Discurso durante a 46ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Celebração do aniversário de 300 anos da cidade de Cuiabá/MT.

Apelo à reabertura da Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá.

Registro da importância da ferrovia Ferronorte para as regiões Centro-Oeste e Norte.

Autor
Jayme Campos (DEM - Democratas/MT)
Nome completo: Jayme Veríssimo de Campos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Celebração do aniversário de 300 anos da cidade de Cuiabá/MT.
SAUDE:
  • Apelo à reabertura da Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá.
DESENVOLVIMENTO REGIONAL:
  • Registro da importância da ferrovia Ferronorte para as regiões Centro-Oeste e Norte.
Publicação
Publicação no DSF de 10/04/2019 - Página 38
Assuntos
Outros > HOMENAGEM
Outros > SAUDE
Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, CIDADE, CUIABA (MT).
  • SOLICITAÇÃO, REABERTURA, SANTA CASA DE MISERICORDIA, LOCAL, CUIABA (MT).
  • REGISTRO, IMPORTANCIA, CONSTRUÇÃO, FERROVIA, REGIÃO NORTE, DESTINAÇÃO, CUIABA (MT), OBJETIVO, DESENVOLVIMENTO, ESTADO.

    O SR. JAYME CAMPOS (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - MT. Para discursar.) – Sr. Presidente Senador Lasier, Sras. e Srs. Senadores, ouvintes da Rádio Senado e telespectadores da TV Senado, o que me traz à tribuna no dia de hoje são os 300 anos de fundação da nossa capital, Cuiabá, eterna Cuiabá, cidade verde, que, no dia de ontem, comemorou 300 anos de fundação. Particularmente me sinto muito orgulhoso, Sr. Presidente, de subir a esta tribuna para homenagear o povo cuiabano, sobretudo os brasileiros que habitam aquela cidade, cidade heterogênea hoje composta por brasileiros de todos os segmentos do País, quer paulistas, quer goianos, quer paranaenses, quer gaúchos, nordestinos ou capixabas. Cuiabá é, sem sombra de dúvida, uma cidade centrada no ponto geodésico da América do Sul. Particularmente eu tenho que homenagear, sobretudo, por tudo que Cuiabá fez não só pela nossa família, dando-nos oportunidade de tanto o meu irmão Júlio Campos ser Governador daquele Estado, Senador, quatro vezes Deputado Federal, e particularmente a minha pessoa também, Governador do Estado, duas vezes Senador e também Prefeito da minha cidade por três mandatos. É uma cidade a quem devemos muito.

    Ali passei a minha juventude. Cheguei em 1963, residindo em Cuiabá. Meu pai tinha um grande estabelecimento comercial. Graças a Deus Cuiabá nos deu essa oportunidade. Todo o Mato Grosso, mas particularmente Cuiabá, nossa base política, e Várzea Grande, minha terra natal, que faz parte também da região metropolitana.

    Portanto, para mim é um motivo prazeroso subir a esta tribuna para homenagear Cuiabá, capital do meu Estado; é sempre uma satisfação. E fazê-lo aqui, da tribuna do Senado Federal, celebrando seus 300 anos, completados ontem, é uma honra extraordinária.

    Nascida às margens do rio que lhe emprestou o nome, como um vilarejo dedicado à atividade garimpeira, nossa capital viveu momentos de instabilidade econômica, até se transformar, no final do século passado, no mais dinâmico polo agropastoril desta Nação.

    Atualmente, vivem em Cuiabá mais de 800 mil pessoas, numa congregação de culturas e hábitos, trazidos por correntes migratórias de várias partes do País, uma síntese dos costumes da nossa gente.

    O cuiabano é um povo generoso e acolhedor, tem uma cultura e um falar particulares. Há uma expressão local, bastante simbólica, que serve para designar quem nasce, cresce e vive na cidade: é o "cuiabano de chapa e cruz", demonstração de orgulho das pessoas que têm raízes em Cuiabá. É uma vivência rica de quem vive na confluência entre o Cerrado, a Amazônia e o Pantanal; afastado dos centros de poder do País e que, mesmo assim ou talvez por isso, garantiu para o Brasil e para os brasileiros as terras e as riquezas da vasta e rica fronteira do oeste.

    Sr. Presidente, um dos símbolos que retrata a história da nossa capital é o brasão de armas de Cuiabá, um dos mais antigos do Brasil. Ele estampa a nossa origem de forma eloquente. Foi criado em 1727, em Lisboa, quando o povoado foi alçado na condição de Vila Real do Senhor Bom Jesus de Cuiabá.

