Discurso durante a 45ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Aplausos ao cantor e compositor Ivan Lins.

Registro de visita do repórter José Luiz Datena ao gabinete de S. Exª.

Comentários ao Projeto de Lei nº 898, de 2019, que acaba com o plano de previdência de parlamentares e os enquadra nas mesmas regras do Regime Geral de Previdência.

Críticas ao jornalista Rodrigo Rodrigues, por ofensas proferidas contra S. Exª e colegas parlamentares.

Defesa do impeachment do Ministro Gilmar Mendes, do STF.

Autor
Jorge Kajuru (PSB - Partido Socialista Brasileiro/GO)
Nome completo: Jorge Kajuru Reis da Costa Nasser
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Aplausos ao cantor e compositor Ivan Lins.
ATIVIDADE POLITICA:
  • Registro de visita do repórter José Luiz Datena ao gabinete de S. Exª.
PREVIDENCIA SOCIAL:
  • Comentários ao Projeto de Lei nº 898, de 2019, que acaba com o plano de previdência de parlamentares e os enquadra nas mesmas regras do Regime Geral de Previdência.
IMPRENSA:
  • Críticas ao jornalista Rodrigo Rodrigues, por ofensas proferidas contra S. Exª e colegas parlamentares.
PODER JUDICIARIO:
  • Defesa do impeachment do Ministro Gilmar Mendes, do STF.
Publicação
Publicação no DSF de 09/04/2019 - Página 18
Assuntos
Outros > HOMENAGEM
Outros > ATIVIDADE POLITICA
Outros > PREVIDENCIA SOCIAL
Outros > IMPRENSA
Outros > PODER JUDICIARIO
Indexação
  • HOMENAGEM, MUSICO, COMPOSITOR.
  • REGISTRO, VISITA, REPORTER, DESTINO, GABINETE, ORADOR.
  • COMENTARIO, PROJETO DE LEI DO SENADO (PLS), REGIME, PREVIDENCIA SOCIAL, CONGRESSISTA.
  • REPUDIO, JORNALISTA, MOTIVO, OFENSA, VITIMA, ORADOR, GRUPO, CONGRESSISTA.
  • DEFESA, IMPEACHMENT, GILMAR MENDES, MINISTRO, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF).

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO. Para discursar.) – V. Exas., brasileiros e brasileiras, nossos únicos patrões, aqui fala seu empregado público Jorge Kajuru, eleito Senador Federal, orgulhosamente, pelo Estado de Goiás. Peço desculpas a V. Exas. ali na galeria, aos Srs. Senadores e Senadoras aqui presentes. Passa por mim agora o Rogério. Se puder, fique um minuto, porque eu vou citá-lo.

    Eu vivo um momento de profunda emoção, pois dois fatos, Presidente desta sessão, exemplo do Distrito Federal, Izalci Lucas, ocorreram de sábado para cá. O primeiro, Senador aqui presente, até porque seu nome é Alvaro todos os Dias, amigo – e daí vou falar do Senador Rogério Carvalho em relação à palavra amigo –: no sábado, tive um enorme susto do ponto de vista de saúde, enorme. E o Senador Alvaro sabe disso, porque conversávamos via "zap", e ele percebeu o que estava acontecendo comigo e a preocupação que eu tinha. Mais tarde, no domingo, eu tomo conhecimento, através do meu amigo, um dos maiores músicos brasileiros considerado pelo The New York Times, o maior do jornal do mundo, que, depois de Tom Jobim, é o maior músico do mundo... Pena que não é reconhecido aqui no Brasil dessa forma, mas o é lá fora. Eu falo de Ivan Lins, que esteve com o Senador Alvaro todos os Dias e aumentou a admiração, que já era grande, por parte de V. Exa., tanto que vocês ficaram – o Senador Oriovisto também presente – até tarde em conversa de brasilidade, de princípios, de honradez. Pena que lá não estavam o Senador Elmano, o Rogério e o Izalci para conhecerem melhor o espírito de brasileiro que tem este compositor Ivan Lins, que foi o primeiro a cantar ao País, Nelsinho Trad, O Amor é o meu País, que depois cantou aquela música Meu País, de terras, de cavalos e sacis. Então, passou a emoção ali.

