Pronunciamento de Omar Aziz em 21/05/2019
Discurso durante a 77ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Registro da apresentação, perante a Mesa do Senado Federal, de requerimentos de informações aos Ministros Onyx Lorenzoni e Santos Cruz, com o objetivo de esclarecer quem são os Parlamentares ou partidos políticos que atrapalham o Governo, conforme afirma o Presidente da República, Jair Bolsonaro.
- Autor
- Omar Aziz (PSD - Partido Social Democrático/AM)
- Nome completo: Omar José Abdel Aziz
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
GOVERNO FEDERAL:
- Registro da apresentação, perante a Mesa do Senado Federal, de requerimentos de informações aos Ministros Onyx Lorenzoni e Santos Cruz, com o objetivo de esclarecer quem são os Parlamentares ou partidos políticos que atrapalham o Governo, conforme afirma o Presidente da República, Jair Bolsonaro.
- Aparteantes
- Eduardo Braga, Flávio Bolsonaro, Jorge Kajuru, Otto Alencar, Reguffe, Rogério Carvalho.
- Publicação
- Publicação no DSF de 22/05/2019 - Página 58
- Assunto
- Outros > GOVERNO FEDERAL
- Indexação
-
- REGISTRO, APRESENTAÇÃO, REQUERIMENTO DE INFORMAÇÕES, ESCLARECIMENTOS, DEPUTADO FEDERAL, SENADOR, PARTIDO POLITICO, DIFICULDADE.
- GOVERNO FEDERAL.
O SR. OMAR AZIZ (PSD - AM. Para discursar.) – Sr. Presidente, eu estou encaminhando à Mesa dois requerimentos. Já que eu não posso fazer um requerimento ao Presidente da República, irei fazer um requerimento ao Gen. Santos Cruz...
(Soa a campainha.)
O SR. OMAR AZIZ (PSD - AM) – ... e ao Ministro Onyx Lorenzoni...
O SR. PRESIDENTE (Davi Alcolumbre. Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - AP) – Eu gostaria de pedir atenção ao Plenário. Nós temos um orador na tribuna.
(Soa a campainha.)
O SR. OMAR AZIZ (PSD - AM) – ... do mesmo teor do que o Senador Kajuru fez ontem.
Eu queria aqui, Sras. Senadoras e Srs. Senadores... No final de semana agora, conversando com um jornalista, o jornalista me questionou sobre conchavos no Congresso Nacional. Vejam bem, são palavras fortes não utilizadas por qualquer um, são palavras fortes utilizadas pela maior autoridade brasileira. Quando o Presidente da República fala, elas não ficam entre quatro paredes, no Palácio do Planalto, essas palavras ecoam no Brasil todo e ecoam internacionalmente. Aí, qual é o meu espanto? Eu, na tentativa de ajudar o Presidente Bolsonaro, nada mais do que isso, nada contra o Presidente Bolsonaro – tenho contra ele algumas ideias que vou expor daqui a pouco –, sugeri à minha assessoria que fizesse um requerimento aos Ministros Onyx Lorenzoni e Santos Cruz, para que eles pudessem e para que o Presidente pudesse nos dizer quem são os Parlamentares ou partidos políticos que estão atrapalhando o Governo dele, porque não dá para jogar as palavras ao vento e ficar por isso mesmo.
Se tem alguém, Presidente, o chantageando, o senhor tem a obrigação de dar nome aos partidos e às pessoas que estão chantageando não o Presidente Bolsonaro, Presidente Davi, mas o Brasil. Porque cada dia é uma situação. Ontem mesmo o Presidente eleito pela maioria do povo brasileiro deu uma declaração na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro e à tarde deu uma outra declaração.
Nós queremos fazer um apelo às pessoas que domingo estarão nas ruas. Além da pauta que fala sobre CPI, que fala sobre a votação da medida provisória, que fala sobre outras questões, vocês também poderiam pedir ao Presidente que desse os nomes daquelas pessoas que estão chantageando o Brasil. É simples. O Presidente precisa falar sobre isso.
