Pronunciamento de Paulo Paim em 30/08/2019
Discurso durante a 150ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal
Comentários sobre as contribuições que S. Exa. tem feito à proposta de reforma da previdência com vistas ao aperfeiçoamento do texto e à proteção dos direitos dos trabalhadores.
- Autor
- Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
- Nome completo: Paulo Renato Paim
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
PREVIDENCIA SOCIAL:
- Comentários sobre as contribuições que S. Exa. tem feito à proposta de reforma da previdência com vistas ao aperfeiçoamento do texto e à proteção dos direitos dos trabalhadores.
- Aparteantes
- Acir Gurgacz, Confúcio Moura.
- Publicação
- Publicação no DSF de 31/08/2019 - Página 7
- Assunto
- Outros > PREVIDENCIA SOCIAL
- Indexação
-
- COMENTARIO, AUTORIA, CONTRIBUIÇÃO, ORADOR, RELAÇÃO, PROPOSTA DE EMENDA A CONSTITUIÇÃO (PEC), REFORMA, PREVIDENCIA SOCIAL, OBJETIVO, APERFEIÇOAMENTO, TEXTO, PROTEÇÃO, DIREITOS, TRABALHADOR.
O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS. Para discursar.) – Senador Izalci, que preside a sessão, Senador Confúcio Moura, que gentilmente me cedeu o espaço, eu até estava confirmando aqui que tenho uma audiência pública que eu achava que seria às 9h30, mas que será às 9h – eu, naturalmente, vou abrir às 9h20 ou às 9h30.
Como eu havia assumido, Senador Izalci, Senador Confúcio Moura, eu tenho vindo praticamente todo dia à tribuna e tenho dedicado as audiências públicas na CDH, em entendimento, inclusive, com os Senadores e Senadoras, que entenderam que nós faremos as reuniões deliberativas a partir só do dia 10... O dia 10 é o último dia de debate, aqui no Plenário, de comissões temáticas. É claro que, a partir da próxima semana, depois da votação lá na CCJ, teremos cinco dias de debate aqui. Eu agradeço aos Senadores da CDH, que entenderam essa minha jornada. Cada um de nós tem as suas bandeiras principais, e todos vocês estão preocupados naturalmente com a seguridade social, em que estão a saúde, a assistência e a previdência. Eu pedi a eles que eu dedicasse esses últimos dias, antes da votação, principalmente para o debate sobre a previdência, o que estamos fazendo com a cobertura da TV Senado, da Agência Senado, da Rádio Senado – quando não é ao vivo, porque sempre a prioridade tem que ser de fato o Plenário, eles passam à noite o debate com os técnicos que eu estou levando para aquela Comissão.
Temos conversado muito também com o Senador Tasso Jereissati. Reconheço que ele acatou algumas questões, propostas não só de um ou outro Senador. É claro que a mesma emenda ele não poderia colocar lá, porque é a mesma emenda. Ele acatou de 10, 20, 30, 40, mas ele coloca aquela e cita, inclusive, que ela é uma vontade da Casa.
Por exemplo, foi importante ele ter acatado a questão do BPC, porque na Câmara tinham engessado aquela questão do BPC em que só teria direito o cidadão cuja renda per capita da família não ultrapassasse um quarto do salário mínimo... E isso existe, mas existe na lei. E o Supremo Federal estava dando ganho de causa para uma família que mostra que tem... Por exemplo, em uma família que tem dois filhos deficientes e o pai ganha um salário mínimo, eles já não têm direito ao BPC, porque a renda per capita da família ultrapassa um quarto do salário mínimo. Então, como o Supremo está dando e depois nós vamos regulamentar em lei, se ficasse lá na Constituição, nós teríamos que alterar a Constituição. Agora, o Senador Tasso Jereissati entendeu que essa é a vontade, digamos, da maioria dos Senadores e Senadoras – diversos Senadores apresentaram emendas, eu naturalmente apresentei. E é bom lembrar para quem está ouvindo que não é que os outros Senadores concordem que o BPC esteja lá, eles só não apresentaram por muitos não serem titulares lá. Aí, consequentemente, nós outros Senadores apresentamos emenda nessa visão da maioria. Em cada emenda que eu apresento e que o Relator acata, isso não é porque é daquele Senador; ele acata, porque ele consulta e percebe que a maioria da Casa quer isso. Então, a saída do BPC não é porque eu apresentei ou é porque a Eliziane Gama apresentou ou é porque mais sei lá quantos apresentaram, mas é porque aquilo não é a vontade da Casa. Esta é a vontade da Casa: a Casa quer que fique em lei ordinária essa questão. Então, aqui o Senador teve sensibilidade e acatou. Este aqui é o regime geral, mas que pega todos, não é?
