Discurso durante a 98ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Apelo ao Governo Federal para que haja intervenção na saúde e na segurança pública no Estado de Roraima.

Autor
Mecias de Jesus (PRB - REPUBLICANOS/RR)
Nome completo: Antônio Mecias Pereira de Jesus
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SAUDE:
  • Apelo ao Governo Federal para que haja intervenção na saúde e na segurança pública no Estado de Roraima.
Aparteantes
Eduardo Girão.
Publicação
Publicação no DSF de 18/06/2019 - Página 59
Assunto
Outros > SAUDE
Indexação
  • SOLICITAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, REALIZAÇÃO, INTERVENÇÃO, SAUDE, SEGURANÇA PUBLICA, ESTADO DE RORAIMA (RR).

    O SR. MECIAS DE JESUS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PRB - RR. Para discursar.) – Presidente, querido amigo, Senador Izalci, Sras. e Srs. Senadores, eu venho a esta tribuna mais uma vez para clamar por socorro pelo povo do Estado de Roraima. Não é a primeira vez que ocupo a tribuna desta Casa para falar desse tema e, pelo que parece, também não será a última vez. Mas venho trazer alguns dados, Sr. Presidente, que são necessários para que o Governo Federal, através do Ministro Sergio Moro, Ministro da Justiça, do Ministro da Defesa, das Forças Armadas brasileiras, possa tomar providências urgentes com relação aos casos que passarei a relatar neste momento, meu caro Senador Eduardo Girão.

    Nesse domingo, 16, o empresário José Antônio Coelho Brito, o Simbaíba, foi assassinado aos 69 anos de idade, numa oficina mecânica de sua propriedade, num dos bairros de Boa Vista. Ele foi surpreendido por dois assaltantes em seu negócio e perdeu a sua vida. Os dois assaltantes, os meliantes, são venezuelanos.

    Em maio deste ano, no Município de Alto Alegre, mais precisamente na Vila Paredão, o Chicão e a Toinha perderam a sua vida com requintes de crueldade. Foram mortos a facadas também por venezuelanos. É mais um número que vai se somar à deprimente estatística de crimes praticados por venezuelanos na capital roraimense e também em todo o Estado de Roraima.

    Os números não param de crescer, Presidente Izalci. Agentes da Delegacia Geral de Homicídios prenderam dois suspeitos desse caso do Simbaíba. A população do meu Estado de Roraima, Sras. e Srs. Senadores, está aterrorizada com a situação de calamidade pública que Roraima está vivendo. Além do verdadeiro flagelo no campo da saúde, temos o desespero com a segurança pública em Roraima. Se formos analisar documentos elaborados pelos órgãos responsáveis pela segurança pública de Roraima, veremos que, desde 2017, os crimes praticados por refugiados venezuelanos vêm se multiplicando em progressão geométrica.

    Venho aqui renovar o meu apelo ao Governo Federal, ao Presidente Jair Bolsonaro, ao Sr. Ministro da Justiça, Sergio Moro, bem como ao Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, para que intervenham na saúde e na segurança pública do Estado de Roraima. Que o Presidente Jair Bolsonaro lance os olhos sobre a situação de descalabro, de desorganização generalizada que estamos atravessando a fim de tomar providências exigidas e indispensáveis antes que aconteça uma ruína total para os brasileiros que residem no Estado de Roraima.

    Roraima pede socorro! E eu, como representante daquele povo, estou aqui ocupando mais uma vez a tribuna do Senado da República para pedir socorro em nome do povo de Roraima. Os crimes cometidos por venezuelanos em nosso Estado passam as barreiras daquilo que poderia ser suportável.

    O Ministro da Justiça e o Presidente da República podem designar urgentemente homens da Polícia Federal, da Força Nacional e das Forças Armadas para ocuparem as ruas, para ocuparem os bairros e Municípios de Roraima para atender a população de Roraima que se encontra em polvorosa. Não devemos nem podemos continuar sendo submetidos a esse pavoroso cenário que o País vizinho, a Venezuela, submete o povo brasileiro, mas, em especial, submete o povo de Roraima a uma situação de desespero. É preciso que se dê um basta a essa situação para que a desesperança não lance raízes nem se estabeleça no seio da população pacífica e ordeira de Roraima, que é, acima de tudo, cumpridora dos seus deveres e de suas obrigações.