    Porém, vivi outra agora. Ele, inclusive, mandou um abraço sincero a todos vocês. O Brasil inteiro o conhece, sabe o modo de ele se comportar. Ele veio ao Senado pela primeira vez, entrou e foi para o meu gabinete. É meu amigo desde 11 anos de idade. Eu falo de José Luiz Datena, da Band. Ele veio entrevistar o Ministro Sergio Moro, hoje, às 7h30 da noite. E ele começou a falar para os meus assessores e assessoras, e todo mundo começou a chorar, porque ele também se emocionou, porque, desde os 11 anos, ele sabe tudo o que eu passei na vida para aqui estar hoje e tentar ser um digno representante da Nação brasileira, respeitar a Pátria amada, ser um homem de posição, sem esquerda, sem direita, sem centro, de posição para quaisquer assuntos. Aí me recordei do dia em que subiu a esta tribuna um Senador do PT. E por que do PT? "Ah, Kajuru, mas um do PT disse isso?" Sim, preparadíssimo em quaisquer temas, educado. Ele falou da palavra "amigo", do tanto que seria bom cada um de nós tratar o outro como amigo, até porque eu vou me referir daqui a pouco a um cidadão que foi Secretário Nacional de Saúde Indígena e que disparou, nesse final de semana, barbaridades contra um Senador desta Casa que lhes fala. E a mim pouco se me dá que uma êmula dessa claudique. Agora, ele falou de uma colega lá da Câmara usando um adjetivo de quinquagésima categoria! Não sei como um cidadão desses é dono de emissoras de rádio e televisão e foi Secretário Nacional de Saúde, mas eu chego lá. Agora, quando o Senador Rogério Carvalho falou de amigo, de amizade, mesmo que tenhamos divergências políticas, ele me fez lembrar de uma carta de Vinícius de Moraes para Tom Jobim que serve de reflexão e de referência para cada um de nós. Diz a carta, impagável – aspas:

Caro Tomzinho, estou em Paris, num hotel com sacada sobre uma praça, que dá para toda solidão do mundo e diz:

Procura-se um amigo. Não precisa ser homem, basta ser humano, ter sentimento, ter coração. Precisa saber falar e saber calar no momento certo. Sobretudo, saber ouvir.

Deve gostar de poesia, da madrugada, de pássaros, do sol, da lua, do canto dos ventos e do murmúrio das brisas. Deve sentir amor, um grande amor por alguém, ou sentir falta de não tê-lo. Deve amar o próximo e respeitar a dor alheia. Deve guardar segredo sem sacrifício.

Não precisa ser puro, nem totalmente impuro, porém não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e sentir medo de perdê-lo. Se não for assim, deve perceber o grande vazio que isso deixa.

Precisa ter qualidades humanas. Sua principal meta deve ser a de ser amigo. Deve sentir piedade pelas pessoas tristes e compreender a solidão.

Que ele goste de crianças e lastime as que não puderam nascer e as que não puderam viver. Que goste dos mesmos gostos. Que se emocione quando chamado de amigo. Que saiba conversar sobre coisas simples e de recordações da infância.

Precisa-se de um amigo para se contar o que se viu de belo e triste durante o dia; das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças d’água, de beira de estrada, do cheiro da chuva e de se deitar no capim orvalhado.

Precisa-se de um amigo que diga que a vida vale a pena, não porque é bela, mas porque já se tem um amigo. Deve ter um ideal e medo de perdê-lo. Deve ser Dom Quixote sem, contudo, desprezar Sancho. Precisa-se de um amigo para se ter consciência de que ainda se vive.

    Eu ainda estou sob emoção, Presidente Izalci Lucas, senhoras e senhores, plateia presente nesta Casa e Pátria amada, como seu empregado público, a emoção de receber em meu gabinete um irmão daqueles que são tão seres humanos que, por sua existência, me fazem ainda acreditar, Senador Elmano, na raça humana, tão difícil hoje. Datena representa tudo isso para mim, nas horas mais difíceis, nas horas mais escuras. Irmão, eu te amo. Muito obrigado por dizer aquelas palavras hoje em meu Gabinete 16.

    Entrando na pauta, vejo aqui que a Rádio Senado e a TV Senado de enormes audiências acabam de informar que a Comissão de Assuntos Econômicos pode votar projeto do Senador Randolfe que leva aposentadoria de Parlamentares para o INSS: "O relator [que será o Senador], Jorge Kajuru [...], [já] concorda com a extinção do que chamou de privilégios da classe política." Para o "saiba mais", há que se abrir o link.

    Sei, Senador Alvaro, Senador Rogério, Senador Elmano, Brasil, que, amanhã, na Comissão de Assuntos Econômicos, isso vai provocar polêmica, mas espero que, do modo como se referiu a cada um de nós o Senador Rogério Carvalho, sejamos amanhã amigos para discutirmos esse assunto, pois a maioria da Nação brasileira não concorda de ver um Parlamentar com aposentadoria pelo resto da vida, com um plano de saúde pelo resto da vida, enquanto a maioria do nosso povo, a maioria esmagadora, não possui esse privilégio. Esse será o assunto de amanhã.