Também havia outro debate muito forte. Agora, eu estou me referindo aqui a algo que pega também as áreas pública e privada. Havia algo também, que veio da Câmara, dizendo que a contribuição do já aposentado seria a partir de um salário mínimo, independente da área pública ou da área privada. E principalmente hoje, na área privada, eles, depois de aposentados, pagam a partir do teto – hoje, na lei atual. O Senador manteve, então, principalmente no serviço público, que ficou a partir do teto – leia-se que teto é aproximadamente R$5.900, não é o teto do que pode ganhar um servidor.
Ainda, ele suprimiu o §1º do art. 21 na questão dos pontos, que é algo em que nós batemos muito, que é a aposentadoria especial. Isso não resolve! Isso não resolve, porque vai ficar praticamente igual, mas pelo menos não piora. A Câmara piorou, porque atualmente, por exemplo, para quem trabalha numa mina, são 15 anos no subsolo e se aposenta a partir daí. A Câmara botou e vinculou aos 55 anos de idade. Quando vincula aos 55 de idade, o cidadão vai trabalhar praticamente mais 19 anos. E, a partir de 2020, ainda aumentaria um ano a mais, ficaria mais difícil ainda. Ele pelo menos tirou essa maldade. Ele faz o seguinte. A partir de janeiro de 2020, as pontuações a que se referem os incisos de I a III do caput serão acrescidas de um ponto a cada ano para homem e mulher, até atingir respectivamente 81 pontos e 91 pontos no período e 96 pontos até, para ambos os sexos. Isso ele retira. Pelo menos não vai piorar em relação ao ano que vem, porque, a cada ano, ficaria mais difícil para aqueles todos que atuam em área insalubre, penosa e periculosa. Aqui nós pegamos não somente mineiros, mas, dali para frente, que seria com 20 anos, pega aqueles como enfermeiros, vigilantes, aqueles que atuam em áreas insalubres, penosas e periculosas. E 86 pontos também pegam um outro setor, pois entraria ali a questão dos professores, dos metalúrgicos... Enfim, aqueles que poderiam se aposentar com 25 anos de contribuição não poderão mais a partir da PEC.
Aqui vai piorar ainda com o que veio da Câmara. Pelo menos o que a Câmara colocou que era pior ele retirou, mas, assim mesmo, fica vinculado à idade e ao tempo de contribuição, o que é muito difícil, pois, se fica provado que o cidadão, com 15 anos de contribuição, não pode mais trabalhar naquela área, por ser considerado de alto risco para a sua vida, para a saúde, ele teria que se aposentar.
Outro setor que é 20 anos: produtos químicos. Com 20 anos, não poderá mais se aposentar, só com 60 anos.
No mesmo caso, nós temos um problema sério com os professores que não podem se aposentar com 25 anos, infelizmente, pela forma que veio da Câmara, que estava pior do que está aqui.
Essas foram as supressões.