O mais impressionante, Senador Kajuru, é que quando você tenta ajudar o Presidente, os aliados, pelos meios de comunicação, vêm e nos atacam de graça, nos atacam de graça!
Pessoal, eu não quero fazer mal a Bolsonaro, não; eu quero ajudar o Presidente Bolsonaro. E estou fazendo como um levantador de vôlei, Senadora Leila, estou levantando a bola para o Bolsonaro, para que ele dê nome aos bois ou não trate mais deste assunto, não fale sobre isso, porque ninguém vai mudar a natureza do Presidente Bolsonaro. Ele tem uma natureza própria, ele tem uma idade já e não vai mudar de opinião. Nós respeitamos a natureza dele, agora, ele precisa respeitar aqueles que querem ajudar o Brasil.
Posso falar aqui pelo Senado. Nenhuma matéria do Governo Federal... São poucas, Senador Otto, que chegaram aqui e nós derrubamos ou atrapalhamos o Governo. Não cabe a nós essa carapuça, ao Congresso Nacional. Separe o joio do trigo.
Presidente, Vossa Excelência tem a obrigação de dar os nomes dos Parlamentares que o estão chantageando, porque o Senhor está prevaricando escondendo os nomes, e prevaricar é crime. É crime principalmente para o chefe de Nação, que não pode ser chantageado, que não pode ser acuado, porque ele governa para todos.
E, Senhor Presidente, a gente, eu, pelo menos... Veja bem, o Presidente fez o decreto das armas. Ao mesmo tempo, ele tem que criar um decreto ou fazer um programa bolsa armas, porque quem vai adquirir as armas é quem tem dinheiro, o pobre não tem acesso à arma, não, porque uma arma dessas custa R$3 mil, R$4 mil, R$5 mil. Tem que fazer treinamento, tem que comprar munição e o povo pobre não tem direito para se armar, não; só quem vai se armar são as pessoas com dinheiro. Agora ele cria um bolsa arma para ver se também arma as pessoas mais carentes do Brasil.
Veja bem, onde que vai ter psicólogo no interior da Amazônia para saber se o pessoal pode ou não usar uma arma? E quando você discorda você é agredido de uma forma vil.
Meus amigos e minhas amigas, aqueles que torcem pelo Brasil – eu torço para que o Presidente Bolsonaro dê certo, torço do fundo do meu coração –, nós não podemos ver a discordância pura e simples como inimiga do Brasil. Se eu discordo não quer dizer que eu sou inimigo do Brasil, pelo contrário, eu quero contribuir no debate político.
Presidente, nós já colocamos mais de uma vez para Vossa Excelência que nós não estamos atrás de cargos, não nos interessa cargo nenhum no Governo. Nós não estamos atrás de fazer conchavos; nós estamos atrás de que Vossa Excelência mande para cá propostas que possam nos ajudar a ajudá-lo a governar o Brasil.
Exemplo claro, eu não acredito no armamento das pessoas. Eu acredito em políticas públicas de segurança pública que vão resolver a criminalidade ou pelo menos amenizá-la. Eu não acredito no confronto, o confronto nunca deu certo.
Dia 26 haverá uma manifestação e eu peço aos bolsonaristas, aos que torcem pelo Bolsonaro como eu, que façam também essa manifestação e coloquem um dos itens para o Bolsonaro falar: "Fala, Presidente Bolsonaro, quem são os Parlamentares que o estão chantageando ou estão fazendo conchavos". Essa é a grande pergunta que o povo brasileiro quer saber. Agora, não dá é para colocar toda a Nação dizendo que o Congresso está chantageando, está fazendo conchavo. Nós não participamos de conchavos, não queremos conchavos.
Eu ouço o Senador Otto.
