Fala da Presidência durante a 13ª Sessão Solene, no Congresso Nacional

Abertura da Sessão Solene destinada a comemorar o Dia do Maçom Brasileiro.

Autor
Izalci Lucas (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/DF)
Nome completo: Izalci Lucas Ferreira
Casa
Congresso Nacional
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Abertura da Sessão Solene destinada a comemorar o Dia do Maçom Brasileiro.
Publicação
Publicação no DCN de 29/08/2019 - Página 13
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • ABERTURA, SESSÃO SOLENE, COMEMORAÇÃO, DIA NACIONAL, MEMBROS, MAÇONARIA.

     O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. PSDB - DF) - Declaro aberta a Sessão Solene do Congresso Nacional destinada a comemorar o Dia do Maçom Brasileiro.

     Convido para compor a Mesa o General de Exército Hamilton Mourão, Vice-Presidente da República. (Palmas.)

     Já compõe a Mesa o querido Deputado Federal General Girão, também autor do requerimento desta sessão solene. (Palmas.)

     Convido para compor a Mesa o Sr. Múcio Bonifácio Guimarães, Grão-Mestre Geral do Grande Oriente do Brasil. (Palmas.)

     Convido para também compor a Mesa o Sr. Cassiano Teixeira de Moraes, Secretário-Geral da Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil. (Palmas.)

     Convido ainda para compor a Mesa o Sr. Ademir Lúcio Amorim, Presidente da Confederação Maçônica do Brasil. (Palmas.)

     Convido igualmente o Sr. Reginaldo Gusmão de Albuquerque, Grão-Mestre do Grande Oriente do Distrito Federal. (Palmas.)

     Convido também o Sr. Armando Assumpção, Grão-Mestre da Grande Loja Maçônica do Distrito Federal. (Palmas.)

     Convido a todos para, em posição de respeito, ouvirmos o Hino Nacional, que será executado pela Banda do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal.

(É entoado o Hino Nacional.) (Palmas.)

     O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. PSDB - DF) - Quero registrar a presença do querido colega Parlamentar Senador Major Olimpio.

     Convido agora a todos para assistirem a vídeo comemorativo do Dia do Maçom Brasileiro. (Exibição de vídeo.) (Palmas.)

     O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. PSDB - DF) - Quero cumprimentar o meu querido irmão Deputado Federal General Girão, também autor do requerimento desta sessão solene; o nosso irmão General de Exército Hamilton Mourão, Vice-Presidente da República; o nosso Grão-Mestre Geral do Grande Oriente do Brasil, Múcio Bonifácio Guimarães; o nosso Secretário-Geral da Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil, irmão Cassiano Teixeira de Moraes; o Presidente da Confederação Maçônica do Brasil, nosso irmão Ademir Lúcio de Amorim; o nosso Grão-Mestre do Grande Oriente do Distrito Federal, meu irmão Reginaldo Gusmão de Albuquerque; o nosso Grão-Mestre da Grande Loja Maçônica do Distrito Federal, meu querido irmão Armando Assumpção; todos os nossos irmãos, cunhados, sobrinhos, convidados.

     Senhoras e senhores, certa vez, havia um jovem rapaz que queria casar-se com a filha de um fazendeiro. Ele foi ao encontro do pai da menina para pedir-lhe autorização. Depois de ouvir o pedido do rapaz, o fazendeiro fez-lhe uma proposta. Disse ao jovem: "Vou soltar, em sequência, três touros. Se você conseguir apanhar pelo rabo qualquer um dos três animais, você poderá casar-se com a minha filha". O jovem rapaz aceitou o desafio. Posicionou-se, em seguida, para aguardar o primeiro touro.

     Quando o fazendeiro abriu a porteira, o rapaz deparou-se com um touro imenso, de aspecto agressivo, que mugia aos berros. O jovem deixou o touro passar, nem ao menos cogitou tentar agarrá-lo. Ponderou que o próximo animal seria, provavelmente, menos amedrontador do que esse primeiro que passara.

     O fazendeiro abriu a porteira mais uma vez. Incrédulo, o jovem rapaz encarou o maior touro que já tinha visto em toda sua vida. Um animal assustador, realmente monstruoso, disparou em sua direção ferozmente. Atordoado, o jovem saiu da frente da fera, deixando mais uma vez o touro passar. Considerou que, agora, as probabilidades certamente estariam a seu favor. O próximo touro, o terceiro, havia de ser, com certeza, menos bravo do que os dois anteriores.

