Pronunciamento de Paulo Rocha em 30/08/2019
Discurso durante a 150ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal
Registro do aniversário de 36 anos da fundação da Central Única dos Trabalhadores (CUT), comemorado no dia 28 de agosto.
- Autor
- Paulo Rocha (PT - Partido dos Trabalhadores/PA)
- Nome completo: Paulo Roberto Galvão da Rocha
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
HOMENAGEM:
- Registro do aniversário de 36 anos da fundação da Central Única dos Trabalhadores (CUT), comemorado no dia 28 de agosto.
- Publicação
- Publicação no DSF de 31/08/2019 - Página 35
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM
- Indexação
-
- REGISTRO, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, CENTRAL UNICA DOS TRABALHADORES (CUT).
O SR. PAULO ROCHA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PA. Para discursar.) – Sr. Presidente, todos aqueles que nos assistem pelas nossas redes de comunicação, Senadores e Senadoras, hoje quero fazer um registro histórico muito importante da luta da classe trabalhadora no Brasil: no dia 28 de agosto de 1983, fundamos a Central Única dos Trabalhadores.
Quando a CUT foi fundada, já existia um histórico, lógico, de lutas lideradas pelas organizações dos trabalhadores. Ali, então, ainda no período militar, organizou-se uma comissão de trabalhadores, em 1981, para formar uma estrutura de organização dos trabalhadores que pensasse mais no conjunto dos interesses dos trabalhadores, não só nas questões específicas das categorias, das corporações, mas que pensasse no todo, dentro de um País como o nosso, desse tamanho, com tanta riqueza e com tantas oportunidades. A pauta era ampla e ia desde a luta pelo fim do desemprego, a redução da jornada de trabalho, a questão da seguridade social, passando pela luta contra a carestia, pelo direito à moradia, até pela liberdade e autonomia sindicais e liberdades democráticas, porque, naquele tempo, ainda eram os governos autoritários de então.
Na aprovação da fundação da CUT no primeiro Conclat, em 1983, há exatos 36 anos, entre os dias 26 e 28 de agosto, no Pavilhão de Vera Cruz, em São Bernardo do Campo, reuniram-se trabalhadores e trabalhadoras de todas as regiões do Brasil. Eles representavam 912 entidades sindicais, sendo 335 urbanas, 310 rurais, 134 associações pré-sindicais, 99 associações de funcionários públicos, 5 federações e 8 entidades nacionais e confederações. Foi, portanto, em 28 de agosto de 1983 que conseguimos, depois de várias tentativas, consolidar a organização da classe trabalhadora, fundando a primeira central sindical, intersindical e intercategorias construída após o golpe militar de 1964. Eu era um desses atores da classe trabalhadora nesse processo de fundação.
Naquele momento, em um estágio de consciência da classe trabalhadora, o que a elite brasileira nos dava, no máximo, era a possibilidade de pensar como categoria. Os gráficos se organizavam nos sindicatos, os metalúrgicos por um lado, os professores por outro, enfim... Os trabalhadores rurais mais distante ainda das grandes cidades tentavam se organizar através dos seus sindicatos. E se prendeu esse processo, mas a luta era mais ampla, principalmente por liberdades, não só por autonomia sindical, mas por liberdades democráticas. Então, esse passo, ao fundar a CUT, foi uma tomada de consciência da classe trabalhadora no País, que deixa de pensar como categoria e pensa como classe trabalhadora. Pode alguém querer esconder da história, mas a CUT (Central Única dos Trabalhadores) cumpriu um papel fundamental nesse processo.