O Sr. Otto Alencar (PSD - BA. Para apartear.) – Nobre Senador Omar Aziz, V. Exa. faz um discurso que é bem coerente e chama a atenção do Presidente para que ele possa nominar as pessoas que estiveram com ele e por acaso solicitaram vantagens de ordem pessoal ou algum cargo no Governo, até porque o Presidente falou que nem todo mundo vem só conversar, ou seja, vem pedir mais alguma coisa. E eu sei do comportamento de V. Exa. e dos Senadores aqui, acredito que nenhum Senador foi procurar isso, procurar alguma vantagem de ordem pessoal.
Quanto à posição do Presidente de querer jogar no colo do Congresso Nacional... Aqui no Senado, absolutamente não, porque no Senado votamos matéria até por solicitação do Líder do Governo aqui, que é o Senador Fernando Bezerra, de interesse do Governo, tanto em Comissão como em Plenário. Nunca obstruímos absolutamente nada. Nosso interesse é votar aquilo que ele manda e que vem ao encontro dos interesses do povo brasileiro e do Brasil. Agora, querer colocar aqui no Senado Federal ou na Câmara a crise que foi gestada lá no Palácio do Planalto, absolutamente, nós não vamos admitir isso.
Eu sou um crítico do Governo, mas quero dizer aqui em alto e bom som que todas elas, a maioria delas foram gestadas lá. Nenhum aqui é culpado pela exoneração do ex-Ministro da Educação, o Vélez; pela crise do Bebianno; pelos problemas que aconteceram do Olavo de Carvalho com o Santos Cruz, com o Exército brigando com o Olavo de Carvalho. Ninguém é culpado por isso. A tormenta que tem acontecido no Palácio do Planalto é muito gestada no próprio Palácio do Planalto ou por seus assessores. Portanto, querer colocar a culpa no Congresso Nacional, absolutamente.
Eu inclusive hoje, na reunião de Líderes, chamei a atenção do Presidente do Senado Federal, Senador Davi Alcolumbre, para que, como Presidente do Congresso Nacional, também chamasse a atenção para tirar esse pano que querem colocar em cima de nós como culpados pela crise que o Governo atravessa hoje, de quatro meses e meio de governo sem conseguir aprovar as matérias que estão tramitando no Congresso Nacional.
Eu, por exemplo, apoiei e vou votar a favor da reforma administrativa. Por quê? Porque é direito do Governo fazer a reforma que compete ao Governo, claro, com modificações que aconteceram, com críticas, com alterações, mas é importante que nós possamos votar, porque a lei de reordenamento administrativo é prerrogativa do Poder Executivo. Não há por que não votar isso, mas querer colocar a culpa em nós e dizer que algum Senador, algum Deputado Federal foi lá no Palácio pedir vantagem pessoal, eu concordo com V. Exa.: ele tem que nominar, foi fulano, foi sicrano, para que esse alguém seja excluído aqui ou do Senado ou da Câmara Federal.
O SR. OMAR AZIZ (PSD - AM) – Pois é, Senador.
O Sr. Otto Alencar (PSD - BA) – Nós não vamos temer absolutamente nenhuma manifestação no dia 26, até porque já foi feita uma manifestação contra o Presidente. É natural que os seus seguidores façam uma manifestação ordeira, isso é natural da democracia, da liberdade de cada um. E nós não tememos absolutamente nenhum tipo de ameaça nem de rua, nem do Congresso Nacional, porque todos aqui chegaram por coragem, por altivez, por fibra e decisão de ser Senador da República para defender os interesses do Brasil.
O SR. OMAR AZIZ (PSD - AM) – Pois é, Senador, veja bem, e a gente tenta ajudar o Presidente. Para que ele não se sinta acuado, ele dê o nome. E, se tiver algum Senador aqui, o Presidente Davi encaminha para a Comissão de Ética e o Senado cassa, porque nós não podemos admitir que o Presidente seja chantageado. Veja bem. O Presidente é o chefe da Nação, ele fere interesses. Por isso que eu digo sempre: ex-governador, ex-presidente, ex-prefeito, passa o mandato e fere interesses, muitas vezes interesses não republicanos, e você torna inimigos, você cria inimigos.
