Pela ordem durante a 99ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro da demissão do Presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e repúdio a Jair Bolsonaro, Presidente da República, pela forma como trouxe o caso a público.

Autor
Rose de Freitas (PODEMOS - Podemos/ES)
Nome completo: Rosilda de Freitas
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela ordem
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL:
  • Registro da demissão do Presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e repúdio a Jair Bolsonaro, Presidente da República, pela forma como trouxe o caso a público.
Publicação
Publicação no DSF de 19/06/2019 - Página 46
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL
Indexação
  • REGISTRO, DEMISSÃO, JOAQUIM LEVY, PRESIDENTE, BANCO NACIONAL DO DESENVOLVIMENTO ECONOMICO E SOCIAL (BNDES), REPUDIO, JAIR BOLSONARO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, EXPOSIÇÃO, FATO.

    A SRA. ROSE DE FREITAS (Bloco Parlamentar PSDB/PODE/PSL/PODEMOS - ES. Pela ordem.) – Sr. Presidente, eu ouvi com atenção as palavras do Senador Major Olimpio, em que ele dizia que não havia alguma intenção nas palavras do Senhor Presidente em desgastar o Poder Legislativo ou qualquer coisa parecida.

    Eu queria me dirigir a V. Exa. e a meus colegas.

    Eu não tenho nenhum parentesco, amizade, relacionamento pessoal com as pessoas envolvidas demissionárias no processo em que o Presidente achou por bem vir a público falar, numa expressão gestual, que estava exausto do Sr. ex-Presidente do BNDES.

    Por que quero me dirigir a V. Exa., se o Senador Marcos me permitir? Porque o País não precisa disto, desses espetáculos que estamos vendo todo dia. Eu estou aqui para apoiar o Governo naquilo que é importante, mas jamais vi, no oitavo mandato, atitude tão desrespeitosa, colocando as pessoas insidiosamente como se elas fossem militantes desse ou de outro partido, quando convidadas para exercer cargo de tamanha importância.

    Não poderia o Senhor Presidente da República reunir na sua sala o Ministro da Economia e lhe dizer que não lhe agradava mais a permanência do Sr. Joaquim Levy, que não é do PT, não é do MDB, não é do PDT, mas é um profissional gabaritado que construiu sua história com respeito, assim como o nomeado, cujo nome não faço questão de citar?

    Sr. Presidente, jamais vi uma política igual neste País, em que, em divergência, vai-se para a mídia convocar a opinião pública contra aqueles que divergem do Governo. Se nós continuarmos fazendo ouvidos moucos e ignorarmos o que está acontecendo... V. Exa. sabe do que eu estou falando. V. Exa. se senta respeitosamente no Colégio de Líderes, conversa com seus pares, tira a média das opiniões, coloca em votação... Este País precisa de democracia.

    Quando eu digo que votarei contra o decreto de armas... Eu fui até V. Exa. mostrar o meu celular. No meu celular havia ameaças dizendo que, se eu não tinha carro blindado, deveria ter e que, se eu não tinha seguranças, deveria ter. Pois não tenho segurança. Não tenho carro blindado. Jamais andei dessa maneira. Parece-me que nós teremos que temer mais o que fala o Presidente da República do que o que fazem as pessoas que divergem das nossas opiniões.

    O apelo que faço a V. Exa. é simples: coloque todas as matérias em votação. Vamos exercitar a democracia verdadeira, sem ameaça, sem boicote, sem imperativo de palavra, que, no exercício do poder, fala que a arma defende a democracia e, com palavra ameaçadora, quer nos colocar contra a opinião pública.

    Portanto, quero deixar meu repúdio e dizer ao Presidente, à sua base eleitoral, se tiver, onde eu me incluo nas votações importantes, que a democracia está aqui para viger, para, efetivamente, construir um episódio a favor da história do Brasil. E denigre a história do Brasil quem não sabe respeitar pessoas como o Sr. Joaquim Levy, com quem não tenho amizade, que trabalhou com Fernando Henrique, trabalhou com Dilma, mas foi do Banco Mundial e tem uma história e uma carreira profissional que merece ser respeitada.

    Que ele faça tudo o que está ao alcance do presidencialismo, mas que, por favor, respeite. Abra a sua sala, chame os seus Ministros, construa com eles a saída para os seus problemas, e não achincalhando pessoas de bem publicamente.

    Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/06/2019 - Página 46