Discurso durante a 72ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre a inauguração da empresa Oryzasil em Itaqui-RS, especializada na produção da sílica a partir da casca do arroz.

Anúncio de reunião com o Ministro de Minas e Energia para tratar do tema da produção de energia através do lixo.

Autor
Luis Carlos Heinze (PP - Progressistas/RS)
Nome completo: Luis Carlos Heinze
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DESENVOLVIMENTO REGIONAL:
  • Considerações sobre a inauguração da empresa Oryzasil em Itaqui-RS, especializada na produção da sílica a partir da casca do arroz.
MINAS E ENERGIA:
  • Anúncio de reunião com o Ministro de Minas e Energia para tratar do tema da produção de energia através do lixo.
Publicação
Publicação no DSF de 15/05/2019 - Página 23
Assuntos
Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL
Outros > MINAS E ENERGIA
Indexação
  • COMENTARIO, ASSUNTO, INAUGURAÇÃO, EMPRESA, LOCAL, ITAQUI (RS), ESPECIALIZAÇÃO, PRODUÇÃO, SILICA, ORIGEM, ARROZ.
  • ANUNCIO, REUNIÃO, PARTICIPAÇÃO, ORADOR, MINISTRO, MINISTERIO DE MINAS E ENERGIA (MME), OBJETIVO, DEBATE, ASSUNTO, PRODUÇÃO, ENERGIA, ORIGEM, LIXO.

    O SR. LUIS CARLOS HEINZE (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - RS. Para discursar.) – Sr. Presidente Senador Styvenson, do Rio Grande do Norte, eu sou Senador do Rio Grande do Sul. O pessoal lá diz assim: "rigrandonorte" e "rigrandosul", não é? O pessoal do vosso Estado fala assim...

    Senador Plínio, prazer...

    Apenas para fazer uma colocação, nós tivemos, na semana passada, na cidade de Itaqui, a importante inauguração de uma empresa chamada Oryzasil.

    Senador Styvenson, eu trabalho nessa agricultura há 45 anos e, quando eu me elegi Deputado, em 1999, eu fui demandado pela Associação dos Arrozeiros de São Borja – Moarei Mezzomo – e também pela Agência de Desenvolvimento de São Borja – o Rangel, José Francisco Rangel –, para que a gente pudesse trazer um especialista de São Paulo, da USP, o Prof. Milton José de Souza.

    Então, eu proporcionei a ida desse engenheiro, porque ele falaria sobre as propriedades do arroz, mas, principalmente, da casca do arroz. E, naquele momento, nós convidamos as indústrias de São Borja, Itaqui, Uruguaiana, Alegrete, Rosário, São Gabriel, Dom Pedrito, Bagé, daquele canto do Rio Grande do Sul, fronteira oeste de Campanha, e os industriais ficaram maravilhados com a fala do nosso engenheiro, professor da USP, em que ele falava que nós poderíamos gerar energia com a casca de arroz – e outros subprodutos também ainda poderiam sair, como fertilizantes, sílica, enfim.

    E eu, como fui Prefeito de São Borja, de 1993 a 1996, sentia e via o dano ambiental causado quando as indústrias de São Borja jogavam aquela casca de arroz na periferia das cidades. Eu, semanalmente, recebia denúncias, no meu gabinete de Prefeito, das famílias que, queimando a casca de arroz, aquela fumaça – e não só a fumaça, mas a cinza – invadia as casas nas periferias da cidade. Então, nós, muitas e muitas vezes, fomos incomodados por essa situação. E não só São Borja, mas toda a região produtora de arroz, que é toda a metade sul do Rio Grande do Sul, não apenas São Borja ou a fronteira oeste, mas toda a metade sul do Rio Grande do Sul.

    A partir daquela iniciativa... Eu quero aqui chamar a atenção para a empresa Camil, que é uma empresa de Itaqui: eles compraram aquela ideia. Jairo, que é o seu proprietário, comprou a ideia e – isso era 1999 –, no ano de 2000, instalou a primeira planta de produção de energia, 4MW, através da casca de arroz. Mas ficou uma pendência, que era a questão específica da sílica. Outras tentativas foram feitas por outras indústrias. E, a partir daquela nossa iniciativa, Senador Plínio, de 1999, nós já devemos ter 40MW só com queima da casca de arroz no Rio Grande do Sul e podemos chegar a 100MW, 150MW com a produção de arroz que nós temos lá. Então, há o arroz e esse subproduto, que é a casca, que fornece energia, quer dizer, está-se produzindo energia através da casca de arroz.

