Discurso durante a 53ª Sessão Especial, no Senado Federal

Sessão Especial destinada a comemorar o 59º aniversário de Brasília.

Autor
Leila Barros (PSB - Partido Socialista Brasileiro/DF)
Nome completo: Leila Gomes de Barros Rêgo
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Sessão Especial destinada a comemorar o 59º aniversário de Brasília.
Publicação
Publicação no DSF de 23/04/2019 - Página 15
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • SESSÃO ESPECIAL, CELEBRAÇÃO, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, BRASILIA (DF).

    A SRA. LEILA BARROS (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - DF. Para discursar.) – Bom dia a todos e a todas, mais uma vez.

    Quero muito agradecer ao Senador Izalci, o requerente, dar boas-vindas e saudar este momento que ele está nos proporcionando; fui a segunda requerente, estamos juntos aqui nessa batalha na Casa. Então, é um prazer compor com o senhor a bancada, junto com o Senador Reguffe, representando o Distrito Federal.

    Senador Chico Rodrigues, nosso Vice-Líder do Governo dentro do Senado, é um prazer ter o senhor conosco na comemoração do 59º aniversário da nossa cidade. Muito obrigado, Senador.

    Deputado Federal, grande parceiro – eu não tenho muita formalidade, gente, eu quebro muito os protocolos –, é um prazer enorme, Professor Israel, ter o senhor aqui com a gente, representando a bancada Federal do DF.

    O Vice-Presidente da Câmara Legislativa também é um grande parceiro, o Deputado Delmasso.

    Senador e Ministro Valmir Campelo, é um prazer ter o senhor aqui conosco, Senador.

    O ilustre Desembargador Sebastião Coelho; o Presidente do Clube dos Pioneiros, Sr. Roosevelt Beltrão; a Presidente do Memorial JK, a nossa ilustríssima Anna Christina Kubitschek, é um prazer também.

    O Secretário de Relações Institucionais do Governo Distrito Federal, Deputado Vitor Paulo, é também um grande parceiro.

    O Padre João Firmino, representante da Arquidiocese Brasília; o Senador Adelmir Santana; é um prazer tê-los também aqui.

    Cosete Ramos, do Grupo Ama Brasília, na representação das mulheres da nossa cidade, é um prazer ter você aqui, Cosete.

    O Senador Paulo Octávio.

    Saúdo também as maravilhosas vozes do Coral do Senado, sob a regência da maestrina Glicínia Mendes; o Quinteto de Sopros da Orquestra Sinfônica Cláudio Santoro; os presidentes de associações e entidades de classes; os Prefeitos e líderes comunitários; os servidores; os jornalistas; as representações da Associação Pestalozzi de Brasília também, as coordenadoras e Profas. Leila e Ana Beatriz – neste ano, a associação fará 50 anos, então, saúdo a todos aqui.

    É com muita alegria e honra que ocupo a tribuna deste Senado Federal para celebrar, juntamente com todos vocês aqui presentes e todos os que nos assistem e ouvem, pela TV e Rádio Senado, em todo o Brasil, os 59 anos da Capital de todos os brasileiros, a nossa Brasília.

    Sou filha desta terra, filha de Francisco e Francisca, conhecidos como Chico e Chica, um mecânico de automóveis e uma dona de casa que deixaram o Ceará e, num pau de arara, vieram para cá, como tantos brasileiros, para conquistar esse espaço. Eles se instalaram na nossa Taguatinga, onde eu nasci, lá no Hospital São Vicente de Paula. De lá parti, aos 17 anos, em um ônibus aqui da Rodoferroviária, para Belo Horizonte, a fim de iniciar a minha carreira esportiva, representando o País por mais de 20, 25 anos, entre Olimpíadas, mundiais... (Palmas.)

    Eu tenho muito orgulho da minha infância aqui em Brasília. E já estou quebrando o primeiro protocolo do meu discurso, porque eu me emociono muito quando falo de Brasília, pois sou de uma geração que teve muita infância aqui – eu nasci nos anos 1970, em 1971. Então, a maioria aqui sabe do que eu estou falando, o que era descer de carrinho de rolimã aqui na Esplanada, o que era brincar... Eu sou da inauguração do Parque Pithon Farias, que hoje é o Parque Sarah Kubitschek, mas nós sabemos o quanto aquele espaço era especial. Eu sou da primeira turma das escolas públicas que vivenciaram a inauguração da piscina de ondas. Então, é muito nostálgico para mim estar aqui, representante de Brasília no Senado, nesta homenagem tão especial, tão simbólica, porque eu sou a primeira mulher, Senadora, representando Brasília (Palmas.) filha desses candangos, desses pioneiros, que nasceu nesta terra. Então, é um momento mais especial. Obviamente, Brasília acolheu a todos, mas eu já sou fruto desse trabalho, dessa esperança. E a gente vive diariamente isso aqui dentro, não é, Izalci?

    Brasília cresceu, se consolidou como metrópole, adquiriu representação política para permitir que hoje estivéssemos aqui defendendo os legítimos interesses da nossa gente e buscando soluções para os problemas que também possui, próprios de cidades centenárias, mas hoje é dia de celebração do aniversário da nossa cidade que tão bem acolhe pessoas dos mais diversos rincões deste imenso Brasil e também do mundo. Por isso, sugiro que aproveitemos este momento para reavivar a memória de seu épico passado, fazer um exame de seu presente e pensar, com os pés bem postos no chão, o futuro que queremos para ela e para todos que aqui vivem e nos visitam.