     Pela terceira e última vez, o fazendeiro abriu a porteira. O jovem rapaz sorriu: um touro pequeno, magricela e mansinho veio em sua direção. Era, imaginava o rapaz, a chance que ele estava esperando. O jovem, então, preparou-se, concentrado para agarrar o animal. Quando o touro passou, o rapaz pulou sobre ele e cerrou o punho com toda a sua força, mas o touro não tinha rabo!

     Senhoras e senhores, todos ouvimos alguma vez a máxima de que a ocasião faz o homem. De acordo com essa linha de pensamento, as oportunidades passariam na nossa frente como cavalos encilhados, prontos para serem montados, ou como na história do jovem rapaz que queria casar-se com a filha do fazendeiro. As oportunidades fáceis se nos apresentariam sob a forma de um pequeno touro, uma presa indefesa, um negócio da china, uma chance imperdível. Bastaria estarmos no lugar certo, na hora certa, que seríamos contemplados na loteria da vida -- bastaria contarmos com a sorte.

     De acordo com esse esquema profano de ideias, caberia aos homens apenas aguardar, passivamente, o surgimento de circunstâncias externas que lhes fossem favoráveis; circunstâncias benévolas, geradas fora de nosso espectro de responsabilidades -- uma conjuntura, enfim. Senador Major Olimpio, uma confluência de fatos facilitaria, como que por mágica, o atendimento de nossos objetivos, facilitaria nossa evolução, facilitaria nosso desenvolvimento.

     Os homens poderiam, assim, postergar, sempre que conveniente, o seu encontro com o destino. Poderíamos fugir dos nossos problemas. Poderíamos esperar, permanecer inertes, pois sempre haveria, ali à frente, um atalho; sempre despontaria, um pouco depois, uma oportunidade mais fácil, uma oportunidade menos custosa. Não seria necessário, jamais, enfrentar, aqui e agora, os grandes desafios lançados pela vida. Bastaria aguardar pelo touro mirrado, pelo touro fácil de dominar. Bastaria esperar por uma alternativa menos trabalhosa, que ela certamente viria.

     Mas, como disse o filósofo espanhol José Ortega y Gasset: “A vida nos é disparada à queima-roupa. A vida é sempre urgente e não podemos adiá-la até que estejamos completamente preparados”. E não podemos adiá-la. Eu acrescentaria: até que as circunstâncias nos sejam favoráveis.

     É precisamente porque nunca estaremos completamente preparados -- e é precisamente porque as circunstâncias nem sempre nos serão favoráveis -- que devemos nos manter em permanente preparação, em eterno aperfeiçoamento. A busca pela perfeição constitui, senhoras e senhores, um dos princípios essenciais da Maçonaria.

     Ao contrário do que afirma o dito popular, a ocasião não faz o homem, as circunstâncias não fazem o homem. É o homem que faz a si mesmo. É o homem que tem de assumir, voluntária e deliberadamente, a tarefa de aperfeiçoar-se, de evoluir moral, intelectual e espiritualmente.

     Iniciar-se nessa jornada de autoconhecimento e de formação de caráter é um ato de grande força. É um ato que requer, acima de tudo, coragem. Coragem, minhas senhoras e meus senhores, é uma das virtudes cardeais. Virtude que, lamentavelmente, faltou ao jovem rapaz protagonista da história dos três touros, que enxergou apenas dificuldades nas oportunidades que lhe foram oferecidas. Faltou-lhe coragem para perceber oportunidades nas dificuldades que lhe foram apresentadas.

     Caros irmãos, minhas senhoras e meus senhores, em todas as quadras cruciais da história de nosso País, os maçons brasileiros souberam perceber as oportunidades que se lhes apresentaram sob a forma de dificuldades. E, nas guinadas decisivas de nossa formação nacional, não faltou, jamais, coragem aos maçons brasileiros.

     Não lhes faltou coragem à época da conjuração baiana, nos idos de 1798, quando os maçons brasileiros figuraram, com a proeminência que lhes é peculiar, entre os que lutaram pelo fim do domínio colonial português e pela abolição da escravatura.