    E havia o mistério da sílica. Aí a razão dessa inauguração que ocorreu na semana passada. O Prefeito da cidade, Jarbas Martini, recepcionou, já há algum tempo, o grupo alemão MPC. Nesse grupo, nós temos aqui o Dr. Axel Schroeder, que é o Presidente, o Stefan e o Albert Ramcke, três alemães. Na negociação que fizeram, tivemos um projeto... E aqui eu quero saudar o químico, o engenheiro de Tubarão, Santa Catarina, Marcus Vinicius Campos Souza. O que nós estamos vendo é a capacidade da tecnologia brasileira, de brasileiros como o engenheiro Marcus Vinícius Campos Souza, a quem quero cumprimentar pela invenção: hoje, temos patenteada a primeira sílica orgânica, porque ela sai da casca do arroz, da cinza da casca do arroz. Então, esse é um invento que foi patenteado, inclusive, nesse recurso, há parte de recursos próprios da empresa e há parte também da Finep. E estava lá o André Godoy e também o Henrique Vasquez, representando o Ministério da Ciência e Tecnologia. Com recursos que a Finep financiou de 24,5 milhões, parte a fundo perdido, parte a empresa colocou, tivemos lá, então, essa instalação da primeira planta de fábrica de sílica orgânica, que vai ser utilizada. Lá nos Estados Unidos, por exemplo, há o Vale do Silício. Agora, nós estamos produzindo sílica que sai da casca de arroz. Então, já temos o primeiro produto, que é a energia, e agora temos o segundo produto, que é a sílica, cuja fábrica começou a funcionar na semana passada, na cidade de Itaqui, lá no Rio Grande do Sul.

    Nós temos três grandes indústrias em Itaqui: Camil, Josapar e também a Raroz. Então, já pedi a eles que procurem fazer um entendimento para que possam, de uma certa forma, juntar os esforços da produção dessas três indústrias, que beneficiam arroz no Município de Itaqui, e, a partir daí, produzir energia em comum, produzir sílica em comum. Podemos produzir uma grande quantidade de sílica, falando em Itaqui, que é um polo de beneficiamento. Depois, há São Borja, Uruguaiana, Alegrete, São Gabriel, Rosário, Dom Pedrito, Bagé e, indo para a metade sul, Pelotas, Camaquã. Enfim, toda a região produtora de arroz vai ter essa oportunidade. Então, é uma oportunidade que se abre. Há 20 anos, quando nós trouxemos esse engenheiro, ele dizia: "Um dia quem sabe o arroz seja subproduto da casca". Todos nós consumimos arroz do Brasil inteiro; de norte a sul do Brasil se consome. Agora, nós vemos mais uma alternativa: primeiro, energia através da casca; depois, dessa cinza, a sílica, que pode ser utilizada para pneus e tantas coisas mais. Essa sílica vai ser usada a partir dessa planta.

    Cumprimento, em primeiro lugar, nosso engenheiro Marcus Vinicius Campos Souza, que foi o inventor da ideia, engenheiro de Tubarão, Santa Catarina, que hoje é sócio dessa empresa com os alemães, com esse grupo alemão que instalou a primeira planta piloto na cidade de Itaqui, lá no Rio Grande do Sul. Nossos cumprimentos também ao Ruy Irigaray, Deputado Estadual e hoje é Secretário de Desenvolvimento do Rio Grande do Sul e esteve presente nesse evento.

    Foi um grande evento de uma coisa que nós idealizamos e sonhamos em 1999, hoje dando frutos e resultados, sempre atuando no interesse do Rio Grande do Sul, em especial da fronteira oeste, em especial da nossa região da metade sul do Rio Grande do Sul, que é das regiões mais pobres do Estado e tem essa oportunidade de ter agora a produção de sílica, depois da produção de energia. Então, isso é extremamente importante.

    Segundo, nós estamos agendando uma reunião com o nosso Ministro de Minas e Energia nos próximos dias, estamos definindo uma agenda, pois um fundo espanhol quer fazer investimento no Brasil. Especificamente, o engenheiro Lori Giombelli tem trabalhado muito essa questão. É uma tecnologia de um professor de uma universidade do Maranhão.

    Veja que nós temos cabeças. Estou falando de Santa Catarina: esse engenheiro que produziu a sílica. Estou falando, agora, de um engenheiro do Maranhão, professor de uma universidade do Maranhão, próximo lá da terra do Senador Plínio, que está com a tecnologia para que nós possamos produzir energia através do lixo, lixo que sai da cidade, que é um problema sério hoje.

