Discurso durante a 120ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Manifestação sobre a distribuição dos recursos da portaria, do Ministério da Saúde, de incentivo financeiro aos Municípios para fins de compensação do fluxo migratório no Estado de Roraima.

Destaque para a importância da Embrapa para o agronegócio brasileiro.

Autor
Chico Rodrigues (DEM - Democratas/RR)
Nome completo: Francisco de Assis Rodrigues
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL:
  • Manifestação sobre a distribuição dos recursos da portaria, do Ministério da Saúde, de incentivo financeiro aos Municípios para fins de compensação do fluxo migratório no Estado de Roraima.
AGRICULTURA PECUARIA E ABASTECIMENTO:
  • Destaque para a importância da Embrapa para o agronegócio brasileiro.
Aparteantes
Eduardo Girão, Styvenson Valentim.
Publicação
Publicação no DSF de 13/07/2019 - Página 48
Assuntos
Outros > GOVERNO FEDERAL
Outros > AGRICULTURA PECUARIA E ABASTECIMENTO
Indexação
  • COMENTARIO, PORTARIA, MINISTERIO DA SAUDE (MS), OBJETIVO, DISTRIBUIÇÃO, RECURSOS FINANCEIROS, DESTINAÇÃO, MUNICIPIOS, ESTADO DE RORAIMA (RR), MOTIVO, COMPENSAÇÃO, MIGRAÇÃO, ORIGEM, PAIS ESTRANGEIRO, VENEZUELA.
  • COMENTARIO, IMPORTANCIA, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), MELHORIA, AGRONEGOCIO, PAIS.

    O SR. CHICO RODRIGUES (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RR. Para discursar.) – Sr. Presidente Izalci Lucas e meus colegas Senadores aqui presentes, Eduardo Girão, que fez um brilhante pronunciamento e ainda consegue ser aparteado por quem preside a sessão pela densidade do conceito que apresenta aqui, nesta Casa, em nenhum momento nos incomodaria se demorasse mais uns cinco, dez ou quinze minutos para assumir esta tribuna, porque cada palavra, mesmo num dia frio de sexta-feira aqui, em Brasília, quando o Plenário, na verdade, já não tem a presença da maioria dos Senadores, que já estão nos seus Estados, trabalhando, fazendo um trabalho que é próprio da ação política, parlamentar... Mas quero dizer a V. Exa. que em nenhum momento V. Exa. precisa se preocupar comigo nem com o Senador Izalci quanto à restrição do tempo. Pelo contrário, ensinamento cada dia mais nos enriquece. Também quanto ao Senador Styvenson Valentim, que está aqui, assim como o Senador Rogério Carvalho, que agora preside a sessão e que, obviamente, tangido pelo conceito de novas informações, vem até o Plenário para fazer o seu pronunciamento, tenho certeza disto.

    Eu gostaria de tratar aqui de dois assuntos recorrentes.

    O primeiro é rápido. Eu gostaria de falar sobre a portaria de incentivo financeiro aos Municípios para fins de compensação do fluxo migratório no nosso Estado, especificamente Roraima, que recebe uma leva enorme de venezuelanos, que, tangidos pela necessidade, vêm ao nosso País e lá se acotovelam sem condições de uma rápida interiorização, uma redistribuição pelos demais Estados do País. Uma capital que tem 380 mil habitantes hoje tem, praticamente, quase 50 mil venezuelanos perambulando por ali, transitando, enfim.

    O Ministério da Saúde, com essa portaria de incentivos financeiros, aloca ao Município de Pacaraima R$514,6 mil e ao Município de Boa Vista, R$8.167.728,90.

    Veja: isto aqui é muito importante, mas, na observação da Secretária de Saúde, Cecília Smith Lorezom, ela está absolutamente coberta de razão, porque o Governo Federal, através do Ministério da Saúde, com essa portaria, destina aos dois Municípios – e acho que é justo, porque ali se acotovelam centenas e milhares de venezuelanos –, mas não é justo deixar o Estado de Roraima sem parte expressiva desses recursos... E eu vou dizer por quê. Primeiro, nós entendemos que quem recepciona, na atenção básica, na emergência, na internação hospitalar, é o Estado. E, mesmo assim, o Estado não é contemplado com recursos.

