Discurso durante a 47ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Manifestação em prol da redução das desigualdades sociais existentes no Brasil.

Defesa dos direitos de funcionários terceirizados do Senado e apoio à aprovação do projeto de resolução que define regras de remuneração dessa categoria.

Consideração sobre a importância do tratamento equânime de todas as pessoas que trabalham e circulam no Senado.

Reflexão sobre a participação das mulheres no processo eleitoral.

Autor
Fabiano Contarato (REDE - Rede Sustentabilidade/ES)
Nome completo: Fabiano Contarato
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA SOCIAL:
  • Manifestação em prol da redução das desigualdades sociais existentes no Brasil.
SENADO:
  • Defesa dos direitos de funcionários terceirizados do Senado e apoio à aprovação do projeto de resolução que define regras de remuneração dessa categoria.
SENADO:
  • Consideração sobre a importância do tratamento equânime de todas as pessoas que trabalham e circulam no Senado.
ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS:
  • Reflexão sobre a participação das mulheres no processo eleitoral.
Aparteantes
Eduardo Girão, Elmano Férrer, Jorge Kajuru, Randolfe Rodrigues.
Publicação
Publicação no DSF de 11/04/2019 - Página 56
Assuntos
Outros > POLITICA SOCIAL
Outros > SENADO
Outros > ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS
Indexação
  • MANIFESTAÇÃO, APOIO, REDUÇÃO, DESIGUALDADE SOCIAL, PAIS.
  • DEFESA, DIREITO, SERVIDOR, TERCEIRIZAÇÃO, SENADO, COMENTARIO, NECESSIDADE, REGULAMENTAÇÃO, POLITICA SALARIAL, CATEGORIA.
  • DEFESA, IMPORTANCIA, IGUALDADE, TRATAMENTO, SERVIDOR, POPULAÇÃO, PUBLICO, VISITA, LOCAL, SENADO.
  • COMENTARIO, PARTICIPAÇÃO, MULHER, PROCESSO ELEITORAL, PAIS.

    O SR. FABIANO CONTARATO (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - ES. Para discursar.) – Boa tarde a todos.

    Sr. Presidente, muito obrigado pela oportunidade. Quero saudar todos aqueles que estão nos assistindo, em especial, a esses guerreiros que estão aqui, aos quais eu tenho muito orgulho de falar que é para vocês que eu estou exercendo o meu mandato. Para pessoas iguais a vocês que mais precisam e que têm seus direitos violados diuturnamente é que eu coloquei meu nome para representar a população capixaba, a população brasileira. Mas se me perguntassem: "Qual o seu objetivo como Senador?". Eu vou lutar para reduzir a desigualdade social, para que efetivamente a população tenha saúde pública de qualidade, porque não basta estar escrito no papel, sendo que vocês sabem efetivamente o que é precisar do Sistema Único de Saúde, que está falido.

    Só vocês sabem o que é um ter um filho que sonha em estudar numa escola boa, e nós temos escola pública com caos, com toda a deficiência. Só vocês sabem que essa dignidade passa por salário e que é lamentável nós termos uma Constituição, de 1988, que, no seu art. 7º, inciso IV, determina que a União tem que instituir um salário mínimo digno, capaz de suprir as suas necessidades e da família, com saúde, educação, habitação, moradia, lazer, vestuário, e nós termos esse mísero salário mínimo, enquanto funcionários aqui nesta Casa ganham mais de R$30 mil, R$20 a R$30 mil por mês.

    A minha fala é para vocês, terceirizados.

(Manifestação da galeria.)

    O SR. FABIANO CONTARATO (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - ES) – A minha fala é para vocês. A minha fala é para corrigir. Eu não quero jamais deixar de me indignar. Eu quero sempre estar atento àquilo que Platão disse: que a sabedoria está na repetição. E, quantas vezes forem necessárias, eu vou subir a esta tribuna para denunciar o descaso que o Governo faz com a população menos favorecida. Porque, se for necessário, eu darei minha vida para reduzir essa desigualdade social, para reduzir esse abismo entre os milhões de pobres e a concentração de riqueza nas mãos de tão poucos.

