulo, agora, com a chuva...

    Nós, infelizmente, estamos nos igualando a outros países. Infelizmente! E olhávamos para esses países e falávamos positivamente, no aspecto econômico e até muito social; mas isso aqui, do mal... Parece que o Brasil está trazendo para o nosso seio só o que é ruim: o que é ruim dos Estados Unidos, porque era lá que eu via essa matança de estudantes; na Espanha, na própria Itália, onde sangue de jovens corre pelas universidades, pelos assassinatos.

    Será que a nossa sociedade está doente, esquizofrênica, sem rumo e sem direção? Será que o inconsciente coletivo do nosso País assimilou – o alerta que eu quero dar – o ódio e a violência que hoje imperam nas redes sociais?

    Olha, eu recebo fake news de ataque a qualquer um de nós. E eu os conheço. Não vou citar nome de ninguém.

    É algo inacreditável que, nos dias de hoje...

(Soa a campainha.)

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – ... alguém possa dizer do outro sem poder responder por aquela mentira, aquela covardia, inspirando a política de ódio, porque esse é o resultado que vai terminar lá na frente: os jovens vendo, pelas redes sociais, só pessoas pregando ódio, ódio e o ódio.

    Sr. Presidente, será que tudo isso que está acontecendo nada mais é do que o reflexo do que é o Brasil hoje? Será a falência da nossa sociedade?

    Eu tenho muito claro que todos nós temos responsabilidade, Sr. Presidente, com o que está acontecendo com o nosso País, com o nosso Brasil, e com o que que nós vamos fazer. Quais as respostas que a nossa gente espera dos Poderes, seja do Parlamento, do Congresso, seja do Executivo e do próprio Judiciário? Não podemos ser omissos, comprometidos com essa ignorância, deslumbrados pela mentira. Não podemos ficar calados, ocultando os próprios erros a que nós estamos sendo induzidos.

(Soa a campainha.)

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Nós estamos construindo muralhas entre nós mesmos, separando a nossa gente, incentivando o sentimento da intolerância, regredindo na condição humana.

    Que País é este que estamos forjando, com exemplos que nada contribuem para a solidariedade e para a fraternidade?

    Temos que dar um basta em todo este ódio e em toda esta violência que estão pintado as páginas da nossa história.

    Temos que ter coragem para agir; não ter medo de usar a razão como instrumento da fé; temos que saber amar, amar, amar, como o grande mestre, lá atrás, lá atrás, mas sempre mestre, Jesus, nos ensinou. Ou lembro, aqui, como disse Nelson Mandela: "Chegou o momento – quando ele quis unir negros e brancos. E uniu! – de construir".

    Que as palavras de Nelson Mandela nos deem força e sabedoria; sejam alimento para as nossas almas.

    Sr. Presidente, termino em mais um minuto.

    Nenhum de nós pode ser bem-sucedido agindo sozinho. Temos que agir em conjunto, como um povo unido pela reconciliação, por um projeto de Nação, pela construção de um País para todos, pelo nascimento, de fato, de um mundo melhor.

    Que haja justiça para todos; que haja paz, paz, paz para todos; que haja trabalho, pão, água e sal para todos; que cada um de nós saiba que o seu corpo, a sua mente e a sua alma foram libertados, para se realizarem e fazerem o bem sem olhar a quem.

    Sr. Presidente, eu iniciei agora há pouco, no meu Twitter, Faceboock e Instagram...

(Soa a campainha.)

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – ... já que as redes sociais, hoje, apontam os caminhos, queiramos ou não, uma campanha chamada "Paz nas redes sociais – leve essa ideia adiante". E há um pombo que aparece nesse momento. "Paz nas redes sociais – leve essa ideia adiante".