    Só para se ter uma ideia, dos 1.200 partos, aproximadamente, na maternidade Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth, na capital, seiscentas e poucas crianças são filhas de mães venezuelanas. Isso é um custo para o Estado. Também no Hospital Geral do Estado, meu nobre Senador Eduardo Girão, praticamente... Praticamente não; 100% das entradas de venezuelanos são assistidas pela estrutura do Estado de Roraima. No entanto, nenhum centavo foi definido e destinado nessa portaria para o Governo.

    Portanto, a Secretária Cecília Smith Lorenzon tem absoluta razão. Na próxima semana, nós vamos tratar com o Ministro da Saúde, Mandetta, que é sensível, sabe a verdade sobre a questão interna da educação, da saúde, da segurança pública. Imaginem o que são centenas e centenas de delinquentes venezuelanos que foram no meio de pessoas de bem. E aí realmente essa atividade não está sendo muito bem conduzida. Existe uma operação, a Operação Acolhida, que está, dentro do possível, fazendo a sua parte, acolhendo em torno de 15% a 17% desse contingente. Agora, os demais obviamente têm que ter um tratamento em que possam a Prefeitura de Pacaraima, que é a porta de entrada, a Prefeitura de Boa Vista, que também tem uma cota enorme de responsabilidade, e principalmente o Governo do Estado terem condições financeiras para suportar essa migração desordenada, incontrolável, insustentável dos venezuelanos, que tem causado pânico diariamente à nossa população.

    Estamos vendo o lado humanístico. Nós entendemos a necessidade de abrigá-los, de alimentá-los, de tratar a saúde deles, mas, agora, primeiro, os brasileiros.

    O segundo tema que eu gostaria de tratar aqui nesta manhã, e já o fiz em outras...

    O Sr. Eduardo Girão (PODEMOS - CE) – Sobre esse tema dos venezuelanos e dos brasileiros, o senhor me permite um aparte?

    O SR. CHICO RODRIGUES (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RR) – Sim, claro, nobre Senador Eduardo Girão.

    O Sr. Eduardo Girão (PODEMOS - CE. Para apartear.) – Olha, é muito bom sempre ouvi-lo aqui, Senador Chico Rodrigues, sempre muito lúcido nas colocações.

    Eu tive oportunidade de participar de uma audiência pública nesta semana, na Comissão de Relações Exteriores, juntamente com a Comissão de Assuntos Sociais, se não me engano, em uma reunião conjunta, CRE-CAS, sobre essa questão dos refugiados no Brasil. E havia lá representantes das Nações Unidas, representantes do Governo brasileiro, representantes de entidades civis e que fazem esse trabalho humanitário. Para mim, ficou muito claro que esse pronunciamento de V. Exa. só vem colaborar, porque são 500 venezuelanos que entram por dia, hoje, no Brasil. E a gente sabe que são irmãos. A gente poderia estar vivendo agora, o que eles estão vivendo lá. A gente precisa usar muito aquele princípio da empatia, porque são irmãos da gente. E a gente tem que acolher, sim. Se é necessário... Parece-me que já foram investidos R$500 milhões. Foi o que o Governo brasileiro já investiu nessa Operação Acolhida. Se for necessário investir R$1 bilhão, R$2 bilhões, R$3 bilhões, que sejam investidos. São irmãos que vivem uma tragédia e que estão entrando no Brasil.

    Mas a gente não pode esquecer o povo de Roraima também. Já que aumentou a quantidade de pessoas necessitando de saúde, que se invista nos hospitais, nos atendimentos, na Secretaria de Educação. O Governo tem que investir não apenas nos abrigos, não apenas na alimentação do povo. Tem gente lá, ainda, que está passando fome. Inclusive, houve um depoimento, nessa audiência pública, do Sr. João Rodarte, que emocionou todos, levou as pessoas às lágrimas, falando sobre o que está acontecendo nas ruas de Roraima, mesmo o Governo brasileiro fazendo o que pode, mas a gente sempre pode fazer mais.

