Discurso durante a 27ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Manifestação negativa acerca da condenação da Srª Rúbia Vegas ao pagamento de indenização ao ex-Senador Romero Jucá.

Comentários sobre a visita de S. Exª ao Hospital Araújo Jorge, localizado em Goiânia-GO. Alerta para a necessidade de atualização da tabela do Sistema Único de Saúde-SUS.

Autor
Telmário Mota (PROS - Partido Republicano da Ordem Social/RR)
Nome completo: Telmário Mota de Oliveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PODER JUDICIARIO:
  • Manifestação negativa acerca da condenação da Srª Rúbia Vegas ao pagamento de indenização ao ex-Senador Romero Jucá.
SAUDE:
  • Comentários sobre a visita de S. Exª ao Hospital Araújo Jorge, localizado em Goiânia-GO. Alerta para a necessidade de atualização da tabela do Sistema Único de Saúde-SUS.
Publicação
Publicação no DSF de 19/03/2019 - Página 43
Assuntos
Outros > PODER JUDICIARIO
Outros > SAUDE
Indexação
  • CRITICA, CONDENAÇÃO, CIDADÃO, MULHER, PROCESSO, PAGAMENTO, INDENIZAÇÃO, ACUSAÇÃO, EX SENADOR, ROMERO JUCA, ESTADO DE RORAIMA (RR).
  • COMENTARIO, VISITA, ORADOR, HOSPITAL, COMBATE, DOENÇA, CANCER, ESTADO DE GOIAS (GO), NECESSIDADE, ATUALIZAÇÃO, TABELA, SISTEMA UNICO DE SAUDE (SUS).

    O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - RR. Para discursar.) – Senador Jorge Kajuru, Senador Lucas, Srs. Senadores, Sras. Senadoras, telespectadores da TV Senado, ouvintes da Rádio Senado, nós vamos tratar especificamente do convite que V. Exa., Senador Kajuru, me fez. Ontem, eu estive lá em Goiânia e no hospital. Mas, antes, quero tratar de um fato extremamente triste, que até vai ali na fala do Senador Reguffe falou ainda há pouco, e a gente vai abordar esse fato, que me deixou extremamente triste.

    Sr. Presidente, venho a esta tribuna intrigado com a deusa Têmis, aquela figura da Justiça com aquela venda. A deusa da Justiça, aquela que tem a venda nos olhos, a balança e a espada nas mãos, para não julgar movida por paixões, uma bela estátua que fica aqui em frente ao Supremo Tribunal Federal, às vezes não é isenta em seus julgamentos.

    Vejamos bem. Um certo ex-Senador e um dos mais corruptos do meu Estado e do País, que, por anos, frequentou estes corredores, teve alguns de seus processos arquivados – nove, para ser mais preciso – por decurso de prazo, ou seja, o processo caducou, porque a Justiça cochilou nessas investigações.

    Aliás, existe ex-Senador? Existe ex-corrupto? Mas noutro momento discutiremos isso.

    Sr. Presidente, enquanto a Justiça é devagar quase parando com os processos de acusação contra esse ex-Senador, que agora anda pianinho, perambulando pelas ruas de Roraima e nos gabinetes de Brasília, essa mesma Justiça foi ágil como uma lebre em condenar uma cidadã trabalhadora, pagadora de seus impostos, a Sra. Rúbia Graziele de Souza Vegas, que, em novembro de 2017, filmou o então Senador e o acusou, dentro de um avião, de acobertar irregularidades cometidas por políticos e pelo Governo. A Sra. Rúbia Vegas apenas exigiu que um funcionário dela – porque os nossos patrões são os trabalhadores e as trabalhadoras deste País – parasse de roubar, explicasse o acordo dele para estancar a Lava Jato, explicasse a PEC do teto dos gastos, explicasse a reforma da previdência e a reforma trabalhista. Ela não exigiu nada demais. Apenas cobrou explicação de um político.

    Ora, Sr. Presidente, se um político igual àquele, que foi Líder do Governo de vários partidos e vários governos, que está encalacrado até o bigode – aliás, até tirou o bigode agora, para se esconder, talvez, da Justiça –, com ações na Justiça por corrupção, e se ele não pode ser questionado pela população, se a deusa Têmis condena os que cobram e exigem retidão dos seus políticos, se a Justiça condena, constrange e impede a livre e legítima manifestação contra a corrupção, o que esperar dessa Justiça, Sr. Presidente?

    O próprio Supremo Tribunal Federal já julgou, em 2016, a favor da população, sobre a suposta importunação aos políticos, quando estabeleceu que – abre aspas: "Tais condutas não podem ser tachadas de criminosas, pois obviamente não se direcionam diretamente às pessoas, mas buscam atingir primordialmente a figura pública dos agentes públicos – fecha aspas". Vejam, Srs. Senadores e Sras. Senadoras, a Justiça agiu em desacordo com uma decisão do STF.

