Fala da Presidência durante a 33ª Sessão Especial, no Senado Federal

Sessão destinada à entrega do Diploma Bertha Lutz às agraciadas em sua 18ª Premiação.

Autor
Rose de Freitas (PODE - Podemos/ES)
Nome completo: Rosilda de Freitas
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Sessão destinada à entrega do Diploma Bertha Lutz às agraciadas em sua 18ª Premiação.
Publicação
Publicação no DSF de 27/03/2019 - Página 44
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • SESSÃO, ENTREGA, DIPLOMA, BERTHA LUTZ, HOMENAGEM, RECONHECIMENTO, PESSOAS, CONTRIBUIÇÃO, DIREITOS, DEFESA, MULHER.

    A SRA. PRESIDENTE (Rose de Freitas. Bloco Parlamentar PSDB/PODE/PSL/PODE - ES) – Nós queremos agradecer a presença de todos.

    E, como eu li antes um relato da vida, um pouco do histórico, do perfil do ex-Ministro Ayres Britto, é com muita honra que nós o recebemos aqui.

    E por que homenagear um homem se nós estamos falando de Bertha Lutz? Porque não há como, Ministro e todos que estão aqui, entender que nós levamos séculos com uma cultura machista, feia, hedionda, que até hoje massacra as mulheres nos seus menores direitos, se nós não tivermos, ombro a ombro, lado a lado, companheiros, homens capazes de lutar. E aqui me emocionou muito o Sr. Francisco, que disse: "As mulheres não merecem isso". Ele está falando da outra parte da sociedade, falando, como ele disse aqui: "a minha mãe, e eu sou casado com uma mulher". Todos aqui vieram de uma mulher. É preciso que isso acabe. E, como vamos acabar com isso, se nós não estivermos chamando os homens para que comunguem das nossas ideias, para que acreditem nas mulheres, para que sejam solidários com elas, para que abrem suas vozes, como V. Exa. abriu o microfone do STF?

    V. Exa. disse – é por isso que nós o chamamos de bendito fruto – que a Lei Maria da Penha deve ser saudada, elogiada e prestigiada pelas instâncias jurídicas, com a Justiça brasileira priorizando a tramitação e o julgamento de ações ajuizadas com base na Lei Maria da Penha, porque V. Exa., naquele momento, sabia – eu vou concluir sua fala – que vários juízes neste País se negavam a aplicar, ignoravam essa lei. E nós fazíamos fila nos microfones – eu então Deputada Federal – para fazer denúncia, e nada acontecia. V. Exa. disse que, nos tribunais, nas audiências dos juízes singulares, nas delegacias de polícia, todas as queixas, as denúncias e reclamações, visando a vitalização, a tonificação, a aplicabilidade da Lei Maria da Penha, tudo há que transitar com prioridade, porque assim é que se concretiza a própria Constituição brasileira.

    E, como disse a Procuradora, que falou muito bem – nós nos apropriamos da sua palavra permanentemente nesta Casa –, o grau de civilidade de uma sociedade se mede pelo grau de liberdade da mulher. Liberdade, Professor! Nós estamos falando de liberdade.

    Parece que aqui há um quórum de privilegiadas, porque, na sociedade brasileira, somos doze Senadoras, mas não pensem que é fácil, nem para estar nas Comissões, nem para fazer tramitar nossos projetos, nem para ter direito de relatar, no momento oportuno, as nossas matérias.

    Eu tenho um agradecimento a fazer ao Presidente Davi que respeitou esta sessão na forma que nós compusemos e nos deu todo este espaço, porque, na Casa, a maioria ainda é masculina.

    Queremos aqui homenagear esse homem que ajuda a colocar luz nos caminhos tortuosos que o nosso Brasil enfrenta, que nós mulheres enfrentamos. A sua serenidade e a sua sabedoria servem como farol para todos nós brasileiros, sobretudo nós mulheres nos dias atuais. Quisera que a outra metade da sociedade, a que nós parimos, fosse constituída de homens como o Sr. Francisco, como o senhor que aqui está, como o sobrinho da Bibi, como o cantor – o senhor me fez chorar hoje, eu vou levar para casa as suas palavras.

    As pessoas olham essa violência, pasmas, na frente da televisão. Elas sentem, Juíza Hermínia, e falam: "Que absurdo o que aconteceu!", como em Dores do Rio Preto, no nosso Estado, mas as pessoas não ocupam seus lugares na sociedade, no sindicato, na padaria, para dizerem o que pensam sobre isso, não educam os seus filhos... Elogiam porque ele deu uma esbarradinha no seio de uma colega, porque passou a mão em parte do corpo dela... Falam: "Isso é um menino, isso é um macho!". Não educam diferente, com a palavra chamada respeito.

    Como V. Exa. pratica isso, nós hoje, em sinal de respeito, estamos homenageando V. Exa. Pelo homem que é, pelo homem público que é, pelo cidadão que é, pelo chefe de família que é, pelo pai que é, nós estamos a dizer que todos queríamos que todos fossem Ayres Brito. (Palmas.)

    Convido V. Exa. para receber a homenagem de todas as mulheres do Senado.

    Convido as nobres Senadoras para que estejam na frente, prestando esta homenagem.

(Procede-se à entrega do Diploma Bertha Lutz ao Sr. Carlos Ayres Britto.)

    A SRA. PRESIDENTE (Rose de Freitas. Bloco Parlamentar PSDB/PODE/PSL/PODE - ES) – Concedemos a palavra agora ao nosso homenageado, a quem peço uma salva de palmas. E a todas vocês as palmas do nosso coração.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/03/2019 - Página 44