     O senhor tem sido muito atento a essa situação do seu Estado, que é importante, e está sempre preocupado com isso. Mas a interiorização... Não se pode ficar só – não é Senador Chico Rodrigues – no Estado de Roraima. Esse é um problema que o Brasil todo tem que abraçar. Então, precisamos criar campanhas, criar mecanismos. Lá no meu Estado, no Estado do Ceará, já há venezuelano chegando. A pastoral da Igreja Católica está fazendo um trabalho, mas acredito em ações coordenadas dos Ministérios, campanhas com empreendedores, para que eles vejam que não há problema em dar emprego também para aqueles irmãos venezuelanos. Acho que a gente não pode ter nenhum tipo de discriminação nesse aspecto. É preciso facilitar, também, a questão do Revalida. Tem que ser visto como é que pode ser feito. Então, é preciso interiorizar para os Estados brasileiros, para não ficar o peso somente sobre Roraima. Nessa situação, a tendência é se agravar, lá no País.

    Então, respeitando quem pensa diferente, vejo uma ditadura na Venezuela. O Brasil foi responsável por isso. O Brasil é corresponsável, é cúmplice, porque mandou dinheiro para aquela ditadura, dinheiro do povo brasileiro que está faltando aqui. Foram bilhões e bilhões. Temos que abrir a caixa-preta. Nisso o Presidente da República está coberto de razão, tem que abrir a caixa-preta do BNDES, desse dinheiro que foi para lá, que está fazendo falta ao povo brasileiro e que financiou, de uma certa forma, essa ditadura, essa tragédia humanitária.

    Eu tenho alguns casos. Não vou relatar aqui porque já estou me estendendo, mas as pessoas estão comendo lixo, lá na Venezuela, em Caracas, na capital da Venezuela, desesperadas. As pessoas estão vindo com a roupa do corpo! São juízes, são pessoas que tiveram uma formação. Estão vindo para o Brasil por conta da tragédia. Então, tem gente que quer vir e não tem nem condição de vir.

    Acredito que, de fato, são irmãos e só vêm para agregar à cultura do Brasil. Esses irmãos que estão chegando vêm para agregar à cultura do Brasil. Tem aumentado a violência lá em Roraima? É fato: tem aumentado a violência, é óbvio. Estão vindo 500 pessoas... Se já temos problemas no Brasil, na questão da segurança, é óbvio que vão aumentar. Se aumenta a população, vão aumentar os problemas. Mas temos também de reconhecer que há muita gente boa, gente que vem agregar à cultura do Brasil. E eu acho que Roraima, nessas oportunidades de crise, vai se desenvolver muito com esse povo que está chegando, um povo amoroso também em sua maioria.

    Assim, eu acredito que o Brasil só tem a ganhar, mas tem que apoiar Roraima. Conte comigo! Eu já me inscrevi para participar de uma missão, junto com V. Exa., junto com o Senador Mecias, junto com o Senador Flávio Arns, com o Senador Telmário Mota, com o Senador Styvenson... Queria convidar o Senador Rogério Carvalho, que está presidindo a sessão, para irmos juntos a Roraima, o mais breve possível – está se falando no começo de agosto –, para nós já irmos, uma comissão do Senado, a fim de ver a situação, andar nas ruas, tirar o paletó, tirar a gravata e caminhar, conversar com as pessoas, ver a realidade, porque eu acho que isso é uma coisa do Brasil, uma obrigação moral de acolher os venezuelanos e apoiar o povo do seu Estado, que é um povo fantástico.

    Eu tive a oportunidade de estar em Roraima já, em Boa Vista. Lancei um filme, Senador Rogério Carvalho, em 2011, de Chico Xavier, um grande humanista e pacifista brasileiro. Fui a Boa Vista lançar esse filme, algo que faço pelo ideal de levar essa mensagem de conforto e esperança, e fui muito bem acolhido pelo seu povo, um povo fantástico, em uma região lindíssima que o Brasil tem de conhecer, no turismo, cada vez mais.

    Parabéns pelo seu Estado! Parabéns pelo seu povo, que está acolhendo com humanidade e ajudando os venezuelanos com muito calor humano!

    Muito obrigado.

    O SR. CHICO RODRIGUES (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RR) – Muito obrigado, Senador Eduardo Girão.