    Quanto a esse polichinclo... E já o aviso de que não adianta buscar no dicionário, no Michaelis o que significa polichinclo – e, analfabeto como deve ser esse ser desprezível, vulpino, soez, ele nunca vai ler e ter a paciência de encontrar a palavra polichinclo, que só é definida nos diálogos de Nietzsche com Sócrates quando ambos discutiam o valor da vida. Então, polichinclo, por ver e ler o que você pensa de uma colega, com a qual eu tenho divergência política... Aliás, eu nem a conheço, mas, do mesmo modo com que enfrentei o dragão da maldade do Judiciário, Gilmar Mendes, para defender um colega meu desta Casa, o Senador Alessandro Vieira, e para defender um Procurador, que o Senador Alvaro Dias conhece, do Paraná, da Operação Lava Jato, o Dr. Deltan, que foi chamado de gângster, de gentalha, de cretino – e o nosso colega Alessandro foi chamado de desqualificado –, e eu fiz a reciprocidade de adjetivos com o Ministro do Supremo... E, se exagerei na forma, não exagerei no conteúdo, pois ontem o Brasil inteiro mostrou o que pensa desse Ministro. Eu não vou dar essa colher de chá para esse "cidadão" – entre aspas – e "homem" – entre aspas. O que falou de mim ele responderá na Justiça, até porque, se eu fosse, eu assumiria. Eu assumo qualquer posição na minha vida e qualquer opção. Agora, chamar uma colega, a Joice, do outro lado, de garota de programa?! Que nível! Um sujeito ligado ao Governo Bolsonaro e que foi Secretário Nacional de Saúde! Pelo amor de Deus!

    Daí lembro Millôr Fernandes: "Como são admiráveis as pessoas que nós não conhecemos". Graças a Deus, eu não conheço esse tal de Rodrigo – graças a Deus –, porque "a diferença entre a inteligência e a estupidez é que a inteligência é limitada". "E, se você agir sempre com dignidade, pode não melhorar o mundo, mas uma coisa é certa: haverá na Terra um canalha a menos".

    Sr. Presidente, volto a me lembrar Millôr Fernandes, humorista e pensador, que tinha uma visão crítica da imprensa. Essa frase, aliás, eu já citei aqui; conceitualmente, ele dizia que "imprensa é oposição, o resto é armazém de secos e molhados". Sem querer interpretar um dos gênios deste País, acho que ele queria na verdade dizer com essa expressão que o jornalismo deve ser crítico dos Poderes constituídos e exercer o seu papel fiscalizador dos agentes públicos, sempre buscando atender aos interesses da maioria – que é o que se busca em uma democracia. Se é crítico, não pode se subordinar a quem quer que for. A independência tem de balizar o trabalho jornalístico. E, nos dias de hoje, isso tem muito a ver com a imprensa apartidária, capaz de ser pluralista, dando voz a todos os setores da sociedade, inclusive àqueles que lhes são discordantes.

    E por que trago esse retrato? Porque não sei se V. Exas. perceberam ontem à noite que parte da imprensa, na televisão em especial, ignorou a reação de milhões de brasileiros em quaisquer capitais, Senador Humberto – vi Recife, por exemplo -–, que gritavam "Fora, Gilmar! Fora, Gilmar Mendes! Fora, Gilmar Mendes!". Ignoraram esse fato e não mostraram o mar de gente na Avenida Paulista que gritava sem parar quando via a imagem do jurista Modesto Carvalhosa que pediu o impeachment desse Ministro nesta Casa, neste Senado Federal. Então, é lamentável que a grande imprensa – e, quando eu falo, é da graúda – tenha tanto medo de um Ministro do Supremo. E eu pergunto, para concluir: qual será o motivo? De que tamanho será esse rabo preso? Que rabo é esse? Deve ser um rabo abismal, descomunal, um favor que não tem como ser pago, para ignorar a reação de milhões de brasileiros e brasileiras gritando "Fora, Gilmar! Fora, Gilmar!".

    E, aqui, vou me lembrar do ex-Presidente Lula, quando lamentei a não indicação de Izalci Lucas, nosso colega, nosso Senador, para o Ministério da Educação, quando vejo que o novo Ministro foi indicado pelo Chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, o mesmo que, para o Brasil inteiro, reconheceu e confessou ter recebido propina da JBS Friboi! E aí pediu perdão à população brasileira. Portanto, se pediu perdão, está resolvido, está tudo bem, assuma a Casa Civil, é um prêmio para V. Exa.! Eu nunca chamei e nunca vou chamá-lo de V. Exa., aqui estou dizendo na comparação. É um prêmio para V. Sa., já que pediu perdão por ter recebido propina. Aí, eu me lembrei do ex-Presidente Lula.

(Soa a campainha.)

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – Fechando, ex-Presidente Lula, da prisão, peça perdão ao povo brasileiro, porque o senhor terá que ser solto. Direitos iguais! Se quem pediu perdão por ter recebido propina da JBS Friboi mereceu a Casa Civil e jamais uma condenação, então, por que o ex-Presidente Lula não pode fazer o mesmo?!

    Desculpe se alguém interpretar como brincadeira, mas eu não brinquei.

    Agradecidíssimo, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/04/2019 - Página 18