    Por isso, Presidente Izalci, Sras. e Srs. Senadores, meu caro Senador guerreiro do Estado do Ceará, Senador Girão, o povo de Roraima pede socorro. O povo de Roraima pede socorro, porque nos falta terra, falta-nos segurança, falta-nos saúde pública e nos faltam condições para vivermos com dignidade como vivem os demais Estados brasileiros.

    Por isso, mais uma vez, ocupo a tribuna desta Casa para, em nome de Roraima, dizer: Roraima precisa urgentemente ser vista pelo Brasil como o Estado brasileiro que nós somos!

    Muito obrigado, Sr. Presidente.

    O Sr. Eduardo Girão (Bloco Parlamentar PSDB/PODE/PSL/PODEMOS - CE) – Senador Mecias de Jesus, por favor.

    O SR. MECIAS DE JESUS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PRB - RR) – Senador Girão, concedo a V. Exa. um aparte.

    O Sr. Eduardo Girão (Bloco Parlamentar PSDB/PODE/PSL/PODEMOS - CE. Para apartear.) – Um aparte, por favor.

    Realmente, eu sou testemunha de que V. Exa., pelo menos mais de duas vezes, subiu a esta tribuna para fazer esta sua defesa sempre contundente, sempre com um apelo.

    O senhor vem buscando apoio de ministérios, tentando fazer a sua parte na situação dramática em que vive o seu Estado, que tive a oportunidade de conhecer em 2011, quando tive a oportunidade de levar um filme sobre Chico Xavier ao seu Estado e conhecer Boa Vista.

    Tenho alguns amigos que estiveram agora na sua terra e me relataram situações semelhantes do desespero dos imigrantes, do povo da Venezuela, que, é bom que se diga, é um povo, em sua maioria, fraterno, um povo amigo, um povo irmão, que está desesperado com a ditadura terrível que está enfrentando lá. Uma ditadura em que as mínimas situações... Por exemplo, havia um repórter lá – eu tive a possibilidade de ver 15 dias atrás – fazendo matérias, em Caracas, que teve apreendidas suas câmeras, seus microfones, para não mostrar a realidade do que estava acontecendo lá. Depois, conseguiram salvar uma parte. Eu vi daqui, na televisão brasileira, os venezuelanos, Presidente Izalci, catando comida no lixo, famílias e famílias inteiras catando comida no lixo para sobreviver. Esta é a realidade hoje do país: em massa, fugindo. Eu tenho notícia de magistrados – magistrados, juízes! – que foram ameaçados por causa de sentenças que estavam fazendo de acordo com a sua consciência e, como estavam prejudicando interesses do Governo, da ditadura, fugiram com a roupa do corpo. Pegaram os filhos, a esposa, e vieram para o Brasil; e hoje estão lá vendendo bala no subúrbio de Boa Vista para sobreviver. É uma situação desesperadora, é uma questão humanitária.

    Nós, no Brasil, temos obrigação, porque são irmãos, filhos do mesmo Deus, apenas nasceram no país diferente e estão vivendo essa tragédia que o Brasil poderia estar passando hoje – poderia estar passando por isso hoje! – e poderá passar amanhã, pois ninguém sabe. Por isso, precisamos estar muito atentos, gostando de política, com serenidade, e questionando os políticos.

    Mas eu queria lhe fazer um apelo. V. Exa. até ficou de já articular um grupo para irmos a Roraima, num final de semana desses, com um grupo de Senadores, para vermos in loco o que está acontecendo e tentarmos, de alguma forma, sensibilizar o Governo brasileiro para dar todo o apoio necessário na área de saúde, na área de moradia e na interiorização desses imigrantes, para que sejam recebidos no meu Ceará, para que sejam recebidos aqui em Brasília, para que sejam recebidos em outros Estados brasileiros. Repito, são irmãos que estão vivendo um dilema terrível, porque está sendo negado tudo a eles no país pela ditadura, pelo egoísmo de uns em detrimento da coletividade.