    O texto que definiu o brasão dizia o seguinte – abro aspas: "um escudo dentro com campo verde, e nele um morro ou monte todo salpicado com folhetos e granitos de ouro, e por timbre, em cima do escudo, uma fênix".

    E foi justamente o ouro que determinou a existência e a localização de Cuiabá. Os bandeirantes paulistas andaram por ali desde o século XVII, subindo o Rio Cuiabá e seus afluentes, no ofício de recrutar índios para engenhos de açúcar de São Paulo. Não era tarefa fácil. Os habitantes tradicionais do local – os índios coxiponés – eram guerreiros valentes e aguerridos.

    Foi apenas em 1718, quando o bandeirante Pascoal Moreira Cabral encontrou ouro que os índios foram deixados em paz, e outros habitantes começaram a se fixar por ali.

    No ano seguinte, em 8 de abril de 1719, 300 anos atrás, assinou-se a ata da fundação da cidade. Mas, do tal monte salpicado de ouro, Sr. Presidente, sobreviveu apenas o brasão. Na vida real, ele foi consumido, cruzou o Atlântico, a caminho de Lisboa e Portugal.

    O que restou foi a cidade e as pessoas que foram para lá em busca de uma vida melhor, os garimpeiros, os vaqueiros, os índios, os negros, os soldados – brasileiros e paraguaios – deslocados pela Guerra do Paraguai, os paranaenses, os goianos, os paulistas, os mineiros, os gaúchos, gente de todas as partes do Brasil e de outras partes do mundo.

    Hoje, quando o brilho do ouro não passa de vaga lembrança em nosso brasão, compreendemos que o verdadeiro tesouro, a verdadeira riqueza de Cuiabá e de Mato Grosso é a nossa gente, o nosso povo mato-grossense e o povo cuiabano.

    Sr. Presidente, Sras. e Srs. Senadores, quero, portanto, nesta oportunidade, reafirmar o meu profundo respeito ao povo de Cuiabá. Digo isso com emoção porque eu cresci na Rua 24 de outubro, no centro da cidade, no comércio da minha família, sorvendo na fonte dos ensinamentos do meu querido pai, Júlio Domingos, o Fiote, que sempre foi uma síntese da inteligência e da cordialidade do nosso povo.

    Somos hoje uma terra de muitos costumes e muitos sotaques, uma cultura rica, com culinária genuína – a banana da terra, o bolo de arroz, a paçoca de pilão, o pequi, o Maria Izabel e o peixe tão saboroso –, da festa de São Benedito, do Bom Jesus de Cuiabá, uma história repleta de simbolismo.

    Abraçamos a Nação e seus filhos com sinceridade e confiança.

    Por isso, o País enxerga em Cuiabá uma cidade de oportunidades para quem chega lá.

    Porém, como toda cidade grande, também convive com problemas estruturais. Nossa tradicional Santa Casa, fundada há mais de 200 anos em nossa capital, lamentavelmente encontra-se fechada, por escassez financeira e falhas na gestão. Espero que seja reaberta nos próximos dias para suprir as necessidades da população.

    Apesar das dificuldades, Sr. Presidente, Cuiabá é, atualmente, uma capital moderna, inteligente e pujante, conhecida como "cidade verde" por sua natureza exuberante. É a capital de um povo que vive, que luta, e sonha com um futuro mais próspero e que reivindica governos íntegros e eficientes e demanda serviços públicos de qualidade.

    Uma gente que merece segurança, educação e saúde...

(Soa a campainha.)

    O SR. JAYME CAMPOS (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - MT) – ... que postula mais justiça fiscal e federativa e que pleiteia oportunidades para empreender, gerar empregos e renda.

    Sras. e Srs. Senadores, nestes três séculos de tantas e tão belas histórias, de lutas, sucessos, dificuldades e superação, Cuiabá merece toda a nossa homenagem. É a capital de um Estado que é o celeiro do País; é a capital de um Estado que, ao longo das últimas décadas, tem sido primordial para o equilíbrio da balança comercial brasileira. Um Estado que, ao mesmo tempo, é um dos que mais sofrem com a atual engenharia de redistribuição dos recursos federativos; mas o cuiabano não se deixa esmorecer, ele sabe que a solução para qualquer problema é o trabalho. E lá, em Mato Grosso, em Cuiabá e aqui, em Brasília, nós, mato-grossenses e cuiabanos de chapa e cruz, continuamos trabalhando, incansavelmente, em busca de um futuro melhor para a nossa gente, nosso Estado e nosso País.