Eu tenho falado mais das supressões. E até tenho debatido isso muito com os movimentos social, popular e sindical. Eles me falam: "Mas por que estão fazendo só supressão?". Eu digo que supressão é o único caminho que nós temos aqui, porque sabemos o número de votos que nós temos aqui no Plenário do Senado, e percebo que a maioria dos Senadores não quer que a PEC volte. É fato, é real, e temos que trabalhar no mundo real. Eu, claro, gostaria que ela voltasse com mudança de fundo, mas temos que entender que essa é uma Casa de diálogo, de conversa, de parlar, de falar, não pode ser a minha vontade absoluta ou a sua ou a sua ou a sua, Senador Acir, que chegou agora aqui. Não vai ser a vontade absoluta de nenhum de nós. Vai ser o que for possível construir, reconhecendo que a PEC está em debate.
Na Câmara também, houve uma série de alterações, mas se nós suprimíssemos... Eu, por exemplo, tenho aqui uma lista de 12 pontos que, no meu entendimento, entram na área da supressão. Vão suprimir os 12? Claro que não vão, mas eu tenho que ter – como é que a gente fala? – moeda, espaço e instrumentos para estabelecer um processo de negociação.
Alguns pontos ele já suprimiu, como, por exemplo, carência, tempo mínimo de contribuição. O aumento do tempo de contribuição para os homens que ingressarem no regime próprio após a promulgação da emenda não é mais de 15 anos e passa a ser de 20 anos. Tivemos já uma conversa que o bom seria manter 15 anos para todo mundo. Por que eu falo isso? A média de emprego do brasileiro, em média, no Brasil, é de 6 meses em 12. Para se ter o benefício mínimo, que é 60% da média de 6% da época laboral, ele teria que ter, no mínimo, 20 anos de contribuição. Na lei, hoje é 15 anos. Pelo menos mantendo 15 anos, essas pessoas, a maioria de baixa renda, teriam uma melhor forma de se manter,
Pensão por morte inferior ao salário mínimo. Fizemos também uma emenda supressiva para garantir que ninguém – ninguém – receberá o benefício menor que um salário mínimo.
Aposentadoria especial, de que já falei um pouco, em que a idade mínima ficou vinculada a 55, 58 e 60, conforme o caso. Nós também queremos manter, mediante a supressão, que seja de acordo com o tempo de efetiva exposição à área insalubre, penosa e periculosa. Mineiros, 15 anos, por exemplo; professores, 25 anos; e quem trabalha com produtos químicos seriam 20 anos.
Valor da aposentadoria por incapacidade permanente. Como é que é a lei hoje, Senador Confúcio Moura? O cidadão deu um infarto, ele tem direito a receber 100% das suas contribuições, de 1994 para cá; ele pode calcular, inclusive, nas 80 melhores, na visão dele. O que diz a atual proposta? Ela diz que, se você se acidentar no espaço da empresa, efetivamente durante o trabalho, você terá 100% da média – só aí já há um decréscimo, porque já não é mais 100% das 80 maiores, mas 100% da média. Daí ele pode perder 10%, 20% e, no caso, 30%. A proposta hoje diz primeiro que, se ele estiver indo para o trabalho e tiver um AVC, por exemplo – que ninguém tenha, mas se tiver –, e ele tiver, por exemplo, 15% ou 20% do tempo de contribuição, ele vai ter só a média daquele período e não como a lei mantinha hoje, que era 100% de todo o tempo de contribuição. Aqui, ele vai receber, em média, 60%. É bater o martelo: esse cidadão terá um prejuízo de 40% no momento em que ele mais precisa, que é a aposentadoria por incapacidade permanente por motivo de doença grave, acidente ou algo parecido, que não foi durante o espaço da empresa em que ele trabalha. Hoje, a lei diz que ele tem 100%. Resumo da história: ele terá só 60% no momento em que a família mais precisa.
