Discurso durante a 110ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Defesa da criação da Comissão Parlamentar de Inquérito da Toga.

Comentário sobre o desligamento de S. Exª do Partido Socialista Brasileiro.

Autor
Jorge Kajuru (PSB - Partido Socialista Brasileiro/GO)
Nome completo: Jorge Kajuru Reis da Costa Nasser
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PODER JUDICIARIO:
  • Defesa da criação da Comissão Parlamentar de Inquérito da Toga.
ATIVIDADE POLITICA:
  • Comentário sobre o desligamento de S. Exª do Partido Socialista Brasileiro.
Publicação
Publicação no DSF de 03/07/2019 - Página 53
Assuntos
Outros > PODER JUDICIARIO
Outros > ATIVIDADE POLITICA
Indexação
  • COMENTARIO, DEFESA, CRIAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), JUDICIARIO.
  • COMENTARIO, DESLIGAMENTO, ORADOR, PARTIDO POLITICO, PARTIDO SOCIALISTA BRASILEIRO (PSB).

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO. Para discursar.) – Sr. Presidente, senhoras e senhores, o que V. Sas. jamais vão ter de mim é a traição, é o mau-caratismo. Eu – todos sabem aqui, e quem não sabe fica sabendo agora –, nesta Casa, gosto de 79 Senadores, eu respeito 79, e todo mundo sabe quem são os dois de quem eu não gosto, são lá do meu Estado. Eu os abomino. Portanto, comigo é rasgado, é aberto. Eu gosto e me relaciono bem com 79 Senadores desta Casa; com dois, não. Pronto e acabou. Então, ser solidário ao Senador Jaques e ser solidário ao Senador Otto é uma questão de obrigação.

    Mas eu só queria aqui humildemente, neste momento, pedir uma reflexão aos senhores e às senhoras, pois a Pátria amada espera isso de nós em sua maioria.

    O dia hoje, para mim, está difícil. Meu coração está triste. Há muito tempo eu não sofria como hoje, e vou dizer o motivo em instantes.

    Mas só para lembrá-los: gente, seria tão simples se esta Casa tivesse a posição de autorizar a instalação da CPI do Judiciário, da CPI da toga, porque a CPI do Judiciário iria convocar os maus juízes, os maus procuradores, os que provocam morte social, como nesse caso que acabou de ser discutido aqui. Porque uma morte social é você fazer isso com quem tem filha, filho, pai, mãe, esposa, marido, enfim. Então, a CPI do Judiciário poderia resolver isso, convocando um procurador como esse. A gente não apenas teria aqui o direito a uma tribuna: falar, falar, falar, responder. Não! O poder de uma CPI seria muito maior.

    Então poderemos refletir sobre isso. A questão de fake news, que ocorre toda hora; de gastos com Senadores, por exemplo, no domingo – e eu os defendi nas minhas redes sociais, os Senadores que moram no Amazonas, Amapá, Piauí. Um blogue criticava os que mais gastam. Falei: "Então, tudo bem! Paguem a passagem de quem mora no Piauí, de quem mora em Manaus. Ou você acha que ele tem que pagar para trabalhar, se ele faz jus ao mandato dele?".

    Então, ser justo, eu sou; ser leal, eu sou. Mas só fico triste de ver que a CPI da toga, se saísse, poderia corrigir muito. Ela poderia combater as fake news, que são uma praga neste País, ela poderia combater o mau jornalista, o mau juiz, o mau procurador. É uma reflexão.

    Quero concluir, Presidente Davi, dando ao Brasil uma satisfação para que não paire nenhuma dúvida. É engraçado: eu achava, Senadora Soraya, o seguinte: que separar, Senador Marcos do Val, de uma mulher era muito mais fácil do que separar de um partido. Eu já separei 11 vezes de mulher e uso, Senador Rogério, aquela frase, Senadora Eliziane: "O nosso amor morreu, mas, cá para nós, antes ele do que eu". E sigo a vida sem briga, sem nada, dou patrimônio, o que eu tiver. O Senador Alvaro Dias morre de rir, mas a minha vida é assim. E pronto, acabou! Agora, ter que sair de um partido político, hoje eu tive o desprazer de viver isso.

    Respeito a história do PSB, e é impossível não respeitá-la no Brasil inteiro, de Miguel Arraes, de Eduardo Campos, mas, como o partido não concordou com o meu voto aqui sobre o projeto de armas, eu preferi sair. Procurei o partido. O partido não queria me expulsar de forma alguma, e eu agradeci a um dos homens mais éticos deste País, mais honrados, de palavra, culto, que é o Presidente do PSB, Carlos Siqueira. E lá, junto com o meu amigo pessoal, Deputado Federal Elias Vaz, disse a ele: "Presidente, chegou a hora. Não vou para partido nenhum, Presidente" – embora tenha convite de quatro até agora; na hora em que eu sair daqui, é perigoso ter de um quinto; até agora são quatro, e eu agradeço, inclusive, mas vou pensar, vou refletir, porque ainda dói muito quando você gosta de um partido e gosta de pessoas que integram o partido. Aqui, Leila do Vôlei não é minha amiga, Senadora, ela é minha irmã; Veneziano Vital do Rêgo não é meu amigo, virou meu irmão. Do outro lado do quarteirão, eu tenho Deputados Federais como Júlio Delgado, Alessandro Molon, Luiz Flávio, Aliel, enfim tantos outros de que eu gosto, frequento suas casas e eles a minha, sou amigo deles. Portanto, eu tenho amor pelo PSB, e por este amor eu prefiro ficar em silêncio. A imprensa quer, mas não vai conseguir que eu xingue alguém, que eu conte isso ou aquilo. Não, eu acho que nessa hora você tem que ter grandeza, saber respeitar a história do seu partido e saber pensar, refletir sobre como será a sua vida daqui para frente.

    Obrigado, Veneziano amigo, obrigado, Leila, aqui neste Senado são os nossos dois companheiros de luta, de guerra no PSB. Que o PSB siga a sua guerra, siga a sua luta, siga os seus ideais, e eu vou seguir os meus, vou obedecer aos meus, que são aquilo que eu sempre fui como jornalista: independente para tudo. "Kajuru é incontrolável", como diz o Datena, como diz tanto companheiro aqui do Congresso Nacional. Não que eu seja incontrolável radical. Não, se você me convencer e tiver uma opinião melhor, você me convence; agora, quando eu tenho uma posição, eu não vou sair dela e não vou recuar. Eu não recuo nem para tomar impulso.

    O meu agradecimento ao Partido, que deixou a porta aberta para mim, o PSB. Eu vou pensar e de repente amanhã, se voltar a um partido, será ao próprio PSB, mas por enquanto eu sou, a partir de hoje, um Senador sem partido.

    Agradecidíssimo.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/07/2019 - Página 53