Discurso durante a 125ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Considerações em torno da importância do combate à velha política.

Insatisfação com matéria publicada no jornal Diário do Nordeste sobre suposta distribuição de cargos federais para Deputados que votaram a favor da reforma da previdência.

Críticas à liberação de emendas parlamentares aos Deputados Federais que votaram a favor da reforma da previdência.

Autor
Eduardo Girão (PODEMOS - Podemos/CE)
Nome completo: Luis Eduardo Grangeiro Girão
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL:
  • Considerações em torno da importância do combate à velha política.
GOVERNO FEDERAL:
  • Insatisfação com matéria publicada no jornal Diário do Nordeste sobre suposta distribuição de cargos federais para Deputados que votaram a favor da reforma da previdência.
GOVERNO FEDERAL:
  • Críticas à liberação de emendas parlamentares aos Deputados Federais que votaram a favor da reforma da previdência.
Publicação
Publicação no DSF de 18/07/2019 - Página 30
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL
Indexação
  • REGISTRO, POLITICA, CLASSE POLITICA, BRASIL.
  • REGISTRO, MATERIA, DIARIO DO NORDESTE, ESTADO DO CEARA (CE), ASSUNTO, DISTRIBUIÇÃO, CARGO, DEPUTADO FEDERAL, VOTAÇÃO, REFORMA, PREVIDENCIA SOCIAL, COMENTARIO, VERACIDADE, FATO.
  • CRITICA, GOVERNO FEDERAL, LIBERAÇÃO, RECURSOS FINANCEIROS, EMENDA, DEPUTADO FEDERAL, VOTAÇÃO, REFORMA, PREVIDENCIA SOCIAL.

    O SR. EDUARDO GIRÃO (PODEMOS - CE. Para discursar.) – Muitíssimo boa tarde, meu Presidente, Senador Izalci Lucas, aqui do Distrito Federal, que tem a seu lado esse outro irmão, o Senador Reguffe, também daqui desta terra que nos acolhe com tanto carinho, Senador Styvenson Valentim, demais funcionários da Casa, telespectadores da TV Senado, ouvintes da Rádio Senado, eu estou subindo a esta tribuna hoje com um discurso feito, mas eu vou pedir licença ao nosso querido e dedicado assessor, Roberto Lasserre, que preparou e ajudou na concepção disso aqui, fruto de uma longa conversa que nós tivemos, e ele faz um balanço, em 14 páginas, do nosso mandato até agora.

    Aqui a gente fala sobre drogas, sobre as vitórias na defesa da família, no combate à corrupção, na transparência, enfim, do grande aprendizado que eu tive aqui e dos debates que tive condições de participar com os colegas, das conquistas para os deficientes, para os autistas, da questão das armas, uma polêmica nesta Casa que mobilizou a todos e a população também, que foi um momento importante de aprendizado, mas de convicção, de ser mostrar os valores, a responsabilidade desta Casa. Mas eu não vou ler essas 14 páginas. Eu vou entregá-las para ser publicada aqui toda a prestação de contas do nosso mandato.

    Eu queria falar sobre um assunto que tem me deixado extremamente preocupado. Nós estamos vivendo um momento, no País, de conflito de uma velha política ou má política, como se preferir chamar, com a nova, com a boa política. Eu fui eleito Senador pelos cearenses que queriam mudança, com muito boa vontade acreditaram no meu nome. Tivemos 1.325.786 votos, algo que eu jamais esperava, tamanha confiança e generosidade. Eu que nunca tinha sido candidato a nada, nem a síndico de prédio.

    Mas estou aqui combatendo o bom combate, com todas as minhas limitações e imperfeições, e acreditando, sim, que, mesmo aos trancos e barrancos, a gente está avançando no Brasil, em várias esferas, porque o País – eu tenho dito aqui algumas vezes –, o nosso País, o Brasil não é rico, não; ele é riquíssimo. Não era para estar passando esse aperreio, que a gente está passando aí, com 13 milhões de brasileiros querendo trabalhar, e não conseguem trabalho. É vergonhoso.

