Discurso durante a 88ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Defesa da inclusão das guardas municipais na aposentadoria policial na proposta de reforma da previdência.

Defesa da imunidade de manifestação dos parlamentares.

Insatisfação com a Comissão Parlamentar de Inquérito de Brumadinho.

Autor
Jorge Kajuru (PSB - Partido Socialista Brasileiro/GO)
Nome completo: Jorge Kajuru Reis da Costa Nasser
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PREVIDENCIA SOCIAL:
  • Defesa da inclusão das guardas municipais na aposentadoria policial na proposta de reforma da previdência.
SENADO:
  • Defesa da imunidade de manifestação dos parlamentares.
CALAMIDADE:
  • Insatisfação com a Comissão Parlamentar de Inquérito de Brumadinho.
Aparteantes
Paulo Paim.
Publicação
Publicação no DSF de 04/06/2019 - Página 38
Assuntos
Outros > PREVIDENCIA SOCIAL
Outros > SENADO
Outros > CALAMIDADE
Indexação
  • DEFESA, INCLUSÃO, GUARDA MUNICIPAL, APOSENTADORIA, POLICIAL, PROPOSIÇÃO, REFORMA, PREVIDENCIA SOCIAL.
  • DEFESA, IMUNIDADE, DISCURSO, CONGRESSISTA, SENADO.
  • CRITICA, TRABALHO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), MUNICIPIO, BRUMADINHO (MG).

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO. Para discursar.) – Brasileiros e brasileiras, minhas únicas V. Exas., meus únicos patrões, o seu empregado público Jorge Kajuru sobe a esta tribuna, como sempre, desde o primeiro dia, cumprimenta inicialmente o Presidente da sessão, estimado amigo Sérgio Petecão, que me confundiu com Deputado, carinhosamente, mas que agora vai ficar me devendo mesmo aquele convite para ir ao sítio simples, porém, acolhedor, lá de Rio Branco. Não abro mão dele, hein! A fama dele é boa.

    O SR. PRESIDENTE (Sérgio Petecão. PSD - AC) – O senhor sabe o nome da chácara lá?

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – Sei, mas não vou falar. (Risos.)

    O SR. PRESIDENTE (Sérgio Petecão. PSD - AC) – Não, mas é o nome. É Rancho Boi Cagão. (Risos.)

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – Bem, o nosso querido Senador Paim abordou aqui, em seu pronunciamento, senhoras e senhores, Pátria amada – uma ótima e iluminada semana, com Deus, a todos e todas! –, uma frase simples, que aliás consta em uma música de Titãs, Epitáfio, que significa, Girão, amigo, aceitar as pessoas como elas são. Não é só isso. Para mim é mais. Você também deve, na vida, aceitar as pessoas como elas são e, principalmente, respeitá-las quando elas são mais preparadas do que você, quando elas são educadas, o que é raro nos dias de hoje, quando não se diz mais "Bom dia!" em elevadores. E não é nos de São Paulo, não é nos do Rio, é nos de qualquer capital brasileira. Hoje, em elevador, você fica com vergonha de dizer "Bom dia!". Uma vez eu disse "Bom dia!", e a pessoa respondeu: "Bom dia é sinal de intimidade, meu caro". Bom dia é sinal de intimidade... Aí me lembrei de uma apresentadora de televisão, da Band. O Datena e eu estávamos no camarim e ela fez o mesmo com o maquiador, o Maurício. Eu falo daquela ex-apresentadora Márcia "Goldlixo", embora o seu nome seja Goldschmidt.

    Mas, então, educação é o quê?

    Na semana passada, eu fui o primeiro ali a me inscrever como orador para hoje, segunda-feira. O que eu fiz? Vi o Senador Paulo Paim sentado naquela cadeira. Fisicamente, eu estava aqui; portanto, eu estava mais próximo dele. Por respeito a ele, pelos seus 32 anos, pelo que ele é, assinei em segundo lugar – não foi, Senador? – e deixei o primeiro para...

    O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS. Para apartear.) – Pior que eu fiz uma brincadeira com ele antes e falei: "Eu vou chegar lá antes de você." E disse ele: "Antes de mim você não vai chegar." Aí ele chegou antes, só que ele deixou a vaga para mim. Obrigado! Obrigado!

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – Obrigação, educação, que é o que mais falta em um País onde nem o Ministro tem educação.

    Estiveram em meu gabinete, nº 16, guardas municipais do Brasil, fazendo uma manifestação pacífica para lembrar aos Congressistas que a categoria deles ficou de fora da aposentadoria policial, na PEC nº 06, de 2019, da reforma da previdência. O que eles pedem é que a eles seja concedido o mesmo tratamento dado às demais forças policiais do País. A Guarda Municipal ou Guarda Civil Municipal é a instituição que cuida ostensivamente dos bens, serviços e instalações dos Municípios.

    Certamente, quando a proposta da reforma da previdência chegar aqui, ao Senado, nós, Senador Alvaro todos os Dias, teremos que dar uma atenção a essa reivindicação, a essa classe tão sofrida, porque quem foi Vereador aqui sabe, nas Câmaras, o trabalho desses guardas civis, dessa Guarda Municipal, que vive 24 horas em uma Câmara Municipal, com um salário ridículo.