    A Sra. Rúbia Vegas interpelou um político líder de processos por corrupção. E se a Justiça tivesse julgado os processos que caducaram, ele já estaria na cadeia e não seria importunado nas ruas, porque estaria pagando pelos seus crimes. Os cidadãos de bem deste País esperam que a Justiça condene e puna com rapidez os corruptos do nosso País. Minha solidariedade à Sra. Rúbia Vegas.

    Portanto, Sr. Presidente, eu aqui expresso esta manifestação porque a senhora foi condenada em R$10 mil. O Senador perdeu na primeira instância e ganhou agora na segunda instância. Então, quer dizer, um cara que responde por seis processos, envolvido em todos os processos de corrupção deste País, está em todos, nove já foram arquivados por decurso de prazo e essas coisas todas. Seis estão na ativa. E a senhora que foi abordar no avião o político, cobrar do político: "Por quê? E os acordos envolvendo o Supremo Tribunal, essas coisas todas?" Aí querem dar um cala-boca, punindo a cidadã com uma multa de 10 mil. Fica o meu protesto e a minha solidariedade a essa cidadã. Que isso não iniba os brasileiros e brasileiras de cobrarem dos políticos desonestos e honestos as suas atividades. Quero falar agora de coisa boa. Quero falar da minha ida à cidade de V. Exa. Estive em Goiânia. V. Exa. me convidou para conhecer as instalações do Hospital Araújo Jorge. Antes de tudo, eu quero falar um pouquinho desse hospital. A Associação de Combate ao Câncer em Goiânia, ACCG, Dr. Alberto Augusto de Araújo Jorge, fundado em 20 de janeiro de 1956, dois anos mais velho do que eu. Eu tenho 61 anos e ele, 63 anos.

    Em 1967, o Hospital Araújo Jorge passa a ser Instituto de Ensino e Pesquisa, unidade oncológica em Goiânia – e há em Anápolis, um município grande de Goiás –, instituição privada de caráter filantrópico, atende a pacientes do SUS, convênios e particulares, é referência no tratamento oncológico de alta complexidade no Brasil, emprega diretamente mais de 1.300 pessoas, atua na prevenção, diagnóstico, tratamento do câncer e combate à doença.

    Senador Jorge Kajuru, procedimentos realizados em 2018, no ano passado: 1.056.580 procedimentos que o hospital fez. Pacientes atendidos: 58.151 pessoas; internações: 19.098; internações no pronto atendimento: 11.002 pessoas; consultas ambulatoriais: 134.498; cirurgias: 13.753 pessoas. Ou seja, esse hospital presta a maior relevância de serviço público à nossa população, não só ao Estado de Goiás, como a Estados vizinhos e aos mais distantes, como meu Estado de Roraima. Eu tenho vários registros, inclusive familiares, que já vieram se tratar no nosso querido Hospital Araújo Jorge. Hoje o Hospital Araújo Jorge tem as seguintes diretorias: Dr. Cláudio Francisco Cabral, Presidente; a Vice-Presidente, Dra. Ângela Machado de Sá; Secretária Geral, Dra. Maria Auxiliadora de Castro Siqueira; Tesoureira: Elecir Messias de Oliveira. E temos os diretores que fazem aquele hospital acontecer. Impressionaram-me muito o Dr. Roberto César Cândido Fernandes, Diretor Técnico do Hospital Araújo Jorge; o Diretor Elismauro de Mendonça, Diretor do Instituto de Ensino e Pesquisa; e o Diretor André Maurício Ferrari Beltrão, Diretor Técnico da Unidade Oncológica de Anápolis.

    Na verdade, Senadores e Senadoras, saí dali impressionado com muitos, com o trabalho maravilhoso que aquele hospital faz, sabe, onde todos estão contentes: o servidor, o corpo médico... Eu acho que é um corpo médico que se dedica diuturnamente ao tratamento daquelas pessoas. É muito calor humano – é muito calor humano –, pelo que nós pudemos compartilhar e pelo que vi. Não é por que eu fui junto com a diretoria, não. Eu já havia feito uma visita antes, com o meu sobrinho tratando, e eu não me identifiquei. E a pergunta era de todos: "Você está satisfeito?" As pessoas sempre diziam: "E muito. E muito". Portanto, essa minha visita, ontem, para conhecer essas instalações têm um quê especial. Um quê especial.

    O Senador Kajuru me disse... Você sabe que, no primeiro mandato, a gente não tem emendas. Eu espero que a gente até consiga. De repente, milagre, não é? Você está do lado do nosso Líder, um milagre pode acontecer. Na verdade, deveria ter, não é, Senador Fernando? Deveria ter.

