Pela ordem durante a 134ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro do transcurso do Dia do Psiquiatra, comemorado no dia 13 de agosto.

Autor
Flávio Arns (REDE - Rede Sustentabilidade/PR)
Nome completo: Flávio José Arns
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela ordem
Resumo por assunto
SAUDE:
  • Registro do transcurso do Dia do Psiquiatra, comemorado no dia 13 de agosto.
Publicação
Publicação no DSF de 14/08/2019 - Página 42
Assunto
Outros > SAUDE
Indexação
  • REGISTRO, DIA, MEDICO, PSIQUIATRIA, ENFASE, IMPORTANCIA, SAUDE MENTAL.

    O SR. FLÁVIO ARNS (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - PR. Pela ordem.) – Agradeço, Sr. Presidente, Senador Kajuru – é uma alegria vê-lo presidindo esta, Senador Kajuru. Sucesso! Aliás, já comentei que, se o senhor fosse candidato no Paraná, seria eleito. (Risos.)

    Muita gente pergunta para mim: "E o Kajuru? O que anda fazendo? Como é que está?". E eu digo: "O Kajuru está lá, converso com ele toda semana". Que bom! Isso é para mostrar o prestígio que V. Exa. tem.

    O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. PATRIOTA - GO) – Obrigado.

    O SR. FLÁVIO ARNS (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - PR) – Quero cumprimentar a Senadora Zenaide Maia, que acabou de ocupar a tribuna, representa tão bem, também, o Estado do Rio Grande do Norte, e é uma Senadora permanentemente preocupada principalmente com as pessoas mais necessitadas, mais vulneráveis, aquelas que precisam mais do Poder Público. Então, sobre a Senadora Zenaide Maia, quero dizer ao povo do Rio Grande do Norte e do Brasil também que podem contar com ela. Ela é, assim, uma batalhadora para que direitos, oportunidades sejam preservados e para que a pessoa seja valorizada. Então, parabéns também! Ela é uma pessoa com quem eu tenho uma afinidade, em termos de votações, muito grande, assim como com o nosso Presidente da sessão de hoje, o Senador Kajuru.

    Mas eu quero destacar, Sr. Presidente, e fazer a homenagem aos psiquiatras. Hoje talvez alguém já tenha falado, mas é o Dia do Psiquiatra, 13 de agosto. Inclusive nós temos aqui uma propaganda da Associação Brasileira de Psiquiatria com o dizer: "Orgulho de ser psiquiatra".

    Uma das questões mais fundamentais que afligem as famílias no Brasil é quando o filho, a esposa, o marido, alguém da família tem um transtorno mental. Isso dificulta a vida da família, envolve a família, e termos a participação de uma equipe multissetorial, interdisciplinar – mas com a participação efetiva do psiquiatra – é essencial.

    Uma das coisas mais importantes hoje é promovermos a saúde mental, gerarmos saúde mental – as pessoas terem amigos, participarem. A Pastoral da Criança usa a expressão "Rodas de Conversa", para que a gente possa promover. Hoje, se nós pensarmos em termos de distúrbios mentais, depressão, medo, pânico, esquizofrenia, tantas coisas, isso aflige mais de 20% da população. Se a gente olhar os funcionários públicos, sejam municipais, sejam estaduais, sejam federais, em que a gente tem o levantamento, das pessoas que pedem afastamento por problemas de saúde, 20% ou mais – entre 20% e 25% – são por problemas decorrentes da falta de saúde mental – então, de transtornos mentais: a pessoa desanimada, a pessoa triste, a pessoa deprimida. E isso pode levar inclusive a situações bem mais difíceis como o cometimento de suicídio. Quantas pessoas que a gente conhece – e eu próprio conheço –, pessoas com a vida boa, muitas vezes de sucesso, que acabaram se suicidando.