    Porque eu tenho vergonha na cara. Eu tenho vergonha, mas eu tenho muito mais orgulho de ter vindo de uma família humilde, pobre. Era motorista de ônibus o meu pai. Seis filhos e eu o mais novo. Sempre estudei em escola pública. Minha mãe, dona de casa. E, com muito orgulho, eu estou aqui. Eu não renunciaria à dignidade da minha família, Senador Paim, se não fosse para lutar por uma verdadeira igualdade social, que é o que está estabelecido e estampado na Constituição Federal.

    Quando se diz, no art. 5º, que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, eu nunca li, nunca proferi uma frase tão mentirosa, porque, no Brasil, uns são mais iguais que outros. No Brasil, se criminaliza a pobreza como se o pré-requisito para ser criminoso fosse ser pobre. Quanto aos crimes de maior prejuízo quem pratica? São políticos, são Governos, são Prefeitos, porque, quando se tem um furto aqui fora, você tem uma vítima determinada. Agora, quando o secretário de saúde desvia a verba da saúde, ele está matando milhões de pessoas. E a saúde é uma garantia constitucional. Quando o secretário de educação desvia a verba da educação, ele está matando o sonho dos nossos filhos, o sonho dos seus filhos. Quem de vocês aí não tem um filho que sonha entrar num curso de Direito, de Medicina, numa universidade federal? E que, se não for pelo sistema de cotas, não vão entrar.

    Eu tenho vergonha desde o primeiro dia em que eu assumi aqui. Eu nunca exerci mandato político. Eu amo ser delegado de polícia há 27 anos e professor no curso de Direito há vinte. Esse é o meu primeiro mandato. Mas eu queria publicamente, mais uma vez, pedir, em nome do Senado – se é que eu posso –, perdão à população brasileira; perdão pelo vexame, desde o primeiro dia, da eleição do Presidente desta Casa, porque tivemos 82 cédulas sendo que temos 81 Senadores. Eu queria pedir perdão pelas vezes que o Senado legisla não para atender ao interesse da maioria, ao interesse social, ao interesse das mulheres, dos negros, dos índios, dos deficientes. Eu quero pedir perdão, mas podem ter certeza de que, enquanto Deus me der vida e saúde, eu serei uma voz aqui para ecoar isso e, quem sabe, um dia, os Senadores que aqui compõem, 81, entendam que todo poder emana do povo, que é representado pelos seus representantes. Eles estão aqui em nome de uma população, não para atender a um interesse particular ou privado.

    Eu me envergonho, quando eu entro dentro desses elevadores, com elevador exclusivo para Senador. O que me faz melhor do que vocês se eu sou representante de vocês? O que me faz melhor do que qualquer pessoa que chega a esta Casa, que é intitulada Casa do Povo, que do povo não é nada?

(Manifestação da galeria.)

    O SR. FABIANO CONTARATO (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - ES) – O que me faz, Senador Paim, melhor para eu não passar pelo sistema de detector de metais? Enquanto servidores efetivos desta Casa não se submetem a isso, enquanto Senadores não se submetem, enquanto os comissionados não se submetem; mas os terceirizados se submetem.

(Manifestação da galeria.)

    O SR. FABIANO CONTARATO (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - ES) – Como que posso falar que eu tenho orgulho disso? Eu tenho vergonha! Eu tenho vergonha de olhar para a população capixaba. Eu tenho vergonha de olhar para vocês, terceirizados, e olhar nos olhos, porque isso não sou eu. Eu venho daí. E é por vocês... Vocês representam os milhões, os 210 milhões de brasileiros que estão aí; sem trabalho, 15 milhões de brasileiros – fora os da informalidade. Vai precisar do Sistema Único de Saúde: você vai ver a dificuldade que é para marcar uma consulta. Vai precisar fazer uma ressonância magnética: até isso acontecer, você já morreu. E nós fingimos que está tudo certo.

    Passou da hora de este Senado cobrar do Poder Executivo que ele faça cumprir o verdadeiro papel da instituição do salário mínimo, e não colocar esse mísero salário, já que o Dieese estabelece que, pelo que está na Constituição, o salário mínimo tinha que ser R$3.940. Eu não tenho como deixar de me indignar.

    Tão logo eu cheguei aqui, Sr. Presidente, dia 14 de fevereiro, eu fiz o Ofício 11, de 2019, ao 1º Secretário do Senado falando: todos são iguais perante a lei, todos somos iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza; acabem com o elevador privativo para Senador, e que todo mundo tenha acesso ao elevador. Eu, no mesmo dia, falei: ou todo mundo se submete ao sistema de detector de metais, ou ninguém se submete.