    Então, ele, não podendo disponibilizar, me falou da necessidade do hospital. E eu disponibilizei, das minhas emendas individuais, R$1 milhão para atender ao Hospital Araújo Jorge, que é um hospital que atende ao Brasil inteiro, inclusive ao meu Estado.

    Agora, eu queria aproveitar exatamente a presença do Líder do Governo, aqui sentado, do lado do nosso Presidente da sessão, Jorge Kajuru... Olha, Senador Fernando Bezerra Coelho, eu queria que o senhor prestasse atenção nestas informações que eu vou passar.

    A tabela do SUS está totalmente discrepante, desatualizada.

    Olha só... Olha este fato aqui... Este fato é interessante. Olha lá: em paciente adulto, com leucemia, é comum, pela deficiência imunológica, a ocorrência de infecções fúngicas, e a droga de escolha se chama Voriconazol. Essa droga, por dia, custa R$1.200 – R$1.200 – e deve ser usada por 30 dias. Porque, quando alguém vai fazer um transplante de medula, cai a imunidade, e é preciso essa droga, para dar sustentação. Sabe quanto o SUS paga, por dia, por essa droga, na qual se gasta R$1.200? Ele paga ao hospital R$37,78. É uma discrepância, é uma anomalia! Por isso, às vezes, a saúde pública perde a qualidade.

    Eu não sei se isso é intencional, para favorecer a saúde privada, ou se é uma falta de racionalidade, de entender que não pode o hospital que é filantrópico, que gasta R$1.200, 30 ampolas por mês, com um paciente que está com essa deficiência, e recebe R$37,7.

    Só para concluir a minha fala ainda, neste mesmo exemplo, eu vou citar um outro que, realmente, é muito mais de assustar.

    Numa colposcopia, que é um exame médico importante para a detecção de câncer de colo de útero, o SUS paga R$3,38 – R$3,38 –, o que não dá para comprar a luva – a luva. Fora os demais materiais.

    Portanto, esse foi um fato que ali me chamou muito a atenção, nessa tabela do SUS, que precisa ser atualizada, para dar a devida qualidade e a resposta que a população espera de uma saúde pública.

    Por outro lado, eu quero parabenizar toda a Bancada dos políticos de Goiás, inclusive na pessoa do meu querido Presidente da sessão, Senador Jorge Kajuru. Os principais equipamentos que existem hoje lá foram frutos de emenda, de emenda parlamentar. Senador Fernando, de emendas impositivas e de emendas individuais, principalmente as individuais. Eu fiquei encantado. E o hospital anualmente presta contas desse recurso ao Parlamentar, com relatório – com relatório. Olha a diferença de um Estado em que o hospital acontece, em que a saúde acontece.

    Agora, eu vou comparar com o meu Estado: no primeiro ano, como ninguém tem emenda, eu coloquei, no primeiro e segundo anos, R$72 milhões, porque eu também fui Vice-Líder e consegui um recursinho, inclusive uma emenda de bancada, R$47 milhões; para custeio, R$72 milhões. Nunca me chamaram para dizer nem que tinham comprado um parafuso.

    Hoje, no meu Estado, temos quase 500 pessoas esperando na fila por uma cirurgia ortopédica. Os idosos estão indo a óbito, porque ficam ali, paralisados, pegam pneumonia ou outra doença hospitalar, e vão a óbito.

    Então, essa é a diferença quando o recurso chega na ponta.

    Portanto, eu quero aqui render as minhas homenagens aos Parlamentares de Goiás e ao Hospital Araújo Jorge, que responde com a saúde devida ao povo de Goiás e ao povo do Brasil.

    Muito obrigado a todos que fazem aquele hospital.

    Muito obrigado, Senador Jorge Kajuru, pelo convite que V. Exa. me fez. E ontem estava lá toda a sua equipe presente, porque V. Exa. tinha tido uma recaída, V. Exa...

    O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – Hipoglicemia.

    O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - RR) – É, pronto. Isso aí.

    Um abraço.

    Obrigado.

    O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – V. Exa., Senador Telmário Mota, de Roraima, dá aqui um exemplo nacional, nesta Casa, porque é admirável que um Senador de Roraima tenha mais conhecimento de um hospital consagrado no Brasil inteiro, que atende a brasileiros de todos os Estados, inclusive do seu, no caso do seu sobrinho, tenha mais conhecimento do que muitos goianos sobre a importância dessa instituição chamada Hospital Araújo Jorge, hospital do câncer.

    Bem, aqui cumpro o Regimento Interno desta Casa. Portanto, antes do Senador Alvaro Dias – o Senador Alvaro todos os Dias –, que é o próximo inscrito para usar a tribuna, pelo tempo de Liderança, eu convido para fazer uso da palavra o Líder do Governo, que representa, com orgulho, o Estado de Pernambuco, o Senador Fernando Bezerra, com prazer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/03/2019 - Página 43