Pronunciamento de Jorge Kajuru em 01/04/2019
Discurso durante a 40ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal
Comentários a respeito de declarações do Ministro do STF, Luís Roberto Barroso, em debate sobre as Operações Lava Jato e Mãos Limpas, na sede do jornal O Estado de S. Paulo.
Justificativa sobre postura acrítica de S. Exª adotada em relação ao Governo Bolsonaro.
Divulgação de estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) que demonstra a possibilidade de o Brasil estar enfrentando a pior década para a economia em 120 anos. Preocupação com o crescimento da miserabilidade no País. Exposição de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que revelam que a população fora da força de trabalho está crescendo.
Ponderação sobre posicionamento do Presidente do Senado, Davi Alcolumbre, acerca da necessidade da CPI da Toga.
- Autor
- Jorge Kajuru (PSB - Partido Socialista Brasileiro/GO)
- Nome completo: Jorge Kajuru Reis da Costa Nasser
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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PODER JUDICIARIO:
- Comentários a respeito de declarações do Ministro do STF, Luís Roberto Barroso, em debate sobre as Operações Lava Jato e Mãos Limpas, na sede do jornal O Estado de S. Paulo.
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ATIVIDADE POLITICA:
- Justificativa sobre postura acrítica de S. Exª adotada em relação ao Governo Bolsonaro.
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ECONOMIA:
- Divulgação de estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) que demonstra a possibilidade de o Brasil estar enfrentando a pior década para a economia em 120 anos. Preocupação com o crescimento da miserabilidade no País. Exposição de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que revelam que a população fora da força de trabalho está crescendo.
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SENADO:
- Ponderação sobre posicionamento do Presidente do Senado, Davi Alcolumbre, acerca da necessidade da CPI da Toga.
- Publicação
- Publicação no DSF de 02/04/2019 - Página 10
- Assuntos
- Outros > PODER JUDICIARIO
- Outros > ATIVIDADE POLITICA
- Outros > ECONOMIA
- Outros > SENADO
- Indexação
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- COMENTARIO, DECLARAÇÃO, AUTORIA, LUIS ROBERTO BARROSO, MINISTRO, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF), REFERENCIA, JORNAL, O ESTADO DE S.PAULO.
- COMENTARIO, AUSENCIA, CRITICA, AUTORIA, ORADOR, DESTINATARIO, GOVERNO FEDERAL.
- COMENTARIO, CRISE, ECONOMIA NACIONAL, REFERENCIA, ESTUDO, AUTORIA, FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS (FGV), APREENSÃO, SITUAÇÃO, MISERIA, DADOS, INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA (IBGE).
- COMENTARIO, POSIÇÃO, DAVI ALCOLUMBRE, PRESIDENTE, SENADO, REFERENCIA, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), INVESTIGAÇÃO, ILEGALIDADE, JUDICIARIO.
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO. Para discursar.) – Brasileiros e brasileiras, V. Exas., aqui fala seu empregado público Jorge Kajuru, eleito Senador, orgulhosamente, pelo Estado de Goiás.
O meu reconhecimento à altíssima qualificação dos funcionários da TV Senado e da Rádio Senado e, de um modo geral, aos funcionários desta Casa, que são o maior patrimônio inquestionavelmente. Uma ótima semana, com paz, com saúde e, principalmente, com Deus para todos e todas neste Congresso Nacional, especialmente na Pátria amada. E que todos tenham a preocupação, no dia a dia, de só fazer o bem, de só praticar o bem e de sermos mais otimistas.
Não sei se V. Exa., Presidente desta sessão, que orgulha o Rio Grande do Sul, Senador Lasier Martins, teve conhecimento de opiniões raríssimas de um honrado homem público da Suprema Corte brasileira, hoje pela manhã, em debate em um dos maiores jornais do mundo, O Estado de S. Paulo.
Eis que o Ministro Luís Roberto Barroso, repito, de irretocável honra, voltou a fazer carga contra a corrupção que tanto infelicita o nosso País, porque ela significa, abre aspas, "o dinheiro que não vai em quantidade suficiente para a educação, para a saúde, para consertar estradas. Corrupção mata. É um crime grave cometido por gente perigosa", fecha aspas, falou o Ministro Barroso.
Ao participar de um debate na sede do jornal O Estado de S. Paulo para discutir as Operações Lava Jato e Mãos Limpas, o Ministro Barroso disse que ninguém assume culpa no Brasil e todo mundo diz que é perseguido pela Justiça.
Segundo suas palavras, entre aspas: "O arrependimento sincero é o pressuposto da salvação. Eles não se arrependem. O sujeito é fotografado, filmado e diz que está sendo perseguido", fecha aspas. A despeito dessa atitude dos que são presos, o Ministro Barroso declarou, aspas: "Eu penso que o trem já saiu da estação. A Lava Jato deixou de ser operação e passou a ser uma atitude, um símbolo que representa a não-aceitação do inaceitável", fecho aspas.