(Soa a campainha.)

(Manifestação da galeria.)

    O SR. FABIANO CONTARATO (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - ES) – Porque, aqui nesta Casa, eu estou verificando que se criminaliza o terceirizado, assim como o Estado criminaliza a pobreza.

    Eu não me canso de falar em Cesare Lombroso, na obra O Homem Delinquente, que falava que o criminoso é nato; que, pelo formato da testa, o tamanho do nariz, o tamanho da orelha, é criminoso nato. Eu digo para vocês, meus amigos: o Estado reproduz Lombroso. Sabem quando? Quando eu não vejo – e olhem que eu sou da segurança pública –, quando eu não vejo a polícia dando busca pessoal, baculejo em playboys, em bairros nobres, em Brasília; mas eu vejo ela violando esse direito da camada economicamente menos favorecida, como se o pré-requisito para ser criminoso fosse ser pobre.

    Eu não tenho como não deixar de me indignar com isso. Não tenho como; eu não teria como olhar para o meu filho, o Gabriel, que é a razão da minha vida e que eu tenho orgulho de falar que é negro. Mas eu sei o que espera ele aqui, porque é fácil falar que nós não vivemos numa sociedade preconceituosa, mas vai ser mulher, vai ser negro, vai ser deficiente físico, vai ser obeso... Você vai verificar que, infelizmente, nós estamos muito longe de estar num verdadeiro Estado democrático de direito.

    Eu fiquei feliz quando a bancada conseguiu aprovar... E tenho fé em Deus que hoje este Senado dê essa demonstração com o Projeto de Resolução do Senado 35, que vai ser votado para efetivamente corrigir, para não mais uma vez massacrar quem mais precisa. Porque a desigualdade aqui nesta Casa é latente, ela pulsa, ela pulsa.

    Eu não aprendi no banco da faculdade que todos somos iguais perante a lei para chegar aqui e repetir isso só da boca para fora. A gente tem que viver o que a gente fala. É muito cômodo para um político vir fazer discurso, mas ele não acreditar naquilo que ele fala. Os atos, os nossos atos falam mais do que as nossas palavras.

    Eu quero muito que vocês aqui, hoje, terceirizados... Mas quem está a nos assistir, a população carente, humilde, de pobres, desvalidos, sem vez, sem voz...

    O Sr. Elmano Férrer (Bloco Parlamentar PSDB/PODE/PSL/PODE - PI) – Senador Contarato...

    O SR. FABIANO CONTARATO (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - ES) – ... sem dignidade, sem nada, um dia, tenho a plena convicção de que seus direitos individuais, constitucionais, direitos sociais, serão respeitados.

    O Sr. Elmano Férrer (Bloco Parlamentar PSDB/PODE/PSL/PODE - PI) – Senador, permite-me um aparte?

    O SR. FABIANO CONTARATO (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - ES) – Pois não.

(Manifestação da galeria.)

    O Sr. Elmano Férrer (Bloco Parlamentar PSDB/PODE/PSL/PODE - PI. Para apartear.) – Eu gostaria de me somar ao pronunciamento de V. Exa. quando sobretudo trata das desigualdades sociais, econômicas, regionais do nosso País. No meu entendimento, V. Exa. é uma expressão maior de uma mudança que nós estamos vivendo hoje: como V. Exa. disse, mesmo filho de um motorista, pobre, chegou a esta Casa. No meu modo de entender, nós estamos vivendo um processo de grandes mudanças neste País.

    Eu também, como V. Exa., sou de uma geração em que – a V. Exa. me refiro como delegado – vi muitos pobres e negros neste País presos. E nós, quando vemos V. Exa., que é um homem do povo, aqui neste Senado, através de um esforço pessoal, de uma determinação sua, isso é o retrato de uma mudança que nós estamos vivendo. V. Exa. deve ter testemunhado no Nordeste... Aliás, o Espírito Santo está na área de atuação da Sudene, uma região pobre, desigual, com muita pobreza.

    Mas eu passei a ver, meu nobre Senador, ricos, poderosos, do ponto de vista econômico, político, presos neste País, a partir de 4, 5 anos para cá.

(Soa a campainha.)

