Discurso durante a 57ª Sessão Especial, no Senado Federal

Sessão Especial destinada a homenagear os povos indígenas em razão do transcurso do Dia do Índio.

Autor
Zenaide Maia (PROS - Partido Republicano da Ordem Social/RN)
Nome completo: Zenaide Maia Calado Pereira dos Santos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Sessão Especial destinada a homenagear os povos indígenas em razão do transcurso do Dia do Índio.
Publicação
Publicação no DSF de 26/04/2019 - Página 12
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • SESSÃO ESPECIAL, HOMENAGEM, DIA, POVO, COMUNIDADE INDIGENA.

    A SRA. ZENAIDE MAIA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - RN. Para discursar.) – Bom dia a todos e a todas aqui presentes, a esse povo, que, quando a gente chegou, aqui já estava. Randolfe, nunca esqueço, eu sempre digo isto, os índios, os povos indígenas já estavam aqui quando o homem branco, como vocês dizem, chegou. E de repente é esse povo que tem que ser sacrificado em nome seja do que for. Se descobrirem que há uma mineração nas suas terras, aí já têm um olhar diferenciado. O agronegócio não quer nem saber, passa por cima.

    Mas eu gostaria de dizer a vocês o seguinte: o Rio Grande do Norte teve o índio Poti, o Filipe Camarão, que foi quem ajudou a fundar o Exército Brasileiro. Ele comandou os índios, quer dizer, a nação indígena foi para lá defender o Brasil.

    E vocês não abram mão. E eu quero parabenizar aqui o Randolfe, porque é o seguinte: uma reunião desta, uma audiência desta dá visibilidade ao povo brasileiro, porque aqui estou eu, há poucos Senadores, mas o Brasil está vendo isto aqui, está vendo vocês querendo pedir que sejamos humanos, porque, quando o poder, Randolfe, esquece o lado humano, você vive só para o poder, acabou.

    Infelizmente, gente, isso aqui não depende de partido nem de cor. A gente está vendo um desmonte do Estado brasileiro sem nenhuma razão. A gente tem uma democracia. A gente está aqui como ele para ajudar no que for bom, mas eu queria dizer que, na minha terra, botar o Ministério da Agricultura para definir as terras e a vida de vocês se chama assim: botar a raposa para tomar conta do galinheiro.

    Então, eu sou contra isso aí. Tem que ser a Funai, que tem suas falhas, mas a gente tem que parar neste País de, quando encontrar falhas, em vez de corrigir as falhas e punir quem errou, querer acabar com as instituições. É como ele disse: querem tirar a saúde e municipalizar para os Municípios, que estão em situação de penúria. O SUS já não está dando conta da saúde. A gente já sabe isso há algum tempo. Está aqui o Randolfe, a gente está lutando para haver mais recursos para a vida das pessoas.

    E quero dizer o seguinte: a gente vai, sim, resistir. Vocês têm que ficar com quem sempre os defendeu, com seus defeitos – por que não corrigir os defeitos e, sim, extinguir? Isso é, como eu costumo dizer, como, ao roubar minha casa, em vez de prender o ladrão, derrubar a minha casa para ele não roubar mais. Então, é, mais ou menos, esse pensamento. Se encontra alguma falha, essa falha é evidenciada para justificar a retirada do direito dos povos indígenas, a retirada de muitos direitos neste País.

    E a gente tem que ter muito cuidado, porque, quando dizem "vamos fazer uma parceria", quando se fala na Amazônia, eu chego a ficar arrepiada, viu, Randolfe? Parcerias que se têm feito com os outros países é a gente entregando tudo. Não tem muito a ver, mas eu quero mostrar a vocês o caso da Embraer. A Embraer, uma instituição de 50 anos, foi vendida para a Boeing, 80%, por US$4,5 bilhões; e um hotel, o Copacabana Palace, aquela rede foi vendida por US$3,72 bilhões. Para vocês verem que temos que ter muito cuidado com parceria. Vocês têm que se reunir e reivindicar, pegar um Senador desse que orgulha o Brasil. Porque Randolfe orgulha o Brasil, gente, e desmistifica numa hora em que todo mundo quer dizer que todos os políticos são corruptos. E eu costumo dizer: desonestidade não é inerente à profissão. Há desonesto em qualquer profissão, mas há homens aqui dentro desta Casa, deste Congresso, que são como Randolfe, que tem espírito coletivo e que é humano que defende humano.

    Parabéns, índios. Não baixem a cabeça. Façam o Brasil vê-los. Vocês têm uma importância fundamental. Vocês são a nossa história viva, a cultura. Eu costumo dizer que a cultura é a digital de um povo. Se você não tiver, não resguardar o que existe de melhor em você, como você vai saber em que lugar está e em que lugar vai chegar.

    Parabéns, Randolfe.

    Parabéns a vocês. Sou fã de vocês.

    Muito obrigada. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/04/2019 - Página 12