Para completar, o Ministro Luís Roberto Barroso destacou, aspas: "O que mudou no Brasil nos últimos anos foi uma imensa reação da sociedade, com emocionante demanda por integridade, por idealismo e por patriotismo, que empurrou as instituições", fecho aspas.
Faço minhas as palavras brilhantes do Ministro Barroso e tenho certeza de que V. Exa., Senador Lasier Martins, pensa rigorosamente como eu, no caso como ele.
Muitos nas redes sociais perguntam-me, crítico como sou, "qual o motivo, Kajuru, de você estar poupando o Presidente Jair Messias Bolsonaro? Por não ter levantado, Kajuru, até agora questionamentos ao Chefe do Executivo", nesses meus 60 dias de mandato como Senador que completo nesta segunda-feira, 1º de abril.
A minha resposta é simples. À exceção de um certo personagem, que é de conhecimento de todos aqui e no Brasil, não tenho eu feito críticas pessoais a ninguém, mas, quando fiz aqui pronunciamentos contra o fim dos privilégios na máquina estatal e também no Judiciário, na Suprema Corte, relacionei os privilégios dos três Poderes. Fui isento, incluí, claro, Legislativo e Executivo e estou completando agora o alto custo, o abismal custo da máquina pública nas câmaras municipais, nas prefeituras municipais, nos governos estaduais e nas assembleias legislativas estaduais, para demonstrar que não há revanchismo e que há apenas uma preocupação. Se a classe política tivesse coragem de cortar em sua própria carne pelo menos a metade do que ela custa, o Brasil não precisaria de reforma da previdência. Mas é difícil aceitar cortar na própria carne, sabemos disso.
É óbvio ululante, como diria Nélson Rodrigues, que não teria por que eu criticar o atual Presidente por tais privilégios. Ele também está chegando agora, não tem responsabilidade nenhuma pelo inchaço da máquina pública ao longo dos últimos anos ou décadas.
E por que não criticá-lo pelo que tem ou não tem feito nesse início de mandato? A resposta é simples e comporta, colegas respeitosos, vários argumentos. Primeiro, observo que o Presidente vive uma realidade física que não é a ideal. Todos nós, Senador Izalci Lucas, que é Vice-Líder do Governo, sabemos os motivos: por causa do atentado que ele sofreu há seis meses. Passou por três cirurgias, uma a cada dois meses, enfrentou todo tipo de sofrimento e com o estresse que isso significa, pois eu já passei por seis cirurgias, e a maior delas durou 13 horas, feita pelo Dr. Áureo Ludovico, no Hospital Neurológico, em Goiânia. Quase fui para a outra vida.
Então, é preciso ter um pouco de sensibilidade, além da prometida por mim: lua de mel de cem dias ao Governo Bolsonaro.
Penso que está mais do que justificada a minha postura acrítica em relação ao Governo Bolsonaro, que completa, na semana que vem, dia 10 de abril, os seus primeiros cem dias de mandato.
Agora, que fique bem claro a V. Exas. nas galerias, com o pouco que enxergo aqui de vultos: isso não quer dizer que, a partir do próximo dia 10 agora, dos cem dias, eu, Jorge Kajuru, me transformarei, virarei um crítico ferrenho do Presidente. Ele sabe, em conversas comigo, como todos os meus eleitores sabem, que não sou oposição. Eu tenho posição. É diferente.
O que ele fizer de bom vou aplaudir. No que errar vou criticar.
E permito-me, desde já, fazer ao Senhor Presidente da República uma humilde recomendação: está na hora, Presidente, de deixar para trás a campanha eleitoral. O momento agora é o de superar divergências e buscar consensos.
Eu torço para que dê certo o Governo do Bolsonaro – sabotá-lo é sabotar o País; isso não pertence ao meu caráter – por ele e muito mais pela minha Pátria amada, que há anos vive um inferno astral e tende a caminhar a passos largos para uma década perdida.
E aqui, saiba, Brasil inteiro, que, segundo a Fundação Getúlio Vargas, não sei se os Senadores e Senadoras presentes tiveram conhecimento, em estudo publicado na semana passada, pode ser esta a pior década em 120 anos, ou seja, em mais de um século. O estudo da FGV mostra que, entre 2011 e 2018, a economia brasileira cresceu em média 0,6% ao ano, conforme dados divulgados pelo IBGE, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
As previsões dos economistas para o PIB (Produto Interno Bruto) são de crescimento de 2,01%, em 2019, e de 2,8%, em 2020. Caso se confirmem, o Brasil chegará ao final desta década com um crescimento médio, pasmem, de 0,9%. É o pior resultado desde 1901, quando a Fundação Getúlio Vargas começou a medir o PIB brasileiro, ou seja, um dos piores da nossa história republicana, com todas as consequências que conhecemos: milhões de brasileiros com dívidas, milhões de brasileiros sem emprego, milhares de empresas fechadas, Estados e Municípios falidos.
