Discurso durante a 55ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre a ida de S. Exª à cidade de Santa Elena, na Venezuela, na próxima quinta-feira, a fim de discutir com autoridades venezuelanas a abertura da fronteira e o repasse de energia elétrica ao Estado de Roraima (RR).

Autor
Telmário Mota (PROS - Partido Republicano da Ordem Social/RR)
Nome completo: Telmário Mota de Oliveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DESENVOLVIMENTO REGIONAL:
  • Considerações sobre a ida de S. Exª à cidade de Santa Elena, na Venezuela, na próxima quinta-feira, a fim de discutir com autoridades venezuelanas a abertura da fronteira e o repasse de energia elétrica ao Estado de Roraima (RR).
Publicação
Publicação no DSF de 24/04/2019 - Página 25
Assunto
Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL
Indexação
  • REGISTRO, REUNIÃO, CIDADE, PAIS ESTRANGEIRO, VENEZUELA, ASSUNTO, ABERTURA, FRONTEIRA, REPASSE, ENERGIA ELETRICA, CRITICA, GOVERNO FEDERAL, ABANDONO, ESTADO DE RORAIMA (RR).

    O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - RR. Para discursar.) – Sr. Presidente, Senador Lasier Martins, Srs. Senadores, Sras. Senadoras, telespectadores e telespectadoras da TV Senado, ouvintes da Rádio Senado, eu mais uma vez volto a esta tribuna, porque hoje recebi uma mensagem do Embaixador venezuelano Alberto Castellar. Ele me garantiu que, na quinta-feira, às 11h da manhã, estará uma comissão da Venezuela, de autoridades venezuelanas, na fronteira com o Brasil, na cidade de Santa Elena, para debater, numa mesa de trabalho, a abertura daquela fronteira, como também o repasse da energia.

    Ontem, mais uma vez, o meu Estado ficou no apagão durante quatro horas – quatro horas. Roraima voltou ao tempo da lamparina. Pior do que isso, Senador Lucas, da minha região, que conhece minha região como ninguém: Roraima está isolada, o Estado de Roraima está isolado. À noite não se pode vir para o Brasil, porque uma corrente na BR-174, no trecho Waimiri atroari, não permite a passagem do cidadão brasileiro, rasgando a Constituição brasileira. E hora nenhuma pode-se entrar na Venezuela. O prejuízo é enorme.

    Hoje, conversando com os empresários do nosso Estado, graças a um contato que nós tivemos extraoficial, conseguimos que 83 carretas, com 30 mil toneladas cada uma, entrassem na Venezuela. Roraima exporta 1.500 toneladas por dia. Isso representa 5 milhões. E com 60 dias parados, estaríamos com um prejuízo de 300 milhões. Então, na quinta-feira, a comissão da Venezuela estará ali na cidade de Santa Elena aguardando as autoridades brasileiras.

    Eu lamento profundamente que o Governo Federal não olhe Roraima como um ente federativo. O Governo Federal está muito mais preocupado com a política, com a geopolítica dos Estados Unidos do que com o povo de Roraima, que deu a segunda maior votação para o Presidente Jair Bolsonaro. O povo de Roraima acreditou no Presidente da República. Ele virou as costas para o nosso Estado. Roraima hoje sofre da maior crise da sua história, crise social, crise política e crise econômica. O Governador que está lá, já é considerado como o mais novo pinóquio do Brasil. Ele se notabilizou pela falta da verdade. É isso que dá o povo votar...

    O povo brasileiro, às vezes, fica muito ansioso – nós, ocidentais, somos muito ansiosos – e queremos uma mudança por mudar. E, às vezes, essa mudança por mudar cai no que aconteceu no meu Estado. Elegeram um agiota, apoiado pelo Bolsonaro, e esse agiota está agiotando a vida do povo do meu Estado. É com muita tristeza, porque o povo escolheu nas urnas... Eu torço muito para que isso dê certo, mas pelo andar da carruagem, pelo procedimento, eu estou vendo que Roraima cada dia está vivendo uma crise sem precedentes.

    Este mesmo Governador tentou ir negociar na Venezuela a energia, como eu fui agora, e a questão da fronteira, mas ele é tão pequeno que, no lugar de ele conversar com o Presidente e com os ministros, ele levou dois empresários e foi conversar com uma milícia, uma milícia que realmente tem uma história muito triste, o que não deu em absolutamente nada. E agora, com a nossa ida, ele, muito serviçal ao Governo Federal, não está encaminhando ninguém do seu Governo para representar nesta quinta-feira.

    Eu nasci naquele Estado, eu tenho compromisso com meu povo, eu quero tirar minha gente do sofrimento. Então, estou indo para lá amanhã à noite para, quinta-feira, participar dessa reunião. Eu sempre disse que sou como águia: para salvar o meu povo, não tenho medo de voar sozinho – não tenho medo de voar sozinho.

    Eu fico pensando: numa Nação do tamanho que é este continente chamado Brasil, ver os Poderes ajoelhados para os interesses norte-americanos! Em que é que a Venezuela ofendeu este País? O que é que o povo de Roraima fez, a não ser errar em votar maciçamente no Presidente da República, acreditando nele?

    Eu venho aqui mais uma vez dizer que lamentavelmente o Governo Federal continua de costas para o meu Estado. Até agora, só promessa! Os ministros, só turismo! E nada, de fato, acontece. O quadro real do Estado de Roraima hoje é a frente do palácio abarrotada de carros do transporte escolar, os terceirizados sem receber, a saúde matando, a segurança diminuindo, e Roraima ilhada por falta de iniciativa do Governo Federal.

    Agora, quem nasceu em Roraima fui eu, quem tem compromisso com aquele povo sou eu. Então, eu vou para lá, sim. Se tiver que assinar qualquer documento, eu vou assinar, contrário a qualquer tipo de invasão do Brasil à Venezuela. Se tiver que sacrificar o meu mandato, eu vou fazer isso, porque o que eu não posso é deixar meu povo na escuridão, no isolamento, na morte e no abandono, como está fazendo este carrasco do Governo Federal que está aí!

    Sr. Presidente, este é o meu desabafo.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/04/2019 - Página 25