    Transferir a Capital do Brasil do Rio de Janeiro para o interior foi ideia que germinou na lei e no inconsciente coletivo nacional lentamente. Era um imperativo prático interiorizar o desenvolvimento nacional e consolidar um País continental, cuja área central mereceu, por séculos, pouca ou nenhuma atenção do Governo, então estabelecido na zona costeira fluminense.

    O movimento começa, objetivamente, quando o Presidente Juscelino Kubitschek estabelece a construção da nossa cidade como meta síntese de seu mandato, ainda em campanha para a Presidência da República em 1955. Após tomar posse, em 31 de janeiro de 1956, JK não tardou em pôr mãos à obra – e que obra! Em setembro daquele mesmo ano, ele realizou o Concurso Nacional do Plano Piloto da Nova Capital do Brasil. Dentre os 26 projetos apresentados para a nova capital, o de Lúcio Costa foi selecionado.

    O traçado era magistral, concebido para mesclar as pessoas de diferentes classes sociais em áreas residenciais vizinhas, que fossem trabalhar em espaços coletivos, com lazer também em espaços coletivos. As amplidões da cidade foram pensadas para congregar.

    Ao prédio do Congresso Nacional, o mais alto da cidade, em posição de destaque na cabine do avião de Lúcio Costa, cabia fazer lembrar a todos que o poder maior é aquele que emana do povo.

    Da pena de Oscar Niemeyer saiu o projeto do conjunto magnífico da edificação, dentre outras obras marcantes, dispostas harmoniosa e exuberantemente por toda a cidade, cuja arquitetura é famosa em todo o mundo e que tornou Brasília Patrimônio Cultural da Humanidade.

    Em três anos e dez meses de um trabalho extenuante, tomou forma a nova Capital que, ao ser inaugurada no dia 21 de abril de 1960, já contava com uma população de mais de 140 mil habitantes. Brasília operava um prodígio. Brasileiros de todos os sotaques se reuniam em torno do primeiro projeto nacional de nossa história. Chegaram a uma região antes desolada em busca de trabalho, munidos apenas de sonho e coragem. As estradas que iam se abrindo interligavam um Brasil que não se conhecia.

    Porém, a Capital da Esperança, como veio a ser conhecida, não foi, desde a sua concepção, unanimidade. Muitos duvidavam de que seria possível erguer uma cidade do zero, no coração do Cerrado. Muitos até faziam oposição à empreitada. Principalmente no Rio de Janeiro, houve vigorosa resistência da mídia, de Parlamentares e de boa parte da população. Era uma corrida contra o tempo, as despesas quebrariam o País, haveria a migração forçada de um contingente enorme de funcionários públicos. Parecia uma loucura! Mas a meta síntese de um novo Brasil que se queria construir ia tomando corpo. As obras já não podiam parar. O arrojo do projeto se materializava dia a dia, em cada nova rua pavimentada, em cada edifício inaugurado. Os espaços eram amplos e funcionais. Havia muito verde, muitas áreas de convivência.

    Os candangos, forçados pela necessidade, tiveram que aprender! Lidaram com máquinas que não conheciam, fincaram as fundações de edifícios, estruturas que sequer existiam em suas cidades natais. Brasília era um grande laboratório a céu aberto, uma escola, que ensinava muito – e rápido – para quem queria aprender.

    Diversos setores da economia nacional foram beneficiados pela demanda constante de uma infinidade de materiais de construção: aço, vidro, tijolos, acabamentos. Os cronogramas eram apertados e foram cumpridos como nunca antes no Brasil e – arrisco dizer – nem depois!

    A partir da nova Capital, moderna, arrojada e futurista, interiorizou-se o progresso e consolidou-se o sentimento de ser brasileiro. Esse meio de Cerrado, de árvores baixas e retorcidas, para onde tantos vieram em busca de um futuro melhor, abriga uma cidade vívida, única no Brasil e no mundo.

    A quase sexagenária Brasília de nossos tempos, porém, transcende bastante seu projeto original. A população cresceu muito além das previsões iniciais e povoou fartamente o Plano Piloto e o complexo sistema das cidades-satélites. Com isso, surgiram novas e mais robustas demandas por serviços públicos, a exemplo do que vemos em outras grandes cidades pelo País afora. Entre as áreas sensíveis estão, segundo a eleição dos brasilienses, a segurança, a saúde, a educação e o transporte público.

    Entre 2015 e 2018, ao integrar o governo do Distrito Federal, vi de perto os problemas que temos a enfrentar. Hoje, honrada por ter sido eleita Senadora, a primeira mulher a ocupar o cargo no DF, dedico-me a cuidar, no Parlamento, do futuro da nossa Capital. Problemas há, mas a determinação para solucioná-los é tamanha, como foi a dos candangos, quando vieram tirar do chão a nova Capital do País. Isso não nos falta aqui dentro, vocês podem ter a certeza. (Pausa.)

    Desculpa.

    A grande obra física que ergueram é um perfeito cenário para a grande obra humana e coletiva a que agora nós nos devotamos. Como Juscelino Kubitschek, minha fé no grande destino da nossa cidade é inquebrantável. E para isso me empenharei com todos os meus esforços e darei meu sangue aqui dentro, porque isso aqui é minha grande paixão. Eu tive um sonho na minha vida de ser uma atleta olímpica e eu me tornei; e o meu grande sonho é também poder ajudar minha terra.

    Obrigada. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/04/2019 - Página 15