O retrato desse quadro é a miserabilidade ocupando cada vez mais o espaço nas calçadas, nas praças, nas marquises, nos centros urbanos e, o que é pior, nos lares brasileiros. Vivemos um quadro social que caberia na obra física, obra-prima, joia rara, do grande escritor francês Victor Hugo, Os Miseráveis, escrita no século retrasado. E é isto com o que devemos nos preocupar: com a situação de penúria em que vive a maioria da população brasileira. O IBGE divulgou na última sexta-feira que a taxa de desemprego subiu no trimestre encerrado em fevereiro. O número de desocupados chega a 13,1 milhões.
Para concluir, outro dado estarrecedor, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população fora da força de trabalho está crescendo e atingiu, no fim de fevereiro, número recorde nos levantamentos do instituto: Presidente Lasier Martins, Senador Izalci Lucas, 65,7 milhões de brasileiros. É esse o real tamanho do desafio, que é de todos nós neste País, de todas as instituições, inclusive e principalmente da Presidência da República, desafio que exige muito trabalho, muita dedicação e muita responsabilidade por parte dos que detêm algum tipo de liderança no País, sobretudo dos Poderes constituídos. Mais que um desafio, temos um compromisso com a história do País, que vai nos cobrar por um eventual fracasso. E a busca do desejado sucesso tem que começar logo, já – uma tarefa que exige diálogo contínuo, permanente, verdadeiro entre Executivo e Legislativo. Sem esse entendimento, dificilmente vamos tirar o País do buraco em que se encontra e não temos mais tempo a perder. Sejamos grandiosos. Não apequenemos. Sejamos brasileiros, pois trair a Pátria será nosso enterro político. Tenhamos responsabilidade. Tenhamos mais amor, menos ódio e tenhamos mais respeito entre os Poderes.
E para concluir, Presidente, eu voltarei mais tarde, se houver tempo de Liderança, para falar dos pontos ruins da reforma da previdência, porém deixando claro que, conforme o próprio Presidente Bolsonaro declarou para o Brasil inteiro, ele reconhece erros nessa reforma apresentada. Isso é um sinal de quê? De que o Governo poderá ceder nesses erros da reforma, e, cedendo, eu tenho certeza de que este Congresso Nacional não será medíocre, não trairá a Pátria e aprovará a reforma tão necessária da previdência deste País. Agora, trair a Pátria não significa aprovar a reforma.
Trair a Pátria também é aprovar a reforma, ignorando e deixando que se prejudiquem, que se destruam as camadas mais carentes deste País, referindo-me aos trabalhadores rurais, urbanos, aos idosos, aos deficientes. Que saibamos discutir ponto a ponto, é o que farei na próxima oportunidade em que usar esta tribuna.
E, por fim, dirijo-me aqui, como se estivesse olhando para ele cara a cara, porque não falo pelas costas, Presidente Davi Alcolumbre, deste Senado Federal, que virou um amigo especial que considero articulado, mediador, equilibrado e um homem de palavra, porque se conhece um homem, a meu ver, pela palavra. E eu conheci Davi Alcolumbre pela palavra.
Cuidado, Presidente, com o que houve. Eu, Jorge Kajuru, tenho, como é sabido, redes sociais com milhões de seguidores, e, naquele dia, não foi o Kajuru. Foi também um colega seu, Vice-Presidente desta Mesa Diretora, Lasier Martins, que usou o microfone e também esperava de V. Exa. uma posição: que não se protelasse mais a questão da CPI da Toga, que o Brasil quer: a maioria absoluta do País quer a CPI da Toga.
Em nenhum momento desqualifiquei o Presidente desta Casa. Pelo contrário, eu o cumprimentei por, naquele dia, aceitar o meu pedido: que falasse de uma vez por todas, pelo bem ou pelo mal, se teremos ou não a CPI da Toga. E ele assim agiu, passando a decisão para a CCJ e, depois, para o voto aberto aqui no Plenário. E aí cada Senador terá que dar satisfação ao seu eleitorado, ao seu Estado e ao País, porque é um Senador Federal. O voto será aberto – não será voto escondido –, como a gente sempre quis, especialmente nós três aqui, que sempre defendemos o voto aberto, desde o primeiro dia.
Então, Presidente, eu não faço, de forma alguma, esse tipo de jogo, não é assim que ajo; pelo contrário, escrevi para V. Exa. e falei, olhando nos seus olhos, ao lado de seu Secretário Bandeira, que, até nas minhas redes sociais, quando minha Assessora Paloma lá colocou uma notícia da revista Exame contra V. Exa., eu cheguei em casa às 11h15 da noite e vi aquela nota– eu estava ao lado de meu afilhado Vicente Datena –, eu mesmo a excluí, porque achei que ela era muito peçonhenta e que era coisa de pau mandado, ou seja, alguém plantou aquilo. Se é problema dele com a Justiça, é problema dele com a Justiça, e eu não tenho o direito até hoje, nesses 60 dias de mandato, de fazer qualquer crítica pessoal e deixar de considerar que Davi Alcolumbre é um Presidente para fazer diferença neste Senado, para marcar ponto e para que nunca mais o Brasil diga que esta Casa é uma capitania hereditária. Ela não é mais.
Agradecidíssimo.