Você imagina um Presidente da República recebe uma lista tríplice, três nomes para nomear um ministro. Quando ele escolhe um, Sr. Presidente, os outros dois não vão gostar dele e não vão ficar nem um pouco satisfeitos com ele. Essa é a natureza do cargo. O cargo do Presidente da República não é uma brincadeira de palavras jogadas ao ar.
Muitas pessoas me perguntam: Omar, o que vocês estão querendo para votar? Não tem o que votar. Presidente, a Medida Provisória 870 eu vou votar como veio de lá, até porque não sou eu que vou determinar o número de ministérios. Quem determina o número de ministérios é o Presidente, que foi eleito pela população. Ele foi eleito para administrar, para executar. Nós fomos eleitos para legislar e nós não vamos interferir nisso.
Agora, o que mais espanta, Senador Rogério, são os fãs do Bolsonaro. Se a gente tenta ajudar, eles querem colocar o contrário, que nós queremos prejudicar. Nós não queremos prejudicar. A oportunidade, Presidente Bolsonaro, é esta: dê os nomes, fale quem está fazendo conchavo, quem o está chantageando ou, senão, pare com essa falácia. Não fale mais sobre esse assunto. E governe, mande propostas econômicas para cá...
O Sr. Rogério Carvalho (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - SE) – Senador...
O SR. OMAR AZIZ (PSD - AM) – ... mande proposta para a segurança pública, mande proposta para que a gente possa voltar a gerar emprego no Brasil, que estaremos ao seu lado.
Por isso, eu vou ouvir o Senador Rogério e queria só dizer uma coisa. Depois, V. Exa., Senador Kajuru. Não nos tenha como inimigos da Nação. Tenha a nós como aliados. E, se tiver alguém chantageando, seja o centrão, seja centro-esquerda, centro-direita, diga nomes para que a gente tome as providências.
Senador Rogério.
O SR. PRESIDENTE (Davi Alcolumbre. Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - AP) – Antes de passar a palavra ao Senador Rogério, eu queria informar ao Plenário que nós temos oito ou nove Senadores que estão no Plenário e que não votaram. E esta deve ser, no dia de hoje, a única votação nominal. Então, eu queria pedir atenção ao Plenário para que os Senadores possam votar essa matéria enquanto há oradores na tribuna.
Com a palavra o Senador Rogério Carvalho.
O Sr. Rogério Carvalho (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - SE. Para apartear.) – Eu queria, antes de mais nada, parabenizar o Senador Omar Aziz pela coragem de vir aqui, assim como o Kajuru já veio, e pedir ao Presidente que aponte quem é que está chantageando, não o Presidente nominalmente, mas a Presidência da República, que é uma instituição.
Agora, Senador Omar Aziz, nós também não podemos aceitar que o Governo coloque a população, quem quer que seja, contra o Poder Legislativo ou contra qualquer outra forma de Poder.
Quando, numa democracia, a gente diverge, é porque todos que estão aqui também tiveram a delegação das urnas. Todos os Senadores e Senadoras, Deputados e Deputadas, os 584 que estão aqui – os 81 daqui e os 503 de lá – também foram votados e têm o direito, da tribuna destas Casas, de se posicionar e de incrementar ou melhorar ou modificar as proposições que vêm do Executivo. Não é colocando um Poder contra o outro nem o povo contra o Poder Legislativo que a gente vai construir o caminho para gerar empregos, para fazer o País crescer, que é o que a população quer.
Eu tenho a certeza – e todos são testemunhas – de que a oposição aqui não tem criado dificuldade para aquelas matérias de interesse do País, de interesse do povo brasileiro, mas, infelizmente, não chega a esta Casa nenhuma matéria objetivamente para gerar emprego e renda e para tirar o País da recessão.
