Discurso durante a 101ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Lamento pela disseminação de notícias falsas relacionadas ao voto de S. Exª contrário à liberação do porte de armas.

Destaque à coerência de S. Exª no exercício do mandato.

Autor
Reguffe (S/Partido - Sem Partido/DF)
Nome completo: José Antônio Machado Reguffe
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SEGURANÇA PUBLICA:
  • Lamento pela disseminação de notícias falsas relacionadas ao voto de S. Exª contrário à liberação do porte de armas.
ATIVIDADE POLITICA:
  • Destaque à coerência de S. Exª no exercício do mandato.
Publicação
Publicação no DSF de 25/06/2019 - Página 13
Assuntos
Outros > SEGURANÇA PUBLICA
Outros > ATIVIDADE POLITICA
Indexação
  • COMENTARIO, DIVULGAÇÃO, NOTICIA FALSA, ASSUNTO, VOTO CONTRARIO, ORADOR, REFERENCIA, LIBERAÇÃO, PORTE DE ARMA.
  • DESTAQUE, FORMA, INTEGRIDADE, EXERCICIO, MANDATO PARLAMENTAR, ORADOR.

    O SR. REGUFFE (S/Partido - DF. Para discursar.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, telespectadores da TV Senado, ouvintes da Rádio Senado, na semana passada eu votei contra a liberação do porte de armas. A partir daí, ocorreram uma série de agressões pela internet e uma disseminação de notícias falsas.

    Cada eleitor, cada cidadão tem o direito de discordar de um voto de um Parlamentar – tem o direito. Isso faz parte da democracia. O que não pode haver são agressões e disseminação de notícias falsas. Foram viralizados, no WhatsApp, memes de que eu teria seguranças, de que eu andaria nas ruas cercado de seguranças, de que eu viria para o Senado com o carro cheio de seguranças. Isso não é verdadeiro, Sr. Presidente, como todos aqui sabem.

    Eu, no primeiro dia do meu mandato, entre as várias coisas de que eu abri mão, como aposentadoria especial de Parlamentar, como plano de saúde vitalício dos Senadores, eu abri mão também do carro oficial, da cota de gasolina, de motorista. Eu não tenho seguranças. Aliás, abri mão disso tudo em caráter irrevogável no primeiro dia do meu mandato. Nem que eu queira eu posso voltar atrás. Eu venho para o Senado todos os dias dirigindo o meu próprio carro e sozinho. Todos aqui podem testemunhar isso porque sabem, acompanham e me veem todo dia. Então, eu não tenho seguranças. Eu venho todos os dias para o Senado dirigindo o meu próprio carro e sozinho.

    Não é correta essa disseminação de notícias falsas. E é triste ver pessoas que criticavam essa prática no PT, no Governo do PT, agora repetirem isso. Isso não é correto.

    O meu voto com relação à revogação desse decreto foi um voto de consciência, como todos os que eu dou aqui, e que precisa ser respeitado, do mesmo jeito que eu respeito as críticas daquelas pessoas que discordam desse voto.

    O decreto misturou porte e posse, que são duas coisas distintas. Por que dar porte de armas para políticos, advogados, jornalistas? Por quê? Eu não concordo. Outras pessoas concordam e eu respeito, mas eu pessoalmente não concordo. Mais do que isso, essa minha posição já foi conhecida lá atrás, na minha campanha para o Senado. Ao contrário de outros políticos que escondem as suas posições sobre temas polêmicos, eu coloquei a minha posição e como eu votaria em todos os temas polêmicos. Está lá, coloquei lá e falei na época que seria contra a liberação do porte de armas. É uma posição pessoal que precisa ser respeitada, como eu respeito a de todos aqui.

