Discurso durante a 42ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários a respeito de encontro de S. Exª com representante venezuelano, na Embaixada da Venezuela. Considerações sobre a necessidade da reabertura das fronteiras e da retomada das relações comerciais entre a Venezuela e o Brasil, notoriamente no que tange ao fornecimento de energia para o estado de Roraima.

Breve relato de reunião do Parlasul, como membro da Comissão do Mercosul.

Alerta para os altos números do desemprego no Brasil e suas consequências, principalmente para os jovens. Defesa do Mercosul como importante gerador de emprego para os países participantes.

Autor
Telmário Mota (PROS - Partido Republicano da Ordem Social/RR)
Nome completo: Telmário Mota de Oliveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA INTERNACIONAL:
  • Comentários a respeito de encontro de S. Exª com representante venezuelano, na Embaixada da Venezuela. Considerações sobre a necessidade da reabertura das fronteiras e da retomada das relações comerciais entre a Venezuela e o Brasil, notoriamente no que tange ao fornecimento de energia para o estado de Roraima.
POLITICA INTERNACIONAL:
  • Breve relato de reunião do Parlasul, como membro da Comissão do Mercosul.
TRABALHO:
  • Alerta para os altos números do desemprego no Brasil e suas consequências, principalmente para os jovens. Defesa do Mercosul como importante gerador de emprego para os países participantes.
Publicação
Publicação no DSF de 04/04/2019 - Página 25
Assuntos
Outros > POLITICA INTERNACIONAL
Outros > TRABALHO
Indexação
  • COMENTARIO, ENCONTRO, ORADOR, REPRESENTANTE, PAIS ESTRANGEIRO, VENEZUELA, LOCAL, EMBAIXADA, ENFASE, NECESSIDADE, REABERTURA, FRONTEIRA, PAIS, VIZINHO.
  • COMENTARIO, ASSUNTO, REUNIÃO, PARTICIPAÇÃO, REPRESENTANTE, ORADOR, PARLAMENTO, MERCADO COMUM DO SUL (MERCOSUL).
  • APREENSÃO, MOTIVO, AUMENTO, INDICE, DESEMPREGO, POPULAÇÃO, JUVENTUDE, PAIS, COMENTARIO, IMPORTANCIA, MERCADO COMUM DO SUL (MERCOSUL), CRIAÇÃO, EMPREGO.

    O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - RR. Para discursar.) – Sr. Presidente, Senador Antonio Anastasia, Srs. Senadores, Sras. Senadoras, telespectadores e telespectadoras da TV Senado, ouvintes da Rádio Senado, Senadora Zenaide, minha companheira do PROS, que me orgulha. Ontem, ela foi levada a presidir a Comissão das Mulheres, não é?

(Intervenção fora do microfone.)

    O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - RR) – Isso. Que bom!

    Sr. Presidente, cheguei aqui agora há pouco e estou presidindo a Subcomissão da Comissão de Relações Exteriores que foi criada para tratar do assunto da Venezuela. E eu fui chamado pela Embaixada venezuelana hoje. Tivemos um encontro às 14h30. E ali soubemos de uma notícia alvissareira, de que... Nós tínhamos feito uma solicitação no sentido de reabrir a fronteira da Venezuela com o Estado de Roraima e restabelecer aquela relação comercial, aquela relação social e aquela relação cultural que existe entre o país venezuelano e o Estado de Roraima e o Brasil. E hoje fiquei sabendo que o nosso pedido de um encontro com o Ministro das Relações Exteriores da Venezuela poderá acontecer na próxima semana, talvez até com o Presidente Nicolás Maduro, no sentido de restabelecer aquela ordem na fronteira entre o Brasil e a Venezuela. E me disse hoje o representante venezuelano que hoje não aconteceu já imediatamente esse encontro em função da crise energética que está havendo dentro da própria Venezuela.

    Então, o sentimento das autoridades venezuelanas é de manter essa paz, manter essa relação com o Brasil. Que esse encontro traga realmente o resultado esperado, da abertura da fronteira e, consequentemente, do fornecimento da energia para o Estado de Roraima, porque 80% da energia do Estado de Roraima vem da Venezuela. Extraoficialmente, os nossos caminhões, as nossas mercadorias que o Brasil vende para a Venezuela... E Roraima exporta para a Venezuela 53% da sua exportação. Então, aquelas carretas com 30 toneladas já começam paulatinamente sendo recebidas pelas autoridades venezuelanas. Isso é muito bom para restabelecer aquela união, aquela harmonia entre o Brasil e a Venezuela.

    Por outro lado, Sr. Presidente, nós também estamos fazendo parte da Comissão do Mercosul. E, segunda e terça-feira, estivemos lá no Parlasul, numa reunião ordinária. E dali nós trouxemos... Na verdade, eu trouxe algumas informações que são importantes para o conhecimento do Brasil, porque, apesar de o Mercosul não ser um Parlamento que toma decisões deliberativas, mas sugestivas, sem nenhuma dúvida é da maior importância para essa integração dos países sul-americanos, principalmente aqui da América do Sul. E, mais do que isso, o nosso País tem um ganho substancial nessa relação. É disso, Sr. Presidente, que vou falar agora aqui.