     Eu votei no Presidente da República, que está no poder, o Bolsonaro, no primeiro turno. Eu soube que fui o único Senador eleito a declarar o voto no Presidente Bolsonaro, desde o primeiro turno, das Regiões Norte e Nordeste. Fui eu. Não foi fácil, porque quem conhece a minha vida, quem conhece as causas que eu abraço, há décadas, como cidadão, vindo aqui nesta Casa, no Senado, na Câmara, levantando cartaz, falando com Senador, com Deputado, com movimentos, para defender a vida desde a concepção, contra as drogas, pelo controle de armas, contra a jogatina, jogos de azar, e outras causas. Quem me conhece sabe que eu sou uma pessoa de muita esperança. E estou aqui dando o meu melhor, desde o primeiro dia, para ser fiel a essas pessoas de bom coração, de boa vontade, que queriam mudanças e que me trouxeram aqui, os cearenses, obviamente, com as bênçãos de Jesus, que operou, no Estado do Ceará, um verdadeiro milagre, através, repito, dos cearenses, que queriam mudança, de bom coração, para eu estar aqui hoje.

    Mas esse conflito da velha política, da má política ou contra a boa política, contra a nova política, não é fácil – não é fácil.

    E mesmo eu fazendo de tudo para que este País dê certo – e vou continuar fazendo até o último dia do mandato, vou continuar fazendo –, eu não posso me calar diante de certas situações e deixar de buscar a verdade. Nós estamos aqui também para isso, porque temos um compromisso com a verdade e sabemos que a verdade sempre triunfa e que Deus está no controle de tudo.

    Eu estou com uma matéria do jornal Diário do Nordeste, que é um dos maiores veículos de comunicação do meu Estado, do Estado do Ceará, matéria que me deixou estupefato, do dia 15 de julho, ou seja, anteontem, matéria que mostra que cargos federais são distribuídos entre cearenses que votaram a favor da reforma da previdência. Se isso aqui está acontecendo, é inaceitável e não condiz com o Governo que eu votei desde o primeiro turno. Espero que isso não seja verdade. E acredito ainda que é um Governo que veio para quebrar paradigmas – essa é a esperança –, para romper com velhas práticas do toma lá dá cá, práticas de fazer aquele jogo político para conseguir aprovar seja lá o que for. Então, a matéria do Diário do Nordeste fala aqui que estão sendo distribuídos cargos federais para alguns Deputados que votaram a favor da reforma. Seria uma grande decepção para mim se esse tipo de situação ocorresse, porque o discurso do Governo, desde o primeiro momento – e eu espero que mantenha a coerência –, é de que para cargos federais precisa de técnicos, precisa ter pessoas capacitadas, precisa de pessoas com competência, porque, senão, vai ser mais do mesmo. Entra um Governo de direita, coloca as pessoas ligadas àquele Governo. Entra de esquerda, tira aquelas pessoas e coloca... Entra do centro, faz o... Não vai mudar a mentalidade. Não vai conseguir eficácia no serviço. Para começar, acredito que precisaria de um enxugamento. Há órgãos que estão extremamente inchados e precisam enxugar, porque o contribuinte não aguenta, quem paga a conta é o povo brasileiro.

    Eu escrevi um artigo, nesse mesmo Diário do Nordeste, antes de assumir, em 28 de novembro de 2018, cujo título era: "Desaparelhar sem aparelhar". Este Governo teria o desafio de desaparelhar ideologicamente alguns setores, mas sem aparelhar, ou seja, contratar pessoas competentes, técnicos, pessoas capacitadas, sem indicação política, para fazer um trabalho para servir à população, porque, a partir do momento – e isto para mim é claro como um sol – que você começa a fazer indicações políticas para cargos, é óbvio, é natural que aquela pessoa que está sendo indicada vai querer servir a quem a indicou. Com isso, quem perde? A Administração Pública, a eficiência na gestão. É trocar seis por meia dúzia. Então, eu escrevi este artigo mostrando a importância de se romper, de se quebrar essa velha prática da política brasileira.