Muito obrigado, Senador Omar Aziz.
O SR. OMAR AZIZ (PSD - AM) – Senador Kajuru e depois o Senador Eduardo.
O Sr. Jorge Kajuru (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO. Para apartear.) – Inicialmente, Senador Omar Aziz, quero dizer que fico orgulhoso. Nem cheguei a ver o seu requerimento, mas o meu, protocolado ontem – usei a tribuna às 14h para abordá-lo –, é rigorosamente semelhante ao seu em todos os sentidos.
Apenas lembro aqui o imortal Millôr Fernandes e digo que a ignorância é a maior multinacional do mundo, realmente. Acontece o quê? O bombardeio que a gente recebe e que a gente recebeu... Tomei conhecimento disso ao ler o seu Twitter no sábado, daí a decisão minha de entrar com um requerimento, como entrei ontem. Cheguei mais cedo do que o senhor aqui porque eu moro aqui. Perfeito? E o senhor veio do seu Estado.
Fico triste ao ver pessoas que não conseguem entender que nós não temos opinião contrária ao Presidente em relação ao que ele falou. Nós temos apenas o direito de pedir que ele aponte, até para que a sociedade brasileira saiba quem é quem neste Congresso Nacional e em outras instituições que, como ele falou, estariam tornando o seu Governo ingovernável. Então, é dizer isso! E que essas pessoas entendam que aqui ninguém quer sabotar o Governo do Presidente Bolsonaro, porque isso significa sabotar o País. Agora, queremos que respeite este Poder, respeite o Congresso Nacional e saiba que aqui há gente que, na minha opinião, em sua maioria, não quer conchavo e não quer negociação absolutamente com nada, mas quer projeto bom, projeto interessante, para a gente votar pelo Brasil, pela nossa Pátria amada.
Parabéns!
O SR. OMAR AZIZ (PSD - AM) – Obrigado, Senador.
Senador Eduardo Braga.
O Sr. Eduardo Braga (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AM. Para apartear.) – Senador Omar, eu diria que quem dá o ritmo da orquestra é o maestro. E, quando o maestro encaminha, Senador Tasso, o tom, para a orquestra tocar, no ritmo errado, tudo começa a desandar. Não só o Presidente tem sido infeliz nas suas declarações, o Ministro da Economia também e alguns de seus líderes também.
Eu estou dizendo isso, porque está aqui... O nosso Senador Kajuru gosta sempre de citar as redes. Eu faço isso muito pouco, mas é tão grave que eu resolvi citar no aparte ao discurso de V. Exa., porque tem a ver com o discurso de V. Exa: o Presidente da Câmara, Rodrigo Maia, acaba de declarar, no Colégio de Líderes da Câmara, o rompimento dele com o Líder do Governo na Câmara, por declarações desrespeitosas não só para com o Presidente mas também para com o conjunto dos Deputados Federais.
Ora, o Líder do Governo obedece ao ritmo e à orquestra que o maestro estabelece. Portanto, estamos criando crise onde não deveria, onde não havia crise. Há três meses, havia um sentimento dentro do Congresso e dentro do Brasil de expectativas positivas.
É verdade o que V. Exa. disse: aqui no Senado, pelo menos, os Senadores, com muito boa vontade para com o Brasil – não é para com o Governo que aí está, mas para com o Brasil –, para fazer a reforma da previdência que precisa, as reformas que precisam ser feitas na área tributária, as reformas que precisam ser feitas para gerar emprego e renda no Brasil... Agora, não é com acusações sem prova, sem legitimidade, com convivências muitas vezes agressivas dentro do Congresso e nas ruas brasileiras que nós vamos solucionar os problemas que o Brasil precisa enfrentar.