    Então, é muito meritório o que V. Exa. colocou. É mais um pedido de socorro. E nós nos colocamos à disposição – eu já me coloco à disposição para ir também – para que o Brasil possa acolher esses irmãos venezuelanos e para que o povo de Roraima tenha todo o apoio, porque o povo de Roraima é fraterno – eu senti isso quando estive lá – é acolhedor, mas está com medo, não está conseguindo dar conta.

    As estruturas governamentais que foram para lá para ajudar Roraima não estão conseguindo dar conta em conceitos básicos, em princípios básicos, em estrutura mínima, em hospitais, para a alimentação, para a questão das moradias. Então, acho que precisamos de um plano de emergência urgente, porque a tendência, infelizmente, são as pessoas continuarem saindo de lá, porque a situação está muito delicada.

    Eu espero que, com serenidade, o povo da Venezuela se liberte. Que haja consciência humanitária! Que essa ditadura acabe naquele país e que esse povo se liberte desse grande mal, porque o povo da Venezuela já mostrou, em décadas passadas, o quanto é trabalhador, o quanto é vencedor. É isso! É um país rico também que está vivendo esse dilema. E nós temos, sim, repito, a obrigação de acolhê-lo aqui no Brasil.

    Muito obrigado.

    O SR. MECIAS DE JESUS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PRB - RR) – Senador Girão, eu acolho, com muito carinho, o aparte de V. Exa. e fico muito feliz pelo carinho com que V. Exa. sempre fala do meu Estado, o Estado de Roraima.

    Realmente é um povo de coração enorme, que recebeu, Presidente Izalci, os venezuelanos com a maior atenção. No início, o povo roraimense oferecia a sua própria casa, oferecia comida, oferecia roupas, oferecia tudo. Só que chegou um momento que Roraima não suporta mais.

    Segundo palavras do próprio General Pazuello, que é o Comandante da Operação Acolhida lá em Roraima, ele não sabe mais o que fazer. Ele disse que o Brasil não está mais recebendo os venezuelanos, não tem mais interesse de interiorizar os venezuelanos que chegam a Roraima, só que a Roraima chegam, no mínimo, 500 venezuelanos por dia. Desses 500 venezuelanos que chegam por dia, todos precisam de emprego, precisam de comida, precisam de tratamento de saúde. O pior de tudo isso é que, no mínimo, 20% desses 500 venezuelanos que entram por dia são meliantes e vão para Roraima para cometer crimes. Isso está assombrando o povo ordeiro do nosso Estado. É isso que está levando o nosso Estado a esse desespero, porque Roraima aceitou isso, aceitou os venezuelanos, só que há 6 mil venezuelanos nos abrigos que são cuidados pelos organismos internacionais e pelo Exército, pelas Forças Armadas. Nas ruas, há 60 mil, 80 mil venezuelanos, só que o Governo Federal, Presidente Izalci – eu vou repetir isto aqui –, mandou R$223 milhões para cuidar dos 6 mil venezuelanos que estão nos abrigos.

    E os que estão nas ruas? Como fica o povo de Roraima? E o Hospital Geral? Os postos de saúde? A maternidade? As ruas? Porque nós não temos polícia suficiente para cuidar das ruas. Não temos viaturas. Não temos combustível. Não temos armamentos suficientes. E é por isso que, mais uma vez, nós estamos vindo aqui fazer esse apelo ao Presidente da República, ao Ministro da Defesa, ao Ministro da Justiça, ao Congresso Nacional.

    Estaremos oficializando amanhã eu, o Senador Telmário, o Senador Chico Rodrigues, Presidente Izalci, ao Presidente Davi Alcolumbre que designe uma comissão de Senadores para ir ao Estado de Roraima o mais rápido possível, fazermos um levantamento para que não seja só a voz dos Senadores de Roraima, mas que seja a voz dos Senadores do Brasil a apelar pela vida daqueles que trabalham e que vivem em Roraima, sendo os vigilantes mais baratos que o Brasil tem, que são os brasileiros que moram no Estado de Roraima.

    Muito obrigado a todos.

    Muito obrigado, Presidente Izalci.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/06/2019 - Página 59