    O Sr. Elmano Férrer (Bloco Parlamentar PSDB/PODE/PSL/PODE - PI) – Vejo nisso uma grande transformação moral, ética, que nós passamos a vivenciar. Aí, eu concordo com V. Exa. quando tem a coragem de dizer, aqui na Casa do Povo, de políticos, que tudo começa na política: a corrupção começa na política, lá no interiorzinho, e se espalha neste País e se acantona aqui na corte da realeza, que é Brasília.

    Então, creio que V. Exa. poderá, com toda essa bagagem de conhecimento... Veio, aliás, está aqui, mas tem um histórico no seu passado. E V. Exa. faz esse discurso corajoso, que retrata a sua vida e a vida de 90% de brasileiros que vivem realmente um processo de pobreza, de miséria, que eu vejo na nossa região. Há e houve uma transformação, está havendo uma transformação.

    Dentro de políticas sociais, aqui eu vejo esta sessão presidida pelo nobre Senador Paim, que tem uma vida aqui no Parlamento, tanto nesta Casa como na outra, na Câmara dos Deputados, voltada para as questões sociais. E avançamos em todos os aspectos. Daí a preocupação nossa, minha, do Senado, Casa responsável pelos destinos do Estado instituição, o Estado brasileiro, ou seja a Casa da Federação. Sobre isso nós estamos recebendo aqui Prefeitos – 3 mil nas inscrições, quase 4 mil Prefeitos –, de pires nas mãos, atrás de recursos.

(Soa a campainha.)

    O Sr. Elmano Férrer (Bloco Parlamentar PSDB/PODE/PSL/PODE - PI) – Então, a desigualdade é muito grande. E V. Exa. tem sido muito feliz em seus pronunciamentos aqui nesta Casa, sobretudo, o pronunciamento que está fazendo hoje.

    Mas eu queria repetir que está havendo uma mudança no País, sobretudo na questão relacionada à corrupção – as medidas anticorrupção a que nós temos que nos voltar. Ao tempo em que se discute reforma da previdência, também nós temos que discutir essa questão relacionada à área de V. Exa., que é a insegurança, a violência e, dentro dela, a corrupção.

    Creio que tudo isso representa uma mudança. E V. Exa. e muitos outros que aqui estão – vejo aqui o Kajuru, vejo aqui o Eduardo Girão, a Eliziane – são uma expressão de mudança.

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    O Sr. Elmano Férrer (Bloco Parlamentar PSDB/PODE/PSL/PODE - PI) – A renovação se deu, ou seja, de 54, só voltaram 8 – houve uma renovação. E, aqui, V. Exas. são expressão maior dessa renovação, com seus discursos, seus pronunciamentos. E, na Câmara, foi mais de 50%.

    Creio que isso é uma mudança, ao tempo que essa nova geração de Senadores e de Deputados Federais tem uma responsabilidade muito grande. Os anseios da população por mudança começaram em 2013. A população estava indignada e foi às ruas, chegou a esta Casa, entrou nesta Casa. O recado que me parece ter sido dado é que ninguém representava o povo naquele momento. As pessoas foram à Suprema Corte, disseram da insatisfação com relação ao Poder Judiciário e terminaram no Palácio do Planalto. Houve uma insatisfação coletiva em 2013, que se materializou, que desaguou nas eleições de 2018. Essa é a grande transformação que nós estamos vivenciando.

    Então, eu queria parabenizar V. Exa. É um discurso de grande profundidade, que retrata realmente a desigualdade, a injustiça que temos neste País. Tenho certeza de V. Exa. e muitos outros darão uma contribuição para a real mudança desse quadro que nós vivenciamos hoje.

    Parabéns a V. Exa. por esse pronunciamento!

    O SR. FABIANO CONTARATO (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - ES) – Obrigado.

    O Sr. Eduardo Girão (Bloco Parlamentar PSDB/PODE/PSL/PODE - CE) – Senador Contarato, um aparte, por gentileza.

    O SR. FABIANO CONTARATO (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - ES) – Pois não.

    O Sr. Eduardo Girão (Bloco Parlamentar PSDB/PODE/PSL/PODE - CE. Para apartear.) – Rapidamente, quero só parabenizar V. Exa. pela ousadia no bem, pela coragem e pela sensibilidade. Concordo em gênero, número e grau com as suas colocações sobre os nossos colegas. Nós estamos aqui, às vezes, passando mais tempo com os funcionários desta Casa, com os terceirizados, do que com as nossas próprias famílias. Eles fazem parte da nossa família. É o convívio diário, é a empatia.