A elevação do valor da aposentadoria... Impõe forte redução dos benefícios em razão da forma de cálculo dos benefícios. No geral, a forma de cálculo hoje, eu já dizia antes, Senador Confúcio Moura, Senador Izalci, seria 100% de 1994 para cá. Agora não. A forma de cálculo vai ser a de toda a vida laboral dele. Então, se ele começou ganhando um salário mínimo e agora ele está ganhando dois salários mínimos, essa média vai dar um salário mínimo e meio. Só aí ele perde meio salário mínimo, porque não é mais 100% das 80 maiores; é 100% de toda a vida laboral. Eu comecei ganhando meio salário mínimo, por exemplo – só dando um exemplo. Então, aqui vai ter um prejuízo que poderá ser de até 40%.
Há outro ponto que também nos preocupou. É bom lembrar que tudo são emendas supressivas que apresentei, para que se assegurasse que a PEC não teria que voltar para a Câmara, a não ser que essa fosse a vontade desta Casa. Enfim, a PEC prevê também o pagamento de pensão por morte por cota familiar de 50%, mais 10% por dependente. As cotas são irreversíveis. Ao perder a qualidade de segurado, a cota é extinta. Eis outra preocupação. A pessoa que ficou viúvo ou viúva hoje recebe 100%, de 1994 para cá; agora não, ela vai receber 50% e, automaticamente, recebe mais 10%, porque é dependente, e cada filho que não é maior de idade ainda recebe mais 10%. A partir do momento em que o filho fica maior de idade, desaparece a cota. Hoje a lei diz que, mesmo com a política de cota que existe, quando o filho ficar maior de idade, essa cota reverte para a viúva, porque ela fica sozinha a administrar, sem o seu companheiro e sem os filhos. Então, nós queremos que seja revertido para a viúva.
Contribuição dos inativos a partir de um salário mínimo. Eu já falei. É aquela questão de que, hoje, o servidor público aposentado só paga a partir de cinco salários mínimos. Eu digo cinco, porque é o teto da previdência – R$5,9 mil mais ou menos, quase seis salários mínimos. Ele só paga, depois de aposentado, um percentual depois do teto do regime geral. Se ele ganha mais que o teto, tem que pagar. Acho até que essa não é a questão. O problema agora é que é a partir de um salário mínimo, porque aí vai ser alegada a questão do princípio da isonomia. Se, no regime geral, quem ganha dois, três, quatro, cinco salários mínimos não paga depois de aposentado, por que o servidor... Eu estou falando do servidor lá do Município, que ganha também dois, três, quatro, cinco salários mínimos. Vamos pegar o exemplo de dois casos. No regime geral, ganha dois salários mínimos de aposentado e não paga depois de aposentar. O servidor vai ter que pagar depois de aposentado, porque ele ganha também dois salários mínimos.
São esses pontos em que eu queria aprofundar. E, claro, vamos ter tempo aqui.
Há ainda o abono salarial, que me preocupou, porque o abono salarial... E aqui eu li isto rapidamente: 13 milhões de pessoas, pobres, pobres, que ganham até dois salários mínimos, deixarão de receber o abono, porque foi engessado ainda em número fixo: 1.364. Ora, a partir do momento em que a inflação vai subindo, cada vez mais, esses 1.364 vão virar, hoje ou amanhã, um salário mínimo, porque o salário mínimo é corrigido pela inflação. E não consta lá que esse é corrigido sequer por isso. Então, hoje, são 13 milhões e, amanhã, vão ser, com certeza, mais de 15 milhões.
Outra questão rápida aqui: contrato de trabalho intermitente. Ele não conseguiu, durante o mês, contribuir... Ele trabalhou somente algumas horas, porque a lei hoje permite – eu posso ser contra, mas ela permite. Ele trabalhou, em vez de 240 horas, 100 horas. Faltaram, digamos, mais 100 horas. Ele vai ter que pagar – ele – sobre o total para ter direito ao benefício.
Também há outro ponto preocupante – aí termino; quero, com certeza, o seu aparte – que é a privatização dos benefícios não programados. Todos os benefícios chamados não programados – aí entram, inclusive, os acidentes – irão, provavelmente, para a iniciativa privada. Se alguém se acidentou, quem vai dizer que ele tem direito ou não é o próprio fundo de pensão privado. E ainda abre espaço para privatizar todos os fundos de pensão.
