Discurso durante a 122ª Sessão Especial, no Senado Federal

Sessão Especial destinada a comemorar o Dia Nacional da Música e da Viola Caipira.

Autor
Wellington Fagundes (PL - Partido Liberal/MT)
Nome completo: Wellington Antonio Fagundes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Sessão Especial destinada a comemorar o Dia Nacional da Música e da Viola Caipira.
Publicação
Publicação no DSF de 16/07/2019 - Página 17
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • PRONUNCIAMENTO, SESSÃO ESPECIAL, COMEMORAÇÃO, DIA NACIONAL, MUSICA.

    O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - MT. Para discursar.) – Bom dia a todos, a todo o nosso Brasil.

    Eu cumprimento aqui o nosso Presidente, o Senador Izalci Lucas, o proponente desta nossa sessão.

    Eu quero cumprimentar também o companheiro Vigão. Já estive com ele várias vezes, como Deputado Federal, na Casa, comendo churrasco e ouvindo também as modas de viola, não é, Vigão? Parabéns a você, que sempre incentivou a cultura de raiz.

    Eu quero cumprimentar também o Prefeito do Município de Cristalina, aqui tão perto, Daniel Sabino Vaz; ainda o fundador do Clube do Violeiro Caipira e apresentador do programa Violas e Violeiros na Rádio Cultura FM de Brasília, o Sr. Volmi Batista da Silva; também o Sr. Luiz Faria, representando a Associação Nacional dos Violeiros e Violeiras do Brasil; a professora de viola caipira Sra. Elisabete Silva; e também o Sr. José das Dores Fernandes, o Zé Mulato, com seu irmão, companheiro Sr. João Monteiro da Costa Neto, o Cassiano, que são mineiros que eu quero aqui reverenciar, porque, em todas as festas na cidade de Poxoréu, todos os anos, Senador Izalci, eles lá estão.

    O meu pai saiu da Bahia e foi para Poxoréu a pé. Poxoréu é a cidade mãe de muitas cidades ali, como Rondonópolis, a minha cidade natal, e é uma cidade que tem muita tradição, uma cultura muito rica. E eu vou falar aqui um pouco a respeito disso dentro do meu pronunciamento.

    Sras. Senadoras, Srs. Senadores, todos que nos assistem e os que estão aqui neste Plenário repleto, eu gostaria de, ao dar um bom dia a todo o povo brasileiro e, em especial, ao deixar os meus cumprimentos aos mato-grossenses que nos acompanham pela TV e Rádio Senado, pelas agências de notícias e redes sociais da Casa, me congratular muito com o Senador Izalci Lucas, que também já foi meu companheiro de Câmara dos Deputados, pelo requerimento desta sessão especial para comemorar o Dia Nacional da Música e da Viola Caipira, que traz a importância de se conservarem a memória e a cultura brasileiras, a sua riqueza e também sua grande diversidade.

    Albert Camus, escritor, filósofo, romancista, dramaturgo, jornalista e ensaísta franco-argelino, acentua em um de seus fantásticos ensaios a seguinte afirmação: "Sem a cultura, e a liberdade relativa que ela pressupõe, a sociedade, por mais perfeita que seja, não passa de uma selva. É por isso que toda a criação autêntica é um dom para o futuro". É com essa premissa que venho a esta especial homenagem.

    A memória é dinâmica. A ela, porém, se conectam as três dimensões temporais: ao ser evocada no presente, remete ao passado, mas sempre tendo em vista o futuro. Conservar a memória e a cultura brasileiras, sua riqueza e diversidade, é um conjunto de atitudes que todos nós temos que tomar como responsabilidade. E aqui estamos para mais um passo nessa direção. A cultura caipira está na nossa formação e é parte fundamental da nossa história – com ela, os ritmos e representações, as tradicionais modas de viola.

    E, quando falamos em modas de viola, alvo desta ilustre homenagem, que busca fortalecer a perpetuação de um movimento cultural, não posso deixar de falar de dois ritmos muito peculiares e autenticamente conservados em meu Estado de Mato Grosso. Trata-se do cururu e do siriri, que se alinham à catira ou cateretê, como dito em outras regiões, folias de reis, danças de São Gonçalo, congadas e calangos, entre tantos outros.

