Pronunciamento de Weverton em 06/08/2019
Pela ordem durante a 127ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Comentários sobre a atuação do Senado no primeiro semestre de 2019.
Críticas às declarações do Presidente da República Jair Bolsonaro.
- Autor
- Weverton (PDT - Partido Democrático Trabalhista/MA)
- Nome completo: Weverton Rocha Marques de Sousa
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Pela ordem
- Resumo por assunto
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SENADO:
- Comentários sobre a atuação do Senado no primeiro semestre de 2019.
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GOVERNO FEDERAL:
- Críticas às declarações do Presidente da República Jair Bolsonaro.
- Publicação
- Publicação no DCN2 de 07/08/2019 - Página 66
- Assuntos
- Outros > SENADO
- Outros > GOVERNO FEDERAL
- Indexação
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- COMENTARIO, ATUAÇÃO, SENADO, SEMESTRE, ANO.
- CRITICA, DECLARAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, JAIR BOLSONARO, REFERENCIA, POVO, REGIÃO NORDESTE, INDICAÇÃO, FILHO, CARGO PUBLICO, EMBAIXADOR, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA).
O SR. WEVERTON (Bloco Parlamentar Senado Independente/PDT - MA. Pela ordem.) – Sr. Presidente, quero aqui fazer aqui o reconhecimento público do trabalho de V. Exa. e de toda esta Casa que, ao longo de todo primeiro semestre, fez com que se conseguissem enfrentar temas importantes. Sem dúvida nenhuma, foi um momento, um semestre bastante produtivo para o Senado da República e também para a nossa sociedade.
É importante isso, eu venho pensando muito, durante este recesso, sobre as declarações polêmicas que o Sr. Presidente da República Bolsonaro tem feito sobre desde a questão do povo nordestino, até a forma como ele trata um assunto sério que é a questão da indicação de um Embaixador da República, o Embaixador do Brasil nos Estados Unidos, em Washington. É muito preocupante, Presidente, primeiro porque nós sabemos que as grandes crises e os grandes problemas precisam ser enfrentados com muito equilíbrio e com muito debate, com muita discussão, mas, acima de tudo, com muita seriedade. E, neste momento, não dá, Presidente, para imaginar que um Presidente da República ache que vai fugir de um debate importante que é trazer à luz para a sociedade, dar a luz para a sociedade de temas importantes que estão sendo discutidos no seu Governo, como, por exemplo, a reforma da previdência.
Aqui foi falado há pouco pelo meu colega de Estado sobre a importância de votarmos essa reforma que está vindo da Câmara. O problema é que, se nós perguntarmos ao trabalhador, às pessoas lá na ponta o que é que, de verdade, está no texto da reforma da previdência, muitos não sabem, só ouviram falar que tem que ser aprovada, porque é bom para o Brasil. Mas não disseram lá que nesse "bom para o Brasil" se retiram esses R$800 milhões, por exemplo, se economizam esses R$800 milhões, tirando de viúvas que já têm hoje a sua aposentadoria. Não estão falando que estão tirando esse dinheiro, que estão economizando esse dinheiro, de locais, principalmente nas cidades pequenas, que dependem do fundo de participação, de transferências voluntárias e também da aposentadoria. Em muitas das cidades – naquelas, Sr. Presidente, do Nordeste, dos paraíbas –, a aposentadoria, o dinheiro que vai para aqueles Municípios, é maior do que o dinheiro do FPM. Então, é importante nós estarmos atentos.
Aqui, como membro da Bancada do Nordeste, do Maranhão – um paraíba com muito orgulho –, quero dizer que, no início desta Legislatura, não vou entrar nessa pegadinha para a qual o Presidente Bolsonaro está convidando a Casa a entrar. É pegadinha, porque aqui ele não nos chama para o debate de verdade para esclarecer a previdência; ele não está nos chamando para de verdade discutir essa questão da Embaixada lá de Washington; ele não está chamando de verdade a Casa para discutir a solução desses quase 13 milhões de desempregados que temos no Brasil. O que é mais grave, Presidente: muitos aqui ainda acham que vão discutir o clamor da sociedade, colega Alessandro, e não procuram andar. Se não andam lá na ponta, como é que vão saber o clamor da sociedade?
Eu e os senhores todos, pasmem, ouvimos o Presidente da República dizer para a comunidade internacional que no Brasil não há fome. Basta ir à Estrutural, aqui em Brasília, que vocês vão ver o que é fome. Claro que há! E aí confunde-se encher a barriga com alimentar-se. Muitas famílias, hoje, enchem a barriga sem proteína nenhuma, Senador Otto. Muitos, lá no Nordeste, no Norte, fazem o chibé, que é aquela famosa água com farinha, limão e sal, para poderem enganar a fome. E ouvir de um Presidente da República que ninguém no Brasil passa fome, que não existe fome no País é não conhecer, de verdade, a realidade. Convenço-me, cada vez mais, de que ele está fazendo, todo o tempo, campanha para os seus 30% de eleitores, esquecendo-se de que foi eleito para os 100%, para o Brasil como um todo.
Nós, aqui da oposição, Sr. Presidente, fizemos o nosso papel. Que ninguém reclame que nós fomos irresponsáveis com o Brasil: ajudamos, em todo o primeiro semestre, as matérias importantes. Nós votamos, nós ajudamos, Senador Kajuru, você sabe disso. Ajudamos a votar para não termos problemas, para o Brasil não parar. Mas, enquanto isso, a cada gesto que esta oposição faz, o Presidente, de lá para cá, não vem com nenhum tipo de colaboração. Pelo contrário, todo o tempo tenta colocar a sociedade contra os políticos e contra o Congresso Nacional. Portanto, é importante valorizar o trabalho que V. Exa. teve e tem neste momento, neste momento de equilíbrio, neste momento de força, neste momento de altivez da democracia.
Encerro as minhas palavras dizendo que, assim como o Presidente Davi, como o Presidente Rodrigo Maia, o Presidente Bolsonaro também poderia ter mais luz da Constituição Federal e começar a olhar para todos como um todo. E não se esqueça, Presidente: só o Senado Federal tem, na sua bancada, junta e reunida, do Norte e do Nordeste, 48 Senadores. Portanto, mais do que a maioria. E aí, claro, não dá para essas regiões se sentirem excluídas, porque, senão, daqui a pouquinho, nós também nos sentiremos no direito de excluir as políticas dele aqui nesta Casa.