Essas são algumas preocupações, que, claro, nós vamos debater, longamente, aqui na Casa.
Senador Confúcio Moura, a satisfação de sempre. E o Senador Izalci, meu abraço, está sempre presente lá na Comissão – não só o Izalci, como também o Confúcio.
O Sr. Confúcio Moura (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - RO. Para apartear.) – Muito bem.
Senador Paulo Paim, Presidente Izalci, lá na Câmara, no passado, havia o Arnaldo Faria de Sá, que era o Deputado dos aposentados. Ele era, tipicamente, o Deputado que defendia os interesses dos aposentados de São Paulo. Eu não sei se ele ainda está na ativa, mas o Arnaldo ficou lá, pelo menos, uns nove mandatos e foi brilhante.
Desde lá da Câmara, a tese do Paulo Paim, o seu discurso tem sido de uma coerência muito grande. Ele é um Senador e foi Deputado. Quando ele pega uma missão para fazer, ele só larga quando termina, quando fica concluída.
O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Independente do resultado.
O Sr. Confúcio Moura (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - RO) – Não, mas a maioria das suas teses foi positiva. A do idoso ele pegou firme; ele vai, vai, vai, vai até conseguir. No salário mínimo, ele lutou, lutou, lutou... Do jeito que ele fala aqui na previdência hoje, ele falava no salário mínimo, na época do Fernando Henrique. E assim ele foi trabalhando.
Hoje ele está aqui em pequenos detalhes de emendas supressivas da proposta de reforma da previdência, tentando ainda fazer correções, ajustes interessantes.
É um Parlamentar extremamente coerente com a defesa dele, é um socialista, um negociador de grande entendimento. Eu nunca vi ele levantar a voz aqui contra ninguém. Eu nunca vi ele ser descortês contra ninguém. A fala dele, a toada, o ritmo dele, a frequência, a intensidade das suas palavras sempre são as mesmas. E isso faz com que ele seja realmente muito querido por todos nós, pelo trabalho e pela grandeza. E o Brasil escuta o Paulo Paim pela nobreza com que ele exerce o seu mandato. Então, eu quero saudá-lo nesta sexta-feira por mais este discurso muito importante. E ele está dando uma satisfação ao povo brasileiro do seu trabalho aqui no Senado.
Parabéns a V. Exa.
O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Muito obrigado, Senador Confúcio Moura.
V. Exa. também é um Parlamentar que eu diria inatacável – quem quiser atacar ataque, mas, na minha ótica, é inatacável.
V. Exa. disse também que eu sou um Parlamentar que de fato tenho muito cuidado, mas eu levo umas pauladas de vez em quando, daqueles setores extremistas, mais conservadores, porque eles não têm limites! Eu acho que é na linha do fake news.
Agora, eu queria também elogiar o Senador Acir Gurgacz. O Senador Acir Gurgacz está na Comissão, montou uma subcomissão lá, está fazendo um trabalho belíssimo naquela subcomissão. E eu faço questão de receber o seu aparte.
O Sr. Acir Gurgacz (Bloco Parlamentar Senado Independente/PDT - RO. Para apartear.) – Muito bem, Senador Paim.
Meus cumprimentos mais uma vez pelo seu trabalho com relação a esse tema que hoje é o tema nacional que é a reforma da previdência.
Através das audiências públicas da CDH, que V. Exa. tem conduzido, elas têm trazido muitos esclarecimentos a toda a população brasileira que está acompanhando todo esse debate e também a nós, que precisamos nos aprofundar mais, e é o que estamos fazendo, com relação aos conhecimentos com a reforma que aí está.
Nós já colocamos várias vezes. É preciso melhorar a previdência? Sim, é preciso modernizar, mas temos que fazer isso com responsabilidade, nunca tirando do trabalhador, nunca tirando direitos de quem mais precisa.
Nós já fizemos aqui, se eu não me engano, duas ou três reformas da previdência...