    Eu espero sinceramente que não se confirme essa matéria do Diário do Nordeste de anteontem. Inclusive, ela lista nomes de Parlamentares aqui que seriam indicados, que poderiam indicar cargos federais. Este não é o País que eu quero, não, de maneira nenhuma! Não é o País que o povo brasileiro, que o povo do Ceará me colocou aqui, para fazer a transformação.

    Há uma frase do senhor daquele busto que está ali – peço que a câmera o focalize, se puder –, que está ali em cima, abaixo de Cristo, que é Ruy Barbosa, que é uma frase histórica em que ele coloca: "De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto". Eu agradeço à equipe da TV Senado que focalizou o busto de Ruy Barbosa, esse grande baiano, de quem meu avô era fã – ele sabia tudo da vida dele.

    Eu queria, neste momento em que temos aqui a visita de dois cidadãos... São de Brasília?

(Manifestação da galeria.)

    O SR. EDUARDO GIRÃO (PODEMOS - CE) – Do Paraná, a terra que iniciou todo este processo de limpeza, de combate à corrupção, um ícone.

    Eu queria, neste momento, dizer que a gente não pode recuar no combate às velhas práticas, às más práticas. Não podemos recuar. O caminho do Brasil, ele tem um destino fabuloso, um destino de fraternidade, de solidariedade, de riqueza sob todos os aspectos. O nosso povo é um povo extremamente amoroso, acolhedor, hospitaleiro... Este País tem tudo: recursos naturais, criatividade de empreendedores, um povo trabalhador... A gente não pode recuar.

    E se viu muito a polêmica nos últimos dias, polêmica aí sobre os R$2,5 bilhões que foram liberados em emendas parlamentares nos primeiros dias de julho. Esses dados são da ONG Contas Abertas. Foi até pedido auditoria aqui nesta Casa sobre isso que aconteceu lá na Câmara também.

    E eu espero que o Senado não fique sob suspeita, em nenhum momento, com relação à liberação de emendas impositivas. Eu sou favorável à transparência e à publicidade. Se o Governo quer ajudar os Municípios, que estão precisando muito, muito de ajuda – a situação, principalmente no Nordeste, é desastrosa, calamitosa na saúde, na educação e na segurança –, se o Governo quer ajudar, parabéns para o Governo, é muito bem-vinda essa ajuda. Os Senadores conhecem seus Estados, conhecem os Municípios e podem identificar onde há alguma carência, mas isso tem que ser publicizado e tem que ser para todos os Senadores. Se houver emendas parlamentares, como houve na Câmara, que o Senado faça diferente. Essa é a minha esperança! E que isso seja publicizado, para que os Senadores possam ajudar os seus Municípios. Não pode haver seleção, tem que ser para todos, independentemente do posicionamento de cada um. É assim que eu acredito que deve ser feita a boa política: sem trocas, sem troca de cargo, sem troca de voto por emenda, sem nada. Esse deve ser o posicionamento desta Casa. E eu espero que isso ocorra, porque nós estamos num processo de amadurecimento dessa nova política que veio para romper um sistema político totalmente corrupto, carcomido, apodrecido, que não é mais tolerável no nosso abençoado País.

    Eu não vou pedir, Senador Izalci, Presidente neste momento, extensão do meu tempo, que já está acabando. Vou, pela primeira vez, usar só esse tempo, eu sempre gosto de me exceder, mas que fique essa reflexão para todos nós, pelo bem desta Casa, pela transparência cada vez maior do Congresso Nacional, para que possamos caminhar de cabeça erguida, sem segredos e de uma forma serena, pelo bem do Brasil.

    Deus abençoe a todos. Muita paz.

    Obrigado.

DISCURSO NA ÍNTEGRA ENCAMINHADO PELO SR. SENADOR EDUARDO GIRÃO.

(Inserido nos termos do art. 203 do Regimento Interno.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/07/2019 - Página 30