     Não lhes faltou coragem em 1789, quando, representados pelos irmãos Tiradentes, Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga, os maçons brasileiros levantaram-se uma vez mais contra a tirania lusitana.

     Não lhes faltou coragem, Deputado General Girão, quando os maçons brasileiros se reuniram, no dia 20 de agosto de 1822, para inscrever em ata e sacramentar em suas consciências o compromisso irrevogável com a Proclamação da Independência do Brasil.

     Quase 200 anos transcorreram desde que se realizou aquela histórica sessão conjunta das Lojas Comércio e Artes e União e Tranquilidade, no Rio de Janeiro, sob a presidência de Joaquim Gonçalves Ledo. Nesses dois séculos, os maçons continuaram, sem arrefecer, a lapidar a pedra bruta que é a Nação brasileira. Esculpiram-lhe, em 1889, a forma republicana. Defenderam-na bravamente, no levante constitucionalista de 1932, dos arroubos ditatoriais e do ímpeto golpista de Getúlio Vargas. Preservaram-na, em 1964, integrando as manifestações populares que antecederam a intervenção militar, dos efeitos mais graves da desordem e do caos socieconômico que se haviam instalado no País.

     Mais recentemente, já no século XXI, quando a corrupção e o desgoverno ameaçavam fazer ruir a ordem nacional, os maçons não se apequenaram: estiveram e estão à frente para ajudar o Brasil a voltar a se desenvolver.

     Minhas senhoras e meus senhores, retomar a grande obra da construção nacional não será, daqui para frente, tarefa fácil. Mas, finalmente -- finalmente! --, é possível vislumbrar a luz no horizonte. Cumprindo com os deveres de obediência à lei, do amor à família, de fidelidade e devotamento à Pátria, e combatendo implacavelmente a ignorância, a superstição e a tirania, é certo que os maçons brasileiros, irmanados nos fins supremos da liberdade, da igualdade e da fraternidade, estarão na linha de frente nos trabalhos de construção do Brasil que todos queremos: um Brasil mais desenvolvido, mais igual e mais justo.

     Antes de encerrar a minha fala, não posso deixar de reconhecer o esforço empreendido pelo Grande Oriente do Brasil para trazer esta tradicional homenagem ao âmbito do Congresso Nacional. Estendo esse reconhecimento especial aos irmãos do Grande Oriente do Distrito Federal -- GODF, que participaram ativamente do planejamento e da organização deste evento. Aliás, lembro que, no ano de fundação do GODF, em 1971, uma escola de samba -- no carnaval de São Paulo, se não me engano -- desfilou com um samba-enredo intitulado Independência ou morte, cujos versos tomo agora a liberdade de repetir:

     Valeu o sacrifício dos Andradas

     E as preces da Princesa Leopoldina

     A morte de Tiradentes não foi em vão

     São hoje símbolos vivos da nossa Nação

     A maçonaria muito contribuiu

     Na surdina lutou e conseguiu

     E o Príncipe Regente se fez Imperador

     Num gesto de coragem e de amor

     Independência ou morte D. Pedro I bradou

     E o sonho dos brasileiros se concretizou

     Oh, meu Brasil, segue avante

     Olha o futuro que lhe espera

     Ninguém segura esse gigante

     Raiou-se o sol de primavera

     Saúdo todos os irmãos do passado que lutaram e todos os irmãos que hoje seguem lutando com coragem e perseverança pelo bem da nossa Pátria amada! É assim que caminha a Maçonaria, leal aos seus princípios fundamentais de liberdade, igualdade e fraternidade.

     Antes de encerrar, gostaria de informar que acabei de protocolar um projeto de lei para inscrever o nome de Joaquim Gonçalves Ledo no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria. É uma homenagem à memória desse grande brasileiro, patriota fervoroso, jornalista e Deputado que se destacou por sua luta pela independência do Brasil. (Palmas.)

     Salve o 20 de agosto! Salve o Brasil! Salve o Dia do Maçom Brasileiro! Muito obrigado e parabéns! (Palmas.)

     Convido para fazer uso da palavra nosso querido irmão, que também é autor do requerimento, o Deputado Federal General Girão. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DCN de 29/08/2019 - Página 13