    Então, eu acredito que existe... Eu vou falar uma palavra forte – perdoem-me. Constrange-me, toda vez que eu chego ao Senado, no subsolo, ver que fica um elevador esperando pelos Senadores enquanto há fila para o outro, que demora. Isso não entra na minha cabeça. Nos tempos atuais, em pleno século XXI, Senador Kajuru, a gente está num apartheid – é um verdadeiro apartheid o que eu vejo aqui.

(Soa a campainha.)

    O Sr. Eduardo Girão (Bloco Parlamentar PSDB/PODE/PSL/PODE - CE) – E, como V. Exa. colocou, ocorre a mesma situação na hora em que a gente vai passar pela segurança. Todo mundo tem que passar – você passa, e outros não passam. E há gente que trabalha aqui há muito tempo nessa área terceirizada. Então, eu acredito que nós precisamos dar um ponto final nisso.

    Quero me somar a V. Exa. para a gente ir conversar com o 1º Secretário, que é uma pessoa sensível também, o Senador Petecão, em comissão – tenho certeza de que a maioria vai conosco. Vamos marcar uma data para a gente ir e solicitar isso, para ver se a gente dá esse passo, de uma vez por todas, para avançar na humanidade.

    Muito obrigado.

(Manifestação da galeria.)

    O SR. FABIANO CONTARATO (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - ES) – Obrigado, Senador.

    O Sr. Jorge Kajuru (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – Senador! Senador Fabiano!

    O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Eu vou fazer um apelo para que os Senadores sejam breves...

    O Sr. Jorge Kajuru (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – Eu vou ser.

    O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – ... porque há três Senadores inscritos...

    O Sr. Jorge Kajuru (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – Claro.

    O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – ... e eles também estão aguardando a possibilidade de falar, antes que inicie a Ordem do Dia, mas não vou tolher nenhum dos apartes.

    O Sr. Jorge Kajuru (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO. Para apartear.) – Eu vou ser.

    Senador Fabiano Contarato, eu já disse a V. Sa. que, mais do que Parlamentar, V. Sa. é um ser humano, e por existir gente como o senhor e outros e outras aqui é que eu ainda acredito na raça humana.

    V. Exa. se lembra de que, no dia 14 de fevereiro...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Jorge Kajuru (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – ... quando subiu a essa tribuna para falar da desigualdade de elevadores, eu lhe acompanhei e fiz o mesmo ofício. Estou junto com V. Exa., porque chego aqui às 4h30, 5h da manhã, como testemunham os funcionários desta Casa, e eu de propósito pego o outro elevador, só para sacanear, até porque eu adoro esse tipo de sacanagem – desculpe a expressão.

    Mas, para concluir, foi assim quando o Senador Paulo Paim usou a tribuna para falar da agressão da demissão de funcionários terceirizados, que ganham salários inexpressivos: eu o acompanhei também. E ontem, com Randolfe, com Girão, na reunião dos Líderes, nós pedimos ao Presidente do Senado que aqui hoje votasse em Plenário...

(Manifestação da galeria.)

    O Sr. Jorge Kajuru (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – ... e que corrigisse essa injustiça brutal, abismal com esses que ganham nem 5% do que vários assessores que nem aqui comparecem recebem, de muitos deste Congresso Nacional.

    E finalizo...

(Manifestação da galeria.)

    O Sr. Jorge Kajuru (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – E finalizo: quando o senhor coloca a palavra "desigualdade", eu só me lembro de uma frase simples, que diz o seguinte: depois do jogo, o peão e o rei voltam para a mesma caixa, ou seja, caixão.

    Parabéns!

(Manifestação da galeria.)

    O SR. FABIANO CONTARATO (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - ES) – Obrigado.

    O Sr. Randolfe Rodrigues (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP. Para apartear.) – Meu companheiro e irmão de jornada, permita-me já chamá-lo assim, não só pela identidade de ideais no mesmo partido político, mas pela identidade de alma que encontrei em você desde que chegou aqui, no primeiro dia no Senado. Trato-lhe assim porque, para mim, é um orgulho enorme estar na Liderança da Rede Sustentabilidade e ter você nos quadros da Rede, estarmos juntos. Na Rede ou em qualquer outra agremiação política, a nossa identidade de alma é identidade também de ideais.

