Pela Liderança durante a 45ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Análise da indicação de Abraham Weintraub para comandar o Ministério da Educação no lugar de Ricardo Vélez Rodrigues.

Considerações acerca de manifestações, ocorridas no dia 7 de abril, em solidariedade ao ex-Presidente Lula, que completou um ano preso pela Operação Lava Jato.

Comentários a respeito do resultado da pesquisa Datafolha sobre a percepção da população relativa aos cem dias de governo do Presidente da República Jair Bolsonaro.

Autor
Humberto Costa (PT - Partido dos Trabalhadores/PE)
Nome completo: Humberto Sérgio Costa Lima
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
EDUCAÇÃO:
  • Análise da indicação de Abraham Weintraub para comandar o Ministério da Educação no lugar de Ricardo Vélez Rodrigues.
MOVIMENTO SOCIAL:
  • Considerações acerca de manifestações, ocorridas no dia 7 de abril, em solidariedade ao ex-Presidente Lula, que completou um ano preso pela Operação Lava Jato.
GOVERNO FEDERAL:
  • Comentários a respeito do resultado da pesquisa Datafolha sobre a percepção da população relativa aos cem dias de governo do Presidente da República Jair Bolsonaro.
Aparteantes
Rogério Carvalho.
Publicação
Publicação no DSF de 09/04/2019 - Página 28
Assuntos
Outros > EDUCAÇÃO
Outros > MOVIMENTO SOCIAL
Outros > GOVERNO FEDERAL
Indexação
  • ANALISE, INDICAÇÃO, NOME, AUTORIDADE, CARGO PUBLICO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA EDUCAÇÃO (MEC).
  • COMENTARIO, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, SOLIDARIEDADE, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, PRESO, OPERAÇÃO LAVA JATO.
  • COMENTARIO, RESULTADO, PESQUISA, OPINIÃO, POPULAÇÃO, PERIODO, GOVERNO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, JAIR BOLSONARO.

    O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PE. Pela Liderança.) – Sr. Presidente, Sras. Senadoras, Srs. Senadores, telespectadores da TV Senado, ouvintes que nos acompanham pela Rádio Senado, internautas que nos seguem pelas redes sociais, hoje, mais do que nunca, justiça para o Presidente Lula! Liberdade para o Presidente Lula! Lula livre!

    Mas eu quero começar este meu pronunciamento registrando a queda do Ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodriguez, nesta manhã, o segundo Ministro demitido em menos de cem dias! Sem dúvida, já foi tarde. Um cidadão que, a exemplo do chefe, só abria a boca para dizer disparates, que classificou o turista brasileiro como bandido, que conflagrou uma guerra que paralisou o Ministério da Educação e atrasou a remessa de livros didáticos, que deixou de pagar o Fies, que colocou em risco o Enem, que quis obrigar crianças a serem filmadas enquanto recitavam o slogan de campanha e tentou reescrever a história, alterando o conteúdo de livros. Um sujeito que conseguiu ser um Ministro da Educação pior do que Mendonça Filho. Sem dúvida, já foi tarde.

    Vai ser substituído agora por um economista de direita, Abraham Weintraub, é do mercado, dos bancos, das corretoras, é defensor entusiasta da reforma da previdência. É esse o sujeito que vai ser colocado para comandar o Ministério da Educação.

    Por aí, nós tiramos as prioridades deste Governo torto, norteado somente pelo extremismo ideológico. Não há dúvida de que o MEC seguirá intensificando o seu loteamento interno por representantes da iniciativa privada, processo iniciado por Mendonça Filho, com a finalidade de acelerar o desmonte das universidades e a privatização do ensino público.

    Um Governo que acha que curso superior é somente direito de elite, que corta 13 mil cargos dos professores universitários e que tem um gerente de banco como Ministro não quer outra coisa senão vender o ensino público para que as grandes corporações enriqueçam com cursos de baixa qualidade à custa dos mais pobres.

    Esse é um tema sobre o qual voltarei a tratar ainda nesta semana.

    Sr. Presidente, ontem, o Brasil foi às ruas, foi às ruas para prestar a sua solidariedade ao Presidente Lula, que completou ontem um ano como preso político. Milhares de manifestantes saíram para externar a sua indignação contra esse ato arbitrário de se condenar, num Estado de direito, um homem sem provas. Os cinco anos em curso da Operação Lava Jato serviram para mostrar que ela se desviou do fim a que deveria servir para servir ao fim deplorável de usar a estrutura estatal em favor de projeto políticos e pessoais.

    É nesse contexto que se insere a prisão de Lula, encarcerado injustamente para que não fosse candidato e acabasse retirado definitivamente da vida pública – ou, pelo menos, que se tentasse.