    Presidente Petecão, desde a redemocratização, o poder político no Brasil jamais conseguiu livrar-se dos ditames, das ordens, das imposições feitas pela minoria mais rica do País. V. Exas. aqui na galeria sabem muito bem que a verdade é que a economia e as leis no País não funcionam igualmente – igualmente – para todos.

    Eu continuo indignado na CPI de Brumadinho. Fico perguntando como foi possível uma ordem econômica e jurídica tão injusta, como foi possível chegar a tal ponto de descalabro no qual tudo é permitido em nome da ganância e do lucro. Os que mataram quase 300 pessoas em Brumadinho, abusando dessa licenciosidade criminosa, serão punidos? É a pergunta do País. A Nação quer saber. Alguém acredita nisso?

    Eu acredito que estamos aqui para ouvir a voz da população e dar respostas a ela. Estamos aqui para unir os que gritam contra a corrupção com aqueles que clamam em defesa da educação. Estamos aqui para colocar o dedo na ferida. E, para fazer isso, Sras. e Srs. Senadores e Senadoras, brasileiros e brasileiras, é preciso tirar de quem tem para dar a quem não tem. Esse é o único caminho por onde chegaremos ao encontro das multidões que caminham em busca de mudanças. Eu seguirei esse caminho, por mais difícil que ele seja. Faço uma advertência de que serão atropelados pela história os que escolherem outro caminho, de tirar de quem não tem para dar a quem tem muito. Prestem atenção! Serão atropelados pela história os que escolherem outro caminho, de tirar de quem não tem para dar a quem tem muito.

    Para encerrar, Presidente, Sérgio, desculpe, porque, se acontecesse com V. Exa., sua família estaria, neste momento, indignada, mas, ao mesmo tempo, feliz, porque eu sempre, Senador Paim, que é testemunha – o Senador Girão também é testemunha de meus pronunciamentos –, Senador Alvaro todos os Dias, fiz questão de separar o joio do trigo no Supremo Tribunal Federal, cuja maioria para mim é do bem, porque um colega aqui... É evidente que não vou dizer o nome dele de tão desprezível e chumbrega que ele é. E, como ele é analfabeto, ele não sabe o que é chumbrega. Ele vai ter que procurar no Michaelis.

    Portanto, não terá direito de resposta – não vou dar o nome dele. Entrou com uma ação contra mim para me cassar no Supremo Tribunal Federal – pode? – por causa de uma crítica nas redes sociais, sem ofensa, sem nenhuma ofensa – crítica até pela falta de conteúdo dele, por ser um Parlamentar...

(Soa a campainha.)

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – ... absolutamente despreparado. Aí, cassação do Senador Kajuru por uma crítica nas redes. Esqueceu ele que o Ministro Celso de Mello havia, uma semana antes, decidido, no Supremo, que nós Parlamentares temos imunidade para críticas, da maneira que desejarmos, nas redes sociais, mas, mesmo assim, tentou me cassar. Eis que o Ministro, corretíssimo, Luiz Fux, em poucas palavras, mandou arquivar, dizendo que não havia nenhuma procedência.

    É duro, não é? Como disse o Paim aqui, eu nunca discordei de ninguém nesta Casa, nem desqualifiquei – nunca, porque, para discordar, você não precisa desqualificar. Nunca desqualifiquei ninguém, nunca briguei com ninguém em nível baixo...

(Soa a campainha.)

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – ... porque, para mim, brigam as ideias, e não os homens. Agora, nas redes sociais, eu sou livre, Presidente, eu tenho o direito de usar a minha palavra, até porque o Supremo Tribunal me deu esse direito através de uma decisão do Ministro Celso de Mello.

    Aí, só para que todos saibam também, de outro lado, na separação do joio e do trigo, há o Ministro Gilmar Mendes, que agora, além de dar habeas corpus – por isso a minha insatisfação com a CPI de Brumadinho – para o convocado diretor da Vale, a assassina Vale, ficar em silêncio na CPI e ter o direito de dizer nada, ele aumentou: agora também o convocado não precisa nem comparecer, ou seja, ele acabou com a CPI de Brumadinho.

    Agradecidíssimo, Presidente, principalmente pela paciência com o tempo.

    O SR. PRESIDENTE (Sérgio Petecão. PSD - AC) – Quero pedir desculpas ao nobre Senador Kajuru por ter me referido ao nobre Senador como Deputado Federal. É por conta das minhas atribuições: fui, por oito anos, quatro vezes Presidente da Assembleia do meu Estado e sempre mantive muito contato com os Deputados Estaduais. Mas V. Exa., que é um Parlamentar que orgulha, e muito, o Estado de Goiás, com certeza vai me perdoar.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – Eu tenho o maior orgulho de uma maioria impressionante de Deputados Federais hoje, lá naquele Congresso – sou amigo de muitos deles. Portanto, não há nenhum problema. Seria Deputado Federal com muita honra, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/06/2019 - Página 38