Discurso durante a 78ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Cobrança ao Presidente da República para que revele a identidade dos Parlamentares que, supostamente, o estariam chantageando em troca de benefícios políticos. Posicionamento contrário ao discurso que atribui ao Congresso a responsabilidade pela demora no andamento de projetos do Governo Federal.

Autor
Plínio Valério (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Francisco Plínio Valério Tomaz
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ADMINISTRAÇÃO PUBLICA:
  • Cobrança ao Presidente da República para que revele a identidade dos Parlamentares que, supostamente, o estariam chantageando em troca de benefícios políticos. Posicionamento contrário ao discurso que atribui ao Congresso a responsabilidade pela demora no andamento de projetos do Governo Federal.
Aparteantes
Angelo Coronel, Weverton.
Publicação
Publicação no DSF de 23/05/2019 - Página 35
Assunto
Outros > ADMINISTRAÇÃO PUBLICA
Indexação
  • COBRANÇA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, JAIR BOLSONARO, IDENTIFICAÇÃO, POLITICO, AUTOR, CHANTAGEM, REGISTRO, POSIÇÃO, CRITICA, DISCURSO, COMPETENCIA, RESPONSABILIDADE, CONGRESSO NACIONAL, DEMORA, TRAMITAÇÃO, PROJETO DE LEI, AUTORIA, GOVERNO FEDERAL.

    O SR. PLÍNIO VALÉRIO (Bloco Parlamentar PSDB/PODE/PSL/PSDB - AM. Para discursar.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Senadores, depois, Veneziano, desse show dado por Rondônia, que a gente ouviu atentamente, vou mudar um pouquinho o rumo da prosa e começar por aqueles discursos de ontem do Senador Omar, do Senador Jorge Kajuru e mais outros, que cobraram do Presidente da República que desse nome aos bois, quer dizer nominasse aqueles maus políticos que o estariam supostamente chantageando.

    Por que eu retomo esse assunto, meu companheiro Veneziano? Porque eu vejo muitas críticas, principalmente ao meu amigo, ao meu conterrâneo, meu amigo leal, Omar Aziz; críticas cobrando do Omar, dizendo: vá cuidar das reformas e deixe o Presidente em paz.

    Há pessoas que não conseguem entender, teimosamente, quando uma pessoa diverge. O que o Omar simplesmente e o Kajuru fizeram aqui foi pedir que o Presidente nomeie, dê nomes. Nada mais do que isso.

    Não se está contra o Presidente, não se está contra o País, não se está contra a Nação, até porque eu penso do mesmo jeito. E não se pode confundir joio com trigo. Não se pode colocar todo mundo no mesmo balaio. E dou o maior exemplo sempre erguendo as minhas mãos e mostrando os cinco dedos: nenhum é igual ao outro. E são da minha mão.

    Então, aqui há pessoas que pensam diferente, que agem diferente no Congresso Nacional. Que o Presidente dê nomes, para que o Brasil inteiro saiba que há pessoas, em sua grande, grande maioria, preocupadas com os destinos do País.

    E, quando eu vejo esse tipo de movimento, convocações para ir às ruas – e eu já vi; eu estava Deputado Federal há pouco tempo, mas estava quando vi aquelas manifestações –, eu não me aquieto, eu fico inquieto e volto ao discurso que eu gosto de ter sempre quando eu tenho oportunidade de contato com aquelas pessoas, Veneziano, Presidente Confúcio, que não pensam igual a mim: as pessoas têm que entender que pensar diferente não é ser inimigo, divergir em ideias não é ser inimigo. Primeiro, pensar não dói – pode ser que para alguns doa, mas a maioria não sente dor nenhuma quando pensa. Então, pensar diferente não é ser inimigo, não é agredir.

    Aí, eu volto àquela comparação que eu fiz no meu primeiro discurso aqui em relação ao Presidente Bolsonaro e em relação ao Ministro Sergio Moro, lá no começo, quando eles queriam nos impor as suas ideias e os seus projetos de forma abrupta.

    Eu dizia que Congresso não é quartel. No quartel militar, o general dá uma ordem, aí vem o coronel, que manda para o major, para o capitão, cumpra-se e acabou, ninguém discute. Assim é o quartel. Na vara criminal, o juiz dá uma sentença, o oficial de justiça cumpre, vai lá e cumpre. O Parlamento, meu Presidente Confúcio, não é isso. O Parlamento é conversa, é troca de ideias, é sugestões, é convencimento. Eu tenho a minha ideia, Veneziano tem a dele, Petecão tem a dele, o Marcio tem a dele. Vamos discutir as ideias, me convença com seus argumentos ou eu o convenço com os meus argumentos. Assim é o Parlamento.