Eu espero que não seja verdade essa declaração, porque se o Presidente da Câmara chegou a esse nível, Presidente Davi Alcolumbre, está na hora de V. Exa. começar a ficar muito atento. Graças a Deus, o Líder do Governo no Senado é o Senador Fernando Bezerra, que sabe e conhece o fundamento das argumentações que são centrais para que haja o convencimento de um número de Senadores aqui no Senado para promover as reformas. O diálogo e até mesmo as posições contrárias são bases da democracia. Agora, o desrespeito, a acusação infundada, etc., não construirá.
Portanto, para dizer da importância do pronunciamento de V. Exa. e da situação por que passa o País diante das crises permanentes onde não deveria haver crise, Sr. Presidente.
O SR. OMAR AZIZ (PSD - AM) – Obrigado, Senador Eduardo Braga.
Senador Reguffe.
O Sr. Reguffe (S/Partido - DF. Para apartear.) – Senador Omar Aziz, o Presidente da República deveria, sim, apontar aqueles que o estão chantageando, pedindo cargos, pedindo espaços no Governo e, direta ou indiretamente, dizendo que só vão votar projetos se receberem algo do Poder Executivo. Isso precisa ser dito claramente pelo Presidente da República, e ele daria uma grande contribuição para o País se dissesse isso. Este País está cansado de fisiologismo, não aceita mais o fisiologismo que sempre imperou na política deste País, e o Presidente daria uma grande contribuição nominando exatamente aqueles Parlamentares que assim agiram.
Um voto de um Parlamentar deve ser uma questão de convicção, um Parlamentar deve ler as proposições que são votadas, deve estudá-las e votar "sim" ou "não" de acordo com o mérito dessas proposições, se elas são boas ou ruins para a população, de acordo com as suas consciências, e não se vão ter cargos no Governo ou não vão ter cargos no Governo. Isso apequena a atividade parlamentar.
A Constituição Federal é clara quando coloca a independência dos Poderes, quando ela diz que os Poderes são independentes.
O Presidente deveria não falar genericamente, mas apontar, nominando aqueles Parlamentares que fizeram pedidos a ele. Até os pedidos legítimos deveriam ser apontados. Isso daria uma transparência ao processo e acabaria com essa chantagem urbana que existe na política brasileira. Porque às vezes a culpa é do Presidente, que resolve "comprar" – entre aspas – o Parlamento com cargos e benesses, e às vezes a culpa é do Parlamento, que chantageia o Presidente. Mas não pode haver aí declarações genéricas, porque as declarações genéricas não ajudam a apontar uma saída.
Então, se o Presidente teve a coragem de dizer que está sendo chantageado, de dizer que estão pedindo cargos e benesses, ele tem que apontar quem, nominalmente, está pedindo esses cargos e benesses. Ele estaria dando uma grande contribuição para o País se assim agisse.
O SR. OMAR AZIZ (PSD - AM) – Muito obrigado, Senador Reguffe.
O Sr. Flávio Bolsonaro (Bloco Parlamentar PSDB/PODE/PSL/PSL - RJ) – Um aparte, Senador Omar.
O SR. OMAR AZIZ (PSD - AM) – Sr. Presidente...
O Sr. Flávio Bolsonaro (Bloco Parlamentar PSDB/PODE/PSL/PSL - RJ) – Um aparte aqui, na sua...
O SR. OMAR AZIZ (PSD - AM) – Pois não, Senador Flávio.
O Sr. Flávio Bolsonaro (Bloco Parlamentar PSDB/PODE/PSL/PSL - RJ. Para apartear.) – Senador Omar, só para dar o meu testemunho aqui no Senado que, junto com o nosso Líder Fernando Bezerra, eu sou um Senador que sou muito procurado por vários colegas aqui de Plenário, e a minha palavra é no sentido de falar que nunca recebi aqui no Senado nada que seja não republicano; pelo contrário, ideias como a de V. Exa., no tocante ao Estado do Amazonas; de vários Parlamentares, que aqui vêm trazer ideias no intuito de contribuir com o Governo, de fazer intermediação junto aos ministérios para que obras de infraestrutura que são importantes possam definitivamente sair do papel, aquilo que é mais urgente. Então, eu sou testemunha de que, pelo menos, aqui no Senado, eu posso falar, junto com o nosso Líder Fernando Bezerra, da vontade construtiva de grande parte dos Senadores e de que, pelo menos, nunca recebi de ninguém aqui um pedido que não fosse publicável ou que não fosse republicano.