    Eu creio que, se cada um de nós fizer um trabalho pela paz, pelo amor, pela solidariedade, pela amizade e contra o ódio; se nós olharmos para o outro de forma solidária; se pregarmos o verbo esperançar, ter esperança, fazer acontecer para melhorar; se nós deixarmos os nossos medos de lado, Sr. Presidente, compreendendo a essência da vida e por que é que nós estamos aqui na Terra, cumprindo uma missão do universo...

(Soa a campainha.)

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – ... eu creio que teremos o Sol glorioso, iluminando as vibrantes cores da condição humana.

    Sr. Presidente, eu sei que alguém pode dizer que a minha fala foi poética, mas escrevi fruto da emoção deste momento, que eu sei que não é só minha, é de todo o Brasil.

    Outro dia eu botei na minha rede social uma frase que dizia o seguinte – eu tirei de uma canção gaúcha: "O mundo chora quando morre um menino ou uma menina; as águas parece que não deslizam mais, os ventos ficam em silêncio, e as florestas morrem, e os pássaros não cantam". O que é que está acontecendo com nosso País, para estarem matando, assassinado em massa, as nossas crianças?

    Senador Kajuru, se for possível o seu aparte, se for possível... Depende do Presidente. Eu me sinto...

(Interrupção do som.)

    O SR. PRESIDENTE (Antonio Anastasia. Bloco Parlamentar PSDB/PODE/PSL/PSDB - MG) – Muito obrigado, eminente Senador Paulo Paim.

    Nós vamos conceder a palavra ao Senador Kajuru. Eu só pediria, como temos muitos inscritos...

    O Sr. Jorge Kajuru (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – É rapidinho.

    O SR. PRESIDENTE (Antonio Anastasia. Bloco Parlamentar PSDB/PODE/PSL/PSDB - MG) – ... como Líderes e para comunicação inadiável, que todos se cinjam ao tempo razoável.

    O Sr. Jorge Kajuru (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – Claro, Presidente.

    Presidente, é porque o dia hoje está realmente difícil, não é? Então, o Senador Paim, quando usa, de forma absolutamente preciosa, a palavra esperança, V. Exa. tem razão: é esperança do verbo esperançar. Esperançar. E eu fico pensando o seguinte, V. Exas. presentes e Pátria amada: o Governo gasta bilhões com publicidade; agora, por exemplo, com a reforma da previdência. Será que não poderia, Senadora Simone, na altura de sua sensibilidade e sensatez, será que não poderia gastar 20% com propaganda nas redes sociais, na televisão, no rádio?

    Lembrando aquela frase linda da música do Rappa, do Falcão, meu amigo Falcão, que diz o seguinte: "A minha alma está armada e pronta para a cara do sossego". Coloca uma criança para falar isso, de 12 anos de idade: "A minha alma está armada e apontada para a cara do sossego".

    Quando é que a gente vai ter sossego, meu Deus?

    O SR. PRESIDENTE (Antonio Anastasia. Bloco Parlamentar PSDB/PODE/PSL/PSDB - MG) – Senador Paulo Paim, meus cumprimentos, minhas desculpas inclusive pela confusão, porque hoje o dia está um pouco, de fato, confuso, e uma reunião atrás da outra. Eu e a Senadora Simone saímos da CCJ não faz uma hora e nem conseguimos nos alimentar.

    O próximo inscrito não é ainda o Senador Telmário não, é o Senador Humberto Costa. Senador Humberto Costa. V. Exa. é o próximo.

    Com a palavra...

(Intervenção fora do microfone.)

    O SR. PRESIDENTE (Antonio Anastasia. Bloco Parlamentar PSDB/PODE/PSL/PSDB - MG) – É alternado. É alternado.

    Então, o próximo inscrito na lista é o eminente Senador Humberto Costa, do PT do Estado de Pernambuco. A seguir, pela Liderança do PDT, o Senador Telmário. A seguir, o Senador Lasier, depois a Senadora Simone, para uma comunicação inadiável.

    Então, Senador Humberto Costa, com a palavra V. Exa.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/03/2019 - Página 16