O SR. SIQUERA CAMPOS - Senhor Presidente, Senhoras Senadoras e Senhores Senadores. É com imenso pesar que eu comunico, a este Plenário, a todos os brasileiros e a todas as brasileiras, meu afastamento do mandato de Senador da República.

    Tomo essa decisão com um aperto no coração. Afinal, tomei posse há apenas um mês, e ainda tinha sete anos e meio de mandato pela frente. Foi um mês intenso, em que tive a oportunidade de apresentar dezesseis projetos de lei, dois projetos de decreto legislativo, dois projetos de lei complementar e um projeto de resolução.

    Agora, esses projetos deverão seguir seu caminho sem minha participação direta. Sinto que ainda tinha muito a contribuir para o Brasil a partir do meu mandato de Senador, mas os cuidados com minha saúde agora requerem minha atenção integral. Despeço-me, assim, do Senado Federal, esta Casa que me recebeu de forma tão acolhedora, assim como já havia recebido meu filho Eduardo, nos anos em que ele exerceu essa honrosa função.

    Fui aconselhado a me licenciar em vez de renunciar ao mandato, sugestão que não aceitei. Não quero representar um ônus para a Casa e pretendo continuar meu tratamento sem gerar custos para o Senado. Não quero essa linha numa biografia que já leva quase um século e que, quero acreditar, fez alguma diferença para o País e, particularmente, para o meu querido Estado, o Tocantins.

    Me orgulho de ser apontado como um dos pais do Tocantins. Lutei pela criação do Estado na Assembleia Nacional Constituinte. Fui seu pnme1ro Governador, e a confiança do povo tocantinense me levou de volta ao Governo em outras três oportunidades. Insisti na construção de uma capital moderna, seguindo o exemplo de JK, apostando no desenvolvimento do nosso interior. Minha trajetória sempre estará irremediavelmente ligada aos destinos daquele pedaço de terra.

    Pude testemunhar e vivenciar, portanto, a gestação de uma nova Unidade Federativa, desde sua ideia inicial até sua completa realização. Não foi nada fácil, isso eu posso garantir. A resistência foi dura, os obstáculos foram muitos. Mas insistimos, e hoje olhamos para trás com a certeza de termos tomado a decisão correta. Na atualidade, é impossível imaginar o Brasil sem o Estado do Tocantins.

    A criação do Tocantins e de Palmas, porém, era apenas uma parte pequena da transformação que eu queria para o Brasil. Na minha concepção, o Brasil deveria ter pelo menos mais 13 Estados, e acredito que uma configuração final com 50 Estados estaria próxima do ideal. Esse é o principal apelo que deixo aos Senadores e Deputados deste Congresso: o trabalho iniciado em 1988 com a criação do Tocantins e a elevação de Roraima e do Amapá à condição de Estado está longe de acabar. Avancem essa agenda. Escutem as comunidades de cada região que pleiteia o desmembramento. Vamos repensar o Brasil. Não poder contribuir diretamente com esse grande projeto talvez seja minha principal tristeza ao deixar o Senado Federal.

    Finalmente, quero expressar meu profundo agradecimento a todo o corpo de funcionários desta Casa, em particular ao gabinete do Senador Eduardo Gomes, que me recebeu com um carinho do qual nunca me esquecerei; obrigado a todas as Senadoras e a todos os Senadores com quem convivi neste breve, porém intenso período; e ao povo do Tocantins, ao qual eu dedico um amor nada menos que paternal, não há palavras para agradecer a confiança, o apoio e o companheirismo ao longo de todas essas décadas. Juntos, tenho certeza, construímos um lugar especial.

    Muito obrigado.