    A minha teimosia e a minha insistência em pedir que, de uma forma transversal, os Ministérios possam, na verdade, se unir para encontrar os caminhos da interiorização dos venezuelanos é fundamental, porque a maioria deles chega, fica em abrigos ou fica perambulando pelas ruas, mas não têm onde trabalhar. Não há emprego nem para os brasileiros do nosso Estado. Assim, distribuindo-os... Ora, se o Brasil tem 210 milhões de habitantes; o que representa redistribui-los, como foi feito pelo Governador do Acre, à época, o Governador Tião Viana, com a entrada intensa de haitianos? Redistribuiu-os pelo Brasil inteiro e, realmente, hoje estão todos acomodados.

    Dizia-me o nobre Senador Esperidião Amin que, lá em Santa Catarina, é uma mão de obra de altíssima qualidade. E assim será também com os venezuelanos. E nós queremos, sim, que o Governo Federal, o mais rápido possível, promova essa ação de interiorização, descomprimindo o nosso Estado e dando também melhores condições de vida a esses irmãos venezuelanos.

    Eu quero aqui falar de um segundo tema...

    O SR. PRESIDENTE (Rogério Carvalho. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - SE) – Antes disso, Senador Chico Rodrigues...

    O SR. CHICO RODRIGUES (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RR) – Pois não, Senador.

    O SR. PRESIDENTE (Rogério Carvalho. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - SE) – ... eu queria aceitar o convite do Senador Eduardo Girão. Eu me disponho a ir a Roraima com a comissão para que a gente possa tratar desse assunto, dando a devida importância que tem para nós brasileiros, que somos um povo acolhedor, para recebermos os nossos irmãos venezuelanos de forma digna.

    Obrigado.

    O SR. CHICO RODRIGUES (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RR) – Eu agradeço ao Senador Rogério, pela iniciativa, pela espontaneidade do gesto e tenho certeza de que V. Exa., um Parlamentar preparado, um Parlamentar do Partido dos Trabalhadores vai sentir lá, assim como o Senador Eduardo Girão, realmente, o impacto com que convive a população de Roraima.

    Então, fico muito feliz por mais um Senador ter essa consciência cívica e humanitária também da importância de ir para Roraima, ver a situação dos venezuelanos, mas, acima de tudo, ver a situação dos nossos irmãos brasileiros que ali vivem.

    Eu, na verdade, nesse segundo tema, gostaria de falar sobre a Embrapa.

    Sabemos que o Brasil vive atualmente um dos seus momentos históricos mais empolgantes devido às mudanças que a economia internacional e o rearranjo das nações, neste novo reordenamento que a globalização, impõem.

    Interessante notar que neste novo concerto internacional, o continente sul-americano se torna muito relevante, tanto do ponto de vista geográfico, como geopolítico e geoeconômico. A ligação entre os oceanos torna-se um imperativo global, devido aos interesses econômicos internacionais e estamos no centro dessa disputa que acontece entre as grandes potências para ampliar a sua participação e domínio geopolítico e geoeconômico.

    O Brasil é um país que emerge como uma potência por conta das demandas internacionais por minérios estratégicos, por alimentos e outras riquezas, como as derivadas de nossa biodiversidade, do nosso potencial energético e de tantas outras.

    Sr. Presidente, recordo-me das palavras de um grande pensador brasileiro já falecido, mas que nos deixou um legado intelectual significativo e um alerta providencial. O Brasil, dizia ele, ainda será um celeiro para a humanidade.

    Considerando o crescimento do nosso agronegócio e de toda a cadeia produtiva de alimentos variados que o Brasil produz, Eugênio Gudin estava certo e afirmava: "O Brasil deveria concentrar esforços em setores nos quais temos vantagens comparativas, e nesse item a agricultura deveria ser prioridade".

    Para ele, o Brasil tem a vocação natural de ser o grande celeiro do mundo. Com o desenvolvimento da agricultura, a infraestrutura deveria se desenvolver também, e esse é um desafio que permanece até os dias atuais, mas certamente avançaremos muito nos próximos anos.

