Pela ordem durante a 99ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro sobre declaração de Jair Bolsonaro, Presidente da República, sobre redução do imposto de importação que incide sobre produtos de tecnologia da informação, como computadores e celulares.

Autor
Omar Aziz (PSD - Partido Social Democrático/AM)
Nome completo: Omar José Abdel Aziz
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela ordem
Resumo por assunto
INDUSTRIA E COMERCIO:
  • Registro sobre declaração de Jair Bolsonaro, Presidente da República, sobre redução do imposto de importação que incide sobre produtos de tecnologia da informação, como computadores e celulares.
Aparteantes
Oriovisto Guimarães.
Publicação
Publicação no DSF de 19/06/2019 - Página 52
Assunto
Outros > INDUSTRIA E COMERCIO
Indexação
  • REGISTRO, DECLARAÇÃO, JAIR BOLSONARO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, REDUÇÃO, IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO, PRODUTO, TECNOLOGIA, INFORMATICA, DEFESA, PRODUÇÃO, CRIAÇÃO, EMPREGO.

    O SR. OMAR AZIZ (PSD - AM. Pela ordem.) – Sr. Presidente, Sras. Senadoras, Srs. Senadores, há pouco o Senador Eduardo Braga falava sobre um assunto que diz respeito ao Brasil todo. O Senador Plínio já se manifestou sobre essa matéria que eu trago aos senhores e às senhoras, para a gente analisar qual é a política econômica verdadeira do atual Governo. Nada pessoal contra ninguém, longe de mim.

    No domingo, o Presidente da República, Senhor Jair Messias Bolsonaro, fez uma nota no seu Twitter dizendo o seguinte... E aí não vou discutir politicamente, eu vou discutir tecnicamente. A questão política do arroubo fica para a campanha política, para o governo não dá para fazer isso. Para governar não tem que ter arroubos, tem que ter soluções. Ele disse: "Para estimular [prestem atenção, Srs. Senadores, Sras. Senadoras] a competitividade e inovação tecnológica, o governo estuda, via secretaria do Ministério da Economia, a possibilidade de reduzir de 16% para 4% os impostos sobre importação de produtos de tecnologia da informação, como computadores e celulares". Vamos lá, o que ele quis dizer com isso? Ele quis dizer que quer importar tecnologia e inovação como um produto de bem final.

    Presidente, alguém passou uma informação equivocada ao senhor. Por isso é que o debate é importante. E não é o debate de quem é contra o Governo ou a favor do Governo, não é esse o debate. O debate é técnico. Nós não produzimos inovação tecnológica nessa área de ponta, nem de computador, nem de celulares, nem de bem de informática nenhum. O que nós produzimos, no máximo, são aplicativos: um joguinho, um tipo de aplicativo que vocês todos têm nos celulares, nos computadores, as crianças brincam com isso. Essa é a tecnologia que nós produzimos no Brasil. A tecnologia da memória é produzida em alguns países no mundo, e a gente importa esses bens de informática, produz aqui no Brasil e gera emprego aqui no Brasil.

    Quando o Presidente, equivocadamente informado, diz que vai importar inovação tecnológica em bem final, ele não sabe o que está falando. Eu não acredito que ele tenha dito isso – alguém escreveu isso para ele –, porque eu já estive conversando com o Presidente Bolsonaro, que é uma pessoa sincera no que pensa. Ele defende abertamente os seus pensamentos, ele não os esconde de ninguém, e eu tenho que respeitar as posições dele. Ele disse para mim: "Senador, eu não entendo muito sobre essas questões. Por isso, é importante eu estar aqui com assessores que possam me auxiliar".

    É lógico – eu fui Governador, e muitos foram Governadores e Prefeitos – que nem tudo nós entendemos. Muitas vezes, a gente solicita o auxílio de uma pessoa em que a gente confia para auxiliar num debate técnico. No debate político, não. Todos somos políticos, e nós sabemos fazer o debate político. No debate técnico, é diferente.

    Por isso, fiz um apelo ao Líder do Presidente Bolsonaro aqui, Senador Fernando Bezerra, para que ele pudesse intermediar uma conversa com a equipe técnica, para que a gente não cometa o erro de deixar de produzir no Brasil para importar esse produto, o bem final, e gerar emprego em outros países.

    Alguns aqui ou quem está me assistindo devem estar dizendo: "Não, o Omar está falando isso para defender a Zona Franca". Não. A Zona Franca é a que menos gera empregos diretos na produção de bens de informática e na produção de computador e de celulares. São Paulo é o maior produtor; Paraná produz; Bahia produz; Rio Grande do Sul produz; outros Estados brasileiros produzem bens de informática. Caso esse decreto seja assinado pelo Presidente, 120 mil empregos diretos se perderão no Brasil todo.