O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Correto, correto.
O Sr. Acir Gurgacz (Bloco Parlamentar Senado Independente/PDT - RO) – Agora, sempre foi daqui para frente, nunca retroativamente. Não se pode mudar um contrato unilateralmente. Eu entendo que isso vai criar...
O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Um embate jurídico.
O Sr. Acir Gurgacz (Bloco Parlamentar Senado Independente/PDT - RO) – ... um embate jurídico. A judicialização vai acontecer.
O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Judicialização – esse é o termo correto,
O Sr. Acir Gurgacz (Bloco Parlamentar Senado Independente/PDT - RO) – É por isso que temos que ter a consciência de que temos que fazer a reforma de forma que ela esteja dentro da lei, a contento dos cofres públicos, do saldo, desse equilíbrio financeiro entre o que nós temos de reserva e o que nós temos para pagar, mas sem deixar nenhum rastro de inconstitucionalidade. Eu entendo que esse é o maior desafio que nós temos.
Por mais que nós possamos aqui votar algo que seja importante para a economia do governo, nem sempre essa economia do governo vai atender a necessidade da população brasileira. O que que nós precisamos fazer? É colocar esses 50 milhões, que hoje estão entre desempregados e informais, dentro da formalidade, e esses 50 milhões de brasileiros passarão a contribuir. Esse é o grande desafio que nós temos.
É claro que tem que se achar uma forma de equilibrar as contas. Mas essa é uma delas. Claro que não é simples assim. Dizem que, com a reforma da previdência, os empregos voltarão. Eu diria que, se voltarem os empregos, nós não teremos déficit na previdência. Então, é uma discussão que vai acontecer. Mas o importante é o debate que está sendo feito, e V. Exa. tem liderado esses debates.
Meus cumprimentos, Senador Paim.
O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Senador Acir Gurgacz, eu quero mais uma vez cumprimentar V. Exa. Eu nunca me esqueço do último projeto que eu tive a alegria de relatar, de V. Exa. V. Exa. é um empresário bem-sucedido na área do transporte, e V. Exa. fez um projeto que vai beneficiar todos os trabalhadores e trabalhadoras dessa área. Alguns vão entender, e V. Exa. explicava – e explicou uma vez, duas vezes, dez vezes – que ninguém terá prejuízo. Esse projetinho eu ainda tenho esperança de que vire lei, obra de V. Exa. Achei muito interessante. E me pediu para relatar. Digo: claro, eu relato na íntegra. É um belíssimo projeto.
Se me der um minuto, eu dou o meu testemunho – para ele sintetizar esse projetinho, para quem não entendeu, entender em casa – da grandeza do seu projeto. O senhor pode fazer essa sintesinha? Em um minuto.
O Sr. Acir Gurgacz (Bloco Parlamentar Senado Independente/PDT - RO) – Nós precisamos fazer com que as pessoas que dependam do transporte tenham condição de fazê-lo sem afetar a sua renda familiar. Nós, então, fizemos um projeto aumentando a participação das empresas no pagamento do vale-transporte. Isso vai fazer com que as pessoas que ganham um salário mínimo tenham uma redução de até 40% a 50% no seu gasto com o transporte, e as empresas, junto com o Governo, vão pagar essa diferença, dessa forma melhorando a qualidade de vida exatamente de quem mais precisa.
O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Achei muito interessante.
O Sr. Acir Gurgacz (Bloco Parlamentar Senado Independente/PDT - RO) – Quem anda de transporte público nas cidades são exatamente aquelas pessoas que não têm condições de comprar uma motocicleta, que não têm condições de comprar um carro, que não têm condições de pagar um Uber. Elas dependem, muitas delas desempregadas, não têm vale-transporte. São elas que precisam do sistema. Então, quanto mais em conta, mais barato for o custo da passagem de ônibus, é melhor para a população brasileira.