    Em abril de 1973, surgiu a Embrapa, com o objetivo de realizar pesquisas e colaborar com o desenvolvimento do agronegócio brasileiro, o que faz com muita competência, apesar da escassez de recursos que lhes foi imposta recentemente.

    Como já disse, caros colegas Senadores, o agronegócio tornou-se o grande indutor do crescimento nacional. É o setor que mais produz riqueza para o Brasil. É responsável por pelo menos 25% do PIB nacional. Em 2017, foi o responsável pelo saldo positivo da balança comercial, contribuindo com US$96 bilhões.

    Neste ano de 2019, o agronegócio nacional iniciou com perspectivas otimistas...

(Soa a campainha.)

    O SR. CHICO RODRIGUES (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RR) – ... mesmo com cenário marcado por incertezas. Mas o PIB do agro brasileiro deverá crescer 2% em relação a 2018. A safra total de grãos do Brasil deve alcançar 233 milhões de toneladas em 2019. Será a segunda maior safra, de acordo com dados divulgados pela Conab no mês de março.

    Apresentei esses dados, Sr. Presidente, caros colegas Senadores e Senadoras, porque é muito importante considerarmos as peculiaridades do agronegócio. Devemos muito, sim, ao espírito empreendedor dos produtores rurais, grandes e pequenos, mas, sobretudo, devemos bastante à inteligência desenvolvida pela Embrapa, que nos permitiu dar saltos gigantescos em produtividade, com suas pesquisas e inovações.

    Essa admirável instituição presta inestimáveis serviços estratégicos à Nação brasileira. Sabemos que, certamente, a principal vocação econômica do País é o agronegócio, com toda a sua diversidade. É evidente que os demais setores da economia são importantes para que um projeto de nação se consolide sustentavelmente, e o Brasil se torne um player com real influência no concerto das nações durante esse desafiante início de século XXI.

    O Estado brasileiro não pode prescindir de uma empresa tão estratégica e tão cobiçada internacionalmente, como é a Embrapa. A nossa Embrapa deve, a meu ver, ser fortalecida e receber mais investimentos para ampliar seu admirável portfólio de produtos e serviços e aumentar exponencialmente sua capacidade de atender as demandas do agronegócio brasileiro. Seu modelo de negócios deve ser ampliado, a ponto de estabelecer parcerias internacionais que aumentem a riqueza nacional. Isso pode se dar a partir do fortalecimento de uma estratégia de direitos autorais, patentes e comercialização de seus produtos, de modo a trazer ao Brasil recursos inimagináveis nos seus volumes.

    Evidentemente, as pesquisas devem ser fortalecidas, mas o pensamento estratégico, a ação de marketing e o foco nos mercados potenciais poderiam aumentar imensamente o valor de mercado da Embrapa. A Embrapa já é por demais cobiçada, sinal de que vale muito, não economicamente, mas estrategicamente. O povo brasileiro merece que essa instituição permaneça nas mãos do Estado brasileiro. E a minha preocupação aqui hoje, e que venho repetindo em algumas manifestações, é exatamente com o fantasma que ronda uma possível privatização da Embrapa e com que seus produtos sejam comercializados gerando lucro, para serem realmente investidos na formação, na qualificação técnica e no aprimoramento dos seus processos produtivos e comerciais.

    A Embrapa poderá ser um dos pilares dessa revolução fantástica em curso, chamada revolução 4.0, liderando o setor do agronegócio com pesquisa, inovação e renda, e criar condições para que milhões de brasileiros participem ativamente dessa transformação. Ela tem condições objetivas de participar da construção do futuro, oferecendo à juventude espaço para estudos e boa formação em ambientes que são portadores de um futuro que, na verdade, se aproxima, cada vez mais veloz.

    O Brasil é o país do agronegócio e deve formar estrategistas e empreendedores em todos os níveis de atuação e ocupar mais espaço competitivo. É o que se espera da Embrapa como resposta àqueles que acham que ela deva ser privatizada e entregue a controladores que, muito provavelmente, não terão nenhum compromisso cívico e tampouco nacional. No meu entendimento, a Embrapa tem que permanecer nas mãos dos brasileiros.