    Então, a gente tem que ter cautela em declarações que são dadas, principalmente via Twitter.

    Eu faço este apelo: vamos debater tecnicamente essa matéria. Não nos permitam fazer com que o Brasil retroceda e, em vez de gerar emprego aqui, gere em outros países, para comprarmos o bem final sem poder gerar emprego aqui.

    Era isso que eu queria colocar aos Srs. e Sras. Senadoras.

    Minas Gerais perde, Senador, e outros Estados perderão.

    Por isso, o apelo que eu faço ao Líder do Governo é que o Presidente possa debater tecnicamente essa matéria.

    O Sr. Oriovisto Guimarães (Bloco Parlamentar PSDB/PODE/PSL/PODEMOS - PR) – Senador Omar Aziz, V. Exa. me dá um pequeno aparte?

    O SR. PRESIDENTE (Davi Alcolumbre. Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - AP) – Eu vou encerrar a votação. Nós temos outras autoridades. Eu vou passar a palavra, pela ordem...

    O SR. OMAR AZIZ (PSD - AM) – Davi, por favor, deixe-o falar.

    O SR. PRESIDENTE (Davi Alcolumbre. Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - AP) – Claro, claro.

    O Sr. Oriovisto Guimarães (Bloco Parlamentar PSDB/PODE/PSL/PODEMOS - PR. Para apartear.) – Só para complementar o que o Senador Omar Aziz disse. É de extrema importância a sua colocação.

    Eu fui ligado, durante muito tempo, à indústria da informática, mas já não sou mais há mais de cinco anos, não tenho mais nada a ver com isso.

    A pouca pesquisa que existe nesse campo, o pouco que o Brasil tem em inúmeros aplicativos e tecnologias que desenvolvemos só existe porque existe uma indústria de fabricação de computadores e de outros bens de informática. Se retirar a totalidade dos impostos e formos competir com os gigantes chineses, as maiores empresas que há no mundo, não produziremos nada, nós perderemos totalmente a nossa indústria de informática.

    A Google lançou agora um novo telefone, que é para gente simples, que vai custar R$250. Ela firmou um acordo e o telefone será fabricado para todo o Brasil lá em Curitiba. Esse acordo é o primeiro que cai, ele geraria milhares de empregos; com a queda, deixaria de gerar. O senhor tem a mais absoluta razão: não só vão extinguir milhares e milhares de emprego num país que já tem mais de 13 milhões de desempregados, como também vamos matar a pouca pesquisa que existe nesse campo, que só existe porque existem as fábricas.

    O senhor tem o meu total apoio.

    O SR. OMAR AZIZ (PSD - AM) – Obrigado, Senador.

(Soa a campainha.)

    O SR. OMAR AZIZ (PSD - AM) – Só para concluir, Sr. Presidente. Só para dar uma informação aos Srs. Senadores.

    A televisão que vocês têm em casa, ou da Samsung ou da LG, produzida aqui no Brasil, na Zona Franca de Manaus, é a mesma televisão com a mesma qualidade que qualquer cidadão americano tem na sua residência. Não há diferença tecnológica nenhuma, até porque a matriz tecnológica dessas TVs é da Coreia, que manda para cá bens intermediários e nós produzimos o bem final. Com uma diferença: nós produzimos a televisão e geramos empregos no Brasil. E aí, com essa ultrapassagem de barreira quando se importa diretamente o bem final... Vai vender para quem? Para o desempregado? Desempregado não tem poder aquisitivo.

    Celular e bens de informática não são um bem de extrema necessidade na residência de ninguém.

(Soa a campainha.)

    O SR. OMAR AZIZ (PSD - AM) – As pessoas só adquirem isso a partir do momento em que têm um recurso sobrando, um dinheiro sobrando e estejam empregadas. Por isso, o apelo.

    Vários Estados brasileiros perderão milhares de empregos caso esse decreto, de 16% para 4%...

    E o Senador Eduardo Braga falava sobre a redução do II. Há um tipo de cálculo, feito pelo CRA, que determina o que você reduz do II. Lá, no Amazonas, como ele disse, 82%; na Lei de Informática de 1991, aprovada pelo Senado e pela Câmara, os outros Estados brasileiros... O Padis têm 88%. Então, já existe uma Lei de Informática para proteger os empregos no Brasil. Nós não podemos abrir mão disso.

    Esse é o apelo que faço às Sras. Senadoras e aos Srs. Senadores.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/06/2019 - Página 52