Discurso durante a 88ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação com a situação da cidade de Minaçu e dos trabalhadores da empresa Sama.

Exposição sobre congresso na área de geração de emprego e renda realizado no oeste goiano.

Insatisfação com a tramitação das medidas provisórias, que chegam ao Senado Federal com prazo exíguo.

Autor
Vanderlan Cardoso (PP - Progressistas/GO)
Nome completo: Vanderlan Vieira Cardoso
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DESENVOLVIMENTO REGIONAL:
  • Preocupação com a situação da cidade de Minaçu e dos trabalhadores da empresa Sama.
TRABALHO:
  • Exposição sobre congresso na área de geração de emprego e renda realizado no oeste goiano.
SENADO:
  • Insatisfação com a tramitação das medidas provisórias, que chegam ao Senado Federal com prazo exíguo.
Publicação
Publicação no DSF de 04/06/2019 - Página 67
Assuntos
Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL
Outros > TRABALHO
Outros > SENADO
Indexação
  • APREENSÃO, MOTIVO, SITUAÇÃO, CIDADE, MINAÇU (GO), ENFASE, TRABALHADOR, INDUSTRIA, MINERAÇÃO, AMIANTO.
  • REGISTRO, CONGRESSO, ASSUNTO, CRIAÇÃO, EMPREGO, REALIZAÇÃO, PARTICIPAÇÃO, ORADOR, LOCAL, CIDADE, IPORA (GO).
  • CRITICA, TRAMITAÇÃO, MEDIDA PROVISORIA (MPV), SENADO, MOTIVO, AUSENCIA, TEMPO, ANALISE, MATERIA.

    O SR. VANDERLAN CARDOSO (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - GO. Para discursar.) – Sr. Presidente, Senador Lasier, Srs. Senadores, Senadoras, quero cumprimentar a Senadora Rose pelo seu pronunciamento. Amiga e Senadora Rose, estou cumprimentando V. Exa. pelo seu pronunciamento.

    Sr. Presidente, estou vendo aqui... São 16h30, se não me engano, ainda não deu quórum, mas acho que o Senado Federal, Senador Alvaro, neste mandato, nesta Legislatura toda, o Senado tem colaborado e colaborado muito com o Governo.

    Dias atrás nós ficamos aqui, Senadora Rose, duas horas e meia esperando a Câmara dos Deputados votar e mandar uma medida provisória para a gente votar, porque, senão, ia caducar. E está virando rotina aqui para nós. Hoje mais duas, não sei mais quantas. Não estamos tendo tempo nem mais de sentar, discutir, ver os pontos... E são coisas muito sérias. Talvez essa falta ainda dos Senadores – não estão aqui, mas eu creio que virão e vai dar quórum – se deva, posso até dizer, a esta desconsideração, Senador Esperidião Amin, que está acontecendo conosco aqui no Senado Federal.

    Mas, hoje, eu trouxe até uma faixa aqui, Sr. Presidente: "Luto!", luto pela cidade de Minaçu e pelos trabalhadores da empresa Sama. Infelizmente, Senadora Rose, depois de o Senado Federal fazer uma Comissão, ir ali à cidade de Minaçu, registrar e ver in loco a questão daquela mina, o tipo de amianto, a fibra que é retirada; depois de nós discutirmos para onde estava indo essa fibra, ou seja, sendo vendida para exportação e para países que a gente elogia muito, como Estados Unidos, como a França, como a Alemanha – ali são gerados centenas de empregos diretos e indiretos; a cidade nasceu devido à mina –; depois de tentarmos entre STF e Procuradoria-Geral da República, com a nossa Procuradora Raquel Dodge, que é goiana e, aliás, morou ali perto da cidade de Minaçu, conhece a realidade daquela cidade; não se chegou a um consenso e, depois de quase 90 dias, os funcionários foram demitidos. E a cidade está parada no momento em que o País passa, Sr. Presidente, por tantas dificuldades com relação aos empregos, que não acontecem. Fazem pesquisas e fazem pesquisas e só aumentam os desempregados. De pessoas vivendo de bico nós temos mais de 20 milhões. Entre pessoas que vivem de bico e os que estão desempregados, já ultrapassam os 40 milhões. E há decisões como essa, equivocada, a meu ver, por órgãos – porque, na década de 80, fizeram pesquisas por um tipo de amianto, na Índia, no Cazaquistão e na Rússia, que disseram que era cancerígeno.

    No final de semana passada, sexta-feira, Sr. Presidente, nós fizemos um congresso na área de geração de emprego e renda no oeste goiano. Foi ali na minha cidade natal, onde eu nasci, cidade de Iporá. Nós convidamos 21 Municípios – 21 Municípios –, compareceram 25 Municípios, tamanha era a importância desse congresso. As pessoas queriam ver os palestrantes e alguns ex-Prefeitos e Prefeitos, Senador Ciro, que foram ali levar, Senador Elmano, as suas experiências em projetos que fizeram a diferença nos seus Municípios.