    V. Exa. traz aqui, para essa tribuna, um tema secular, e talvez seja porque o Senado é a mais antiga Casa Legislativa do País, uma instituição secular, que mantém essas reminiscências aristocráticas do período escravista, porque esse tipo de diferenciações, inclusive de elevadores, é uma reminiscência aristocrática, é algo de um período que a história brasileira deveria já ter superado. Só que é uma definição da Filosofia que as estruturas sociais acabam reproduzindo o que é entranhado pelos ancestrais. O Brasil, lamentavelmente, é aqui. Ano passado, aprovamos uma tal flexibilização da legislação trabalhista que tem uma reminiscência escravocrata na prática, e talvez por isso queiram perpetuar estruturas escravocratas também nas instituições do Poder do Estado brasileiro.

    V. Exa. traz uma rebeldia que precisava ser proclamada dessa tribuna e que eu espero que seja atendida hoje. E eu quero exultar... Ontem, lamentavelmente, eu não cheguei a tempo da reunião de Líderes – o Senador Kajuru sabe disso –, porque eu estava na Comissão Parlamentar de Inquérito de Brumadinho, mas eu quero saudar os colegas Líderes que propuseram e colocaram na pauta esse projeto de resolução. É o mínimo, é o mínimo a ser... Na verdade, o projeto de resolução chega a ser uma redundância, porque é um princípio constitucional a irredutibilidade de salários, mas, às vezes, é necessário proclamar a redundância para que direitos sejam consagrados.

    Então, eu queria saudá-lo. Eu espero que nós não só aprovemos esse projeto de resolução hoje, que é um sinal claro de que esta Casa não pode aceitar retirada nem diminuição de direitos, como nós possamos avançar para sepultar essas outras reminiscências da estrutura escravocrata que temos aqui, como é este fato de elevador privativo para uns e elevador geral para outros.

    Então, só o meu orgulho em compartilhar com você a mesma bancada política e, mais do que isso, a mesma identidade de alma e de princípios.

(Manifestação da galeria.)

    O SR. FABIANO CONTARATO (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - ES) – Muito obrigado, Senador.

    O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Senador Fabiano, para concluir.

    O SR. FABIANO CONTARATO (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - ES) – Só para concluir, eu queria fazer um contraponto ao Senador Elmano. Eu queria muito, Senador, concordar com o senhor em gênero, número e grau quanto à renovação. O resultado das eleições...

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    O SR. FABIANO CONTARATO (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - ES) – ... foi um recado muito claro que a população deu: ela está cansada dos mesmos com os mesmos resultados. Mas não basta ser novo na política e se deixar contaminar pela prática da velha política. É preciso ser novo na política e ter a ousadia de modificar.

    Eu quero, mais uma vez, solidarizar-me com vocês, terceirizados, com a população menos favorecida e deixar claro que, no que depender de mim, eu vou sempre estar aqui, usando esta tribuna, para falar não à desigualdade, não ao preconceito, à discriminação e não ao privilégio, à concentração da riqueza nas mãos de tão poucos.

    Então, quero agradecer aos colegas que fizeram os apartes e me colocar à disposição de todos vocês, com toda a humildade, para que tenhamos... Quem sabe um dia eu possa chegar a esta tribuna e falar: "Olha, efetivamente, nós vivemos num verdadeiro Estado democrático de direito, no qual todos somos iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza". Só que, infelizmente, esse dia ainda está longe de chegar, porque nós vivemos num Brasil de desiguais, nós vivemos num Brasil em que se criminaliza a pobreza, nós vivemos num Brasil em que o perfil socioeconômico de quem está preso é pobre, afrodescendente e semianalfabeto. Nós vivemos num Senado que legisla não em favor da grande maioria da população brasileira, mas, por vezes, para atender interesses de determinadas castas. Mas esse dia vai chegar, eu tenho um sonho.

    Eu quero que homens e mulheres, e principalmente as mulheres, participem dos partidos políticos, entrem na política, porque até nisso estão querendo regredir, até tirar a participação das mulheres no processo eleitoral estão querendo. Mas eu me mantive firme contra esse projeto e, não só isso, propus um projeto para determinar a igualdade. Se depender de mim, em todas as eleições, vai ter que haver 50% de homens e 50% de mulheres. Isso é o mínimo que esta Casa pode dar a essa população que clama e tem sede de justiça.

    Que Deus abençoe a todos!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/04/2019 - Página 56