    Eu vejo aqui, olhando lá pelo retrovisor da história e do tempo... Eu me lembro, na época de 1967, de que, quando foi criada, teve o seu idealizador na figura de um fantástico engenheiro agrônomo nacional, meu colega de profissão, Alysson Paulinelli, que está aí ainda hoje, com os seus quase 88 anos, trabalhando, palestrando, viajando o mundo...

(Soa a campainha.)

    O SR. CHICO RODRIGUES (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RR) – ... dando conselho aos mais jovens e fortalecendo o conceito de que nós somos o grande celeiro da humanidade. Ponto final!

    Então, eu gostaria de dizer, nobre Senador Eduardo, que hoje é impossível se pensar numa privatização da Embrapa. Privatizem o que, na verdade, não tem ciência, não tem tecnologia, não tem história, não tem valor agregado. Uma produção de um país que saiu praticamente de uma produção medíocre nos anos de 1967 para ser o maior produtor de soja do Planeta: fruto da Embrapa. A melhor tecnologia na pecuária animal, suína, de aves, da piscicultura, etc.: fruto da Embrapa. Com o desenvolvimento de tecnologias avançadas e agora, na era do 4.0, nós haveremos de usar toda essa expertise, esse conhecimento da Embrapa, para cada vez mais colocar nas mãos do mundo essa expertise que, obviamente...

(Soa a campainha.)

    O SR. CHICO RODRIGUES (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RR) – ... é fruto do conhecimento, da ciência, da tecnologia e da abnegação de cientistas que, sob as mais diferentes dificuldades, teimam em continuar pesquisando e desenvolvendo esses produtos que, na verdade, orgulham hoje a população brasileira em qualquer lugar do mundo onde ela for.

    Eu tive a oportunidade, recentemente, de, como observador internacional junto com o Senador e ex-Governador da Bahia Jaques Wagner... Nós nos orgulhamos quando chegamos a uma reunião no Parlamento do Cazaquistão, pois a primeira coisa que a Presidente do grupo parlamentar, nossa correspondente no Cazaquistão, nos perguntou foi: "Como está a Embrapa, porque nós sabemos que ela está se enfraquecendo, e nós temos um contrato, um convênio com ela de assistência...

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    O SR. CHICO RODRIGUES (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RR) – ... assistência à pesquisa, a ser desenvolvida aqui no Cazaquistão" – no Cazaquistão! Então, em qualquer outra parte do mundo, a Embrapa é tida exatamente como este exemplo modelar, para orgulhar a população brasileira.

    Então, Senadores, companheiros que na verdade estão na mesma jornada, que têm esse mesmo sentimento, de qualquer cor partidária, nós temos que nos unir no sentido de, sim, colocarmos no Orçamento de 2020 mais recursos para a Embrapa, de colocarmos na consciência coletiva das autoridades brasileiras a importância estratégica e política para o nosso País, que é exatamente este conhecimento adquirido ao longo desses 40 anos da Embrapa. Portanto, vamos nos unir. Essa é a minha convocação. E tenho a certeza de que, do conjunto dos 81 Senadores, nós teremos absoluta unidade no essencial, que é a preservação da Embrapa.

    Muito obrigado pela paciência.

(Soa a campainha.)

    O SR. CHICO RODRIGUES (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RR) – Concedo, para encerrar, a palavra ao nobre Senador Styvenson.

    O Sr. Styvenson Valentim (PODEMOS - RN. Para apartear.) – Eu não ia perder... Eu estava em Comissão com o senhor, quando o senhor defendeu, da mesma forma como está defendendo aqui, a Embrapa. Uma empresa de pesquisa agropecuária, desde a década de 90, que eu tive a chance de conhecer, quando eu era criança, por um tio meu hoje aposentado – hoje não, há muito tempo aposentado pela Embrapa –, eu pude ver o seu trabalho. Acho que se deve à Embrapa a expansão agrícola no Centro-Oeste. Hoje na Amazônia, de norte a sul, de leste a oeste, a Embrapa está presente.

    Eu vendo o senhor falar, eu fico pensando – porque o senhor falou do orçamento, falou da financeira –: será que a crise é só aí? A crise é só financeira, de governança, organizacional? Será que a crise é só essa mesmo? Eu vejo que a Embrapa passa por uma crise de identidade.