Então, só para dar essa palavra aqui a V. Exa., agradecer a todos pela solidariedade e, subsidiariamente, ao nosso Líder Fernando Bezerra, dizer que também estou à disposição, para que o Governo possa receber essas propostas. É óbvio, Senador Omar, que é um Governo que está quebrando muitos paradigmas, que enfrenta resistências naturais, mudando formas de diálogo historicamente construídas, e obviamente o caminho está na política, não há outro. O caminho é a política, o caminho é o diálogo.
Então, eu quero só fazer uso da palavra aqui, Senador Omar, para dizer que, aqui no Senado, eu estou muito bem surpreendido até, ao lidar com pessoas extremamente experientes: ex-Presidentes, ex-Governadores, Senadores de vários mandatos, pessoas já calejadas, equilibradas, que têm muito a contribuir com o Brasil.
O SR. OMAR AZIZ (PSD - AM) – Obrigado, Senador Flávio.
Eu quero agradecer os apartes feitos pelo Senador Kajuru, Senador Eduardo, Senador Reguffe, Senador Rogério, Senador Flávio.
Veja bem, eu estive na legislatura passada, e a correlação de forças contra o Governo era muito maior. Era uma oposição muito mais acirrada e uma situação acirrada. Havia muito embate aqui dentro do Congresso, muitos embates entre PSDB e PT logo no início da legislatura; porque o PSDB chega aqui dizendo que tinha perdido a eleição porque tinha sido fraudada, e começou. O mandato começou muito ruim.
E não vi neste mandato, Senador Flávio, nenhuma animosidade contra o Presidente Bolsonaro. O que nos espanta é que, para os correligionários do Presidente Bolsonaro, se a gente vai dar uma sugestão que não é a ideia do Presidente, nós somos inimigos do Brasil. Nós não somos inimigos do Brasil. Eu não concordo com algumas teses, mas respeito. Agora, eu vou votar aqui a favor ou contra conforme as minhas convicções. Não é porque eu sou contra ele.
Veja bem: o Presidente Bolsonaro tem uma experiência legislativa, passou quase vinte e poucos anos na Câmara. Quantos projetos dele foram rejeitados? Vários! E ele teve de conviver com isso. Ele era minoria, no pensamento dele, era rejeitado, não davam andamento, boicotavam. Agora, nós vivemos um outro momento.
(Soa a campainha.)
O SR. OMAR AZIZ (PSD - AM) – Nós vivemos um momento em que, ou o Brasil faz as reformas necessárias para que a gente possa gerar emprego, para que volte o Brasil a crescer, ou vamos ficar retroagindo. E não contribui nada para a geração de emprego, não contribui nada para mais oportunidades aos jovens, às pessoas brasileiras, a guerra, a luta de palavras, as redes sociais desinformadas querendo agredir por agredir, apenas porque você discorda.
Meu Deus! Dentro de casa, o filho às vezes discorda da mãe, discorda do pai, a mulher discorda do marido, o marido discorda da mulher, nem por isso saem se agredindo. E, aqui, o Parlamento não pode discordar.
O que eu fiz? Volto a repetir, eu quis dar uma de levantador: eu levantei a bola para o Presidente Bolsonaro para ele cortar e fazer o ponto, e o ponto é o senhor dar nome aos bois, dar nome a quem o está chantageando. Essa é uma exigência do povo brasileiro!
Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.