Discurso durante a 127ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Reflexão sobre a situação política do País e o papel do Senado Federal na segunda metade do ano legislativo de 2019.

Autor
Lasier Martins (PODEMOS - Podemos/RS)
Nome completo: Lasier Costa Martins
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SENADO:
  • Reflexão sobre a situação política do País e o papel do Senado Federal na segunda metade do ano legislativo de 2019.
Publicação
Publicação no DSF de 07/08/2019 - Página 28
Assunto
Outros > SENADO
Indexação
  • REGISTRO, POLITICA, BRASIL, ATUAÇÃO, SENADO, COMPROMISSO, POPULAÇÃO, ANALISE, IMPEACHMENT, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF), COMENTARIO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), INVESTIGAÇÃO, MEMBROS, TRIBUNAIS SUPERIORES.

    O SR. LASIER MARTINS (PODEMOS - RS. Para discursar.) – Muito obrigado, Sr. Presidente dos trabalhos, Jorge Kajuru, sempre amável com todos, com suas palavras generosas, na maioria das vezes excessivas em elogios.

    Senadores, Senadoras, telespectadores, ouvintes, nós estamos começando a segunda metade deste ano legislativo de 2019. E estamos vindo, Senador Kajuru, colegas Senadores, de andanças diversas, diferentes. Nesse período de recesso, cada um tomou o seu rumo. Alguns foram para o exterior; outros ficaram pelo Brasil; outros ficaram nos seus próprios territórios estaduais, como é o meu caso. E é por isso que eu falo de algumas preocupações, porque tive oportunidade de andar pelas ruas, ir a restaurantes, conversar com as pessoas do meu Rio Grande do Sul e sentir de perto apreensões e questionamentos. Perguntam muito: "E agora o que vocês vão fazer lá no Senado?"

    O Brasil está vivendo um período muito sombrio: o Poder Executivo – com o seu magistrado maior – tem algumas realizações, mas tem cometido disparates; o Poder Judiciário tem transbordado as suas atribuições e deixado sérias dúvidas sobre a lisura de alguns comportamentos; e o Parlamento brasileiro tem sido muito acusado, alvo de muito descrédito porque não tem cumprido à risca os seus compromissos, a sua missão. Sr. Presidente, perguntam muito: "E agora o que vai acontecer?". E nessas perguntas de o que vai acontecer, sabem os senhores quais algumas das perguntas mais ouvidas por aqueles Parlamentares que querem ouvir e não apenas parlamentar, não apenas falar? – nós temos obrigação de ouvir. Perguntam, por exemplo: "E aqueles impeachments que estão lá na gaveta, qual será o destino deles?". E eu tenho dito que nós estamos procurando arregimentar um grupo de Senadores, que é um poder altaneiro, soberano, independente, determinado e que tem obrigação de dar respostas aos cidadãos brasileiros que querem tirar a limpo o que existe lá no Supremo Tribunal Federal. Mas até agora não se conseguiu nada. E aí nós temos a nossa obrigação de reabilitar aquela ideia de tocar nesses assuntos, de falar com o Presidente desta Casa, sensibilizá-lo, para que demos ouvidos a essas cobranças, que são tantas.

    E perguntam também: "E a CPI da toga morreu? Foi enterrada?". A impressão que se tem é que foi! "Mas nem ao menos foi submetida à Mesa do Senado, à Mesa Diretora?" Por sinal, não houve nenhuma reunião até agora e nós estamos em agosto do ano de 2019. Pasmem: a Mesa do Senado não foi convocada até agora para nenhuma reunião! Isso é extremamente preocupante, sobretudo inquietante, porque, afinal de contas, o Senado Federal é um colegiado. Nós fomos mandados para cá, três representantes por Estado, para defender os interesses estaduais, interesses públicos – e sempre públicos, nunca privados. Nós viemos para cá para servir e não para sermos servidos – como pregava o nosso brilhante gaúcho Júlio de Castilhos: o político existe para servir e não para ser servido.

    Então, precisamos falar com o Presidente da Casa. Nós precisamos de mais compartilhamento. Esse Colegiado senatorial precisa ser ouvido, precisa participar da pauta, para que as grandes questões nacionais venham ao debate – as grandes questões nacionais têm vindo muito pouco.

    Então, eu estou aqui repassando algumas ideias, Srs. Senadores, daquilo que ouvi, daquilo que senti no meu Estado, que não deve ser muito diferente lá do Estado de Goiás, lá do Estado de Pernambuco, lá do Estado do Senador Veneziano, enfim, de todos que estão aqui presentes.

    Há uma insatisfação nacional. O Congresso Nacional tem compromissos com aqueles que nos mandaram para cá, porque, pelo preceito constitucional, o poder máximo é do povo, que age por seus representantes. Eu me pergunto o tempo todo: será que eu estou correspondendo a esse mandato que honrosamente recebi, sobretudo com muita responsabilidade? Muitas vezes, concluo o quanto tem sido difícil cumprir essa missão que me foi dada por mais de 2 milhões de gaúchos nas urnas, como os meus colegas.

    Então, eu posso aqui, Sr. Presidente, estar divagando, mas em cima de fatos, em cima de realismo, de cobranças do eleitorado brasileiro. Nós precisamos utilizar essa segunda metade do ano para sermos muito mais efetivos, mais realizadores, mais correspondentes aos anseios, às propostas, aos desejos, à ansiedade dos brasileiros, porque o País perdura numa profunda crise: é a crise do desemprego, é a crise da desigualdade, é a crise ainda de corrupção, é a crise de protelações de julgamentos e é a crise de que não estamos ainda votando as grandes questões nacionais que o povo quer. Por isso, eu acho que temos essa obrigação, diariamente, aqui nesta Casa, com a responsabilidade da Câmara Alta do mais importante Parlamento brasileiro, que é caracterizada pela maturidade dos seus integrantes, pela "veterania", pela experiência, porque aqui estão reunidos tantos ex-Governadores, tantos ex-ministros, tantos homens que vêm das mais diversas atividades e que têm esse compromisso de dar uma resposta. E é com esse pensamento, Sr. Presidente, que eu acho que nós devemos levar adiante essa nossa tarefa, na segunda metade do ano, de uma maneira muito mais atuante do que fizemos até agora, senão não estaremos cumprindo o papel que nos foi dado.

    Obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/08/2019 - Página 28