(Interrupção do som.)

    O Sr. Styvenson Valentim (PODEMOS - RN) – São forças contrárias à Embrapa, querendo cortar minha fala.

    Então, eu vejo nisso uma crise de identidade, porque as pessoas hoje não têm noção, não conhecem, não sabem o que foi feito, não sabem da história dessa empresa. Desde a década de 70 que ela existe. Feita no Governo militar, para a função que ela desempenhou muito bem. Eu não sei quantos funcionários tem hoje na Embrapa, 9 mil, 10 mil para o Brasil todo, para pesquisas? Até no exterior, como o senhor mesmo disse no Cazaquistão, Gana, Reino Unido, há essa troca de informações. Aqui no Distrito Federal...

    Então, as pessoas têm que lembrar, quando colocar aquele alimento na boca, que alguém pesquisou, alguém fez aquele trabalho. Quando alguém for lá no supermercado comprar um produto, lembrar que ele não apareceu ali por acaso não. Quando a nossa balança, o nosso superavit, o nosso PIB crescerem devido à exportação de soja, tudo isso, lembrar que houve algum pesquisador que também pensou em transformar a nossa economia da forma que está hoje.

    Então, eu vejo, Senador Chico, não é de hoje, foi esta semana, que o senhor estava em audiência pública e o senhor defendendo sobre privatizar, e até perguntei: e vão privatizar? E vão privatizar? Acho que o segundo ponto, os próximos pontos que caminhamos, Senador Rogério, Senador Girão, do Governo, em que o senhor é Líder, serão as privatizações. Eu não sou contra privatizar, não. Agora, privatize o que está dando prejuízo. Privatize o que não é estratégico, privatize o que não é, porque a Embrapa é estratégica. É alimento, é dinheiro, é produção, é tudo isso.

    Então, ter esse cuidado, quando se falar na palavra privatizar. "Ah, porque dá prejuízo, porque não sei nem o que é Embrapa hoje." Há crianças, há jovens, há pessoas hoje que não têm noção do que é. E eu disse aqui no meu breve histórico, que eu conheci, porque...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Styvenson Valentim (PODEMOS - RN) – ... tive um tio que trabalhou e hoje se aposentou. E pude ver, durante o passar do tempo, e até quando eu ligo a televisão de manhã cedo, no domingo... Não sei se os Senadores têm esse hábito? Domingo, no Globo Rural, normalmente alguém manda uma carta pedindo informação sobre uma certa praga, sobre uma certa cultura, sobre como produzir mais, sobre o enxerto de uma planta, sobre uma atividade. Até mesmo os pequenos produtores tiram proveito dos pesquisadores da Embrapa.

    E os pesquisadores, desse montante de 9 mil, são uma parcela pequena, acho que não é nem um terço de tudo isso e os outros funcionários. Então, dizer para o senhor que defende, eu defendo também, que eu sei o valor do que é essa empresa brasileira de agropecuária, não só para rendimento de balança financeira, de superávit...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Styvenson Valentim (PODEMOS - RN) – ... mas, sim, para a alimentação de todos os brasileiros que dependem dela.

    Está bom? Obrigado pelo aparte.

    O SR. CHICO RODRIGUES (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RR) – Eu agradeço a manifestação de V. Exa., nobre Senador Styvenson, porque eu entendo que essa é a manifestação coletiva de todos nós, brasileiros. E, quando a gente vê aí as dezenas, centenas de navios graneleiros carregando milhares e milhões de toneladas de soja para o mundo, aquilo ali começou em 1967... Aquilo ali foi a célula, que começou a se multiplicar através da ciência, da tecnologia, do denodo, da dedicação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

    Então, agradeço a V. Exa. a manifestação. Quero agradecer a paciência do Presidente por ter me concedido um tempo mais longo para concluir o nosso pronunciamento...

(Soa a campainha.)

    O SR. CHICO RODRIGUES (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RR) – ... e dizer, minha gente, não vamos nos dispersar, vamos nos unir cada vez mais para manter a Embrapa brasileira nas nossas mãos.

    Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/07/2019 - Página 48