    Portanto, Sr. Presidente, concluindo a minha fala, Cuiabá é uma cidade que cresceu nesses últimos anos; uma cidade ainda carente de infraestrutura, como a maioria absoluta das cidades brasileiras. Todavia, é uma cidade que pela bondade, pela forma como o cuiabano trata todos os seus imigrantes e visitantes, talvez seja uma cidade diferenciada das demais cidades brasileiras.

    E, particularmente, quero deixar registrado aqui que: o sonho do povo cuiabano é levarmos a ferrovia, ou seja, a Ferronorte, que está parada na cidade de Rondonópolis, que fica na região sul do Estado. Nós temos como uma bandeira do povo cuiabano a questão da ferrovia, que a Ferronorte chegue a Cuiabá.

    Nós estaremos com certeza também, buscando através dessa ferrovia, não chegando a Cuiabá só, mas também demandando para a Região Norte...

(Soa a campainha.)

    O SR. JAYME CAMPOS (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - MT) – ... levando também mais progresso, mais desenvolvimento, mas, acima de tudo, mais oportunidades e mais justiça social.

    Por isso, quero encerrar aqui o meu pronunciamento, cumprimentando uma vez mais as autoridades, sobretudo, o Prefeito da capital Emanuel Pinheiro, os Srs. Vereadores, o atual Governador do Estado, Mauro Mendes, que também foi prefeito de Cuiabá e todos aqueles cidadãos que, de uma forma direta ou indireta, colaboraram para o desenvolvimento econômico e social da cidade de Cuiabá, particularmente aqueles grandes homens que deram muito para o nosso Estado, desde Cândido Rondon, nosso querido líder inconteste, sobretudo o homem das linhas de telégrafo nesse imenso País, como também aos ex-Governadores, a todos aqueles, particularmente aos ex-Governadores, a todos aqueles, particularmente Dom Aquino, aos grandes brasileiros Filinto Müller, Roberto Campos...

(Interrupção do som.)

    O SR. JAYME CAMPOS (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - MT) – ... Eurico Gaspar Dutra, cuiabano, mato-grossense que também foi Presidente da República deste País, enfim, a todos esses ilustres mato-grossenses, que também deram a sua contribuição a nível nacional.

    Encerro dizendo da minha alegria e do meu contentamento.

    Participamos também da missa na nossa igreja matriz, Bom Jesus de Cuiabá, onde realizamos um evento religioso nas comemorações dos 300 anos.

    Portanto, encerro uma vez mais cumprimentando o povo cuiabano, os brasileiros de Cuiabá, por este grande dia, certamente nas comemorações desta data, que está registrada indelevelmente na história de Cuiabá, mas particularmente do Estado de Mato Grosso.

    A todos, muito obrigado, Sr. Presidente.

    O SR. PRESIDENTE (Lasier Martins. Bloco Parlamentar PSDB/PODE/PSL/PODE - RS) – Cumprimento o Senador Jayme Campos, que, ao ensejo dos 300 anos de Cuiabá, nos atualiza informações sobre o seu Estado pujante, onde, aliás, há uma grande contribuição de gaúchos.

    O SR. JAYME CAMPOS (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - MT) – Bastante.

    O SR. PRESIDENTE (Lasier Martins. Bloco Parlamentar PSDB/PODE/PSL/PODE - RS) – Lembro que há uma obra do meu antecessor, Senador Pedro Simon, em que ele menciona que um dos Estados brasileiros que mais recebeu gaúchos... E, ele inclusive estima em 100 mil gaúchos que teriam incursionado para o Estado de Mato Grosso.

    O SR. JAYME CAMPOS (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - MT) – Tem mais hoje, Lasier.

    O SR. PRESIDENTE (Lasier Martins. Bloco Parlamentar PSDB/PODE/PSL/PODE - RS) – E V. Exa. Nos dá uma ideia da capital, Cuiabá, e o Estado que dá uma contribuição extraordinária à nossa economia.

    Parabéns! E nos congratulamos com os 300 anos da capital mato-grossense.

    O SR. JAYME CAMPOS (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - MT) – Obrigado Lasier.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/04/2019 - Página 38