    Por exemplo, ali foi citado e falado sobre a Cooperativa do Cará, da cidade de Bela Vista, onde, há alguns anos, uma família começou a trabalhar com a mandioca, a beneficiá-la. E aí já vieram cinco tipos de farinha; veio a tapioca; criou-se a embalagem; e hoje faturam mais de R$1 milhão por mês – quando se formou a cooperativa.

    Também ali se falou de alguns polos de confecção, como o de Inhumas, onde, através de parceria com a cooperativa que foi formada, Banco do Brasil, fundos do FCO para financiamento de galpões, foram construídos, em uma área de 50 mil metros, 84 galpões, gerando mais de 2 mil postos de trabalho em cama, mesa e banho.

    Na cidade de Taquaral, onde há só 3,5 mil habitantes, foi feito um arranjo produtivo local, também na área de confecção, e ali gerando quase 2 mil postos de trabalho, numa cidade com 3,5 mil habitantes, sendo preciso buscar mão de obra em outras cidades.

    E o que eu vi ali naquele congresso, que teve a participação do Ministério do Desenvolvimento, da Secretaria Estadual de Desenvolvimento do Estado de Goiás, do Sebrae, do Senai, do Sesc, o IF goiano: ali a gente viu tantas alternativas para geração de emprego e renda e para firmar as pessoas nas suas propriedades, principalmente no interior, como a criação de peixe em tanque, tanque-rede, o cultivo de maracujá e tantas outras experiências.

    E quando eu vejo como o nosso País trata as empresas... Uma decisão como essa, sendo que ninguém do STF foi lá em Minaçu observar como era, se era o tipo de amianto que, segundo a Organização Mundial da Saúde, causava câncer. Nem lá foram. E decreta-se a falência de uma cidade inteira.

    A PGR, do mesmo jeito.

    Se nós formos pegar aqui outras empresas que eram exemplos aqui no Brasil, que geravam milhares e milhares de emprego, Senadora Rose... Eu não vou entrar aqui em mérito de Operação Lava Jato, porque, se nós formos observar aqui a Odebrecht, por exemplo: foram demitidas mais de cem mil pessoas. Ninguém observou ali os pais e mães de família que trabalhavam nessas empresas. A OAS, do mesmo jeito. Agora estão fazendo a mesma coisa com a Vale.

    Nos Estados Unidos, Senador Ciro, em países desenvolvidos, quando uma empresa faz o que essas empresas fizeram, o dono da empresa vai para a cadeia, vai pagar, como aconteceu aqui, com a OAS, com a Odebrecht e tantas outras.

(Soa a campainha.)

    O SR. VANDERLAN CARDOSO (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - GO) – Mas os empregos e a empresa são sagrados.

    Nós estamos aqui colocando nosso País em hibernação na área de geração de emprego e renda. O País está parado, estagnado, como está a cidade de Minaçu.

    É com pesar que eu estou aqui hoje. É com pesar, porque eu conheço a realidade daquela cidade, daqueles trabalhadores, daquela empresa. E a gente vê uma decisão como essa num momento tão difícil que o País atravessa.

    Será, Presidente, que o nosso País é tão mais evoluído do que os Estados Unidos? É tão mais evoluído do que a Alemanha, do que a França? Não; creio que não. Eu disse da tribuna, no meu primeiro pronunciamento aqui, que não ia ficar comparando, Sr. Presidente, Srs. Senadores e Senadoras, o Brasil com país desenvolvido. Eu estou comparando porque, no caso da cidade de Minaçu, é de onde se exporta o amianto de crisotila. Os países que eram de terceiro mundo ou mais – se é que existe – estão ultrapassando o Brasil. E muitos já ultrapassaram. Então, nós temos que realmente mudar esta política nossa.

    Eu vi agora, esses dias – já estou terminando, Sr. Presidente –, uma atitude bonita do Ministro do STF com o Presidente da República, o Presidente da Câmara dos Deputados e do Senado num pacto para organizarmos o nosso País.

(Soa a campainha.)

    O SR. VANDERLAN CARDOSO (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - GO) – Mas, se o pacto for dessa maneira que estão fazendo, pode ser um pacto para fechar o restante de empresa que há neste País.

    As medidas provisórias eu vim para votar – vim porque é meu dever. Mas eu só queria aqui dizer, Líder Daniella, até mesmo em tom de desabafo: esta Casa, Sr. Presidente, não pode mais ficar à mercê da Câmara dos Deputados, votando as coisas de última hora, sem analisar, sem olhar, sem observar, porque isto aqui precisa de mais estudo.

    Estas são minhas palavras.

    Agradeço, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/06/2019 - Página 67