O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Autor é autor, não é? Conhece o tema mais do que... Eu achei tão singelo o projeto, porque beneficia a todos e vai ter um custinho muito pequeno em relação às empresas. Porque ele é um do setor, entende como ninguém, e o Governo pode dar também a sua contribuição, e todos ganham.
Eu acho que é com esse espírito que nós tínhamos que, cada vez mais, pensar neste País: olhar para o trabalhador, olhar para esse setor hoje que é, mais ou menos, de 14 milhões de desempregados – porque é 13 milhões a faixa de desempregados –, e até para procurar emprego ele tem que pegar o transporte coletivo urbano. Esse lado social, isso que me encanta muito, as políticas monetárias, a gente olhar para o País e entender que nós, que fizemos parte, na verdade, fizemos parte do Governo, que é Executivo, Legislativo e Judiciário. Nós temos que olhar para o todo, e não somente para um setor, como alguns – não estou aqui nomeando ninguém – procuram olhar.
Então, essa visão é que faz com que – e falava isso antes com o Senador Confúcio Moura – a gente caminhe cada vez mais juntos, com o objetivo de fazer o bem sem olhar a quem.
Quer complementar, Senador?
O Sr. Acir Gurgacz (Bloco Parlamentar Senado Independente/PDT - RO) – Senador Paim, uma questão que eu tenho colocado ao longo da minha vida é que não basta a gente viver bem.
O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Bela frase!
O Sr. Acir Gurgacz (Bloco Parlamentar Senado Independente/PDT - RO) – As pessoas que estão no nosso entorno também têm de viver bem, e cabe a nós ajudarmos as pessoas que mais precisam. Então, não basta a gente viver bem. Todos têm de viver bem, assim como a gente.
O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Muito bem. Muito obrigado.
Eu me sinto contemplado com o aparte do Senador, assim como o do Senador Confúcio Moura, que também foi brilhante. O Senador Izalci também...
O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSDB - DF) – Eu só quero, Senador Paim...
O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Pois não. Faço questão, ainda nesses dois minutos.
O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSDB - DF) – Eu só quero também manifestar aqui uma posição com relação ao posicionamento de V. Exa. na Casa, pela tranquilidade. Eu estava lembrando aqui aquele ditado: "Água mole em pedra dura tanto bate até que fura". O Senador Paim é mais ou menos isso – não é, Confúcio? (Risos.)
O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Mas contando sempre com o apoio dos senhores, senão, não vamos a lugar nenhum – não é, Senador Paulo Rocha?
O Paulo Rocha está bem quietinho ali.
Com o apoio de todos.
O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSDB - DF) – É diferente da Câmara.
A gente estava na reunião do Congresso agora, nesta semana, e a gente que ficou lá por algum tempo sabe que é muito diferente. Para mim, que ficava aqui de segunda a sexta, era difícil. E fizeram um comentário lá de que os Senadores, normalmente, não dão quórum na sessão do Congresso, mas, olha, ficar quatro horas ouvindo aquelas conversas dos Deputados, sinceramente... Eu fui Deputado por muito tempo. Os Senadores, talvez pela experiência, pela idade um pouco maior, não têm mais aquela paciência.
Mas V. Exa. é um exemplo de tranquilidade. V. Exa. já relatou, inclusive, projetos que eu pedi a V. Exa. para relatar.
O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Um, de sua autoria, muito interessante.
O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSDB - DF) – Inclusive com a participação do Governo, com o entendimento do Governo.
Então, quero aqui também reforçar o que o Senador Confúcio falou. V. Exa. é um socialista, realmente; eu já sou mais liberal. E vou falar hoje de uma experiência, Confúcio, na área da educação que tive nesta semana, que é uma coisa espetacular.
Mas parabenizo V. Exa. e desejo sucesso lá na comissão. Daqui a pouco, a gente dá uma passadinha por lá.
O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – O.k.
Obrigado, Presidente, e muito obrigado aos Senadores que fizeram apartes.
(Soa a campainha.)
O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Eu vou lá, então, continuar o debate da previdência.
Um abraço a todos!