    Muitos anos atrás, eu estava nos Estados Unidos estudando e morando e lá era muito amigo de um médico psiquiatra que dizia das altas taxas de suicídio infantil. Hoje, a gente vê, aqui no Brasil, dramas intensos nessa área com os nossos adolescentes, que, às vezes, estão participando de atividades com os colegas e se impondo sofrimentos, mutilações que realmente levam para a área de transtornos mentais.

    Álcool e drogas – álcool e drogas: já está comprovado que isso pode levar a transtornos mentais sérios. A gente vive uma epidemia nessa área de proliferação das drogas.

    Há ainda estes episódios todos: o de uma pessoa que entra no supermercado, se sente perseguida e acaba pegando a faca e matando duas, três pessoas porque acha que está sendo perseguida ou o episódio de Suzano. Eu fico imaginando que, naquela escola, a pessoa devia ter um transtorno mental para matar colegas, matar pessoas. Lá nos Estados Unidos, agora, um sujeito atirou a esmo. Quer dizer, faltam valores, faltam iniciativas, faltam preocupações. Então, tudo isso está relacionado à área do transtorno mental, à necessidade de promovermos a saúde mental.

    Eu acho tão bonito quando você tem um grupo de amigos, como um grupo de escoteiros, por exemplo, e pode dizer: "Fui lá acampar, bati papo, saí" – amigos que possam, inclusive, apoiar e fazer um trabalho em rede.

    Eu me lembro de uma Apae, por exemplo, que tem equoterapia, ao lado, um hospital psiquiátrico. Uma pessoa que nunca se abria, não falava, não conversava, foi à Apae fazer terapia com cavalo e, a partir daquele momento, junto com os animais, acabou se abrindo para o mundo. Então, todos nós temos que pensar nisso.

    Eu assisti a uma palestra com um psiquiatra, uma vez, falando sobre esses problemas com crianças, adolescentes. Ele disse: "Olha, eu peço para os pais ficarem uma hora por dia, só uma hora, com os filhos, para conversar, discutir, perguntar como é que estão ainda na escola, do que eles precisam e dizer 'vamos juntos e tal'". E esse médico psiquiatra disse: "Desisti, desisti". Estou pedindo 20 minutos, porque uma hora a gente não consegue que os pais fiquem com seus filhos. Isso é uma advertência para todos nós que somos pais.

    Também conheço um colégio em Curitiba em que fizeram um levantamento com todos os alunos, e 25% dos alunos na faixa etária de 4 a 13, 14 anos já tomam medicamentos relacionados à saúde mental. Então, a gente tem que tomar cuidado com isso.

    Hoje é o Dia do Psiquiatra, que é um profissional qualificado, competente, que faz parte normalmente de uma equipe na escola, na comunidade, e que está junto com psicólogo, com pedagogo, com assistente social, para ajudar as pessoas que têm transtorno mental e que estejam em tratamento a terem residências, terem trabalhos, terem acompanhamento. E é isso que a gente quer dizer: dar os parabéns a esses médicos, a esses profissionais e dizer que nós temos que nos debruçar sobre esse assunto, porque a gente ter ou alguém na família ter uma pessoa com transtorno mental, é um desafio. Desafio este que depende de profissionais, depende de remédios, muitas vezes inacessíveis, e também depende de uma grande articulação a favor dessa pessoa, para essa pessoa e sua família se sentirem apoiadas, em todos os Municípios, nessa caminhada. E digo isso porque o número de médicos psiquiatras também é reduzido no Brasil. Mas que eles poderem orientar o sistema de saúde, o sistema de assistência social e de educação para a promoção da saúde mental. Cuidar dessas crianças, identificando logo as dificuldades para que eles possam ser adultos mais felizes também.

    Então, parabéns à Associação Brasileira de Psiquiatria pelo Dia do Psiquiatra, e vamos trabalhar juntos para que essa nossa população brasileira, tão querida, tenha cada vez mais promovida a sua saúde mental, o que é essencial para o bem-estar de todas as pessoas.

    Obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/08/2019 - Página 42