    Há já quatro projetos aprovados. Um, o licenciamento ambiental de um projeto do Rio Grande do Sul: os Municípios de Panambi e Condor serão sede, âncora de 27 pequenos Municípios ao seu redor, que vão produzir 7MW através de lixo, lixo urbano que hoje é um estorvo, é um problema, inclusive, ambiental.

(Soa a campainha.)

    O SR. LUIS CARLOS HEINZE (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - RS) – Também há dois projetos em São Paulo. E há também mais um projeto no Maranhão. São quatro projetos que um fundo espanhol, Indico... Inclusive, estamos conversando com nosso Ministro de Minas e Energia para que receba, no final ainda deste mês, o CEO desse fundo, que virá, com o professor dessa universidade, com os engenheiros, enfim, para mostrar esses quatro projetos. São pilotos de uma tecnologia que qualquer país da Europa tem. E nós vamos fazer uma tecnologia brasileira, nossa, de um engenheiro do Maranhão – fabricamos já esses equipamentos aqui no Brasil –, produzindo energia através do lixo. Então, abre-se uma oportunidade.

    Falei primeiro em energia através da casca de arroz. Estou falando agora em energia através do lixo urbano. Imaginem no Brasil, com esses mais de 5 mil Municípios, o potencial que se abre para a produção de energia.

    Então, o Almirante Bento, nosso Ministro de Minas e Energia, estará recepcionando esse grupo de empresários...

(Soa a campainha.)

    O SR. LUIS CARLOS HEINZE (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - RS) – ... brasileiros que querem fazer um investimento de quatro projetos piloto, pelos quais se abre a oportunidade para que depois mais possa ser feito.

    Então, é o Brasil rico em energia: tem energia hídrica, energia eólica, energia solar, energia da biomassa da casca do arroz, energia do lixo. Também temos cavaco de madeira e tantas coisas com que nós podemos produzir, além do diesel, do petróleo que nós temos aqui no Brasil; além do etanol que nós temos aqui no Brasil de cana-de-açúcar e também do milho; além também do biodiesel que já estamos fabricando com derivados de soja.

    Então, este é o Brasil que nós estamos trabalhando para que seja um país diferente.

    Portanto, era este esclarecimento e esta fala, principalmente cumprimentando os itaquienses, que recebem esse benefício dessa primeira planta de sílica do mundo através de energia.

    Senador Esperidião Amin, citava agora, do seu Estado...

(Soa a campainha.)

    O SR. LUIS CARLOS HEINZE (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - RS) – ... de Tubarão, o engenheiro químico Marcus Vinicius Campos Souza, o inventor dessa tecnologia de tirarmos sílica da casca de arroz. É o primeiro projeto do mundo de sílica orgânica saída da casca de arroz.

    O que nós temos no Rio Grande do Sul vai servir para o seu Estado, que também é um grande produtor de arroz. Há lá em torno de 150 mil hectares. As indústrias de Tubarão e de outras regiões em que há indústrias de arroz vão entrar na mesma esteira, produzindo energia, em primeiro lugar, da casca; e, depois, das cinzas, produzirão a sílica. O invento é de um engenheiro do seu Estado, este engenheiro a que me refiro mais uma vez, Marcus Vinicius Campos Souza, que é o inventor dessa tecnologia. Ele se associou a esse grupo alemão, e fizeram a primeira planta lá em Itaqui, no Rio Grande do Sul.

    Muito obrigado, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Senadores.

    Que seja gravado nos Anais da Casa.

    O SR. PRESIDENTE (Styvenson Valentim. Bloco Parlamentar PSDB/PODE/PSL/PODE - RN) – É interessante transformar o lixo em energia e em produto hoje que gera emprego e comércio.

    Agradeço ao senhor por ter trazido essa informação.

    O engenheiro do Maranhão está vindo aqui, não é? Porque eu já vi experimentos em São Paulo transformando lixo em gás, no caso, que foi comercializado para pessoas de baixa renda, para cozinhar.

(Soa a campainha.)

    O SR. LUIS CARLOS HEINZE (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - RS) – Não é apenas a produção do lixo. Há as cooperativas de reciclagem, em que vão trabalhar. São milhares de empregos que se abrem organizadamente para que os catadores de lixo façam a primeira parte. Não se excluem os catadores de lixo.

    Então, este é o primeiro ponto importante: é uma oportunidade de organizar os catadores de lixo. Depois, há a produção de energia através do lixo. Mas será um grande trabalho também para os catadores. E tiram-se esses grandes lixões que temos hoje e os aterros sanitários, que são um problema ambiental em todo o Brasil.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/05/2019 - Página 23