    E, quando a gente fala em negociação, entendam os senhores e as senhoras que negociação é no bom sentido, é conversar, é convencer. Assim é o Parlamento.

    Aí, eles entenderam um pouco quando mandaram o Ministro Paulo Guedes para cá, quando mandaram os outros ministros – uma certa conversação. E o Presidente sempre dizendo que o Congresso atrapalha o País.

    Eu recebo cobrança de que a gente tem que votar a reforma. Angelo Coronel, meu bom Senador, que reforma? Qual é a reforma que já chegou neste Plenário? Nenhuma. Tudo é falácia, tudo é só conversa. Demoraram meses para enviar a reforma à Câmara – e aqui, Presidente, cabe um outro adendo: a Câmara Federal está nos expondo, expondo a todos nós, Senadores. Passam seis anos, oito anos com um projeto e mandam para nós. A medida provisória de hoje, por exemplo, vai caducar. Se algum Senador resolver emendar, se a gente concordar em emendar, já era! Então, estão jogando sobre os nossos ombros uma grande responsabilidade, que nós temos, sim, com o País, mas não podemos aceitar responsabilidades que não são nossas, pecados que não são nossos. Nós temos sempre que estar colaborando com o País e com a Nação – claro que sim.

    Então, eu continuo já, mas quero ouvir o meu bom Senador Angelo Coronel, representante da Bahia, um dos representantes da Bahia.

    O Sr. Angelo Coronel (PSD - BA. Para apartear.) – Senador Plínio, V. Exa. está sendo muito feliz com as suas colocações. Na verdade, muita gente nos cobra: "Cadê? O que é que nós estamos fazendo? Cadê as reformas?".

    V. Exa. alertou: aqui no Senado, até então, não chegou essa reforma. A reforma está ainda uma espuma: muito fala, fala, muito diz, diz, e nada de concreto. Esperamos que realmente deem celeridade para que chegue aqui. Eu acredito que, se a Previdência está na Câmara, poderíamos aqui estar discutindo outras matérias, outras reformas tão importantes para o Brasil, como a reforma tributária, a reforma política, e não ficar somente atrelados à reforma da previdência. Quando ela chegar aqui – ninguém sabe quando vai chegar –, estaremos aptos para analisá-la e votá-la.

    Então, V. Exa. está feliz. O Amazonas soube escolher um representante à altura nesta Câmara Alta. 

    O SR. PLÍNIO VALÉRIO (Bloco Parlamentar PSDB/PODE/PSL/PSDB - AM) – Obrigado, a amizade tem dessas coisas. Obrigado a você, que é meu amigo.

    Nós estamos chamando para nós, Weverton, o que não deveríamos: votar uma medida provisória no mesmo dia em que chega, e vamos fazer isso, e temos feito essas coisas. Então, que o País entenda, e este é o momento bom quando milhões de pessoas assistem à TV Senado. Eu gosto de conversar com você que assiste à TV Senado para que você não se deixe iludir.

    Para que a rosa do ódio não espalhe suas pétalas em todo o País, não se pode voltar a viver aquilo, Veneziano: nós e eles, bons e maus, céu e inferno. Não há nós e eles, só há nós, e a gente deveria ter esse entendimento. Nós somos um País, somos uma Nação continente, unida. A gente nunca teve... Nas revoluções que se dizem revoluções, nas grandes coisas, não se tem um tiro, não se gasta uma só gota de sangue, porque nós somos assim, e, num momento desse, lá vai o povo para a rua. E sabe o que eles vão nos cobrar, Veneziano – vi lá a pauta: que nós sejamos a favor da reforma da previdência – a maioria aqui é, eu sou; que nós sejamos a favor do pacote anticrime do Moro – a maioria aqui é, eu sou; que nós sejamos contra a corrupção – todos nós somos. Então, é uma pauta furada, inventada. Agora é o direito que cada um tem de ir para rua para dizer o que quer.

    Então, meu bom Presidente Confúcio, depois daquela exposição tão bonita, tão didática, tão orgulhosa que os Senadores de Rondônia fizeram aqui há pouco, eu me dou o direito e peço permissão para tocar nesses assuntos não tão bons.

    Senador Weverton, meu amigo do Maranhão.

    O Sr. Weverton (Bloco Parlamentar Senado Independente/PDT - MA. Para apartear.) – Eu quero cumprimentá-lo aqui pelo excelente discurso de V. Exa., Senador Plínio, e tenho certeza de que ele soma com os seus pares, porque nós temos hoje a certeza de que é preciso que as pessoas de juízo neste País parem de verdade para dialogar.