Eu acho que o ápice desse processo foi na Constituinte de 1988, quando ali, através da mobilização não só da classe trabalhadora, mas da própria sociedade, do País, fluíram para dentro da Constituinte os interesses de um país. E eu acho que ali, no grande debate entre os nossos Constituintes, Senador Izalci, foi o grande momento da história das lutas democráticas no nosso País – aí já não eram mais só os trabalhadores, mas de todos. A gente conseguiu construir uma Constituição que é um verdadeiro pacto de um Estado brasileiro, que criou condições, através da democracia, para construir um país soberano, democrático, justo, com desenvolvimento, e para pegar essas nossas riquezas e desenvolvê-las para que todos possam viver, neste País, com dignidade, com democracia, dando oportunidades, inclusive, como você já deu exemplo na sua intervenção anterior, e criando condições para tanto o grande quanto o pequeno processarem essas questões. Eu acho que nós viemos construindo isto e ainda estamos construindo isto: a criação de um País que dê oportunidade para todos, quer seja no trabalho, quer seja na produção, quer seja na educação, enfim, para que possamos ser um país rico, mas também ser um país que dá oportunidade para que todos possam viver a partir dessa riqueza, com dignidade, com desenvolvimento, com democracia e com soberania perante os outros povos.
Por isso, chamo a atenção, neste momento, registrando aqui, nesta Casa, para os 36 anos da fundação da CUT, que depois desenvolveu outras centrais sindicais, outros instrumentos de luta dos trabalhadores. E os setores empresariais também desenvolveram os seus processos de organização para defender também os seus interesses.
E foi isso que oportunizou, inclusive, a chegada a esta Casa – este é o processo democrático – de Parlamentares, quer sejam Deputados Federais, quer sejam Senadores, representando os interesses de todos os setores. Eu sou um operário e venho dessa luta. Não tive oportunidade de estudar, mas, através do processo democrático, cheguei aqui a esta Casa – fiquei 20 anos como Deputado Federal e, agora, como Senador da República – representando os interesses de um setor importante do desenvolvimento do nosso País, que são os trabalhadores. Venho lá do Norte, da Amazônia.
E foram criadas essas condições a partir dos instrumentos que nós construímos, como a Central Única dos Trabalhadores, que oportunizou, através da democracia, à organização dos trabalhadores eleger os seus representantes para poder transformar esta Casa, o Congresso Nacional, em uma casa de ressonância dos interesses do País, dos grandes, dos pequenos, dos trabalhadores, dos empresários. Todos são muito importantes para poder desenvolver o nosso País e criar condições.
Não é possível a gente ficar acomodado: ter um país deste tamanho com tanta riqueza e ainda ter um povo pobre. Não é possível a gente ter um país com tanta possibilidade de desenvolvimento, com tanta possibilidade de crescimento e ver um país com 13 milhões de desempregados. Não é possível ver um país com tanta riqueza, com tanta oportunidade de empreendedores injetarem os seus capitais para poder ajudar o nosso desenvolvimento...
Por isso, é fundamental que a gente chame a atenção do Senado Federal. E o Senado Federal tem um papel importante, independente de qual Governo ou de qual força política esteja de plantão. Acho que esta Casa, o Parlamento brasileiro, principalmente o Senado Federal, deve... Se os governos perdem o rumo ou não encontram o rumo, eu acho que esta Casa tem toda a autoridade de processar os debates políticos e transformá-los não só em leis, mas também em caminho de investimento, de processo para o nosso País poder encontrar o seu rumo. O Brasil já encontrou o seu rumo em vários momentos. Nós não podemos deixar que isso caia no retrocesso e leve o País ao momento em que nós estamos vivendo de encruzilhadas.
Por isso, eu queria, Sr. Presidente, registrar os 36 anos da CUT. Eu acho que foi uma entidade que ajudou muito a construir a democracia do nosso País, nos conflitos. Todo mundo sabe que construir democracias é através dos conflitos. Os democratas, ao assumirem, têm que administrar não só os conflitos, mas os interesses de todos para a gente buscar um país. Nós temos que transformar este País em uma nação, e uma nação significa todos os cidadãos viverem em paz, com dignidade e felicidade.
Obrigado, Sr. Presidente.