Pronunciamento de Eliziane Gama em 18/06/2019
Pela Liderança durante a 99ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Crítica ao Presidente da República por pedir nas redes sociais que a população pressione os Senadores com relação à votação do decreto sobre armas.
- Autor
- Eliziane Gama (CIDADANIA - CIDADANIA/MA)
- Nome completo: Eliziane Pereira Gama Melo
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Pela Liderança
- Resumo por assunto
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GOVERNO FEDERAL:
- Crítica ao Presidente da República por pedir nas redes sociais que a população pressione os Senadores com relação à votação do decreto sobre armas.
- Publicação
- Publicação no DSF de 19/06/2019 - Página 55
- Assunto
- Outros > GOVERNO FEDERAL
- Indexação
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- CRITICA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, JAIR BOLSONARO, PEDIDO, POPULAÇÃO, REMESSA, AVISO, SENADOR, RELAÇÃO, APOIO, VOTAÇÃO, DECRETO FEDERAL, ARMA DE FOGO, COMENTARIO, NECESSIDADE, INVESTIGAÇÃO, FATO.
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA. Pela Liderança.) – Sr. Presidente, o direito ao contraditório é algo que nós precisamos preservar, porque fortalece o princípio democrático. Obviamente, nós temos aqui um colegiado, nós temos uma sociedade brasileira que tem as suas diversidades. Portanto, pode-se concordar ou discordar de uma determinada votação. Entretanto, Presidente, nós estamos vivendo neste momento, no País, um momento que para mim é preocupante, em que começa a se cristalizar uma cultura de ódio. Isso é muito sério e muito grave.
Nós tivemos, nesta semana, o Presidente da República pedindo, nas redes sociais, que a população pressionasse os seus Senadores com relação à votação do decreto sobre armas. E nós tivemos, de forma sucessiva, uma série de ataques feitos a vários Senadores, inclusive a mim. Eu pedi, nesta semana, que a minha assessoria fizesse um levantamento das mensagens que estavam chegando. E eu fiquei assustada, eu fiquei estarrecida com o nível de ameaças fortes, deliberadas, sem subterfúgios, e feitas, pelo que eu vi, não somente a mim, mas também a vários Senadores.
Uma delas coloca de forma clara: "Está marcada", com palavras de baixo calão. E eu nem posso citar aqui algumas dessas palavras. Palavras contra o povo: "Saia na rua sem seus seguranças". E aí vêm vários outros palavrões, ou seja, claramente ameaçando de morte. Uma outra mensagem fala claramente que a minha casa poderia ser arrombada e aí, portanto, colocar bala na testa dos meus familiares. E várias e várias outras mensagens colocando claramente que estaria no meu colo possivelmente alguém que morresse, que fosse assassinado por algum bandido e que eu estaria pagando por essa situação de violência.
Esse é o perfil de quem está pedindo hoje para o Senado Federal fazer a liberação do uso de armas no Brasil. Nós temos naturalmente homens e mulheres, pessoas sérias que podem discordar. Ótimo, sem nenhum problema. Enviem as suas mensagens e os seus argumentos. Agora, partir para a ameaça é algo criminoso.
E a gente precisa fazer, Presidente, uma investigação mais profunda. Eu fiz o registro de boletim de ocorrência na Polícia Legislativa desta Casa, como vários outros colegas também fizeram.
Agora, se é apenas uma ameaça na rede social, se é um robô, ele está sendo instrumentalizado lá atrás por alguém de verdade, que incentiva, que faz apologia e que tenta colocar uma situação de tensão. Mas eu quero dar um recado a essas pessoas: quanto mais mensagens dessa natureza chegam em nossas redes sociais, mais certos nós estamos de que nós não podemos liberar esse porte de armas de forma deliberada, como veio no decreto presidencial.
Violência chama violência! Mais armas na mão da população brasileira são mais armas, infelizmente, chegando de forma fácil na mão do bandido. O Beltrame diz isso de forma clara!
E, Presidente, eu quero deixar registrado, quero pedir que esta Casa tome providências não somente em relação a mim obviamente, mas a dezenas de Senadores. O Senador Girão fez um texto muito bonito, fez uma produção inclusive e uma divulgação em suas redes sociais.
Se com a internet se faz isso, imagina com uma arma na mão.
Muito obrigada, Presidente.