    Então, o maior problema do Brasil hoje é o desemprego. Segundo o IBGE, falta trabalho para quase 28 milhões de brasileiros. Os desempregados são 13 milhões; os desalentados, que perderam a esperança de encontrar emprego, são 4,8 milhões; os subocupados, que trabalham menos horas do que gostariam, são 6,5 milhões. E 3 milhões de brasileiros desistiram de procurar emprego para fazer serviços domésticos em casa. O pior é o desemprego entre os jovens, que é 25% – um em cada quatro jovens brasileiros. Essa taxa é o dobro do desemprego médio. Na cidade de São Paulo, o desemprego entre os jovens é de 28%. Quase um em cada três jovens não estuda e nem trabalha.

    Os jovens ainda estão formando sua personalidade, autoestima e princípios. Se o jovem não conseguir seu primeiro emprego ou viver sem opção na rua, ele perde a confiança em si mesmo e também no trabalho, nos estudos, na sociedade, no Estado e na economia.

    Não é preciso ser um gênio para descobrir que essa situação vai ajudar a levantar muitos desses jovens desesperados para as drogas e o crime, porque não acham oportunidade de mercado de trabalho. O desemprego acaba levando ao aumento da violência. Por exemplo, a organização criminosa PCC deve estar gostando muito desse desemprego. Diferentemente das empresas industriais, eles estão recrutando os nossos jovens.

    A economia brasileira está em recessão há quatro anos e não dá mostras de reagir. O Brasil precisa exportar mais para poder gerar emprego para os nossos jovens.

    O Mercosul é fundamental para nossas exportações industriais. Apenas 9% das nossas exportações para a Ásia são de produtos industriais. Para o Mercosul, 84% das nossas exportações são de produtos industriais. Desses, mais de 40% são de automóveis e autopeças. O dado mais impressionante da importância do Mercosul para a indústria brasileira é que mais de 80% das nossas exportações de automóveis vão para o Mercosul, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores.

    Por isso, toda crise no Mercosul gera problemas para a nossa indústria. Dia 19 de fevereiro último, a Ford fechou sua fábrica de carros e caminhões em São Bernardo do Campo, em São Paulo. A Honda anunciou também, em fevereiro, que fechará, até o fim do ano, sua fábrica em Sumaré, também em São Paulo. Evidentemente, Sr. Presidente, a queda das exportações para o Mercosul tem uma grande cota de responsabilidade no fechamento dessas fábricas e no grande desemprego em nossas regiões industriais.

    Segundo um estudo do Ministério das Relações Exteriores, para 12 Estados brasileiros, nossos sócios do Mercosul estão entre os principais parceiros comerciais. Em Roraima, por exemplo, mais da metade, 53%, das exportações vão só para a Venezuela, sem contar o que vai para nossos outros países vizinhos. O recente fechamento da fronteira com o nosso vizinho venezuelano está causando desemprego e muitos problemas para o meu Estado de Roraima.

    Especialmente na situação em que estamos, temos que entender que não podemos agredir nossos parceiros, porque quem vai sofrer são os nossos trabalhadores e, em particular, os jovens, com a perda de exportações.

    Todos os nossos parceiros comerciais são fundamentais, todas as exportações são fundamentais para que possamos manter o atual nível de emprego para aumentar as contratações. Não podemos perder nenhum parceiro comercial por motivos ideológicos. Outros países não vão compensar os parceiros que perdemos. Assim como não existe um parceiro comercial que devemos ver como indesejável, também não existem parceiros comerciais bonzinhos que, por caridade, vão compensar as exportações que perdermos para quem nós excluímos por questões ideológicas.

    A indústria brasileira ainda não é uma das mais modernas do mundo. Temos que fazer um grande esforço para vender mais para os países tecnologicamente avançados, como na América do Norte, Europa e Ásia. Por outro lado, Sr. Presidente, mesmo sofrendo com uma grande crise econômica, os vizinhos da América do Sul somam 22% das nossas exportações de manufaturados.

(Soa a campainha.)

    O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - RR) – A América Latina, como um todo, compra 30% da nossa exportação industrial.

    Com tanto desemprego no País, não podemos abrir mão ou fazer pouco caso dos mercados de nossos vizinhos.

    A Constituição foi sábia ao colocar, logo em seu artigo 4º, o seguinte: "A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações." Aprofundar e ampliar o Mercosul é, portanto, um princípio constitucional.

    Prometo fazer o que for possível para pacificar nossa relação com nossos vizinhos e fortalecer o Mercosul para crescermos e gerarmos mais empregos para nossa sociedade...

(Soa a campainha.)

    O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - RR) – ... e, principalmente, Sr. Presidente, para a nossa juventude.

    Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/04/2019 - Página 25