    Eu penso que, se uma pessoa, numa briga, dá um soco, ela só dá um soco porque perde a cabeça. Se alguém, quando perde a cabeça, dá um soco, essa pessoa, se tiver uma arma, dá um tiro. Outra situação: eu ouvi especialistas que me disseram que a pessoa de bem, mesmo com uma arma, se aparecer um bandido, não atira com a mesma facilidade do bandido, porque não basta ter uma arma; você precisa também querer matar, estar disposto a matar se for necessário. Então, a pessoa de bem titubeia por três segundos para puxar o gatilho; nisso, o bandido já atirou e ainda vai levar mais uma arma para o seu arsenal.

    Mas é uma opinião pessoal. Não sou dono da verdade, não, e posso estar enganado. Agora, tenho que votar com a minha consciência e com o que eu coloquei na minha campanha, porque também mudar de posição depois de eleito não é correto. Então, é minha posição pessoal e precisa ser respeitada do mesmo jeito que eu respeito a de todos aqui.

    Eu dei vários votos aqui com o Governo e com a posição do Governo. Eu votei pela redução do número de ministérios. Eu votei para que o Coaf ficasse no âmbito do Ministério da Justiça. Eu votei a favor da MP 871, que visa combater as fraudes no INSS e que vai gerar uma economia anual aos cofres públicos de cerca de R$9,8 bilhões. Eu votei contra a anistia aos partidos, o que vai gerar um prejuízo aos cofres públicos de R$60 milhões. Eu votei a favor da medida provisória que vai abrir o mercado aéreo no Brasil e permitir que empresas estrangeiras possam operar voos domésticos para a gente aumentar a concorrência e poder baixar o preço das passagens.

    Eu não acho que é correto se julgar um mandato por apenas um voto – não me parece justo, mas respeito.

    Agora quero lembrar que, no meu mandato, eu apresentei aqui 11 PECs; 44 projetos, dos quais três aprovados aqui no Senado e já na Câmara, e todos relevantes. Hoje há remédios para câncer na rede pública do Distrito Federal por causa de uma emenda minha ao Orçamento da União. O DF recebeu também 14 ambulâncias novas e totalmente equipadas para o Samu por outra emenda minha. Destinei recursos também para a reforma de escolas públicas, enquanto outros Parlamentares destinam esses recursos para shows, para festas, para eventos, para aniversários de cidades – destinei para aquilo de que população mais precisa.

    Ninguém pensa tudo igual na vida. Isso é normal. Nem a mãe da gente pensa igual – e a gente saiu da barriga dela. O que é preciso para se conviver em sociedade é colocar a sua opinião e respeitar a do outro. Ninguém vai pensar tudo igual, mas aqueles que discordaram do meu voto vão ver muitas convergências também. E assim a gente constrói uma democracia.

    Infelizmente hoje, no Brasil, pensar está virando algo proibido e pensar diferente é crime. Não existem duas pessoas que pensam de forma igual em todos os temas. Eu não sou dono da verdade e posso estar enganado, mas o meu voto contra a liberação do porte de armas foi um voto de consciência, como todos os que eu dou aqui, e pensando no que eu acho que é melhor para a nossa sociedade. E ele não pode ser motivo para que se criem, se disseminem notícias falsas em grupos de WhatsApp, como essa de que eu vivo cercado de seguranças. Aliás, todos aqui neste Senado podem dar testemunho contrário de que isso não é verdade.

    Uma verdadeira democracia se faz com cada um colocando a sua opinião e respeitando a dos outros. É assim que a gente vai construir o País que a gente sonha. E, aliás, não é inteligente para o próprio Governo ficar estimulando esse tipo de coisa, porque ele vai jogar as pessoas contra o Governo. O que nós precisamos neste País é fazer um debate fraterno de ideias, discutir o que é melhor para o País, e cada um votar com a sua consciência. Ninguém vai concordar com todos os votos de um Parlamentar, mas vai concordar com muitos. O que é importante é cada um seguir a sua consciência e, na hora de votar aqui, realmente pensar no que é o melhor para o País.

    Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/06/2019 - Página 13