    Pernambuco, meu Estado, teve atos expressivos, no Recife e em Garanhuns, onde uma carreata seguiu até o Município vizinho de Caetés, para fazer, no sítio em que Lula nasceu, uma homenagem a ele.

    Eu próprio estive em Curitiba, onde o ex-Presidente está preso na Superintendência da Polícia Federal, para lhe levar meu apoio e minha solidariedade, juntamente com outras companheiras e companheiros que lá estiveram, como Fernando Haddad, nosso ex-candidato à Presidência da República, nossa companheira Gleisi Hoffmann, o Governador do Piauí, Wellington Dias, e mais de 10 mil pessoas, que fizeram uma belíssima passeata pedindo a libertação do Presidente Lula.

    Em diversas cidades do mundo, igualmente tivemos manifestações dessa natureza, em favor da liberdade imediata do maior líder da nossa história. É um reconhecimento, também em diversas partes do Planeta, de que Lula, indicado ao Prêmio Nobel da Paz, é vítima de uma armação político-jurídico-midiática, de uma caçada forjada para impedir que voltasse a governar o Brasil e contrariasse os interesses dessa elite, cuja proposta é enriquecer à custa da devastação dos direitos dos mais pobres.

    Está aí o Presidente Bolsonaro, que é o projeto mais bem-acabado dessa trama, que tem como propósito aprovar medidas que espoliem os trabalhadores, como essa miserável reforma da previdência apresentada ao Congresso Nacional. E o povo, enganado nas eleições pelas notícias falsas, patrocinadas e disparadas por essa turma para alterar o resultado das urnas, parece estar acordando. Os resultados da mais recente pesquisa Datafolha, publicada no dia de ontem, podem atestar isso. Bolsonaro é o Presidente de pior avaliação nos três primeiros meses de mandato desde a redemocratização: 61% dos brasileiros dizem que ele é o Presidente que menos fez pelo País.

    Não é sem razão. O Brasil compara hoje o candidato com o Presidente e descobriu que o candidato falseava a verdade, e o Presidente nada faz, porque é a própria encarnação, e a pesquisa mostra isso, da preguiça. Afinal, um cidadão que passou 28 anos no Congresso Nacional sem nada fazer não seria na Presidência que começaria a fazer algo. Bolsonaro é inoperante, é indolente e faz questão de ressaltar isso sempre que pode, como nos últimos dias, quando disse que está cansado do que chamou de vida puxada, que não nasceu para Presidente e que estava empurrando com a barriga o ato de governar. Não gosta de dureza. Não gosta de trabalhar. É o que diz a pesquisa. Seus sete mandatos parlamentares...

(Soa a campainha.)

    O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PE) – ... foram marcados por falatório de besteiras sem tamanho e nenhum resultado. Ao contrário do povo, não pega no pesado para resolver os problemas da população e botar a casa em ordem.

    Em todas as comparações com os demais Presidentes nos primeiros cem dias, ele perde, dando uma demonstração de que deixou o País na mais absoluta paralisia e não ofereceu qualquer proposta para nos tirar da crise e gerar emprego e renda para o povo.

    Na verdade, não são "cem" dias com "c", são "sem" dias com "s": sem gestão, sem comando, sem proposta, sem governo. O Brasil está inteiramente à deriva.

    Portanto, Sr. Presidente...

(Soa a campainha.)

    O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PE) – ... vou aqui concluir dizendo que o Brasil espera muito daquele que se elegeu dizendo que assim faria e espera...

    Posso conceder a S. Exa. o aparte?

    O Sr. Rogério Carvalho (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - SE. Para apartear.) – É só uma frase, Sr. Presidente: sem dias para comemorar.

    O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PE) – Exatamente, Senador Rogério.

    Portanto, eu quero concluir aqui dizendo que o povo brasileiro anseia que se faça algo para resolver a grave crise que nós estamos vivendo. Se o Governo assim continuar, vai derreter num intervalo de tempo muito curto, vai jogar o Brasil numa profunda crise econômica, mais grave do que a que nós estamos vivendo desde 2015 para cá.

(Soa a campainha.)

    O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PE) – E a expectativa, Sr. Presidente, é que possamos ter saídas, saídas inclusive para fortalecer a democracia, como aquela que esperamos por parte do Supremo e do Superior Tribunal de Justiça, que é a liberdade para o Presidente Lula.

    Lula preso é a democracia presa no nosso País.

    Muito obrigado, Sr. Presidente. Peço que dê por lido o meu pronunciamento.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/04/2019 - Página 28