    Junto ao cururu e o siriri, existe um instrumento tipicamente mato-grossense que é utilizado nas tradicionais festas, tanto na capital como nas regiões ribeirinhas e pantaneiras: a viola de cocho, confeccionada artesanalmente, a partir de um tronco de madeira inteiriça. Pronta, ela produz uma ressonância que varia entre maior ou menor, de acordo com a música a ser tocada – depende da espessura das paredes do tampo.

    Mato Grosso, um dos Estados de maior profundidade do movimento de entradas e bandeiras, que deu origem a esse grande movimento cultural, na verdade, respira a nossa cultura. A cidade de Poxoréu, no sudeste do Estado, outrora uma das maiores regiões de exploração de diamantes, abriga há 17 anos o Encontro Nacional de Violeiros. Esse evento, Sr. Presidente, é considerado um dos maiores festivais da viola caipira do Brasil. Para tanto, na cidade, foi erguido o que se chama o Templo da Viola, uma das construções mais simples, porém mais belas que eu conheço. É um templo da viola construído por um arquiteto belga, em que ele fez questão de mostrar o que é a simplicidade ao se construir um templo. Para lá, todos os anos, milhares de pessoas vão.

    Quero aqui também aproveitar esta sessão especial para cumprimentar os bravos homens, mulheres e crianças que eternizam a cultura e enraízam essas manifestações como referencial fundamental na formação de um povo.

    Um cumprimento muito especial aos integrantes do grupo cuiabano Flor Ribeirinha, que, em 2017, foi o vencedor do Festival Internacional de Arte e Cultura realizado em Istambul, na Turquia, com o espetáculo "Mato Grosso Dançando o Brasil", em que faz uma passagem pelas danças típicas do nosso País.

    Não posso também deixar de falar e homenagear a nossa querida TV Senado, que, através dos programas Estúdio A e Espaço Cultural, reverencia a música popular brasileira, com ênfase nas nossas tradições musicais; e também a Rádio Senado, que nos brinda semanalmente com o programa Brasil Regional, produzido e apresentado por Deraldo Goulart, que nos leva a descobrir os sons do Brasil todas as terças-feiras.

    Finalizando, Sr. Presidente Izalci, quero anunciar que me associo à aprovação do projeto de lei que institui o dia 13 de julho como o Dia Nacional da Música e da Viola Caipira, que está em tramitação na Comissão de Educação, Cultura e Esporte. Cumprimento o Deputado João Daniel, de Sergipe, pelo projeto, que já recebeu parecer favorável do Relator, o Senador Luiz do Carmo, que é de Goiás. Ele está pronto para a pauta no nosso Colegiado. Referendo, dessa forma, a homenagem a Cornélio Pires, jornalista, escritor, folclorista e importante etnógrafo da cultura e do dialeto caipiras, que foi organizador e divulgador da música caipira ao adaptá-la ao formato fonográfico e registrar os cantos que ouvia dos artistas populares caipiras e que empresta a data do seu nascimento para que possamos anualmente comemorar com entusiasmo essa importante data.

    Sr. Presidente, encerrando, poderíamos citar tantos artistas, tantas pessoas que fizeram belas canções, que, às vezes, não são nem conhecidas, são anônimas. Então, acho que é importante também citar aqui os anônimos, aqueles que, às vezes, com vozes tão lindas e com sapiência de saber tocar os instrumentos, não têm a oportunidade do sucesso, mas que também estão lá no interior, nas pequenas comunidades, promovendo a nossa cultura.

    Um país, para ser digno, tem que realmente reverenciar a cultura e, principalmente, homenagear todos aqueles que fazem com que a vida seja um pouco mais serena, mesmo com todas as crises que aqui vivemos, não é, Senador Izalci?

    Com certeza, esta sessão é uma oportunidade que a gente tem também para valorizar as pessoas do campo. O Brasil é um país de característica rural. Nós nos orgulhamos de ser o maior exportador das commodities agrícolas e minerais, mas nós precisamos, sem dúvida nenhuma, reverenciar a todos aqueles que fazem com que este Brasil não seja um país de crises maiores, principalmente um país integrado, com a mesma língua, onde não temos guerra. E, com certeza, as músicas caipiras fazem com que muitos que gostariam de estar na marginalidade ou promovendo guerra estejam promovendo, acima de tudo, a felicidade.

    Parabéns a todos vocês cantores, compositores, artistas, que ajudam tanto este Brasil, que precisa, cada dia mais, de espírito conciliador para que possamos vencer as nossas crises. Parabéns a vocês! Felicidades!

    Que Deus nos abençoe a todos! (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/07/2019 - Página 17