Pronunciamento de Ciro Nogueira em 13/03/2019
Discurso durante a 21ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Homenagem ao aniversário da Batalha de Jenipapo.
- Autor
- Ciro Nogueira (PP - Progressistas/PI)
- Nome completo: Ciro Nogueira Lima Filho
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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HOMENAGEM:
- Homenagem ao aniversário da Batalha de Jenipapo.
- Publicação
- Publicação no DSF de 14/03/2019 - Página 105
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM
- Indexação
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- HOMENAGEM, ANIVERSARIO, LUTA, ESTADO DO PIAUI (PI), OBJETIVO, INDEPENDENCIA, BRASIL.
SENADO FEDERAL SF -
SECRETARIA-GERAL DA MESA SECRETARIA DE REGISTRO E REDAÇÃO PARLAMENTAR - SERERP COORDENAÇÃO DE REDAÇÃO E MONTAGEM - COREM 13/03/2019 |
DISCURSO ENCAMINHADO À PUBLICAÇÃO, NA FORMA DO DISPOSTO NO ART. 203 DO REGIMENTO INTERNO.
O SR. CIRO NOGUEIRA (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - PI. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Sras. Senadoras e Srs. Senadores, há tempos, historiadores e outros estudiosos e mesmo aqueles movidos somente pela curiosidades batem-se pela renovação e atualização dos conhecimentos históricos em nossos livros didáticos. Ninguém ignora ser questão naturalmente polêmica, pois, muitas vezes, as formas de apropriação do passado nacional prestam-se a alimentar conflitos e amparar posições políticas do presente.
Hoje, ao comemorar o aniversário da Batalha de Jenipapo, não tenho propósitos polêmicos. Gostaria, entretanto, de fazer alguns apontamentos sobre o lugar da história do Piauí nos momentos maiores da história nacional. Com isso, espero encorpar o movimento, que se revigorou nos últimos anos, de introduzir com justiça os eventos do meu o Piauí nos fatos maiores da história pátria.
Movimento, que, se frise, é marcadamente abraçado pelo Piauí e pelos piauienses, a tal ponto que a data em que a Batalha do Jenipapo ocorreu, 13 de maio de 1823, estampa a nossa bandeira.
Assim, a nossa compreensão é a de que a dinâmica de um movimento complexo como o da Independência não poderia ser compreendida por alusão simples a um fato, o Grito do Ipiranga. Para fazer justiça ao nosso passado, devemos reconhecer a colaboração de outros fatores e de outros atores, no caso piauiense, homens simples e anônimos que tombaram às margens do rio Jenipapo, em Campo Maior, na luta contra as tropas portuguesas do Major Cunha Fidié.
Ora, Sr. Presidente, como a historiografia revelou, a nossa Independência, longe de ser pacífica, de curta duração e restrita ao espaço do Centro-Sul da nação, com a participação de uns poucos protagonistas, compreendeu lutas e batalhas sangrentas em várias regiões, sobretudo no Norte e Nordeste, que se estenderam por considerável tempo, cujos resultados dependeram fortemente da participação popular.
D. Pedro I amarrou bem, na região Centro-Sul, a condução da Independência. Nas regiões dos atuais Nordeste e Norte, porém, a separação assumiu outra natureza e determinou significativamente as perspectivas futuras de preservação da unidade nacional.
As lutas da Independência no Piauí ilustram bem a questão. Nós a comemoramos em três datas: o dia 19 de outubro, que alude à emancipação proclamada pela Câmara da Vila de São João da Parnaíba, e que motivou o deslocamento das tropas portuguesas chefiadas pelo Major Fidié, que se encontravam em Oeiras, para reprimi-la. A saída das tropas portuguesas oferece ocasião à adesão da Vila de Oeiras à separação, ocorrida em 24 de janeiro de 1823. No retorno das tropas, que se encontravam em Parnaíba, para Oeiras, em Campo Maior, ocorreu a Batalha de Jenipapo, a 13 de março de 1823, o último e mais decisivo fato, pois significou o golpe de misericórdia nas forças portuguesas, cuja rendição viria a ocorrer, pouco tempo depois, após combates na cidade de Caxias, no Maranhão.
No Piauí, afora a movimentação das tropas portuguesas por longos espaços e algumas escaramuças, o Jenipapo representou o evento decisivo. Na batalha sangrenta, muitos combatentes tomaram parte e centenas perderam a vida na defesa da Independência nacional. O aspecto popular da resistência marca a identidade da batalha. Enfrentando tropas guarnecidas, bem treinadas e equipadas, a multidão de sertanejos, defendendo-se com o que tinham à mão, sem armamento militar ou treinamento, entregou a sua vida. A economia do sertão sustentou o esforço de guerra e rapidamente os portugueses, desconectados dela, afundaram.
A Batalha do Jenipapo coloca o herói anônimo e popular, o sertanejo, ao lado dos nomes ilustres que povoam a história da independência do Brasil. Também sinaliza, Sras. Senadoras, Srs. Senadores, a participação decisiva dos estados do Norte e do Nordeste no enfrentamento do maior desafio enfrentado pela Nação que se formava: o risco de fragmentação do território nacional.
Assim, recuperando a memória da participação das regiões do Norte e do Nordeste na história nacional, resgatando o papel do povo comum, sertanejo, nos grandes eventos da história nacional, homenageamos a Batalha de Jenipapo, episódio fundador do Brasil moderno e independente.
Era o que tinha a dizer. Muito obrigado.