    Ontem, na reunião do Colégio de Líderes, eu, como Líder do PDT, juntamente com os colegas Líderes da oposição, dos partidos que compõem os partidos de oposição, nós, mesmo sabendo que é um absurdo votar medida provisória que chega no dia aqui dentro da Casa, porque se tem que ter um tempo para tramitar... Na época, Governador Confúcio, nós, na Câmara, tivemos várias medidas provisórias que voltaram porque chegaram em cima da hora aqui, no Senado. Foi estipulado um prazo. Mas o que nós dissemos? Há três aí para vencerem até a próxima semana: há agora essa que é a das empresas, a que trata da questão da aviação aérea...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Weverton (Bloco Parlamentar Senado Independente/PDT - MA) – ... que tem vários assuntos, aviação regional, inclusive foi tirada do texto da Câmara e, infelizmente, vai cair; há a dos recursos de Roraima e a da estruturação do Governo.

    O que nós da oposição dissemos? Até essa medida provisória da estruturação do Governo, não se preocupem, nós vamos dar o gesto e vamos votá-la aqui, no Senado. Não vamos criar dificuldade para não dar argumento de que as coisas não andaram por culpa da oposição. Como eu tenho falado aqui, todas as matérias – os senhores são conhecedores disso – nós temos aqui unidos. Eu estou vendo que Senadores do PSDB até do PT estão aqui tentando convergir nas matérias que são importantes para o Brasil. O problema é que não estão chegando. Não há matéria chegando aqui do Executivo, de verdade, para se resolver o problema.

    É um erro, só para encerrar, que o Governo comete, na sua estratégia política e tática, tentar sinalizar para o mercado, principalmente internacional, que a única salvação do problema é o fim da previdência, ou melhor, a reforma da previdência. Ela pode ser importante, mas não pode ser só isso, você tem várias outras agendas que têm que ser colocadas juntas para justamente nós mostrarmos que somos uma nação altiva, Senador Plínio. Por isso que nós estamos aqui com instituições maduras, fortes e, acima de tudo, que respeitam a democracia.

    Então, eu quero cumprimentar V. Exa. para lhe dizer que nós topamos votar até essa medida provisória. Se ela não chegar a tempo aqui, não é culpa nossa, mas nós estamos fazendo o possível para ajudar o Brasil, não é o Governo.

    Após a medida provisória que trata sobre a estruturação do Governo, aí nós partidos da oposição vamos começar a atuar e a cobrar, até porque é o nosso papel. Exemplo, a PEC do Saneamento. Do jeito que está essa medida provisória – não é PEC, é uma medida provisória –, não tem condição nenhuma de nós apoiarmos. Os Governadores do Nordeste já pediram que a gente não ajude, porque os Municípios menores, menos favorecidos não vão ter condição nenhuma de terem apoio dessas empresas, que não vão ter interesse, só nos grandes mercados e nos bons deles. Mas isso é um outro assunto, e claro que a gente vai tratar no momento oportuno.

    Então, parabéns a V. Exa. O Amazonas, com certeza, acertou em cheio em ter aqui o amigo nessas discussões tão importantes que ajudam na pauta nacional e, claro, no nosso querido Amazonas.

    O SR. PLÍNIO VALÉRIO (Bloco Parlamentar PSDB/PODE/PSL/PSDB - AM) – Obrigado, Senador Weverton.

    E o senso de justiça, que permeia a minha carreira me obriga a elogiar os partidos e os senhores da oposição, que têm colaborado de forma extrema. Os Senadores de oposição, aqui neste Senado, têm colaborado de uma forma extrema. E o País precisa entender e saber disso.

    E eu encerro, para que o meu bom Senador Veneziano possa ocupar, antes da Ordem do Dia, a tribuna, dizendo o seguinte. Nós não podemos ficar conformados em dizer assim: "Não, a verdade sempre prevalece". A verdade vai prevalecer, mas a mentira é mais rápida, a mentira é mais ágil, a mentira sempre chega primeiro, e compete a nós não deixarmos que essas mentiras que se espalham no Brasil afora nos joguem no mesmo balaio dos maus políticos, e usar como os maus advogados, os maus jornalistas e os maus repórteres, enfim, tudo.

    Eu não sei, há um conterrâneo meu de uma música – eu não estou me lembrando o nome dele, e ele há de me perdoar –, em que ele fala, e eu vou tentar juntar, plagiando... Pode ser que até o ódio, não é? O ódio precisa de muito espaço, mas o mundo inteiro cabe num verso de amor. Se a gente pregar o amor, é tão pouco espaço que ocupa, que é o espaço do nosso peito, o nosso compromisso com a Nação e com o País.

    Quando eu estou aqui votando a favor do Governo, eu não estou votando pelo Governo, mas pela Nação, porque o Amazonas me mandou para cá para isso, para votar pela Nação.

    Obrigado, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/05/2019 - Página 35